quarta-feira, 29 de abril de 2015

Lectio Divina - 29/04/15



DIA 29/04/15
PRIMEIRA LEITURA à Atos 12,24-13,5
·         Começa uma nova etapa na história da Igreja: a difusão do Evangelho em ambiente pagão. A igreja de Antioquia já se apresenta organizada: funções partilhadas e decisões tomadas pela assembléia, em clima de oração e discernimento, clima referendado pelo Espírito Santo. A missão não nasce por iniciativa de indivíduos, mas a partir de uma comunidade cheia de vida, que escolhe e designa indivíduos para a missão. A difusão e “crescimento da palavra de Deus” não se deve só à iniciativa isolada de um indivíduo. Com Paulo e Barnabé e toda uma comunidade (Antioquia) que, obediente à inspiração do Espírito, se organiza e toma a iniciativa de uma evangelização sistemática do mundo pagão. A missão dos dois “enviados especiais” é sinal, por um lado, da extraordinária vitalidade religiosa da comum idade e, por outro lado, da exata tomada de vitalidade religiosa da comunidade e, por outro lado, da exata tomada de consciência da destinação universal do evangelho, que o cristianismo primitivo sente como tarefa sua. É a exata e maravilhosa verificação da predição de Jesus. Como o grãozinho de mostarda, como o fermento na massa, como a semente na terra, “a palavra de Deus crescia e se difundia”. Nesse crescimento e nessa difusão colaboram hoje não apenas Paulo e Barnabé, mas todos aqueles que, em qualquer setor, se põe a serviço da palavra: pais, educadores, catequistas, religiosos...
ORAÇÃO INICIAL
·         Pai, como discípulo da luz, quero deixar-me sempre guiar por teu Filho. Só, assim, as ciladas do demônio não prevalecerão sobre mim. Vem em meu auxílio!
REFLEXÃO à João 12,44-50
·         Toda idéia ou teoria sobre Deus que não esteja de acordo com a palavra e ação de Jesus é falsa. Porque Jesus é a revelação do próprio Deus. E a missão de Jesus se estende a todos, mas cada um permanece livre de aceitar a sua oferta. A recusa da vida, porém, traz consigo a escolha da própria morte.
·         A presença de Jesus no mundo tem um objetivo bem preciso: ser luz para a humanidade mergulhada nas trevas do pecado. Portanto, presença de salvação! A missão de Jesus insere-se na longa história de relacionamento do ser humano com Deus, da criatura com o seu Criador, história pontilhada de infidelidade e insensatez por parte da criatura, e de fidelidade e esperança de reconciliação, por parte do Criador.
·         A correta compreensão da identidade de Jesus exige situá-lo no contexto das iniciativas salvíficas de Deus. Assim, torna-se compreensível por que a pregação de Jesus faz constantes referências ao Pai. Crer no Filho leva necessariamente a crer no Pai. A credibilidade de um enviado está em estreita relação com a credibilidade de quem o enviou.
·         Foi por esta razão que Jesus afirmou: “As coisas que digo a vocês, eu as digo como o Pai disse a mim”. E mais: quem o rejeita, na qualidade de enviado, será julgado por quem o enviou, o Pai, já que sua missão consiste em salvar e não em condenar. O discípulo prudente deixa-se iluminar pelo Mestre, por saber-se iluminado por Deus.
·         Caminhando como discípulo da luz, estará em condições de desmascarar as artimanhas do príncipe das trevas que insistem em fazê-lo desviar-se do caminho para o Pai. Quem, pelo contrário, rejeita a luz oferecida por Jesus, torna-se inimigo de Deus, pois se recusa a aceitar sua proposta de salvação. E caminhará para o julgamento! 
·         Em sua última visita a Jerusalém, por ocasião da festa da Páscoa dos judeus, Jesus é aclamado pelo povo ao chegar à cidade. Neste contexto, o evangelista João nos apresenta a última fala pública de Jesus, após um diálogo com os discípulos e com a multidão, conforme o evangelho de hoje.
·         Como é característico de João, no seu texto, ele retoma os temas fundamentais já apresentados no Prólogo e ao longo de seu evangelho: crer em Jesus é crer em Deus Pai; Jesus é a luz do mundo, e quem crer nele não permanece nas trevas; o que Jesus fala é o que o Pai ordenou; o julgamento não será feito por Jesus, mas sim pela própria acolhida ou rejeição de suas palavras.
·         E, como núcleo do evangelho de João, Jesus, em união com o Pai, veio comunicar a todos a vida eterna. A participação na vida eterna é opção de cada um. Deus conta com a nossa adesão na fé e com o nosso dom de amor a serviço da vida, a qual, assumida em Deus, é eterna. Estas palavras de Jesus transcendem o tempo e o espaço, sendo proclamadas para nós, hoje.
PARA REFLEXÃO PESSOAL
·         Você acha que Jesus é a revelação do próprio Deus?
·         Por que as pregações de Jesus sempre fazem referência ao Pai?
·         Onde se deu a última fala pública de Jesus?
ORAÇÃO FINAL
·         (SALMO 66/67)
·         É através da justiça que todos poderão usufruir da colheita e, portanto, da bênção de Deus.




