sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Lectio Divina - 29/08/14


SEXTA-FEIRA -29/08/2014



PRIMEIRA LEITURA: 1Corintios 1,17-25


“Se queres viver, tens que morrer; se queres ter, tens que dar; se queres ser exaltado, tens que ser humilhado; se quer ser o primeiro, deves ser o último”, qualquer pessoa que ouvisse estas afirmações como o caminho para alcançar a felicidade, diria: “Esta pessoa esta louca, o que diz não tem sentido”. Esta é precisamente a “loucura da cruz”, é a loucura pregada por Cristo. Certamente o Evangelho, a Sabedoria de Deus, hoje mais do que nunca, neste mundo “científico e tecnológico”, não parece ter muito sentido. Em ambientes onde o mais importante não é ser, mas sim ter, onde o importante é o prático, ainda que nisso não exista muita caridade, onde o sofrimento é entendido como um castigo e não como um meio para santificar-nos e santificar nosso mundo, nossa vida e nosso testemunho, podem ser interpretados como uma verdadeira loucura. Os grandes seguidores de Jesus têm sido os grandes loucos: São Francisco de Assis, Santa Clara, Santo Inácio de Loyola, Santa Teresa de Ávila. Sim, esta é uma bendita loucura que leva o homem a experimentar a verdadeira e profunda felicidade; é o poder de Cristo que nos diz: “Eu venci o mundo e comigo vocês são mais que vencedores”. Deixe se transformar pelo amor de Cristo, mesmo que as pessoas te julguem como louco!



ORAÇÃO INICIAL 

Oh Deus, que unes os corações de teus fiéis em um mesmo desejo, inspira a teu povo o amor a teus preceitos e a esperança em tuas promessas, para que, no meio das vicissitudes do mundo, nossos corações estejam firmes na verdadeira alegria. Por Nosso Senhor...



REFLEXÃO

Marcos 6,17-29


Hoje lembramos o martírio de João Batista. O evangelho descreve como morreu João Batista, sem defesa, durante um banquete, vítima da prepotência e da corrupção de Herodes e de sua corte.
Marcos 6,17-20: A CAUSA DA PRISÃO E DO ASSASSINATO DE JOÃO. Herodes era um empregado do império romano. Quem mandava na Palestina, desde o ano 63 antes de Cristo, era César, o imperador de Roma. Herodes, para não ser deposto, procurava agradar Roma em tudo. Insistia, sobretudo, em uma administração eficiente que desse lucro ao Império e a ele próprio. A preocupação de Herodes, era sua própria promoção e segurança. Por isto, reprimia qualquer tipo de subversão. Ele gostava de ser chamado de “benfeitor do povo”, mas, na realidade era um tirano (cf. Lc 22,25). Flávio Josefo, um escritor daquela época, informa que o motivo da prisão de João Batista era o medo que Herodes tinha de uma revolta popular. A denuncia de João Batista contra a moral depravada de Herodes (Mc 6,18), foi a gota d’água que fez transbordar o vaso, e João foi levado à prisão.
Marcos 6,21-29: A TRAMA DO ASSASSINATO. Aniversário e banquete de festa, com danças e orgias. Era um ambiente em que os poderosos do reino se reunião e no qual se faziam as alianças. A festa contava com a presença “dos grandes da corte e das pessoas importantes da Galiléia”. Neste ambiente se trama o assunto de João Batista. João, o profeta, era uma denuncia viva desse sistema corrompido. Por isso foi eliminado sob o pretexto de um problema de vingança pessoal. Tudo isto revela a debilidade moral de Herodes. Tanto poder acumulado nas mãos de um homem sem controle de si. No entusiasmo da festa e do vinho, Herodes fez um juramento leviano à uma jovem bailarina. Supersticioso como era, pensava que tinha que manter o juramento. Para Herodes, a vida dos súditos não valia nada. Dispunha deles como da posição das cadeiras de sua sala. Marcos conta o fato tal e qual e deixa às comunidades e a nós a tarefa de tirar conclusões.
Nas entre linhas, o evangelho de hoje trás muitas informações sobre o tempo em que Jesus viveu e sobre a maneira em que era exercido o poder pelos poderosos da época. Galiléia, terra de Jesus, era governada por Herodes Antipas, filho do rei Herodes, o Grande, dede 4 antes de Cristo até 39 depois de Cristo. Ao todo 43 anos! Durante todo o tempo em que Jesus viveu não houve mudança no governo na Galiléia. Herodes era dono absoluto de tudo, não prestava conta a ninguém, fazia o que lhe passava pela cabeça. Prepotência, falta de ética, poder absoluto, sem controle por parte das pessoas!
Herodes construiu uma nova capital, chamada Tiberíades. “Sefforis”, a antiga capital, havia sido destruída pelos romanos em represália por uma revolta popular. Isto aconteceu quando Jesus tinha, talvez, sete anos. Tiberíades, a nova capital, foi inaugurada trezes anos mais tarde, quando Jesus tinha 20 anos. Era chamada assim para agradar Tibério, o imperador de Roma. Tiberíades era um lugar estranho na Galiléia. Ali viviam o rei, “os grandes, os generais e os magnatas da Galiléia” (Mc 6,21). Lá moravam os donos das terras, os soldados, os policiais, os juizes muitas vezes insensíveis (Lc 18,1-4). Para lá eram levados os impostos e o produto das pessoas. Era ali que Herodes fazia suas orgias de morte (Mc 6,21-29). Não consta nos evangelhos que Jesus houvesse entrado nesta cidade.
Ao longo daqueles 43 anos de governo de Herodes, criou-se toda uma classe de funcionários fiéis ao projeto do rei: escribas, comerciantes, donos de terras, fiscais do mercado, publicanos e arrecadadores de impostos, promotores, chefes locais. A maior parte deste pessoal morava na capital, gozando dos privilégios que Herodes oferecia, por exemplo, isenção de imposto. A outra parte vivia nas aldeias. Em cada aldeia ou cidade havia um grupo de pessoas que apoiavam o governo. Vários escribas e fariseus estavam ligados ao sistema e à política do governo. Nos evangelhos, os fariseus aparecem junto com os herodianos (Mc 3,6;8,15;12,13), o qual reflete a aliança que existia entre o poder religioso e o poder civil. A vida das pessoas nas aldeias da Galiléia era muito controlada, tanto pelo governo como pela religião. Era necessário ter muita coragem para começar algo novo, como fizeram João e Jesus. Era o mesmo que atrair sobre si a ira dos privilegiados, tanto do poder religioso como do poder civil, tanto a nível local ou estadual.




PARA REFLEXÃO PESSOAL

Conhece casos de pessoas que foram mortas vítimas da corrupção e da dominação dos poderosos? E aqui entre nós, em nossa comunidade e na Igreja, existem vítimas do desmando e do autoritarismo? Um exemplo?
Superstição, covardia e corrupção marcavam o exercício do poder de Herodes. Compare com o exercício do poder religioso e civil hoje nos vários níveis tanto da sociedade como da Igreja.



ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 71,1-2)
Hoje renunciarei a algo que goste especialmente, como símbolo de que nada existe de mais importante que meu Senhor Jesus, sinal de que posso renunciar e, que Ele é o mais importante para mim.





quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Lectio Divina - 28/08/14

QUINTA-FEIRA -28/08/2014


PRIMEIRA LEITURA: 2Corintios 10,17-11,2


Na festa de Santa Rosa de Lima, a liturgia nos propõe esta leitura na qual Paulo nos faz ver como nós somos em geral todos os cristãos, desposados com um só varão, que é o Cristo. Isto ele faz para que caiamos em conta da importância da fidelidade, a qual nos vem muito bem para refletir em nossa fidelidade ao Senhor, em um tempo e um meio na qual esta palavra tem perdido grande parte de seu significado. Hoje batalhamos até para ser fiel ao “sabão” que usamos, pois, em um meio em que somos bombardeados continuamente pela Mídia que procura vender-nos tudo existe e que vai existir, fazendo-nos ver as vantagens de certos produtos e as desvantagens do produto que estamos usando por anos, é fácil mudar de rumo. Isto, que é um produto de asseio não teria grande transcendência, em nossa vida de relação com Deus e com os demais, é de capital importância. Se levarmos em conta a oferta religiosa que temos hoje, poderemos nos dar conta de que, só das seitas cristãs, sem contar as igrejas formais da reforma que têm bases teológicas e que, em conjunto estão procurando trabalhar para retornar à unidade, as puras seitas são mais de 2.000. Cada uma delas à seu modo procura a adesão das pessoas oferecendo, desde cesta básica até uma teologia mais relaxada a qual convida seus fiéis a “não sofrer”. Isto também acontece no ambiente social, por sua forma de vestir e de comportar-se, em que os homens e as mulheres se vendem ao melhor proponente. Não importa se já tenha feito uma escolha prévia, tudo pode mudar. A palavra “para sempre” hoje já não “existe”. Devemos, pois, estar atentos, já que ninguém fica excluído deste modo perverso no qual o demônio age em nossas vidas procurando que sejamos infiéis a Cristo e a sua Palavra. Mantenhamo-nos firmes, como Santa Rosa, que tendo tudo, aderiu para sempre à Jesus em pobreza e castidade e assim permaneceu até o fim de sua vida.


ORAÇÃO INICIAL 

Oh Deus, que unes os corações de teus fiéis em um mesmo desejo, inspira a teu povo o amor a teus preceitos e a esperança em tuas promessas, para que, no meio das vicissitudes do mundo, nossos corações estejam firmes na verdadeira alegria. Por Nosso Senhor...


