quinta-feira, 31 de julho de 2014

Lectio Divina - 31/07/14


QUINTA-FEIRA -31/07/2014


PRIMEIRA LEITURA: Jeremias 18,1-6


Uma das coisas mais difíceis em nossa relação com Deus é a dependência total. Tendemos, de forma natural, a procurar fazer as coisas por nossa própria iniciativa e em total independência. Deus quer como vemos no texto de hoje, ter total controle de nossa vida e fazer dela como faz o oleiro: mudar e adequar o modo como ele considera melhor. Isto explica porque, em ocasiões, nossos planos, apesar de que tudo parecia estar em ordem e, conforme os que pensávamos que fosse vontade de Deus se vêm frustrados, fazendo-nos pensar que tenha sido um fracasso. Pois, não forçosamente, já que é muito possível que Deus esteja reconstruindo o “vaso” e adequando-o a seu projeto. Isto, como é lógico, não acontece sem dor. É por isso que Jesus, ao convidar seus discípulos a segui-lo, lhe pedia como primeira condição o “negar-se a si mesmos”, isto é, estar dispostos a ser modelados totalmente por Deus, sem importar que para isso, todos nossos projetos sejam mudados, e diríamos destruídos para dar lugar a uma nova vida. Por isso, o apóstolo Paulo disse que somos “novas criaturas em Cristo”. Não te rebeles à ação de Deus que busca que nossa vida seja cada dia mais conforme a vida de Jesus. Renuncia a ti mesmo e deixa-te modelar.



ORAÇÃO INICIAL 

Oh Deus, protetor dos que em ti esperam, sem ti na é forte nada é santo. Multiplica sobre nós os sinais de tua misericórdia, para que, sob tua guia providente, de tal modo nos sirvamos dos bens passageiros que possamos aderir aos eternos. Por Nosso Senhor... 