terça-feira, 28 de abril de 2015

Lectio Divina - 28/04/15


DIA 28/04/15
PRIMEIRA LEITURA à Atos 11,19-26
  • Esta passagem de novo mostra como uma situação que em si mesma é triste e dolorosa como é o martírio de Estevão, se converte, pela graça de Deus, em fonte de benção para muitos. Graças a perseguição que se desencadeia em Jerusalém contra os discípulos de Jesus por parte das autoridades judias, e como o Evangelho sai da cidade para chegar à que nesse tempo seria a terceira cidade romana em importância. É que Deus se vale de todos os acontecimentos de nossa vida, inclusive dos que consideramos desagradáveis (que poderíamos dizer que principalmente destes) para que a mensagem do Evangelho chegue àqueles que não conhecem ou não o amam. De nós, só espera docilidade a seu Espírito e que confiando plenamente em seu amor falemos aos demais do Evangelho. Deixe que Deus converta todo acontecimento em tua vida em uma oportunidade para que Ele seja mais conhecido e mais amado.
ORAÇÃO INICIAL
  • Pedimos-te Senhor todo poderoso, que a celebração das festas de Cristo ressuscitado aumente em nós a alegria de saber-nos salvos. Por Jesus Cristo Nosso Senhor...
REFLEXÃO à João 10,22-30
  • Os capítulos de 1 a 12 do evangelho de João são chamados “O livro dos Sinais”. Neles acontece a revelação progressiva do Mistério de Deus em Jesus. Na mesma medida que Jesus vai fazendo a revelação, crescem a adesão e a oposição para com Ele, segundo a visão com que cada qual espera a chegada do Messias. Esta maneira de descrever a atividade de Jesus não é só para informar como as pessoas seguiam Jesus naquele tempo, mas, também e, sobretudo, como devemos seguir-lhe nós hoje, seus leitores e leitoras. Naquele tempo, todos esperavam a chegada do Messias e tinham seus critérios para poder-lhe reconhecer. Queriam que fosse como eles imaginavam. Porém, Jesus não se submete a esta exigência. Revela o Pai como é o Pai e não como gostariam os ouvintes que Ele fosse. Pede que nos convertamos em nossa maneira de pensar e agir. Hoje também, cada um de nós tem seus gostos e preferências. Às vezes, lemos o evangelho para ver se ali encontramos a confirmação de nossos desejos. O evangelho de hoje projeta luz a esse respeito.
  • João 10,22-24: OS JUDEUS INTERPELAM JESUS. Fazia frio. Mês de Outubro. Festa da dedicação que celebrava a purificação do templo feita por Judas Macabeu (2Mc 4,36.59). Era uma festa bem popular de muitas luzes. Jesus caminha pela esplanada do Templo, no Pórtico de Salomão. Os judeus lhes perguntam: “Até quando vamos ter esta dúvida? Se tu és o Cristo, diz-nos abertamente”. Eles querem que Jesus se defina e que eles possam comprovar, a partir de seus critérios, se Jesus é ou não é o Messias. Querem provas. É a atitude de quem se sente dono da situação. Os novatos devem apresentar suas credenciais. Do contrário, não terão direito de falar nem de agir.
  • João 10,25-26: RESPOSTA DE JESUS: AS OBRAS QUE FAÇO DÃO TESTEMUNHO DE MIM. A resposta de Jesus é sempre a mesma: “Já lhes disse, porém, não me acreditaram. As obras que faço em nome de meu Pai são as que dão testemunho de mim, porém, vós não acreditais porque não são minhas ovelhas”. Não se trata de provar. Não adiantaria nada. Quando uma pessoa não quer aceitar o testemunho de alguém, não existe prova que o convença de outra forma. O problema de fundo é a abertura desinteressada da pessoa para Deus e para a verdade. Onde existe esta abertura, Jesus é reconhecido por suas ovelhas. “Todo homem que está com a verdade escuta minha voz” dirá Jesus mais tarde diante de Pilatos (Jo 18,37). Esta abertura estava faltando nos fariseus.
  • João 10,27-28: MINHAS OVELHAS CONHECEM MINHA VOZ. Jesus retoma a parábola do Bom Pastor que conhece suas ovelhas e é conhecido por suas ovelhas. Este mutuo entendimento – entre Jesus que vem em nome do Pai e das pessoas que se abem à verdade – é fonte de vida eterna. Esta união entre o criador e a criatura através de Jesus, supera a ameaça de morte: “Não pereceram jamais e ninguém as arrebatará de minhas mãos!”. Estão a salvo e, por isso, em paz e em plena liberdade.
  • João 10,29-30: EU E O PAI SOMOS UM. Estes dois versículos abordam o mistério da unidade entre Jesus e o Pai: “O Pai, que tudo me entregou, é maior que todos. E ninguém pode arrebatar nada das mãos do Pai. O Pai e eu somos um”. Esta e várias outras frases nos deixam entrever algo deste mistério maior: “Quem me vê, vê o Pai” (Jo 14,9). “Eu estou no Pai e o Pai está em mim” (Jo 10,38). Esta unidade entre Jesus e o Pai não é automática, mas, é fruto da obediência: “Eu faço sempre o que agrada ao Pai” (Jo 8,29;6,38;17,4). “Meu alimento é fazer a vontade do Pai” (Jo 4,34;5,30). A carta aos Hebreus diz que Jesus teve que aprender, pelo sofrimento, o que é ser obediente (Hb 5,8). “Foi obediente até a morte e morte de Cruz” (Fl 2,8). A obediência de Jesus não é disciplinar, mas sim, profética. Obedece para ser total transparência e, assim, ser revelação do Pai. Por isto podia dizer: “O Pai e eu somo um!”. Foi um longo processo de obediência, que durou 33 anos. Começou com o “SIM” de Maria (Lc 1,38) e terminou com “TUDO ESTÁ CONSUMADO!” (Jo 19,30).
PARA REFLEXÃO PESSOAL
  • Minha obediência a Deus é disciplinar ou profética? Revelo algo de Deus ou só me preocupo com minha salvação?
  • Jesus não se submeteu às exigências dos que queriam comprovar se Ele era o messias anunciado. Existe em mim algo desta atitude dominadora e inquisitiva típica dos adversários de Jesus?
ORAÇÃO FINAL
  • (SALMO 86/87)
  • Hoje enfrentarei as dificuldades que me apresentarem e, deixarei de fugir daquelas que tenho me escondido.