REFLEXÃO

Mateus 24,42-51


O evangelho de hoje fala da vinda do Senhor no final dos tempos e nos exorta a vigilância. Na época dos primeiros cristãos, muita gente pensava que o final deste mundo estava próximo e que Jesus voltaria logo. Hoje muita gente pensa que o fim do mundo está próximo. Por isto, é bom refletir sobre o significado da vigilância.
Mateus 24,42: VIGILANCIA. “Portanto, vigiai, pois, não sabeis que dia virá vosso Senhor”. A respeito do dia e da hora do fim do mundo, Jesus havia dito: “Mas daquele dia e hora, ninguém sabe nada, nem os anjos no céu, nem o Filho, mas só o Pai!” (Mc 13,32). Hoje, muita gente vive preocupada com o fim do mundo. Nas ruas das cidades, muitas vezes se vê escrito: “Jesus voltará!”. E como será essa volta? Depois do ano 1.000, apoiados no Apocalipse de João (20,7), começaram a dizer: “Os mil primeiros anos passarão, porem os 2.000 anos não passarão!”. Por isto, na medida em que se aproximava o ano 2.000, muitos ficaram preocupados. Até houve gente que, angustiada com a proximidade do fim do mundo, suicidou-se. Outros, lendo o Apocalipse de João, chegaram a predizer a hora exata do fim. Mas, o ano 2.000 passou e não aconteceu nada. O fim não chegou! Muitas vezes, a afirmação “Jesus voltará” é usada para deixar as pessoas com medo e obrigá-las a atender uma determinada Igreja! Outros, de tanto esperar e especular em torno da vinda de Jesus, não percebem mais sua presença no meio deles, nas coisas comuns de cada dia, nos fatos do dia-a-dia.
A mesma problemática existia nas comunidades cristãs dos primeiros séculos. Muita gente das comunidades dizia que o fim deste mundo estava próximo e que Jesus voltaria logo. Alguns da comunidade de Tessalônica na Grécia, apoiando-se na pregação de Paulo diziam: “Jesus voltará logo!” (1Ts 4,13-18; 2Ts 2,2). Por isto, havia pessoas que não trabalhavam, porque pensavam que a vinda fosse coisa de poucos dias ou semanas. “Trabalhar, para que, se Jesus ia voltar?” (cf. 2Ts 3,11). Paulo responde que não era tão simples como se imaginava. E aos que não trabalhavam dizia: “Quem não quer trabalhar não coma!”. Outros ficavam olhando para o céu, aguardando o retorno de Jesus sobre as nuvens (cf. At 1,11). Outros se queixavam que estava demorando (2Pd 3,4-9). Em geral, os cristãos viviam na expectativa da vinda iminente de Jesus. Jesus viria realizar o Juízo Final para terminar com a história injusta deste mundo e começar a nova fase da história, a fase definitiva do Novo Céu e da Nova Terra. Pensavam que isto aconteceria dentro de uma ou duas gerações. Muita gente viveria ainda quando Jesus aparecesse glorioso no céu. Outros, cansados de esperar, diziam: “Não voltará nunca!” (2Pd 3,4).
Até hoje, a vida de Jesus não aconteceu! Como entender esta demora? É que não percebemos que Jesus já voltou, já está no meio de nós: “Eu estarei no meio de vós todos os dias, até o fim do mundo” (Mt 28,20). Ele já está ao lado de nós, na luta pela justiça, pela paz e pela vida. A plenitude não chegou, no entanto, uma mostra ou garantia do Reino já está no meio de nós. Por isto, aguardamos com firme esperança a libertação da humanidade e da natureza (Rm 8,22-25). Enquanto esperamos e lutamos, dizemos acertadamente: “Ele já está no meio de nós!” (Mt 25,40). 
Mateus 24m43-51: O EXEMPLO DO DONO DA CASA E DE SEUS EMPREGADOS. “Entendamos bem: se o dono da casa soubesse que horas da noite viria o ladrão, estaria preparado e não permitiria que entrasse em sua casa”. Jesus deixa bem claro. Ninguém sabe nada a respeito da hora: “Quanto a esse dia e a essa hora, ninguém sabe nada, nem os anjos, nem o Filho, mas somente o Pai!”. O que importa não é saber a hora do fim deste mundo, mas ter um olhar capaz de perceber a vinda de Jesus já presente no meio de nós na pessoa do pobre (cf. Mt 25,40) e em tantos outros modos e acontecimentos da vida de cada dia. O que importa é abrir os olhos e ter presente o exemplo do bom empregado do qual Jesus fala na parábola.



PARA REFLEXÃO PESSOAL

Em quais sinais as pessoas se apóiam para dizer que o fim do mundo está próximo? Você pensa que o fim do mundo está próximo?
O que responder aos que dizem que o fim do mundo está próximo? Qual é a força que te dá coragem para resistir e a ter esperança?



ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 145,1-2)
Vou refletir no início ou no final da jornada para descobrir os aspectos de minha vida em que não sou fiel ao amor incondicional que Deus me oferece em Cristo.





quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Lectio Divina - 27/08/14


QUARTA-FEIRA -27/08/2014



PRIMEIRA LEITURA: 2Tesalonicenses 3,6-10.16-18

Quando o Papa São João Paulo II visitou Monterrei pela segunda vez, na homilia fez ênfase não só a santificação do trabalho, mas também no trabalho como um modo de santificar-se. Dizia: “Jesus, o filho de Deus, não deixou de trabalhar, e por isso, aprendeu um oficio e o exerceu, tanto assim que as pessoas surpreendidas se perguntavam: “Não é este o carpinteiro? (Mc 3,36). O trabalho não é só uma maneira pela qual Deus nos “dá o pão de cada dia”, mas, também é o lugar para encontrar-se com Deus, com o Deus construtor, com o Deus que criou tudo e, que nos tornou “co-criadores” com Ele. Quando trabalhamos (seja trabalho de oficina, de artesão, de fábrica, de estudo, de casa) e o fazemos com alegria, descobrindo em nosso trabalho esta presença e esta ação criadora de Deus em nós, o trabalho se converte também em um modo de santificar nosso mundo. Desta maneira o trabalho deixa de ser uma obrigação, para converter-se em alegria, e uma verdadeira experiência de Deus. Faça de seu trabalho diário uma experiência do amor de Deus. Converta-se como Paulo, em um exemplo e um meio de evangelização para as pessoas que trabalham contigo; que vendo tua alegria, as pessoas se sintam chamadas a viver a mesma experiência que você tem e a dar glória a Deus.



ORAÇÃO INICIAL 

Oh Deus, que unes os corações de teus fiéis em um mesmo desejo, inspira a teu povo o amor a teus preceitos e a esperança em tuas promessas, para que, no meio das vicissitudes do mundo, nossos corações estejam firmes na verdadeira alegria. Por Nosso Senhor...


REFLEXÃO

Mateus 23,27-32

Estes dois últimos Ais, que Jesus pronunciou contra os doutores da lei e os fariseus do seu tempo, retomam e reforçam o mesmo tema dos dois Ais do evangelho de ontem. Jesus critica a falta de coerência entre a palavra e a prática, entre o interior e o exterior.
Mateus 23,27-28: O sétimo Ai contra os que se parecem sepulcros caiados. “Vocês: por fora, parecem justos diante dos outros, mas por dentro estão cheios de hipocrisia e injustiça”. A imagem de “sepulcros caiados” fala por si e não precisa de comentário. Jesus condena os que mantêm uma aparência fictícia de pessoa correta, mas cujo interior é a negação total daquilo que querem fazer aparecer para fora.
Mateus 23,29-32: O oitavo Ai contra os que enfeitam os sepulcros dos profetas, mas não os imitam
Os doutores e fariseus diziam: “Se tivéssemos vivido no tempo de nossos pais, não teríamos sido cúmplices na morte dos profetas”. E Jesus conclui: pessoas que falam assim “confessam que são filhos daqueles que mataram os profetas”, pois eles dizem “nossos pais”. E Jesus termina dizendo: “Pois bem: acabem de encher a medida dos pais de vocês!” De fato, naquela altura dos acontecimentos, eles já tinham decidido matar Jesus. Assim acabavam de encher a medida dos pais.



PARA REFLEXÃO PESSOAL

São mais dois Ais, mais dois motivos para receber uma crítica severa da parte de Jesus. Qual das dois cabe em mim?
Qual a imagem de mim mesmo que eu procuro apresentar aos outros? Ela corresponde ao que sou de fato diante de Deus?


ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 127,1-2)
Hoje serei muito zeloso em cuidar que cada minuto de meu dia seja bem aproveitado, sem esquecer que meu chefe direto, não é o que diz minha empresa, mas sim, o Senhor.





terça-feira, 26 de agosto de 2014

Lectio Divina - 26/08/14


TERÇA-FEIRA -26/08/2014


PRIMEIRA LEITURA: 2Tesalonicenses 2,1-3. 14-17


Esta palavra de Deus, que o apóstolo Paulo nos fala hoje, é verdadeiramente “boa notícia”. No meio de todos os rumores que, com freqüência, circulam sobre o fim do mundo, a Escritura nos confirma que não nos deixemos deixar de levar por todos estes vaticínios, os quais, em lugar de apresentar uma mensagem de salvação, apresentam uma mensagem de perdição, o que logicamente, como os tessalonicenses, nos levam a viver em estado de inquietude e de angústia que não é próprio do Evangelho e daqueles que se deixam conduzir pelo Espírito de Jesus. Pelo contrário, são frutos inconfundíveis da vida cristã da alegria e da paz interior. O apóstolo nos lembra que Deus nos ama e que nos tem dado gratuitamente esta paz e esta alegria, não deixemos que nada nem ninguém, sob supostas aparições ou mensagens, sejam capazes de arrebatar-nos a alegria que Deus nos tem feito em Cristo. É esta paz, esta alegria interior, que verdadeiramente nos dispõe a trabalhar o bem, e é tão notório que todos percebem. Seja hoje o canal pelo qual a alegria e a paz de Deus, cheguem a todos e a cada uma das pessoas que te rodeiam.