REFLEXÃO

Mateus 13,47-53

O evangelho de hoje nos apresenta a última parábola do Sermão das Parábolas: a história da rede jogada no mar. Esta parábola se encontra no evangelho de Mateus, sem nenhum paralelo nos três outros evangelhos.
Mateus 13,47-48: A PARÁBOLA DA REDE JOGADA NO MAR. “Também é semelhante ao Reino dos Céus uma rede que se joga ao mar e recolhe peixes de todas às classe; e quando está cheia, a arrastam para a margem, sentam-se, e recolhem em cestos os bons e tiram os ruins”. A história contada é bem conhecida pelas pessoas da Galiléia que vivem ao redor do lago. É seu trabalho. A história reflete o final de um dia de trabalho. Os pescadores vão para o mar com esta única finalidade: jogar a rede, pegar muitos peixes, levar a rede cheia até a praia, escolher os peixes bons para levá-los para casa e tirar os que não servem. Descreve a satisfação do pescador no final de um dia de trabalho pesado e cansado. Esta história deve ter produzido um sorriso de satisfação no rosto dos pescadores que ouvem Jesus. O pior é chegar a praia no final de um dia sem haver pescado nada (Jo 21,3).
Mateus 13,4-50: A APLICAÇÃO DA PARÁBOLA. Jesus aplica a parábola, o melhor, dá uma sugestão para que as pessoas possam discuti-la e aplica-la à sua vida: “Assim acontecerá no fim do mundo: os anjos saíram, separaram os maus dentre os justos e os jogaram no forno de fogo; ali será o pranto e o ranger de dentes. Vocês entenderam tudo isto?”. São imagens fortes para descrever o destino daqueles que se separam de Deus, ou, que não querem saber de Deus. Toda cidade tem um depósito de lixo, um lugar onde se joga o lixo. Ali existe um fogo permanente que é alimentado diariamente pelo novo lixo que se vai acumulando. O lixo de Jerusalém ficava num vale próximo da cidade e este lugar se chamava “geena”, ali, na época dos reis havia um forno para sacrificar os filhos ao falso deus Molok. Por isto, o forno da “geena” se tornou o símbolo da exclusão e condenação. Não é Deus quem exclui. Deus não quer a exclusão nem a condenação, mas sim, que todos tenham vida e vida em abundância. Cada um de nós exclui a si mesmo.
Mateus 13,51-53: O FINAL DO SERMÃO DAS PARÁBOLAS. No final do Sermão das Parábolas, Jesus termina com a seguinte pergunta: “Vocês entenderam tudo isto?”. Eles responderam: “Sim!”. E Jesus termina a explicação com outra comparação que descreve o resultado que Ele quer obter com as parábolas: “Assim, todo escriba que se tenha feito discípulo do Reino dos Céus é semelhante ao dono de uma casa que tira de sua arca coisas novas e coisas velhas”. Dois pontos para esclarecer: (a)-Jesus copara o doutor da lei com o pai de família. O que é que faz o pai de família? Ele “tira de sua arca coisas novas e coisas velhas”. A educação em casa se faz transmitindo aos filhos e as filhas, o que eles os pais, receberam e aprenderam ao longo dos anos. É o tesouro da sabedoria familiar, onde estão fechadas as riquezas da fé, os costumes da vida e tantas outras coisas que os filhos vão aprendendo. Jesus quer que, na comunidade, as pessoas responsáveis da transmissão da fé sejam como o pai de família. Assim como os pais entendem da vida em família, assim estas pessoas responsáveis pelo ensinamento têm que entender as coisas do Reino e transmiti-las aos irmãos e irmãs da comunidade. (b)-Trata-se de um doutor da Lei que se torna discípulo do Reino. Havia, pois, doutores da lei que aceitavam Jesus como revelador do Reino. O que ocorre com um doutor na hora em que descobre em Jesus o Messias, filho de Deus? Tudo aquilo que ele estudou para poder ser doutor da lei continua sendo válido, porém, recebe uma dimensão mais profunda e uma fidelidade mais ampla. Uma comparação pode esclarecer o que acabamos de dizer. Em uma roda de amigos alguém mostrou uma foto, onde se via um homem de rosto severo, com o dedo levantado, quase agredindo o público. Todos ficaram com a idéia de que se tratava de uma pessoa inflexível, exigente, que não permitia intimidade. Nesse momento, chega um jovem, vê a foto e exclama: “É meu pai!”. Os demais olharam para ele, e olhando a foto, comentam: “Que pai severo!”. O jovem contesta: “Não, em absoluto! É muito carinhoso. Meu pai é advogado. Aquela foto foi tirada no tribunal, no momento em que denunciava o crime de um latifundiário que queria desalojar uma família pobre que morava em um terreno baldio da prefeitura, faz muitos anos. Meu pai ganhou a causa! Os pobres puderam ficar ali onde estavam!”. Todos olharam de novo e disseram: “Que pessoa mais simpática!”. Como por um milagre, a fotografia se iluminou por dentro e tomou outro aspecto. Aquele rosto, tão severo adquiriu traços de uma ternura estranha. As palavras do filho mudaram tudo, sem mudar nada. As palavras e os gestos de Jesus, nascidos de sua experiência de filho, sem mudar uma letra ou uma vírgula (Mt 5,17-18) iluminaram o sentido do Antigo Testamento a partir de dentro e iluminaram por dentro toda sabedoria acumulada do doutor da Lei. O próprio Deus, que parecia tão distinto e severo, adquiriu os traços de um Pai bondoso de grande ternura!



PARA REFLEXÃO PESSOAL

A experiência do Filho entrou em ti para mudar seu olhar e descobrir as coisas de Deus de outra maneira?
O que é que revelou o Sermão das Parábolas sobre o Reino?


ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 146,1-2)
Hoje meditarei quais são as mãos que Deus está usando para modelar-me neste momento e serei dócil a elas.




Nenhum comentário:

Postar um comentário