sexta-feira, 17 de abril de 2015

Lectio Divina - 17/04/15


DIA 17/04/15
PRIMEIRA LEITURAà Atos 5,34-42
  • Esta passagem nos permite destacar dois elementos importantes para nossa vida. O primeiro, e que é em essência a tese que continuamente Lucas apresenta em seu livro, é o fato de que o projeto de Deus, a extensão do Reino, se realiza apesar de todos os obstáculos humanos que vão se apresentando. Por isso, nossa cooperação a sua propagação consiste em permanecer fiéis e obedientes à palavra de Deus. De maneira que as oposições que, às vezes, se apresentam em nossos locais de trabalho ou de estudo não fazem outra coisa mais que confirmar a palavra de Jesus: “Serão perseguidos por minha causa”. O segundo ensinamento, que deriva precisamente deste, é o fato de que os apóstolos tomaram como uma HONRA padecer tudo pelo nome de Jesus. Agora sim podem estar seguros que são “bem aventurados” e que lhes pertence o Reino dos céus. Por isso, quando te perseguirem, te desprezarem, te tratarem mal por se portar, viver ou pensar como um cristão, agradeça a seu agressor a oportunidade que te deu de “padecer por Cristo” e sinta-te agradecido com o Senhor que te considerou digno desta honra.
ORAÇÃO INICIAL
  • Oh Deus, que, para livrar-nos do poder do inimigo, quiseste que teu Filho morresse na cruz, concede-nos alcançar a graça da ressurreição. Por Nosso Senhor...
REFLEXÃOà João 6,1-15
  • Hoje começa a leitura do capítulo 6 do evangelho de João que trás dois sinais ou milagres: a multiplicação dos pães (Jo 6,1-15) e Jesus que caminha sobre as águas (Jo 6,16-21). Imediatamente depois, aparece ao longo do diálogo sobre o Pão da Vida. João situa o fato próximo da festa da Páscoa (Jo 6,4). O enfoque central é a confrontação entre a antiga Páscoa do Êxodo e a nova Páscoa que se realiza em Jesus. O diálogo sobre o pão da vida esclarecerá a nova Páscoa que se realiza em Jesus.
  • João 6,1-4: A SITUAÇÃO. Na antiga páscoa, o povo atravessou o Mar Vermelho. Na nova páscoa, Jesus atravessa o Mar da Galiléia. Uma grande multidão seguiu Moisés. Uma grande multidão seguiu Jesus neste novo êxodo. No primeiro êxodo, Moisés subiu à montanha. Jesus, o novo Moisés, também sobe à montanha. O povo seguia Moisés que realizou sinais. O povo segue Jesus porque havia visto os sinais que Ele realizava para os enfermos.
  • João 6,5-7: JESUS E FELIPE. Vendo a multidão, Jesus confronta seus discípulos com a fome das pessoas e pergunta a Felipe: “Onde nós procuraremos pães para que estes comam?”. No primeiro êxodo, Moisés havia obtido alimento para o povo faminto. Jesus, o novo Moisés, fará o mesmo. Porém, Felipe, ao invés de olhar a situação à luz da Escritura, olhava a situação com os olhos do sistema e respondeu: “Duzentos denários de pão não bastam!”. Um denário era o salário mínimo de um dia. Felipe constata o problema e reconhece sua total incapacidade para resolvê-lo. Queixa-se, porém, não apresenta nenhuma solução.
  • João 6,8-9: ANDRÉ E O MENINO. André, ao invés de queixar-se, procura soluções. Encontra um menino com cinco pães e dois peixes. Cinco pães de cevada e dois peixes era o sustento diário do pobre. O menino entrega seu alimento. Se pudesse diria: “Cinco pães e dois peixes, o que é isto para tanta gente?. Não servirá para nada! Vamos reparti-los entre nós com duas ou três pessoas!”. Ao invés disto, teve a coragem de entregar os cinco pães e os dois peixes para alimentar 5000 pessoas (Jo 6,10). Quem faz isto ou é louco ou tem muita fé, pensando que, por amor a Jesus, todos se dispusessem a partilhar sua comida como fez o menino!
  • João 6,10-11: A MULTIPLICAÇÃO. Jesus pede que as pessoas se acomodem. Em seguida, multiplica o sustento, conforme necessitavam. O texto diz: “Jesus então tomou os pães e, depois de dar graças, os repartiu entre os que estavam acomodados e fez o mesmo com os peixes, e comeram tudo o que quiseram”. Com esta frase, escrita no ano 100 depois de Cristo, João evoca o gesto da Última Ceia (1Cor 11,23-24). A Eucaristia, quando se celebra como é devido, levará a partilha como fez o menino, e a entregar o próprio sustento para ser dividido.
  • João 6,12-13: SOBRARAM DOZE CESTOS. O número doze lembra a totalidade das pessoas com suas doze tribos. João não informa se sobraram peixes. O que lhe interessa é lembrar o pão como símbolo da Eucaristia. O evangelho de João não tem a descrição da Cena Eucarística, porém, descreve a multiplicação dos pães como símbolo do que deve acontecer nas comunidades através da celebração da Cena Eucarística. Se entre os povos cristãos houvesse um verdadeiro compartilhar, haveria comida abundante para todos e sobrariam doze cestos para muito mais gente!
  • João 6,14-15: QUEREM FAZÊ-LO REI. A pessoa interpreta o gesto de Jesus dizendo: “Este é verdadeiramente o profeta que ia vir ao mundo!”. A intuição das pessoas é correta. De fato, Jesus é o novo Moisés, o Messias, aquele que o povo estava esperando (Dt 18,15-19). Porém, esta intuição estava sendo desviada pela ideologia da época que queria um grande rei que fosse forte e dominador. Por isto, vendo o sinal, o povo proclamava Jesus como Messias e avança para fazer-lhe rei! Jesus percebendo o que ia acontecer, refugia-se só na montanha. E assim não aceita ser messias e espera o momento oportuno para ajudar as pessoas a dar um passo.
PARA REFLEXÃO PESSOAL
  • Diante do problema da fome no mundo, você age como Felipe ou como o menino?
  • As pessoas queriam um messias que fosse rei forte e poderoso. Hoje, muitos vão atrás de lideres populares. O que é que nos tem a dizer sobre isto o evangelho de hoje?
ORAÇÃO FINAL
  • (SALMO 26/27)
Hoje farei uma lista das coisas que me fazem sofrer, e dentre elas ressaltarei as que na realidade assim foram por estarem unidas à causa de Deus. Se encontrar algumas delas, darei graças por essa oportunidade. Se nunca tiver tido essa experiência, pedirei a Deus que me ajude a ser mais comprometido com o anuncio de sua mensagem de amor e paz.