ORAÇÃO INICIAL 

Oh Deus, que unes os corações de teus fiéis em um mesmo desejo, inspira a teu povo o amor a teus preceitos e a esperança em tuas promessas, para que, no meio das vicissitudes do mundo, nossos corações estejam firmes na verdadeira alegria. Por Nosso Senhor...



REFLEXÃO

Mateus 23,23-26


O evangelho de hoje apresenta dois outros “ais” que Jesus pronuncia contra os lideres religiosos de sua época. Os dois “ais” de hoje denunciam a falta de coerência entre a palavra e atitude, entre o exterior e o interior. Repetimos hoje o que afirmamos antes. Ao meditar as palavras tão duras de Jesus, tenho que pensar não só nos doutores e nos fariseus da época de Jesus, mas também e, sobretudo, na hipocrisia que existe em mim, em nós, em nossa família, na comunidade, em nossa igreja, na sociedade de hoje. Vamos olhar no espelho do texto, para descobrir o que existe de errado em nós.
Mateus 23.23-24: O QUINTO “AI” CONTRA OS QUE INSISTEM NA OBSERVÂNCIA E ESQUECEM A MISERICÓRDIA. “Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas, que pagais o dízimo da menta, do endro e do cominho, e descuidais do mais importante da Lei: a justiça, a misericórdia e a fé”. Este quinto “ai” de Jesus contra os líderes religiosos daquela época pode ser repetido contra muitos lideres religiosos dos séculos seguintes, até hoje. Muitas vezes em nome de Deus, insistimos em detalhes e esquecemos da misericórdia. Por exemplo, o “hansenismo” voltou a viver a fé árida, insistindo em observâncias e penitências que desviaram o povo do caminho do amor. A irmã carmelita Teresa de Lisieux cresceu neste ambiente hansenista, que marcava a França do final do século XIX. Foi a partir de uma dolorosa experiência pessoal que ela soube recuperar a gratuidade do amor de Deus com a força que deve animar por dentro a observância das normas. Pois, sem a experiência do amor, as observâncias fazem de Deus um ídolo.Mateus 23,25-26: O SEXTO “AI” CONTRA OS QUE LIMPAAM AS COISAS POR FORA E AS DEIXAM SUJAM POR DENTRO. “Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas, que purificais por fora o copo e o prato, enquanto por dentro estão cheios de rapina e intemperança! Fariseu cego purifique primeiro por dentro o copo, para que também por fora fique puro!”. No Sermão da Montanha, Jesus critica os que observam a letra da lei e transgridem o espírito da lei. Disse: “Haveis ouvido que disse seus antepassados: Não matarás; e aquele que matar será réu diante do tribunal. Pois, eu vos digo: Todo aquele que se encolerizar contra seu irmão, será réu diante do tribunal, porém, o que chamar o irmão de “imbecil” será réu diante do Sinédrio, o que o chamar de “renegado”, será réu da gehena de fogo”. “Haveis ouvido o se disse: Não cometerás adultério. Pois eu vos digo: Todo aquele que olhar uma mulher desejando-a, já cometeu adultério com ela em seu coração” (Mt 5,21-22.27-28). Não basta observar a letra da lei. Não basta não matar, não roubar, não cometer adultério, não jurar, para ser fiel ao que Deus nos pede. Só observa plenamente a lei de Deus aquele que, mais além do que a letra vai até a raiz e arranca de dentro de si “os desejos de roubo e de cobiça” que podem levar ao assassinato, ao roubo, o adultério. A plenitude da lei se realiza na prática do amor.




PARA REFLEXÃO PESSOAL

Mais dois “ais”, mais dois motivos para receber uma critica severa por parte de Jesus. Qual dos dois cabe em mim?
Observância e gratuidade: qual das duas prevalece em mim?



ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 96,2-3)
Hoje repetirei constantemente “Vem, Senhor Jesus” e o farei pensando em que chegue meu dia, em que venha ao mundo que não o conhece e que venha no dia glorioso de sua revelação.





segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Lectio Divina - 25/08/14


SEGUNDA-FEIRA -25/08/2014


PRIMEIRA LEITURA: 2Tesalonicenses 1,1-5.11-12


Nesta bela saudação do apóstolo à comunidade de Tessalônica, valeria a pena refletir em uma das ações que amiúde passam despercebidas em nossa correria cotidiana, que é o de dar graças, principalmente a Deus, mas também todos os que entram diariamente em contato conosco e dos quais recebemos serviços e atenção. É comum, e espontâneo, o pedir. Isto é bom e agradável à Deus, mas, quanto mais o é, e o que lhe damos graças. Se parar para pensar um momento, perceberá todas as alegrias e graças que tens recebido, começando pela vida. Você que esta lendo agora, pode agradecer-lhe por ter acesso a esse meio de comunicação, e a tantas e tantas graças, que se analisar, verá que encontram sua origem no próprio Deus. Mas também, se é sincero contigo mesmo, descobrirá muitas pessoas que diariamente se relacionam contigo e que ao proporcionar-te um serviço, enriquecem tua vida. Um sorriso, um “agradecimento”, pode mudar o curso de todo seu dia. Não deixa de aproveitar a oportunidade hoje de agradecer, é o principio da felicidade e da harmonia entre Deus, você e os demais.


ORAÇÃO INICIAL 

Oh Deus, que unes os corações de teus fiéis em um mesmo desejo, inspira a teu povo o amor a teus preceitos e a esperança em tuas promessas, para que, no meio das vicissitudes do mundo, nossos corações estejam firmes na verdadeira alegria. Por Nosso Senhor...


REFLEXÃO

Mateus 23,13-22


Nos próximos dias vamos meditar o discurso que Jesus pronunciou criticando aos doutores da lei e aos fariseus, chamando-os de hipócritas. No evangelho de hoje, Jesus pronuncia contra eles quatro “ais” ou pragas. No evangelho de amanhã se acrescentam outros dois, e no evangelho de depois de amanhã outros dois. Ao todo oito “ais” ou pragas contra os líderes religiosos da época. São palavras muito duras. Ao meditá-las, tenho que pensar nos doutores e nos fariseus do tempo de Jesus, mas também e, sobretudo, na hipocrisia que existe em mim, em nós, em nossa família, em nossa Igreja, em nossa sociedade hoje. Vamos olhar no espelho do texto para descobrir o que existe de errado em nós.
Mateus 23,13: O PRIMEIRO “AI” CONTRA OS QUE FECHAM A PORTA DO REINO. Como fechar o Reino? Apresentando Deus como um juiz severo, deixando pouco espaço à misericórdia. Impondo em nome de Deus leis e normas que não têm nada a ver com os mandamentos de Deus, falsificando a imagem do Reino e matando no outro o desejo de servir a Deus e o Reino. Uma comunidade que se organiza ao redor deste falso deus “não entra no Reino”, nem é expressão do Reino, e impede que seus membros entrem no Reino.
Mateus 23,14: O SEGUNDO “AI” CONTRA OS QUE USAM A RELIGIÃO PARA ENRIQUECER-SE. “Vocês exploram as viúvas, e roubam em suas casas e, para disfarçar, fazem longas orações! Por isto, vocês vão receber uma condenação muito severa”. Jesus permite que os discípulos vivam do evangelho, pois, disse que o trabalhador merece seu salário (Lc 10,7; cf. 1Cor 9,13-14), porém, usar a oração e a religião como meio para enriquecer-se, isto é hipocrisia e não revela a Boa Nova de Deus. Transforma sua religião em um mercado. Jesus expulsa os comerciantes do Templo citando os profetas Isaias e Jeremias: “Minha casa é casa de oração para todos os povos e vocês a transformaram em uma cova de ladrões” (Mc 11,17; cf. Is 56,7; Jr 7,11). Quando o mago Simão quis comprar o dom do Espírito Santo, Pedro o amaldiçoou (At 8,18-24). Simão recebeu a “condenação mais severa” da qual Jesus fala no evangelho de hoje. 
Mateus 23,15: O TERCEIRO “AI” CONTRA OS QUE FAZEM PROSELITISMO. “Vocês que percorrem mar e terra para fazerr um prosélito, e, quando chega a sê-lo, o fazeis filho da condenação o dobro que vós!”. Existem pessoas que se fazem missionárias e anunciam o evangelho não para irradiar a Boa Nova do amor de Deus, mas sim, para atrair outros à seu grupo ou à sua igreja. Uma vez, João proibiu uma pessoa que usasse o nome de Jesus porque não fazia parte de seu grupo. Jesus respondeu: “Não o impeça. Pois, o que não está contra nós, está a nosso favor” (Mc 9,39). O documento da Assembléia Plenária dos bispos da América Latina realizou-se no mês de maio de 2008, em Aparecida, Brasil, sob o título: “Discípulos e missionários de Jesus Cristo, para que nele nossos povos tenham vida!”. É dizer que o objetivo da missão não é para que os povos se tornem católicos, nem para fazer proselitismo, mas, para que os povos tenham vida, e vida em abundância.
Mateus 23,16-22: O QUANTO “AI” CONTRA OS QUE VIVEM FAZENDO JURAMENTO. “Vocês dizem: Se alguém jura pelo Santuário, isso não é nada, mas se juro pelo ouro do Santuário, fica obrigado!”. Jesus faz um longo razoamento para mostrar a incoerência de tantos juramentos que a pessoa fazia ou que a religião oficial mandava fazer: juramento pelo ouro do templo ou pela oferenda que está sobre o altar. O ensinamento de Jesus indicava no Sermão da Montanha, é o melhor comentário da mensagem do evangelho de hoje: “Pois, eu vos digo que não jureis de modo algum: nem pelo Céu, porque é o trono de Deus, nem pela Terra, porque é o escabelo de seus pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade do grande rei. Nem tampouco jures por tua cabeça, porque nenhum só de teus cabelos pode fazê-lo, branco ou preto. Seja vossa linguagem: Sim, sim, Não, não: o que passar daqui vem do Maligno” (Mt 5,34-37).