quinta-feira, 16 de abril de 2015

Lectio Divina - 16/04/15


DIA 16/04/15
PRIMEIRA LEITURA à Atos 5,27-33
  • Que modo diferente de pensar destes primeiros seguidores de Jesus e de muitos os que hoje se dizem discípulos do Ressuscitado. Para eles a Palavra de Jesus era verdadeiramente Palavra de Deus, pela qual não se colocava nenhuma dúvida nem discussão; e quando chegava o momento em que se tinha que decidir e tomar partido, eram claros: “Primeiro devemos obedecer a Deus e depois os homens”, ainda que isto lhes pudesse custar a vida. Hoje, não só se discute se é ou não possível viver os mandamentos (ou alguns deles), mas sim, pela maneira de agir, para muitos, o Evangelho não passa de ser “outra opinião”. Isto, logicamente, faz que quando se tem que tomar partido ou decidir entre os valores do Evangelho e dos do mundo, a balança se inclina para o mundo. Produto disto é toda a injustiça que vivemos em nossa sociedade, a falta de compromisso social, e a frieza em muitos cristãos. É necessário pedir ao Espírito Santo que vitalize em nós o zelo pelo Evangelho e que fortaleça nossa vontade para que como os apóstolos, possam fazer sempre a vontade de Deus, ainda que esta não agrade àqueles com os quais convivemos.
ORAÇÃO INICIAL
  • Pedimos-te Senhor, que os dons recebidos nesta Páscoa dêem fruto abundante em toda nossa vida. Por Nosso Senhor...
REFLEXÃOà João 3,31-36
  • No mês de janeiro meditamos o texto de João 3,22-30, que nos fala do último testemunho de João Batista a respeito de Jesus. Era a resposta que Jesus dá a seus discípulos, e na qual volta afirmar que ele, João Batista, não é o Messias, mas, somente o precursor (Jo 3,28). Naquela ocasião, João disse aquela frase tão bonita que resume seu testemunho: “É necessário que Ele cresça e que eu diminua!”. Esta frase é o programa de todos os que querem seguir Jesus.
  • Os versículos do evangelho de hoje são, de novo, um comentário do evangelista para ajudar as comunidades a compreender melhor todo o alcance das coisas que Jesus fez e ensinou.
  • João 3,31-33: UM REFRÃO QUE SEMPRE VOLTA. Ao longo do evangelho de João, muitas vezes aparece o conflito entre Jesus e os judeus que contestam as palavras de Jesus. Jesus fala a partir do que ouve do Pai. É transparência total. Seus adversários, por não abrir-se a Deus e por agarrar-se a suas próprias idéias aqui sobre a terra, não são capazes de entender o significado profundo das coisas que Jesus vive, diz e faz. No final, este mal entendido levará os judeus a deter e condenar Jesus.
  • João 3,34: JESUS NOS DÁ O ESPÍRITO SEM MEDIDA. O evangelho de João usa muitas imagens e símbolos para significar a ação do Espírito. Como na criação (Gn 1,1), assim o Espírito desce sob Jesus “como uma pomba, vinda do céu” (Jo 1,32). É o inicio da nova criação! Jesus diz as palavras de Deus e nos comunica o Espírito sem medida (Jo 3,34). Suas palavras são Espírito e Vida (Jo 6,63). Quando Jesus se despede, diz que enviará outro consolador, outro defensor, para que fique conosco. É o Espírito Santo (Jo 14,16-17). Através de sua paixão, morte e ressurreição, Jesus conquistou o dom do Espírito para nós. Através do batismo todos nós recebemos este mesmo Espírito de Jesus (Jo 1,33). Quando apareceu aos apóstolos, soprou sobre eles e disse: “Recebei o Espírito!” (Jo 20,22). O Espírito é como a água que brota de dentro das pessoas que acreditam em Jesus (Jo 7,37-39;4,14). O primeiro efeito da ação do Espírito em nós é a reconciliação: “Àqueles que perdoares os pecados, ficaram perdoados, àqueles que não perdoares os pecados, ficaram atados” (Jo 20,23). O Espírito nos é dado para que possamos lembrar e entender o significado das palavras de Jesus (Jo 14,26;16,12-13). Animados pelo Espírito de Jesus podemos adorar Deus em qualquer lugar (Jo 4,23-24). Aqui se realiza a liberdade do Espírito da qual fala Paulo: “Onde está o Espírito ali existe liberdade!” (2Cor 3,17).
  • João 3,35-36: O PAI AMA O FILHO. Reafirma a identidade entre o Pai e Jesus. O Pai ama o filho e entrega tudo em suas mãos. Paulo dirá que em Jesus habita a plenitude da divindade (Cl 1,19;2,9). Por isto, quem aceita Jesus e crê em Jesus já tem a vida eterna, porque Deus é vida. Quem não crê em Jesus, coloca a si mesmo para fora.
PARA REFLEXÃO PESSOAL
  • Jesus nos comunica o Espírito, sem medida. Você tem tido alguma experiência desta ação do Espírito em tua vida?
  • Quem acredita em Jesus tem vida eterna. Como acontece isto na vida das famílias e das comunidades?
ORAÇÃO FINAL
  • (SALMO 33/34)
  • Procurarei aquilo que agrada a Deus e que me custa a fazer, e a farei neste dia.






quarta-feira, 15 de abril de 2015

Lectio Divina - 15/04/15


DIA 15//04/15
PRIMEIRA LEITURA à Atos, 5,17-26
  • Quem poderá deter o anuncio da Palavra de Deus? Ninguém! Exceto nós mesmos. O episódio de hoje nos narra como Deus, inclusive, mandou um anjo tirar da prisão os apóstolos e lhes disse: “Ide pregar!”. Hoje estão faltando muitos cristãos valentes que anunciem a Palavra de Deus em suas comunidades, em suas escolas, em seus negócios, cristãos que, sem temor do “que falarão”, sejam capazes de viver de tal maneira o Evangelho em seus próprios meios, que chamem a atenção dos demais, cristãos que não tenham medo de falar abertamente de Jesus a seus amigos e conhecidos, cristãos que não tenham vergonha de ser testemunhos do Ressuscitado. Não permitamos que nossos temores detenham o anuncio da Vida, do Amor e da Paz trazido por Cristo. Lembre sempre que a única oportunidade que tem o homem de viver a vida em plenitude está em Cristo, e que seu anuncio também dependi de ti.
ORAÇÃO INICIAL
  • Ao reviver novamente este ano o mistério pascal, no qual a humanidade recobra a dignidade perdida e adquire a esperança da ressurreição futura, pedimos-te Senhor de clemência, que o mistério celebrado na fé se atualize sempre no amor. Por Nosso Senhor...
REFLEXÃO à João 3,16-21
  • O evangelho de João é como um tecido, feito com três fios diferentes, porém, parecidos. Os três combinam tão bem entre si que, às vezes, não dá para perceber quando é um ou outro. (a)-O primeiro fio são os fatos e as palavras de Jesus dos anos trinta, conservados pelos testemunhos oculares que guardaram as coisas que Jesus fez e ensinou. (b)-O segundo fio são os feitos da vida das comunidades. A partir de sua fé em Jesus e convencidos da presença de Jesus no meio delas, as comunidades iluminavam  seu caminhar com as palavras e os gestos de Jesus. Isto tinha um impacto sobre a descrição dos fatos. Por exemplo, o conflito das comunidades com os fariseus do final do primeiro século marcou a forma de descrever os conflitos de Jesus com os fariseus. (c)-O terceiro fio são os comentários feitos pelo evangelista. Em certas passagens, é difícil perceber quando Jesus deixa de falar e quando o evangelista começa  a fazer seus comentários. O texto do evangelho de hoje, por exemplo, é uma bonita e profunda reflexão do evangelista sobre a ação de Jesus. A gente quase não percebe a diferença entre as palavras de Jesus e as palavras do evangelista. De qualquer forma, tanto umas como as outras, são palavras de Deus.
  • João 3,16: DEUS AMOU O MUNDO. A palavra mundo é uma das palavras mais freqüentes no Evangelho de João: 78 vezes! Tem diversos significados. Em primeiro lugar, mundo pode significar a terra, o espaço habitado pelos seres humanos (Jo 11,9;21,25) ou o universo criado (Jo 17,5,24). Mundo pode significar também as pessoas que habitam esta terra, a humanidade toda (Jo 1,9; 3,16; 4,42; 6,14; 8,12). Pode significar também um grande grupo, um grupo numeroso de pessoas, no sentido da expressão “todo o mundo” (Jo 12,19;14,27). Aqui, em nosso texto, a palavra mundo tem o sentido de humanidade, de todo ser humano. Deus ama a humanidade de tal modo que chegou a entregar seu filho único. Quem aceita que Deus chega até nós em Jesus, este já passou pela morte e já tem vida eterna.
  • João 3,17-19: O VERDADEIRO SENTIDO DO JUIZO. A imagem de Deus que aflora destes três versículos é a de um pai cheio de ternura e não a de um juiz severo. Deus mandou seu filho não para julgar e condenar o mundo, mas sim, para que o mundo se salve por Ele. Quem acredita em Jesus e o aceita como revelação de Deus não é julgado, pois, já foi aceito por Deus. E quem não crê em Jesus, já foi julgado. Exclui-se por si mesmo. E o evangelista repete o que já havia dito no prólogo: muitas pessoas não querem aceitar Jesus, porque sua luz revela a maldade que nelas existe (cf. Jo 1,5.10-11).
  • João 3,20-21: PRATICAR A VERDADE. Existe em todo ser humano uma semente divina, uma marca do Criador. Jesus, como revelação do Pai, é uma resposta a este desejo mais profundo do ser humano. Quem quer ser fiel ao mais profundo de si mesmo, aceitará Jesus. É difícil encontrar uma visão ecumênica mais ampla que o que Evangelho de João expressa nestes versículos.
  • COMPLETANDO O SIGNIFICADO DA PALAVRA MUNDO NO QUARTO EVANGELHO. Outras vezes, a palavra mundo significa aquela parte da humanidade que se opõe à Jesus e a sua mensagem. Ali a palavra mundo toma o sentido de “adversários” ou “opositores” (Jo 7,4.7;8,23.26;9,39;12,25). Este mundo contrário à pratica libertadora de Jesus é governado pelo Adversário ou Satanás, também chamado “príncipe deste mundo” (Jo 14,30;16,11). Ele representa o império romano e, ao mesmo tempo, os líderes dos judeus que estão expulsando os seguidores de Jesus das sinagogas. Este mundo persegue e mata as comunidades, trazendo tribulações aos fiéis (Jo 16,33). Jesus as libertará, vencendo o príncipe deste mundo (Jo 12,31). Assim, mundo significa uma situação de injustiça, de opressão, que engendra ódio e perseguição contra as comunidades do Discípulo Amado. Os perseguidores são aquelas pessoas que estão no poder, os dirigentes, tanto do império como da sinagoga. Enfim, todos aqueles que praticam a injustiça usando para isto o nome de Deus (Jo 16,2). A esperança que o evangelho trás às comunidades perseguidas é que Jesus é mais forte que o mundo. Por isto diz: “NO MUNDO TEREIS TRIBULAÇÕES. MAS, CORAGEM: EU VENCI O MUNDO!” (Jo 16,33).
PARA REFLEXÃO PESSOAL
  • Deus amou tanto o mundo que chegou a entregar seu próprio filho. Esta verdade chegou a penetrar no mais intimo do meu ser, de minha consciência?
  • A realidade mais ecumênica que existe é a vida que Deus nos dá e pela qual entregou seu próprio filho. Como vivo o ecumenismo em minha vida de cada dia?
ORAÇÃO FINAL
  • (SALMO 34,2-3)