PARA REFLEXÃO PESSOAL

São quatro “AIS”, ou, quatro pragas, quatro motivos para receber a critica severa por parte de Jesus. Qual das quatro críticas cabe a mim?
Nossa Igreja merece hoje estes “ais” por parte de Jesus?



ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 96,1-2)
Hoje procurarei firmemente manter um amplo e sincero sorriso para com todo mundo e cuidarei especialmente dar graças por cada serviço, inclusive os mais pequenos, que receber durante o dia. 





sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Lectio Divina - 15/08/14


SEXTA-FEIRA -15/08/2014


PRIMEIRA LEITURA: Ezequiel 16,1-15.60.63


Com este breve exemplo, o Senhor descreve, através de Ezequiel, toda da história do Povo de Deus, na qual vemos como Israel, que não teria um grande passado, pois, não vem de um reino poderoso, e que era desprezado por todos, foi acolhido por Deus. Conforme crescia, como uma jovenzinha, foi se tornando bela, porém, não tinha poder. Assim que Deus fez uma aliança com ela, mas, ao possuir poder e glória, esqueceu-se da aliança e de prostituiu, isto é, aparentou-se com todos os povos vizinhos aos que Deus havia rejeitado. E por isso, Deus a desprezou a levou para o exílio. No entanto, a eterna compaixão de Deus a reconquista e a leva de novo à “terra que mana leite e mel”, pois não se cansa de perdoar seus pecados. Esta é a história de nossa Igreja, de nós mesmos. Deus nos resgatou do pecado e da morte e nos limpou, nos encheu de graças no batismo. Fez-nos fortes diante dos demais, porém, apenas crescemos e nos esquecemos Dele, mundanizamo-nos. Imitamos os costumes dos pagãos. É triste como a história se repete, e que hoje, apesar de haver-se revestidos do Espírito Santo, tantos irmãos e renunciam a sua dignidade e se prostituem adaptando-se a este mundo; vivendo segundo os costumes pagãos que hoje se promovem em todas as partes. É certo que a misericórdia de Deus é eterna, ao esqueçamos que, para que se dê o perdão, tem que haver um arrependimento e que este, só se deu quando Israel se viu desolado e entregue nas mãos de seus inimigos, quando viveu a miséria da guerra e do desterro. Entretanto, ainda é tempo. O Senhor, através de seus profetas, nos ajuda a ter consciência de nosso abandono e regressarmos a Ele. Não percamos mais tempo.


ORAÇÃO INICIAL 

Deus todo poderoso e eterno, a quem podemos chamar Pai, aumenta em nossos corações o espírito filial, para que mereçamos alcançar a herança prometida. Por Nosso Senhor...


REFLEXÃO

Mateus 19,3-12


CONTEXTO. Até o capítulo 18, Mateus tem mostrado como os discursos de Jesus marcaram as várias fases da constituição e formação progressiva da comunidade dos discípulos em torno de seu Mestre. Em 19,1, este pequeno grupo se afasta das terras da Galiléia e chega ao território da Judéia. O chamado de Jesus, que atraiu seus discípulos, continua avançando até a escolha definitiva: a acolhida ou a rejeição da pessoa de Jesus. Esta fase tem lugar ao longo do caminho que leva à Jerusalém e ao templo, depois de chegar finalmente à cidade. Todos os encontros que Jesus efetua nestes capítulos têm lugar ao longo do percurso da Galiléia à Jerusalém.
O ENCONTRO COM OS FARISEUS. Ao passar pela Transjordânia Jesus tem o primeiro encontro com os fariseus, e o tema da discussão de Jesus com eles é motivo de reflexão para o grupo dos discípulos. A pergunta dos fariseus refere-se ao divórcio e de maneira particular coloca Jesus em apuros a respeito do amor dentro do matrimônio, que é a realidade mais sólida e estável para a comunidade judia. A intervenção dos fariseus pretende acusar o ensinamento de Jesus. Trata-se de um verdadeiro processo: Mateus o considera como “um colocar a prova”, como uma “tentação”. A pergunta é certamente crucial: “É licito para um homem repudiar a própria mulher por qualquer motivo?”. Ao leitor não escapa a distorção dos fariseus ao interpretar o texto de Dt 24,1 para colocar Jesus em aperto: “Se um homem toma uma mulher e se casa com ela, e acontece que esta mulher não agrade seus olhos, porque descobre nela algo que lhe desagrada, lhe escreverá um libelo de repúdio, o entregará em suas mãos e a despedirá de sua casa”. Ao longo dos séculos, este texto havia dado lugar a numerosas discussões: admitir o divórcio por qualquer motivo, requerer um mínimo de má conduta, ou, um verdadeiro adultério.
É DEUS O QUE UNE. Jesus responde aos fariseus citando Gn 1,17:2,24 e remetendo a questão à vontade de Deus criador. O amor que une o homem e a mulher vem de Deus, e por esta origem, une e não pode separar. Se Jesus cita GN 2,24 “O homem abandonará seu pai e sua mãe e se unirá a sua esposa e serão os dois uma só carne”, é porque quer sublinhar um principio singular e absoluto: a vontade criadora de Deus é unir o homem à mulher. Quando um homem e uma mulher se unem em matrimônio, é Deus que os une o termo “cônjuge”, vêm do verbo conjugar, isto é, a união dos dois esposos que implica trato sexual é efeito da palavra criadora de Deus. A resposta de Jesus aos fariseus alcança se cume: o matrimônio é indissolúvel em sua constituição originária. Agora prossegue com Jesus citando Ml 2,13-16: repudiar a própria mulher é romper a aliança com Deus, aliança que, segundo os profetas, os esposos a vivem, sobretudo, em sua união conjugal (Os 1-3; Is 1,21-26; Jr 2,2;3,1.6-12; Ez 16; 23; Is 54,6-10;60-62). A resposta de Jesus aparece em contradição com a lei de Moisés que concede a possibilidade de dar um certificado de divórcio. Justificando sua resposta, Jesus lembra aos fariseus: se Moisés decidiu esta possibilidade, é pela dureza de vosso coração (v.8), mas concretamente, por vossa indocilidade à Palavra de Deus. A Lei de Gn 1,26;2,24 não modificou-se jamais, porém, Moisés se viu obrigado a adaptá-la a uma atitude de indocilidade. O primeiro matrimônio não é anulado pelo adultério. A palavra de Jesus diz claramente ao homem de hoje, e de modo particular à comunidade eclesial, que não deve haver divórcios, e se, observamos que existem; na vida pastoral, os divorciados são acolhidos e para eles está sempre aberta a possibilidade de entrar no reino. A reação dos discípulos não se faz esperar: “Se esta é a condição do homem a respeito de sua mulher, não vale a pena casar-se” (v.10). A resposta de Jesus continua mantendo a indissolubilidade do matrimônio, impossível para a mentalidade humana, porém, possível para Deus. O eunuco do qual Jesus fala não é o que não pode gerar, ma sim, o que uma vez separado da própria mulher, continua vivendo na continência e permanecendo fiel ao primeiro vinculo matrimonial: é eunuco com relação a todas as demais mulheres. 



PARA REFLEXÃO PESSOAL

Sabemos acolher o ensinamento de Jesus no que se refere ao matrimônio com coragem sem adaptá-lo a nossas legítimas vontades e conveniências?
A passagem evangélica nos lembra que o desígnio do Pai sobre o homem e a mulher é um maravilhoso projeto de amor. Você é consciente de que o amor tem uma lei imprescindível que comporta o dom total e pleno da própria pessoa ao outro?



ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 51,12-13)
Revisarei se minhas atitudes e ações se amoldam ao Evangelho de Jesus que me convida a ser justo, respeitoso e solidário com todos meus irmãos.






quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Lectio Divina - 14/08/14


QUINTA-FEIRA -14/08/2014



PRIMEIRA LEITURA: Ezequiel 12,1-12


Não é raro na literatura profética nos encontrar-nos, como na passagem de hoje, encenações que procuram ilustrar ao povo com imagens o que não querem entender com as palavras. O profeta lhes faz ver que, da mesma forma como ele saiu de Jerusalém, assim saíram também todos eles começando pelo Rei. Diante destas palavras, sempre me pergunto: “Não será suficiente, tudo o que estamos vivendo hoje no mundo, para que entendamos que temos diluído o Evangelho de Jesus; que nossa vida se distancia muito de ser o que o Senhor nos convidou a viver em sua Igreja?”. Não parece que as pregações tenham grande impacto no povo, e a maioria de nossos irmãos batizados, caminham pelo caminho da obscuridade, do hedonismo, do materialismo, e alguns, de coisas piores. Hoje em dia recebemos noticias de que, em diferentes partes do mundo, imagens de Maria Santíssima choram, inclusive algumas até choram sangue. Questionado sobre este particular, o Santo Padre João Paulo II dizia: “Se a imagem de Nossa Senhora chora, por algum motivo será!”. Com estas palavras, sem admitir de tudo o sucesso, deixava aberta a reflexão do por que este tipo de acontecimento. Irmãos, não podemos fechar os nossos olhos diante da realidade que vivem hoje muitíssimos batizados. Oremos ao Senhor e coloquemo-nos a trabalhar para levar-lhes a mensagem de salvação, perdão e esperança.


ORAÇÃO INICIAL 

Deus todo poderoso e eterno, a quem podemos chamar Pai, aumenta em nossos corações o espírito filial, para que mereçamos alcançar a herança prometida. Por Nosso Senhor...



REFLEXÃO

Mateus 18,21-19,1


Mateus 18,21-22: PERDOAR SETENTA VEZES SETE! Diante das palavras de Jesus sobre a correção fraterna e a reconciliação, Pedro pergunta: “Quantas vezes tenho que perdoar? Sete vezes?”. Sete é um número que indica uma perfeição e, no caso da proposta de Pedro, sete é sinônimo de sempre. Mas, Jesus vai mais longe. Elimina toda e qualquer possibilidade limite para o perdão: “Não te digo até sete, mas, até setenta vezes sete!”. Seria o mesmo que dizer: “SEMPRE!”, ou seja, setenta vezes sempre. Pois, não existe proporção entre o amor de Deus para conosco e nosso amor para com o irmão. Aqui se evoca o episódio de Lamec no AT. “Disse, pois, Lamec a suas mulheres Ada e Selia: “Ouçam-me vocês, mulheres de Lamec, tenham atenção a minhas palavras: eu matei um homem pela ferida que me fez e a um jovem por uma contusão que recebi. “Se Caim tem que ser vingado sete vezes, Lamec tem que ser setenta e sete vezes” (Gn 4,23-24). A tarefa das comunidades é a de intervir no processo da espiral de violência. Para esclarecer sua resposta a Pedro, Jesus conta a parábola do perdão sem limites. 
Mateus 18,23-27: A ATITUDE DO DONO. Esta parábola é uma alegoria, isto é, Jesus fala de um “dono”, porém, pensa em Deus. Isto explica os contrastes enormes desta parábola. Como veremos, apesar de que se trata de coisas normais e diárias, existe algo nesta história que não acontece nunca na vida cotidiana. Na história que Jesus conta, o dono segue as normas do direito da época. Estava em seu direito tomar um empregado e toda sua família e os colocava no cárcere, até que tivesse pagado sua dívida pelo trabalho como escravo. Mas, diante do pedido do empregado endividado, o dono perdoa a dívida: dez mil talentos. Um talento equivale a 35 kg. Segundo os cálculos feitos, dez mil talentos equivalem a 350 toneladas de ouro. Ainda que o devedor junto com sua mulher e seus filhos trabalhassem a vida inteira, nunca seriam capazes de reunir 350 toneladas de ouro. O cálculo extremo é feito a propósito. Nossa divida diante Deus é incalculável e impagável.
Mateus 18,28-31: A ATITUDE DO EMPREGADO. Ao sair dali, o empregado perdoado encontra um de seus companheiros que lhe devia cem moedas de prata. Agarrando-lhe, disse: “Pague o que me deve”. A moeda de cem denários é o salário de cem dias de trabalho. Alguns calculam que era de 30 gramas de ouro. Não existe meio para comparação entre os dois! Nem tampouco nos faz entender a atitude do empregado: Deus lhe perdoara 350 toneladas de ouro e ele não quer perdoar 30 gramas de ouro. Em vez de perdoar, faz com o companheiro o que o dono podia ter-lhe feito, mas não o fez. Mandou prender o companheiro, segundo as normas da lei, até que pagasse toda a dívida. Atitude chocante para qualquer ser humano. Desaponta outros companheiros. Seus companheiros ao ver a cena, entristecem-se muito, e foram contar a seu senhor o ocorrido. Nós também teríamos tido a mesma atitude de desaprovação.
Mateus 18,32-35: A ATITUDE DE DEUS. “Seu senhor então mandou chamá-lo e lhe disse: Servo malvado, eu te perdoei toda aquela dívida porque me pediste. Não devia também compadecer-te de teu companheiro, do mesmo modo que eu me compadeci de ti? E encolerizado, lhe entregou ao verdugo até que pagasse tudo o que lhe devia. Diante do amor de Deus que perdoa gratuitamente nossa dívida de 350 toneladas de ouro, nada mais do que justo que perdoemos ao irmão uma pequena dívida de 30 gramas de ouro. O perdão de Deus é sem limites! O único limite para a gratuidade de misericórdia de Deus vem de nós mesmos, de nossa incapacidade de perdoar o irmão! (Mt 18,34). É o que dizemos e pedimos no Pai Nosso: “Perdoa nossas ofensas, assim como nós perdoamos aos que nos ofendem” (Mt 6,12-15). 
A comunidade como espaço alternativo de solidariedade e fraternidade. A sociedade do Império Romano era dura e sem coração, sem espaço para os pequenos. Estes procuravam um amparo para o coração e não o encontravam. As sinagogas eram exigentes e não ofereciam um lugar para eles. Na comunidade cristã, o rigor de alguns na observância da Lei, levava à convivência aos mesmos critérios na sociedade e na sinagoga. Assim, na comunidade começavam a existir divisões que havia na sociedade e na sinagoga entre rico e pobre, dominação e submissão, homem e mulher, raça e religião. A comunidade, em vez de ser espaço de acolhida, tornava-se um lugar de contenda. Juntando as palavras de Jesus, Mateus quer iluminar a caminhada dos seguidores e das seguidoras de Jesus, para que as comunidades sejam um espaço alternativo de solidariedade e de fraternidade. Devem ser uma Boa Notícia para os pobres.



PARA REFLEXÃO PESSOAL

Perdoar. Existe pessoa que diz: “Perdôo, porém não esqueço!”. E eu? Sou capaz de imitar Deus?
Jesus nos dá o exemplo. Na hora de sua morte pede perdão por seus assassinos (Lc 23,34). Sou capaz de imitar Jesus?


ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 77)
Hoje me esforçarei para ser diferente diante dos demais, ser diferente como o Senhor, hoje cuidarei de cada ação minha, para que seja como um sinal do grande amor que Deus nos tem, e espera por todo aquele que o aceita.





quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Lectio Divina - 13/08/14


QUARTA-FEIRA -13/08/2014



PRIMEIRA LEITURA: Ezequiel 9,1-7;10,18-22


O tempo do castigo chegou. O profeta com grande dramatismo apresenta ao povo o juízo que Deus emitiu sobre o povo rebelde e desobediente, que apesar de todos os emissários (Isaias e Jeremias) não havia se voltado para Yahvé. Entretanto, apesar de tudo, o Senhor permanece fiel a Aliança e por isso destinou um resto fiel que continuará a história da Salvação. Quando vemos o estado de corrupção que priva em nossas comunidades, onde os batizados enchem as cantinas, os centros de prostituição e os espetáculos indecentes; quando é difícil encontrar pessoas justas e honestas nos governos e nas empresas, sendo que estes são como nós, também batizados, nos enchemos de tristeza, mas, ao mesmo tempo vemos que as coisas, como em Jerusalém, não poder continuar assim e que Deus certamente fará, como tem feito sempre com seu povo, algo para purificá-lo. Naquele tempo foram os Caldeus encarregados de realizar esta purificação, hoje em dia, quem será? É, pois, tempo de pregar, de procurar com todas as nossas forças e com o poder do Espírito Santo ajudar a nossos próximos (os que estão em nossos círculos de amizades, familiar e no trabalho) a retornar ao Senhor. Hoje contamos com a assistência poderosa do Espírito que nos dá palavras de sabedoria. Não nos sintamos alheios ao grande problema que pesa sobe nosso povo cristão e anunciemos a Vida em Cristo, e sem medo denunciemos o pecado do povo para que o Senhor não tenha que castigar-nos para que regressemos à Ele.







ORAÇÃO INICIAL 

Deus todo poderoso e eterno, a quem podemos chamar Pai, aumenta em nossos corações o espírito filial, para que mereçamos alcançar a herança prometida. Por Nosso Senhor...



REFLEXÃO

Mateus 18,15-20


No evangelho de hoje e de amanhã vamos ler e meditar a segunda parte do Sermão da Comunidade. O evangelho de hoje fala da correção fraterna e da oração em comum. O de amanhã fala do perdão e fala da parábola do perdão sem limites. A palavra chave desta segunda parte é “perdoar”. O acento cai na reconciliação. Para que possa haver reconciliação que permita o retorno dos pequenos, é importante saber dialogar e perdoar, pois, o fundamento da fraternidade é o amor gratuito de Deus. Só assim a comunidade será sinal do Reino. Não é fácil perdoar. Certas dores continuam machucando o coração. Existem pessoas que dizem: “Perdôo, porém não esqueço!”. Rancor, tensões, broncas, opiniões diferentes, ofensas, provocações dificultam o perdão e a reconciliação.
A organização das palavras de Jesus, nos cinco grandes Sermões do evangelho de Mateus mostra que no final do primeiro século, as comunidades tinham formas bem concretas de catequese. O Sermão da Comunidade (Mt 18,1-35), por exemplo, trás instruções atualizadas de como proceder no caso de algum conflito entre os membros da comunidade e de como encontrar critérios para solucionar os conflitos. Mateus reúne aquelas frases de Jesus que pode ajudar as comunidades de finais do século primeiro a superar os dois problemas agudos aos quais enfrentavam naquele momento, a saber, a saída dos pequenos por causa do escândalo de alguns e a necessidade de diálogo para superar o rigor de outros e acolher aos pequenos, os pobres, a comunidade. 
Mateus 18,15-18: A correção fraterna e o poder de perdoar. Estes versículos trazem normas simples de como proceder no caso de conflito na comunidade. Se um irmão ou uma irmã pecam, isto é, se houver comportamento não de acordo com a vida da comunidade, não se deve imediatamente denunciá-lo. Primeiro, tratemos de saber os motivos do outro. Se não der resultado, levemos a duas ou três pessoas da comunidade para ver se consegue algum resultado. Só em caso extremo, deve-se levar o problema à toda comunidade. E se a pessoa não quiser ouvir a comunidade, que seja para ti “como um publicano ou um pagão”, isto é, como alguém que já não é parte da comunidade. Não é que você está excluindo, mas, é a própria pessoa, que se exclui. A comunidade reunida apenas constata e ratifica a exclusão. A graça de poder perdoar e reconciliar em nome de Deus foi dada à Pedro, aos apóstolos e, aqui no Sermão da Comunidade, à própria comunidade (Mt 18,18). Isto revela a importância das decisões que a comunidade toma com relação a seus membros.
Mateus 18,19: A oração em comum. A exclusão não significa que a pessoa seja abandonada a sua própria sorte. Não! Pode estar separada da comunidade, porém, nunca estará separada de Deus. No caso de que a conversa na comunidade não chegue a bom termo, e a pessoa não quiser integrar-se na vida da comunidade, fica como último recurso o orar juntos ao Pai para conseguir a reconciliação. E Jesus garante que o Pai escutará: “Os asseguro também que se dois de vós se colocam de acordo na terra para pedir algo, seja o que for, o conseguirão de meu Pai que está nos céus”. 
Mateus 18,20: A presença de Jesus na comunidade. O motivo da certeza de ser ouvidos pelo Pai é a promessa de Jesus: “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estarei no meio deles!”. Jesus é o centro, o chefe da comunidade e, como tal, junto com a Comunidade, estará rezando ao Pai, para que conceda o dom do retorno ao irmão ou a irmã que se excluiu.