terça-feira, 14 de abril de 2015

Lectio Divina - 14/04/15


DIA 14/04/15
PRIMEIRA LEITURA à Atos 4,32-37
  • Em uma ocasião Jesus dizia: “Quem encontra a pedra preciosa, vende tudo para poder comprá-la”. Esta é a grande realidade que viviam e que vivem os que descobrem o que significa na realidade POSSUIR O ESPÍRITO. A felicidade, a paz e o gozo que Deus presenteia ao homem não tem preço nem comparação, pela liberdade que se experimenta leva o homem a mudar sua valorização não só sobre os bens, mas sim, sobre as próprias pessoas. Para o cristão que deixa que Deus tenha verdadeiramente um espaço em seu coração, as coisas são só instrumentos para a construção do Reino e para o uso daqueles que as necessitam. Por isso, a idéia de “acumular” é totalmente contrária ao Evangelho. E é quando o amor penetra no coração do homem que se acaba a idéia do “meu” e do “teu” para dar espaço ao “NOSSO”. Se quisermos que a situação de miséria que flagela nossa sociedade termine, é necessário que nós abramos o coração à força do amor de Jesus Ressuscitado.
ORAÇÃO INICIAL
  • Pedimos-te Senhor, que nos faça capazes de anunciar a vitória de Cristo ressuscitado; é, pois, nela que nos tem dado o prêmio dos dons futuros, faz com que um dia os possuamos em plenitude. Por Nosso Senhor...
REFLEXÃOà João 3,7b-15
  • Quando os evangelistas lembram as palavras de Jesus, têm bem presentes os problemas das comunidades para as quais escrevem. As perguntas de Nicodemos a Jesus são um espelho das perguntas das comunidades da Ásia Menor do final do primeiro século. Por isto, as respostas de Jesus à Nicodemos são, ao mesmo tempo, respostas para os problemas daquelas comunidades. Assim os cristãos faziam a catequese naquele tempo. Muito provavelmente, o relato da conversa entre Jesus e Nicodemos era parte da catequese batismal, pois, ali se diz que as pessoas precisam renascer da água e do espírito (Jo 3,6).
  • João 3,7b-8: NASCER DO ALTO, NASCER DE NOVO, NASCER DO ESPÍRITO. Em grego, a mesma palavra significa de novo e do alto. Jesus havia dito: “Quem não nasce da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus” (Jo 3,5). E acrescentou: “O que nasce da carne é carne, o que nasce do Espírito é Espírito” (Jo 3,6). Aqui, carne significa aquilo que nasce somente de nossas idéias. O que nasce de nós tem nosso tamanho. Nascer do Espírito é outra coisa! E Jesus volta a afirmar outra vez o que havia dito antes: “Tereis que nascer do alto (de novo)”. Ou seja, deveis renascer do Espírito que vem do alto. E explica que o Espírito é como o vento. Tanto em hebraico como no grego, usa-se a mesma palavra para dizer espírito e vento. Jesus diz: “O vento sopra onde quer, e ouve sua voz, porém não sabes de onde vem nem para onde vai. Assim é tudo o que nasce do Espírito”. O vento tem, dentro de si, um rumo, uma direção. Nós percebemos a direção do vento, porém, não conhecemos nem controlamos a causa a partir da qual o vento de move em uma ou outra direção. Assim também é o Espírito. “Ninguém é Senhor do Espírito”.
  • João 3,9: PERGUNTA DE NICODEMOS: COMO PODE OCORRER ISTO? Jesus não faz nada mais que resumir o que ensinava o Antigo Testamento sobre a ação do Espírito, do vento santo, na vida do povo de Deus e, que Nicodemos como mestre e doutor, deveria saber. Mas, apesar disto, Nicodemos fica espantado antes da resposta de Jesus e deixa se passar por ignorante: “Como pode ocorrer isto?”.
  • João 3,10-15: RESPOSTA DE JESUS: A FÉ NASCE DO TESTEMUNHO E NÃO DO MILAGRE. Jesus dá volta à pergunta: “Tu és mestre em Israel e não sabes isto?”. Pois, para Jesus, se uma pessoa crê somente quando as coisas concordam com seus próprios argumentos e ideais, só fé, todavia, não é perfeita. Perfeita é se a fé da pessoa que crê testemunhe por Ele. Deixa de lado seus próprios argumentos e se entrega, porque acredita naquele do qual deu testemunho.
PARA REFLEXÃO PESSOAL
  • Você já teve alguma experiência que te deu a sensação de nascer de novo? Como foi?
  • Jesus faz uma comparação da ação do vento e do Espírito. O que nos revela esta comparação da ação do Espírito de Deus em nossa vida? Já colocaste as velas do barco de tua vida segundo a direção do vento, do Espírito?
ORAÇÃO FINAL
  • (SALMO 92/93)
  • Hoje pegarei o que é meu, o que me serve como alimento, roupa ou algum outro bem, e compartilharei com um desconhecido necessitado. Especialmente prestarei atenção nessa pessoa para descobrir o rosto de Jesus nela.