PARA REFLEXÃO PESSOAL

Por que será que é tão difícil perdoar? Em nossa comunidade, existe espaço para a reconciliação? De que maneira? Jesus disse: “ali onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estarei no meio deles”. O que é que isso significa para nós hoje?



ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 113,1-2)
Hoje revisarei que classe de amigos eu tenho e, verei se eu sou um verdadeiro amigo, que age com misericórdia para com os demais.




terça-feira, 12 de agosto de 2014

Lectio Divina - 12/08/14


TERÇA-FEIRA -12/08/2014




PRIMEIRA LEITURA: Ezequiel 2,8-3,4


O texto que lemos hoje nos apresenta o profeta comendo um rolo com palavras. Os sábios consideram que o que pedia o Senhor que fizesse, é que se alimentasse com Palavras de Deus, particularmente com a Lei, para que seu trabalho como profeta estivesse radicado não em pensamentos humanos, mas sim, na Palavra do Senhor. O povo de Israel, a casa rebelde, havia recebido também essa palavra, porém, como disse o Senhor hoje, não queria alimentar-se com a Sabedoria divina preferindo dirigir sua vida pelos ídolos. Hoje nos ocorre coisa semelhante, pois, é triste ver que a maioria dos cristãos católicos não lê a Sagrada Escritura, não a conhecem. A maioria se conforma com o que ouve na missa e a grande maioria que nem à missa vai, pois, esses nem sequer folheiam a Escritura. O Senhor nos convida para que nos aproximemos Dele, para que nos alimentemos de sua Palavra como o profeta Ezequiel, para converter-nos em seus profetas, em pregadores das Boas Notícias de salvação. Este alimento, não só nos servirá para fortalecer-nos, mas, inclusive para encontrar felicidade e paz em nossas vidas. Não deixe de tomar um bom alimento espiritual todos os dias e se coloque às ordens do Senhor, para que, para onde te envie, possas ser seu profeta e ajudar a este mundo a retornar para Jesus. 



ORAÇÃO INICIAL 

Deus todo poderoso e eterno, a quem podemos chamar Pai, aumenta em nossos corações o espírito filial, para que mereçamos alcançar a herança prometida. Por Nosso Senhor...



REFLEXÃO

Mateus 18,1-5.10.12-14

Aqui, no capítulo 18 do evangelho de Mateus inicia o quarto grande discurso da Nova Lei, o Sermão da Comunidade. As partes narrativas, intercaladas entre os cinco Sermões, descrevem a prática de Jesus e mostram como praticava e encarnava a nova Lei em sua vida.
O evangelho de hoje trás a primeira parte do Sermão da Comunidade que tem como palavra chave os “pequenos”. Os pequenos não são as crianças, mas sim, as pessoas pobres e sem importância na sociedade e na comunidade, inclusive as crianças. Jesus pede que estes pequenos estejam no centro das preocupações da comunidade, pois, “o Pai não quer que nenhum destes pequenos pereça” (Mt 18,14).
Mateus 18,1: A PERGUNTA DOS DISCÍPULOS QUE DÁ MOTIVO AO ENSINAMENTO DE JESUS. Os discípulos querem saber quem é maior no Reino. Só o fato de que eles fizessem essa pergunta revela que haviam entendido pouco ou nada da mensagem de Jesus. O Sermão da Comunidade, todo ele, é para fazer entender que entre os seguidores e as seguidoras de Jesus tem que estar vivo o espírito de serviço, de entrega, de perdão, de reconciliação e de amor gratuito, sem procurar o próprio interesse e autopromoção. 
Mateus 18,2-5: O CRITÉRIO BÁSICO: O MENOR É O MAIOR. Os discípulos querem um critério para poder medir a importância das pessoas na comunidade: “Quem é o maior no Reino dos Céus?”. Jesus responde que o critério são os pequenos! Os pequenos não têm importância social, não pertencem ao mundo dos grandes. Os discípulos têm que fazerem-se pequenos. Em vez de crescer para o alto, têm que crescer para baixo, para a periferia, onde vivem os pobres, os pequenos. Assim serão os maiores no Reino! E o motivo é este: “Quem receber um pequeno como este em meu nome, a mim a que recebe!”. Jesus se identifica com eles. O amor de Jesus para com os pequenos não tem explicação. Os pequenos não têm mérito. É a pura gratidão do amor de Deus que aqui se manifesta e pede para ser imitada na comunidade pelos que se dizem discípulos e discípulas de Jesus.
Mateus 18,6-9: NÃO ESCANDALIZAR OS PEQUENOS. Estes quatro versículos sobre o escândalo dos pequenos foram omitidos no texto do evangelho de hoje. Damos um breve comentário. Escandalizar os pequenos significa: ser motivo para que os pequenos percam a fé em Deus e abandonem a comunidade. Mateus conserva uma frase muito dura de Jesus: “Porém o que escandalizar a um destes pequenos que acreditam em mim, mais vale que lhe amarrem uma pedra de moinho no pescoço e o joguem no fundo do mar”. Sinal de que naquele tempo muitos pequenos já não se identificavam com a comunidade e procuravam outros amparos. E hoje? Na América Latina, por exemplo, cada ano perto de 3 milhões de pessoas abandonam as igrejas históricas e vão para as igrejas evangélicas. Sinal de que não se sentem em casa entre nós. E muitas vezes são os mais pobres os que nos abandonam. O que é que nos falta? Qual é a causa deste escândalo aos pequenos? Para evitar o escândalo, Jesus manda cortar a mão o pé ou arrancar o olho. Esta frase não pode ser tomada ao pé da letra. Significa que é preciso ser muito exigente no combate ao escândalo que afasta os pequenos. Não podemos permitir, de forma alguma, que os pequenos se sintam marginalizados em nossa comunidade. Pois, neste caso, a comunidade deixaria de ser um sinal do Reino de Deus. 
Mateus 18,10-11: OS ANJOS DOS PEQUENOS ESTÃO NA PRESENÇA DO PAI. Jesus evoca o salmo 91. Os pequenos fazem de Yahvé seu refúgio e tomam o Altíssimo como defensor (Sl 91,9) e, por isto: “Não poderá a desgraça dominante nem a praga aproximar-se de tua morada, pois deu às seus anjos a ordem de proteger-te em todos os teus caminhos. Em suas mãos te sustentarão, para que não tropeces em alguma pedra” (Sl 91,10-12). 
Mateus 18,12-14: A PARÁBOLA DAS CEM OVELHAS. Para Lucas, esta parábola revela a alegria de Deus pela conversão de um pecador (Lc 15,3-7). Para Mateus, revela que o Pai não quer que nenhum destes pequenos se perca. Com outras palavras, os pequenos deve ser a prioridade pastoral da Comunidade, da Igreja. Devem estar no centro da preocupação de todos. O amor pelos pequenos e pelos excluídos tem que ser o eixo da comunidade do que quer seguir Jesus. Pois, deste modo a comunidade se torna prova do amor gratuito de Deus que acolhe a todos.



PARA REFLEXÃO PESSOAL

As pessoas mais pobres do bairro participam de nossa comunidade? Se sentem bem ou encontra em nós um motivo para afastarem-se?
Deus Pai não quer que se perca nenhum dos pequenos. O que é que significa isto para nossa comunidade? 





ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 119,111-112)
Hoje meditarei e tentarei memorizar uma parte do salmo 19.





segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Lectio Divina - 11/08/14

SEGUNDA-FEIRA -11/08/2014


PRIMEIRA LEITURA: Ezequiel 1,2-5;24-28

Com quanta razão disse Paulo que “o que Deus tem reservado para os que amam ao Senhor: Nem o olho viu, nem o ouvido ouviu, nem pode sequer vir a mente do homem”. Certamente que a experiência da vida no céu é algo que não podemos imaginar, pois, se refere à vida eterna vivida na presença do Senhor, a vida na qual já não existe pranto nem dor, onde a morte perdeu seu poder e só fica a alegria e a felicidade perfeita. Vale a pena esforçar-nos nesta terra para alcançar a glória; vale seguir o caminho estreito do Evangelho e ser capaz de vendê-lo com o propósito de comprar “a pérola preciosa”. Nunca desanime em teu propósito de santidade e lute continuamente para alcançar a visão da Glória de Deus.


ORAÇÃO INICIAL 

Deus todo poderoso e eterno, a quem podemos chamar Pai, aumenta em nossos corações o espírito filial, para que mereçamos alcançar a herança prometida. Por Nosso Senhor...



REFLEXÃO

Mateus 17,22-27


Os cinco versículos do evangelho de hoje falam de dois assuntos bem diferentes e um do outro: (a)-Trazem o segundo anuncio da paixão, morte e ressurreição de Jesus; (b)-Informam sobre a conversa de Jesus com Pedro sobre o pagamento dos impostos e das taxas ao templo.
Mateus 17,22-23: O ANUNCIO DA MORTE E RESSURREIÇÃO DE JESUS. O primeiro anuncio havia provocado uma forte reação por parte de Pedro que não quis saber nada do sofrimento da cruz. Jesus havia respondido com a mesma força: “Longe de mim, satanás!”. Aqui, no segundo anuncio, a reação dos discípulos é mais branda, menos agressiva. O anuncio provoca tristeza. Parece que começam a compreender que a cruz é parte do caminho. A proximidade da morte e do sofrimento pesa sobre eles, gerando desânimo. Ainda que Jesus procurasse ajuda-los, a resistência de séculos contra a idéia de um messias crucificado era maior. 
Mateus 17,24-25ª: A PERGUNTA A PEDRO, DOS ARRECADORES DE IMPOSTOS. Quando chegam a Cafarnaum, os arrecadadores de impostos do Templo perguntam a Pedro: “Vosso mestre não paga as didracmas?”. Pedro responde: “Sim!”. Desde os tempos de Neemias (Século V a.C.), os judeus que haviam voltado da escravidão da Babilônia, se comprometeram somente na assembléia a pagar diversos impostos e taxas para que o culto no Templo pudesse continuar funcionando e para cuidar da manutenção tanto do serviço sacerdotal como do edifício do Templo (Ne 10,33-40). Pelo que se vê na resposta de Pedro, Jesus pagava este imposto como faziam os demais judeus.
Mateus 17,25b-26: A PERGUNTA DE JESUS A PEDRO SOBRE O IMPOSTO. É curiosa a conversa entre Jesus e Pedro. Quando chegam em casa, Jesus pergunta: “O que é que te parece, Simão, os reis da terra, de quem cobram taxas ou tributo, de seus filhos ou dos estranhos?”. Pedro respondeu: “Dos estranhos!”. Então Jesus disse: “Portanto, os filhos estão livres!”. Provavelmente, aqui se refletia uma discussão entre os judeus cristãos antes da destruição do Templo no ano 70. Eles se perguntavam se deviam ou não continuar pagando o imposto do Templo, como fazia antes. Pela resposta de Jesus, descobrem que não existe obrigação de pagar esse imposto: “Os filhos estão livres”. Os filhos são os cristãos. Mas, ainda assim tinham obrigação, a recomendação de Jesus é pagar para não provocar escândalo. 
Mateus 17,27: A CONCLUSÃO DA CONVERSA SOBRE O PAGAMENTO DO IMPOSTO. Mais curiosa que a conversa é a solução que Jesus dá para a questão. Diz a Pedro: “Todavia, para que não sirvamos de escândalo, vai ao mar, jogue o anzol, e o primeiro peixe que pegar, abra-lhe a boca e encontrarás um estáter. Tome-o e dê-o por mim e por ti”. Milagre curioso! Tão curioso como aquele dos 2000 porcos que se precipitaram no mar (Mc 5,13). Qualquer que seja a interpretação deste fato milagroso, esta maneira de solucionar o problema sugere que se trata de um assunto que não tem muita importância para Jesus.


PARA REFLEXÃO PESSOAL

O sofrimento e a cruz desanimam e entristecem os discípulos. Também ocorre isto em tua vida?
Como você entende o episódio da moeda encontrada na boca do peixe?



ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 148,1-2)
Hoje serei muito sensível a todas as coisas belas da natureza e darei graças a Deus por elas.





sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Lectio Divina - 08/08/14


SEXTA-FEIRA -08/08/2014




PRIMEIRA LEITURA: Naum 2,1.3; 3, 1-3.6-7


Ainda que Deus permita situações adversas, inclusive com no caso de Israel, seus próprios inimigos se convertem em um instrumento de Deus para instruir e corrigir seu povo, Deus sempre aponta e restringe sua maldade e espera inclusive deles uma conversão e o respeito aos princípios fundamentais do amor imposto pelo próprio Deus em seus corações. De modo que, uma aprendida a lição, o povo pode regressar para sua casa e reiniciar sua vida cotidiana no cumprimento da Lei. Mas, quando o povo ou o instrumento de Deus se corrompe e já não segue seus caminhos, o próprio Deus destruirá o “agressor” e o apagará da face da terra. Tudo isto nos ajuda a entender as palavras do Salmo que dizem: “Vi que o poderoso se exaltava e dizia: onde está o Deus que me pede contas? Porém, voltei a passar e já não estava, pois, tu os precipitas nas ruínas”. Irmãos, ninguém pode, como diz Paulo, enganar a Deus e pensar que é poderoso à margem Dele, pois “de Deus ninguém escapa”. Se alguém pensa que é poderoso, lembre sempre que esse poder foi lhe conferido pelo próprio Deus. Recordemos que quando Jesus estava sendo julgado, Ele mesmo lembrou a Pilatos que dizia ter poder para soltá-lo ou crucificá-lo, que este poder o havia recebido do céu. Quando o homem usa o poder que Deus lhe tem dado sobre os outros para explorá-los, para julgar-se superior e isento do domínio de Deus, cumprem-se infalivelmente as palavras do profeta Naum: “Será destruído e apagado do mapa para sempre”. Jamais esqueçamos que se algo somos, que se algo temos, muito mais, que algo podemos sobre alguns irmãos, este poder nos tem sido dado por Deus para o serviço de sua Glória.


ORAÇÃO INICIAL 

Deus eterno e todo-poderoso, a quem ousamos chamar de Pai, dai-nos cada vez mais um coração de filhos para alcançarmos um dia a herança que prometestes. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.



REFLEXÃO

Mateus 16,24-28

Contexto. Até o capítulo 18, Mateus mostrou como os discursos de Jesus marcaram as diferentes fases da constituição progressiva e formação da comunidade dos discípulos em torno de seu Mestre. Agora em 19,1, este pequeno grupo se afasta dos territórios da Galiléia e chega nos territórios da Judéia. O chamado de Jesus que envolve os seus discípulos avança até a escolha decisiva: a aceitação ou rejeição da pessoa de Jesus. Esta fase ocorre ao longo da estrada que leva a Jerusalém (capítulos 19-20), e, finalmente, com a chegada à cidade e junto ao Templo (capítulos 21-23). Todos os encontros que Jesus experimenta no decorrer desses capítulos ocorrem ao longo do percurso da Galiléia a Jerusalém.
Encontro com os fariseus. Passando pela Transjordânia (19,1), o primeiro encontro é com os fariseus e o tema de discussão de Jesus com ele se torna motivo de reflexão para o grupo dos discípulos. A pergunta dos fariseus é sobre o divórcio e, especialmente, coloca Jesus em dificuldade sobre o amor dentro do casamento, a realidade mais sólida e estável para toda a comunidade judaica. A intervenção dos fariseus quer acusar o ensinamento de Jesus. Trata-se de um verdadeiro processo: Mateus o considera como "colocar à prova", "um tentar". A pergunta é realmente crucial: “É permitido a um homem rejeitar sua mulher por um motivo qualquer?”(19,3). Ao leitor não escapa a tentativa equivocada dos fariseus de interpretar o texto de Dt 24,1 para colocar Jesus em dificuldade: “Se um homem toma uma mulher e se casa com ela, e esta depois não lhe agrada porque descobriu nela algo inconveniente, ele lhe escreverá uma certidão de divórcio e assim despedirá a mulher”. Este texto deu origem ao longo dos séculos a inúmeras discussões: a admitir o divórcio por qualquer motivo, exigir um mínimo de mau comportamento, um verdadeiro adultério.
É Deus que une. Jesus responde aos fariseus recorrendo a Gn 1,17; 2,24, trazendo o assunto à vontade primária de Deus criador. O amor, que une o homem e a mulher, vem de Deus e por essa origem, unifica e não pode separar. Se Jesus cita Gênesis 2,24: “Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher; e os dois formarão uma só carne” (19,5), é porque ele quer enfatizar um princípio particular e absoluto: é a vontade criadora de Deus que une um homem e uma mulher. Quando um homem e uma mulher se unem em matrimônio, é Deus que os une; o termo "cônjuge" vem do verbo conjungir (ligar intimamente), conjugar (associar, ligar e unir), ou seja, que a conjunção dos dois parceiros sexuais é o efeito da palavra criadora de Deus. A resposta de Jesus aos fariseus atinge o seu cume: o casamento é indissolúvel na sua constituição original. Jesus continua desta vez tempo de Ml 2,13-16: repudiar a própria mulher é romper a aliança com Deus e segundo os profetas, esta aliança é vivida principalmente pelos esposos em sua união conjugal (Os 1-3; Is 1,21-26; Jr 2,2; 3,1.6-12; Ez 16; 23; Is 54,6-10; 60-62). A resposta de Jesus aparece em contradição com a lei de Moisés, que dá a possibilidade de conceder um certificado de divórcio. No motivar a sua resposta, Jesus lembra aos fariseus: se Moisés deu essa possibilidade é por causa da dureza dos vossos corações (v. 8), mais especificamente por causa da vossa desobediência à Palavra de Deus. A lei de Gn 1,26; 2,24 nunca foi modificada, mas Moisés foi forçado a adaptá-la a uma atitude de desobediência. O primeiro casamento não foi anulado pelo adultério. Ao homem de hoje e, especialmente, às comunidades eclesiais a palavra de Jesus diz claramente que não deve haver divórcio, e, no entanto, vemos que existem; na vida pastoral das pessoas divorciadas são acolhidas, às quais está sempre aberta à possibilidade de entrar no reino. A reação dos discípulos foi imediata: “Se tal é a condição do homem a respeito da mulher, é melhor não se casar!” (v.10). A resposta de Jesus continua a sustentar a indissolubilidade do matrimônio, impossível para a mentalidade humana, mas possível para Deus. O eunuco de que Jesus fala não é aquele que não pode gerar, mas aquele que, separado de sua esposa, continua a viver em continência, mantendo-se fiel ao primeiro vínculo conjugal: é eunuco em relação a todas as outras mulheres.