segunda-feira, 13 de abril de 2015

Lectio Divina - 13/04/15



DIA 13/04/15
PRIMEIRA LEITURA à Atos 4,23-31
  • Já na antiguidade dizia Orígenes: “Antes da pregação da Palavra de Deus, tudo estava em paz, enquanto não soou a trombeta, não houve luta, porém, a partir de então o reinado de Deus sofre violência”. Isto já nos havia advertido Jesus quando disse: “A mim me perseguiram, o mesmo farão com vocês”. Uma das causas pelas qual nossa cultura não vive um cristianismo mais autêntico é pelo medo, pelo temor de ser rejeitado, criticado, excluído dos grupos sociais. Os apóstolos hoje nos dão mostra de coragem, mas, de uma coragem que não lhes vêm de suas próprias forças, mas sim, de Deus. Se verdadeiramente queremos mostrar-nos como testemunhos e seguidores de Cristo necessitamos, como eles, pedir continuamente esta força do Alto. A oração tem o poder de fortalecer nossa vontade para que em todo momento possamos portar-nos, pensar e falar como autênticos cristãos. Dê um tempo para orar e convide para unir-se contigo os que vivem próximo de ti.
ORAÇÃO INICIAL
  • Deus todo poderoso e eterno, a quem confiadamente podemos chamar de Pai nosso, faz crescer em nossos corações o espírito de filhos adotivos teus, para que mereçamos gozar, um dia, da herança que nos prometeu. Por Nosso Senhor Jesus Cristo.
REFLEXÃOà João 3,1-8
  • O evangelho de hoje nos trás uma parte da conversa de Jesus e Nicodemos. Nicodemos aparece várias vezes no evangelho de João (Jo,1-13; 7,50-52; 19,39). Era uma pessoa que tinha certa posição social. Tinha liderança entre os judeus e fazia parte do supremo tribunal chamado “Sinédrio”. No evangelho de João, ele representa o grupo dos judeus que eram piedosos e sinceros, mas, que não entendiam tudo o que Jesus fazia e falava. Nicodemos havia ouvido falar de sinais, das coisas maravilhosas que Jesus fazia e ficou impressionado. Ele quer conversar com Jesus para poder entender melhor. Era uma pessoa culta que pensava entender as coisas de Deus. Esperava o Messias com um livrinho da lei nas mãos para verificar se o novo anunciado por Jesus estava de acordo. Jesus faz Nicodemos perceber que a única maneira que alguém tem para poder entender as coisas de Deus é “nascer de novo!”. Hoje acontece o mesmo. Alguns são como Nicodemos: aceitam como novo só aquilo que está de acordo com suas próprias idéias. Aquilo com o que alguém não está de acordo é rejeitado como contrário à tradição. Outros se deixam surpreender pelos fatos e não tem medo de dizer: “Nasci de novo!”.
  • João 3,1: UM HOMEM, CHAMADO NICODEMOS. Pouco antes do encontro de Jesus com Nicodemos, o evangelista falava da fé imperfeita de certas pessoas que se interessam só pelos milagres de Jesus (Jo 2,23-25). Nicodemos era uma destas pessoas. Tinha boa vontade, porém, sua fé era ainda imperfeita. A conversa com Jesus vai lhe ajudar a perceber que deve dar um passo a mais para poder aprofundar sua fé em Jesus e em Deus.
  • João 3,2: 1ª PERGUNTA DE NICODEMOS: TENSÃO ENTRE O VELHO E NOVO. Nicodemos era um fariseu, pessoa conhecida ente os judeus e com um bom raciocínio. Foi-se encontrar com Jesus à noite e lhe disse: “Rabi, sabemos que vieste de Deus como mestre, porque ninguém pode realizar os sinais que tu realizas se Deus não está com Ele”. Nicodemos opina sobre Jesus a partir dos argumentos que ele, Nicodemos, leva dentro de si. Isto é um passo importante, porém, não basta para conhecer Jesus. Os sinais que Jesus faz podem despertar a pessoa e interessar-lhe. Podem engendrar curiosidade, porém, não engendram a entrega, na fé. Não fazem ver o Reino de Deus presente em Jesus. Por isto é necessário dar um passo a mais. Qual é este passo?
  • João 3,3: RESPOSTA DE JESUS: “Tens que nascer de novo!”. Para que Nicodemos possa perceber o Reino presente em Jesus, terá que perceber o Reino presente em Jesus, terá que nascer de novo, do alto. Aquele que procura compreender Jesus só a partir de seus próprios argumentos, não consegue entendê-lo. Jesus é maior. Se Nicodemos fica só como catecismo do passado na mão, não vai poder entender Jesus. Terá que abrir toda sua mão. Terá que deixar de lado suas próprias certezas e seguranças e entregar-se totalmente. Terá que escolher entre, de um lado, guardar a segurança que vem da religião organizada com suas leis e tradições e, de outro, lançar-se na aventura do Espírito que Jesus lhe propõe.
  • João 3,4: 2ª PERGUNTA DE NICODEMOS: Como é possível nascer de novo?”. Nicodemos não quer dar seu braço à torcer e pergunta com uma certa ironia: Como uma pessoa pode nascer de novo sendo velha? Poderá entrar uma segunda vez no ventre de sua mãe e nascer?. Nicodemos tomou a palavra de Jesus ao pé da letra e, por isto, não entendeu nada. Ele tinha que perceber que  as palavras de Jesus tinham um sentido simbólico.
  • João 3,5-8: RESPOSTA DE JESUS: Nascer do alto, nascer do Espírito. Jesus explica o que quer dizer nascer do alto, ou, nascer de novo e “nascer da água e do Espírito”. Aqui temos uma alusão muito clara do “batismo”. Através da conversa de Jesus com Nicodemos, o evangelista nos convida a fazer uma revisão de nosso batismo. Relata as seguintes palavras de Jesus: “O que nasce da carne é carne, o que nasce do Espírito é Espírito”. Carne significa aquilo que nasce só de nossas idéias. O que nasce de nós tem nossa medida. Nascer do Espírito é outra coisa! O Espírito é como o vento. “O vento sopra onde quer, e ouve sua voz, porém, não sabe de onde vem nem para onde vai. Assim é tudo o que nasce do Espírito”. O vento tem, dentro de si, um rumo, uma direção. Percebemos a direção do vento, por exemplo, o vento do Norte e o vento do Sul, porém, não conhecemos nem controlamos a causa a partir da qual o vento se move nesta ou naquela direção. Assim é o Espírito. “Ninguém é senhor do Espírito” (Eclo 8,8). O que mais caracteriza o vento, o Espírito, é a liberdade. O vento, o espírito, é livre, não pode ser controlado. Ele age sobre os outros e ninguém consegue agir sobre ele. Sua origem é o mistério, seu destino é o mistério. O barqueiro tem que saber, em primeiro lugar, o rumo do vento. Depois tem que colocar as velas, segundo esse rumo. É o que Nicodemos e todos nós devemos fazer.
  • UMA INDICAÇÃO PARA ENTENDER MELHOR AS PALAVRAS DE JESUS SOBRE O ESPÍRITO SANTO. A língua hebraica usa a mesma palavra para dizer vento e espírito. Como já foi dito, o vento tem, dentro de si, um rumo, uma direção: vento do Norte, vento do Sul. O Espírito de Deus tem um rumo, um projeto, que já se manifestava na criação sob a forma de uma “pomba” que esvoaçava sobre o caos (Gn 1,2). Ano após ano, Ele renova a face da terra e coloca em movimento a natureza através da seqüência das estações (Sl 104,30;147,18). Este mesmo Espírito está presente na história. Faz secar o Mar Vermelho (Ex 14,21) faz passar as codornizes e as deixa cair sobre o acampamento (Nm 11,31). Está com Moisés e, a partir dele, se distribui entre os líderes das pessoas (Nm 11,24-25). Estava no líderes e os levava a realizar ações libertadoras: Otoniel (Jz 3,10), Gedeão (Jz 6,34), Jefté (Jz 11,29), Sansão (Jz 13,25;14,6.19;15,14), Saul (1Sm 11,6), e Débora, a profetisa (Jz 4,4). Esteve presente no grupo dos profetas e agia neles com força contagiosa (1Sm 10,5-6.10). Sua ação nos profetas produz inveja nos demais, porém, Moisés reage: “Oxalá todo o povo de Iahweh fosse profeta e profetizasse!” (Nm 11,29).
  • Ao longo dos séculos, cresceu a esperança de que o Espírito de Deus orientasse o Messias na realização do projeto de Deus (Is 11,1-9) e descesse sobre todo o povo de Deus (Ez 36,27;39,29; Is 32,15;44,3). A grande promessa do Espírito se manifesta de muitas formas nos profetas do exílio: a visão dos ossos secos, ressuscitados pela força do Espírito de Deus (Ez 37,1-14); a efusão do Espírito de Deus sobre todo o povo (Jl 3,1-5); a visão do Messias-Servo que será ungido pelo Espírito para estabelecer o direito na terra e anunciar a Boa Nova aos pobres (Is 42,1;44,1-3;61,1-3). Eles vislumbram um futuro, em que a pessoa, cada vez de novo, renasce pela efusão do Espírito (Ez 36,26-27; Sl 51,12; cf Is 32,15-20).
  • O evangelho de João usa muitas imagens e símbolos para significar a ação do Espírito. Como na criação (Gn 1,1), assim o Espírito desce sobre Jesus “como uma pomba, vinda do céu” (Jo 1,32). É o começo da nova criação! Jesus fala as palavras de Deus e nos comunica o Espírito sem medida (Jo 3,34). Suas palavras são Espírito e Vida (Jo 6,63). Quando Jesus se despede, diz que enviará outro consolador, outro defensor, para que fique conosco. É o Espírito Santo (Jo 14,16-17). Através de sua paixão, morte e ressurreição, Jesus conquistou o dom do Espírito para nós. Através do batismo todos nós recebemos este mesmo Espírito de Jesus (Jo 1,33). Quando apareceu aos apóstolos, soprou sobre eles e disse: “Recebei o Espírito Santo!” (Jo 20,22). O Espírito é como a água que brota a partir do interior das pessoas que acreditam em Jesus (Jo 7,37-39,4,14). O primeiro efeito da ação do Espírito em nós é a reconciliação: “A quem perdoai os pecados, ficam perdoados; a quem o retenhais, ficam retidos” (Jo 20,23). O Espírito nos é dado para que possamos lembrar e entender o significado pleno das palavras de Jesus (Jo 14,26;16,12-13). Animados pelo Espírito de Jesus,  podemos adorar a Deus em qualquer lugar (Jo 4,23-24). Aqui se realiza a liberdade do Espírito do qual nos fala Paulo: “Onde está o Espírito do Senhor, ali existe liberdade” (2Cor 3,17).
PARA REFLEXÃO PESSOAL
  • Como você reage antes das novidades que lhe apresentam? Como Nicodemos que aceita a surpresa de Deus?
  • Jesus compara a ação do Espírito Santo como o vento. O que nos revela esta comparação sobre a ação do Espírito de Deus em minha vida? Você passou por alguma experiência que te deu a sensação de nascer de novo?
ORAÇÃO FINAL
  • (SALMO 2)
  • Hoje falarei à três pessoas a magnificência de meu Deus.




sexta-feira, 10 de abril de 2015

Lectio Divina - 10/04/15


DIA 10/04/15
PRIMEIRA LEITURA à Atos 4,1-12
·         O fato novo provoca uma nova consciência no povo e, ao mesmo tempo, a reação negativa do Sinédrio, autoridade suprema na sociedade judaica. A ressurreição de Jesus é apresentada como fato a partir de outro fato: a cura do aleijado. O Sinédrio não pode aceitar que todos conhecem. Também não pode aceitar que a cura foi realizada em nome de Jesus, que tinha sido condenado e morto por iniciativa do próprio Sinédrio; este não pode aceitar que Jesus esteja vivo e continue fazendo o bem. Mas, como não há outro modo de explicar a cura e se teme a opinião pública, resta apenas uma atitude: reprimir os apóstolos, proibindo-os de continuar uma prática ligada ao nome de Jesus. Se a presença gloriosa de Cristo continua nos prodígios e milagres operados pelos apóstolos também a presença de recusa, perseguição e sofrimentos continua na carne de sua Igreja. Testemunho-perseguição é outro binômio inseparável da comunidade eclesial. A perseguição é selo de autenticidade da mensagem e fonte de crescimento. Perseguição quer dizer que a verdade da mensagem não se mede pela acolhida do mundo, mas só pela fidelidade ao Cristo ressuscitado. A coragem e as palavras para dar testemunho na perseguição vêm do Espírito. O motivo da perseguição e o objetivo do testemunho é Cristo ressuscitado, único salvador do homem. Esta afirmação, contudo, é uma revolução radical: é o fim da velha religião-de-Israel, para quem a salvação era a lei. Afirmar que Cristo ressuscitou não quer dizer que ele vive num mundo abstrato, em lugar “distante”, de onde não pode incomodar, mas que está “presente e ativo” no mundo.
ORAÇÃO INICIAL
  • Tu, Senhor, que nos salvou pelo mistério pascal, continua favorecendo com dons celestes teu povo, para que alcance a liberdade verdadeira e possa gozar da alegria do céu, que já começou a experimentar na terra. Por Nosso Senhor...
REFLEXÃO à João 21,1-14
·         A comunidade cristã que age sem estar unida à pessoa e missão de Jesus continua nas trevas e não produz fruto, pois trabalha sem perceber a presença do ressuscitado e sem conhecer o modo correto de realizar a ação.
·         No momento em que ela segue a palavra de Jesus, o fruto surge abundante. A missão termina sempre na Eucaristia, onde se realiza a comunhão com Jesus. O texto evangélico alude a dois níveis de comunhão na vida dos discípulos: entre si e com o Ressuscitado. Isto perfaz uma experiência característica do discipulado cristão.
·         A comunhão dos discípulos entre si expressa-se na disposição a trabalharem juntos. Quando Pedro revela sua decisão de ir pescar, imediatamente outros seis companheiros dispõem-se a ir com ele. Embora a pescaria tenha sido infrutífera, o simples fato de estarem pescando juntos já era significativo.
·         Cada qual poderia ir pescar sozinho, pensando em si mesmo e no lucro que obteria com a pesca. A disposição de partilharem o trabalho dava à pescaria uma nova dimensão. A comunhão com o Ressuscitado expressa-se no convite para a refeição. Primeiramente, Jesus pede aos sete pescadores algo para comer.
·         Uma vez que nada tinham pescado, ordena-lhes que lancem novamente a rede, à direita da barca. Resultado: recolhem-na abarrotada de enormes peixes. Entretanto, quando atingem a margem do lago, deparam-se com uma surpresa: a refeição preparada pelo próprio Mestre! Este lhes oferece peixe assado e pão, como gesto de bondosa solicitude, saciando-lhes a fome, após uma noite inteira de fadiga e de trabalho inútil. A comunhão com o Senhor dava consistência à comunhão dos discípulos entre si.
·         Caso contrário, não passariam de um grupo de amigos, sem maiores compromissos. A presença do Senhor fazia frutificar o esforço da comunidade de atrair para a fé muitas outras pessoas.
·         Isto é o que simboliza a rede repleta com 153 grandes peixes. O capítulo 21 do evangelho de João apresenta a retomada da missão pelos discípulos, na Galiléia, agora com a presença de Jesus ressuscitado.
·         A narrativa é semelhante à pesca milagrosa, no evangelho de Lucas, quando Jesus chama os primeiros discípulos. Agora é a retomada da missão, com a presença do ressuscitado. A pesca é símbolo da missão.
·         A presença e a palavra de Jesus são necessárias para o seu sucesso, e a comunidade missionária se une em torno da refeição eucarística partilhada com Jesus.
PARA REFLEXÃO PESSOAL
  • Como estão agindo hoje as comunidades cristãs?
  • Hoje somos conscientizados que precisamos estar disponibilizados para a partilha?
  • Como a pesca representa o símbolo da missão?
ORAÇÃO FINAL
·         (SALMO 117/118)
·         Pai, que a presença do Ressuscitado reforce a comunhão com meus irmãos e minhas irmãs de fé, a fim de podermos atrair para ele muitas outras pessoas de boa vontade.