PARA REFLEXÃO PESSOAL

Em relação ao casamento sabemos acolher o ensinamento de Jesus com simplicidade, sem adaptá-lo às nossas próprias escolhas legítimas de conveniência? 
O Evangelho recorda-nos que o plano do Pai para o homem e a mulher é um maravilhoso projeto de amor. Você está ciente de que o amor tem uma lei imprescindível: implica o dom total e cheio da própria pessoa para o outro?



ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 33,4-5)
Hoje serei muito mais paciente e terei mais amor por aqueles que estão próximos de mim e me molestam, pois terei atenção em como Deus os usa para acariciar-me com sua mão terna de pastor.





quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Lectio Divina - 07/08/14


QUINTA-FEIRA -07/08/2014


PRIMEIRA LEITURA: Jeremias 31,31-34


Não deve ter sido fácil para o povo de Israel, em sua reflexão depois do exílio, entender a que se referia o profeta quando disse “nova aliança, uma Aliança gravada no coração”, já que para eles a aliança já era definitiva, era essa relação especial que Deus havia estabelecido com seu povo e que estava contida nas tábuas da Lei dadas à Moisés no deserto. Todavia, para nós que temos tido a felicidade de conhecer Cristo, entendemos com clareza que esta Nova Aliança, não é outra coisa senão seu amor, fruto da habitação do Espírito Santo e que se expressa pelo amor que, como diz Paulo, se derramou em nossos corações, levando-nos a amá-lo, não a partir do exterior a base de ritos e prescrições, mas sim, pelo impulso interno que nos leva a chamar Deus de Pai e aos demais batizados, irmãos. É, em poucas palavras, a própria presença de Deus transformada em caridade em nossos corações. O maravilhoso é que esta Aliança não foi selada com sangue de touros ou cabritos, mas, com o próprio sangue de Cristo, o Filho de Deus. Esta nova Aliança que nos tem feito não só ser povo de Deus, mas filhos no Filho e, por isso, co-herdeiros com Ele da herança eterna, nos abriu as portas do Paraíso e nos deu poder para ser realmente felizes. Seguramente estas palavras de Jeremias que lemos hoje, devem ter ressoado como uma revelação nos ouvidos dos apóstolos, quando Jesus tomou o copo de vinho e disse: “Este é o copo de meu sangue, sangue da nova e eterna aliança”, pois, com elas se dava cabal cumprimento as palavras proféticas com as quais se inaugurava a nova e definitiva etapa da humanidade a qual, perdoada por este sangue, iniciava seu caminho para a páscoa eterna. Que ao escutar na Eucaristia estas mesmas palavras, nos sintamos comprometidos a respeitar a Aliança e a vivê-la, sabendo que nela encontramos a paz e o perdão de Deus.


ORAÇÃO INICIAL 

Vem Senhor, em ajuda de teus filhos, derrama tua bondade inesgotável sobre os que te suplicam, e renova e proteja a obra de tuas mãos em favor dos que te louvam como criador e como guia. Por Nosso Senhor...


REFLEXÃO

Mateus 16,13-23

Estamos na parte narrativa entre o Sermão das Parábolas e o Sermão da Comunidade. Nestas partes narrativas que enlaçam entre si os cinco Sermões, Mateus costuma seguir a seqüência do Evangelho de Marcos. De vez em quando, cita outras informações, conhecidas também por Lucas. E aqui e ali, trás textos que só aparecem no evangelho de Mateus, como no caso da conversa entre Jesus e Pedro, do evangelho de hoje. Este texto recebe interpretações diversas e até opostas nas diversas igrejas cristãs.
Naquele tempo, as comunidades cultivavam um laço afetivo muito forte com os líderes que haviam dado origem à comunidade. Por exemplo, as comunidades de Antioquia na Síria, cultivavam sua relação com a pessoa de Pedro. As da Grécia, coma pessoa de Paulo. Algumas comunidades da Ásia, com a pessoa do Discípulo Amado e outras com a pessoa de João, no Apocalipse. Uma identificação com estes líderes de sua origem ajudava às comunidades a cultivar melhor sua identidade e espiritualidade. Porém, podia ser também motivo de disputa, como no caso da comunidade de Corinto (1Cor 1,11-12).
Mateus 16,13-16: AS OPINIÕES DAS PESSOAS E DOS DISCÍPULOS A RESPEITO DE JESUS. Jesus faz perguntas para saber o que as pessoas pensam a seu respeito, o Filho do Homem. As respostas são variadas. João Batista, Elias, Jeremias, algum profeta. Quando Jesus pergunta a opinião dos discípulos, Pedro se torna porta voz e diz: “Tu és o Cristo, o Filhos de Deus vivo!”. A resposta não é nova. Anteriormente, os discípulos haviam dito o mesmo (Mt 14,33). No evangelho de João, Marta fez a mesma profissão de fé (Jo 11,27). Significava que em Jesus se realizam as profecias do Antigo Testamento.
Mateus 16,17: A RESPOSTA DE JESUS A PEDRO: “BEM AVENTURADO ÉS SIMÃO!”. Jesus proclama Pedro “Bem-aventurado!”, porque recebeu uma revelação do Pai. Aqui também a resposta de Jesus não é nova. Anteriormente, Jesus havia louvado o Pai porque havia revelado o Filho aos pequenos e não aos sábios (Mt 11,25-27) e havia feito a mesma proclamação de alegria aos discípulos por estar vendo e ouvindo coisas novas que, antes deles, ninguém conhecia nem havia ouvido falar (Mt 13,16).
Mateus 16,18-20: AS ATRIBUIÇÕES DE PEDRO: SER PEDRA E TER AS CHAVES DO REINO. (a)-Ser Pedra: Pedro deve ser “pedra”, isto é, deve ser fundamento firme para a igreja para que possa resistir contra as portas do inferno. Com estas palavras de Jesus à Pedro, Mateus anima as comunidades perseguidas da Síria e da Palestina a que vejam em Pedro o líder destacado de sua origem. Apesar de ser fraca e perseguida, a comunidade tem um fundamento firme, pela palavra de Jesus. A função de ser pedra como fundamento da fé lembra a palavra de Deus ao povo no exílio: “Ouvi-me, vós, que estais à procura da justiça vós, que buscais a Iahweh. Olhai para a rocha da qual fostes talhados, para a cova de que fostes extraídos. Olhai para Abraão, vosso pai, e para Sara, aquela que vos deu à luz. Ele estava só quando o chamei, mas eu o abençoei e o multipliquei” (Is 51,1-2). Indica que em Pedro existe um novo começo do povo de Deus. (b)-As chaves do Reino: Pedro recebe as chaves do Reino. O mesmo poder de ligar e desligar é dado às comunidades (Mt 18,18) e aos outros discípulos (Jo 20,23). Um dos pontos em que o evangelho de Mateus mais insiste é a reconciliação e o perdão. É uma das tarefas mais importantes dos coordenadores e coordenadoras das comunidades. Imitando Pedro, devem atar e desatar, isto é, fazer com que haja reconciliação, aceitação mútua, construção de fraternidade, até setenta vezes sete (Mt 18,22).
Mateus 16,21-22: JESUS, COMPLETA O QUE FALTA NA RESPOSTA DE PEDRO, E ESTE REAGE. Jesus começa a dizer: “que Ele devia ir à Jerusalém e sofrer muito de parte dos anciãos, dos sumos sacerdotes e dos escribas, ser morto e ressuscitar no terceiro dia”. Ao dizer que “devia” ir e que “devia” morrer, e que era “necessário” sofrer, indicava que o sofrimento estava previsto nas profecias. O caminho do Messias não era só de triunfo e de glória, mas também de sofrimento e de cruz! Se Pedro aceita Jesus como Messias e Filho de Deus, deveria aceitá-lo também como Messias Servo que vai morrer. Porém, Pedro não aceita a correção de Jesus e procura dissuadi-lo. Pedro, afastando-o, se pôs a repreendê-lo dizendo: “Longe de ti Senhor! De modo algum te acontecerá isso!”. 
Mateus 16, 23: A RESPOSTA DE JESUS A PEDRO: PEDRA DE TROPEÇO. A resposta de Jesus é surpreendente. Pedro queria orientar Jesus tomando a dianteira. Jesus reage: “Afasta-te de mim, Satanás! Escândalo é pra mim, porque teus pensamentos não são de Deus, mas sim, dos homens!”. Pedro tem que seguir, e não o contrário. É Jesus quem dá a direção. Satanás é aquele que desvia a pessoa do caminho traçado por Deus. De novo aparece a expressão “pedra”, porém, agora no sentido oposto. Pedro, agora não é a pedra de apoio, agora é a pedra de tropeço. Assim eram as comunidades da época de Mateus, marcadas pela ambigüidade. Assim somos todos nós e assim é, segundo as palavras de João Paulo II, o próprio papado, marcado pela mesma ambigüidade de Pedro: “PEDRA DE APOIO NA FÉ E PEDRA DE TROPEÇO NA FÉ”.


PARA REFLEXÃO PESSOAL

Quais são em nossa comunidade as opiniões que existem sobre Jesus? Estas diferenças na maneira de viver e expressar a fé enriquece a comunidade ou a prejudica em sua caminhada?
Que tipo de “pedra” é nossa comunidade? Qual é a missão resultante disto para nós? 


ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 51,12-13)
Hoje manterei uma atitude alegre e respeitosa para com os que me rodeiam, pensando no maravilhoso amor, alegre e doce de Deus.