segunda-feira, 15 de julho de 2013

Lectio Divina - 15/07/13

SEGUNDA-FEIRA -15/07/2013

PRIMEIRA LEITURA: Êxodo 1,8-14.22

• Na história de Israel, lembremos a chegada de Jacó ao Egito. Agora aquela família chegou a ser um povo tão grande que os próprios egípcios lhes temem. O autor, no relato de hoje, procura apresentar-nos o fato de que a palavra de Deus vai se cumprindo no desenrolar da história. Ainda, agora o povo, chamado para continuar um plano de salvação para todo o mundo, encontra-se atrapalhado e sem possibilidades de continuar desenvolvendo-se de acordo com o plano de Deus. Nesta passagem podemos ver como a palavra de Deus é sempre atual, pois, da mesma maneira que os egípcios se opunham a este projeto de Deus à seu povo, o mundo de hoje continua opondo-se à que o Reino se desenvolva e chegue a sua plenitude. Os cristãos, o Novo Povo de Deus experimentam, nessa oposição, a qual se expressa de diferentes maneiras, procurando, sobretudo, fazer-nos escravos e evitar nosso crescimento. Os novos egípcios se materializam na sensualidade e conforto, no uso desmedido e indiscriminado da televisão; na confusão criada muitas vezes pela “Mídia”, enfim, por tudo aquilo que procura que o projeto de Deus não se desenvolva. Apesar de tudo, o povo confia no DEUS QUE SALVA. Não percamos a fé nem a esperança no projeto de Deus. Não desanimes.


ORAÇÃO INICIAL 

• Oh Deus, que mostras a luz de tua verdade aos que andam extraviados, para que possam voltar ao bom caminho, conceda a todos os cristãos rejeitar o que é indigno deste nome e cumprir quanto Nele significa! Por Nosso Senhor...


REFLEXÃO

Mateus 10,34-11,1

• Mateus 10,34-36: Não vim trazer a paz, mas sim a espada. Jesus sempre fala de paz. Então, como entender a frase do evangelho de hoje que parece dizer o contrário: “Não penseis que vim trazer paz a terra. Não vim trazer a paz, mas sim, a espada”. Esta afirmação não significa que Jesus estivesse a favor da divisão e da espada? Não! Jesus não quer a espada, nem a divisão. O que Ele quer é a união de todos na verdade. Naquele tempo, o anuncio da verdade que indicava que Jesus de Nazaré era o Messias se tornou motivo de muita divisão entre os judeus. Dentro da família ou comunidade, alguns estavam a favor e outros radicalmente contra. Neste sentido a Boa Nova de Jesus era realmente uma forte divisão, um “sinal de contradição”, ou, como dizia Jesus, Ele trazia a espada. Assim se entende a outra advertência: “Sim, vim criar enfrentamento entre o filho com seu pai, a filha com sua mãe, a nora com sua sogra; e inimigos se tornarão os de sua casa”. Era o que estava acontecendo, de fato, nas famílias e nas comunidades: muita divisão, muita discussão, como conseqüência do anuncio da Boa Nova entre os judeus daquela época, uns aceitando, outros negando. Até hoje é assim. Muitas vezes, ali onde a Igreja se renova, o chamado da Boa Nova se torna um “sinal de contradição” e de divisão. Pessoas que durante anos viveram acomodadas na rotina de sua vida cristã, não querem ser incomodadas pelas “inovações” do Vaticano II. Incomodadas pelas mudanças, usam toda sua inteligência para encontrar argumentos em defesa de suas opiniões e para condenar as mudanças como contrários aos que pensavam ser a verdadeira fé. 
• Mateus 10,37: Quem ama seu pai e sua mãe mais que a mim, não é digno de mim. Lucas apresenta esta mesma frase, porém muito mais exigente. Diz literalmente: “Se alguém vem junto a mim e não odeia seu pai, sua mãe, sua mulher, seus filhos, seus irmãos, suas irmãs até sua própria vida, não pode ser meu discípulo”. Como combinar esta afirmação de Jesus com aquela outra na qual manda observar o quarto mandamento: amar e honrar pai e mãe? Duas observações: (a)-O critério básico no qual Jesus insiste é este: a Boa Nova de Deus há de ser o valor supremo de nossa vida. Não pode haver na vida um valor mais alto. (b)-A situação econômica e social na época de Jesus era tal que as famílias eram obrigadas a fechar-se em si mesmas. Não tinham condições para manter as obrigações de convivência comunitária como, por exemplo, compartilhar, a hospitalidade, a comunhão ao redor da mesa e a acolhida aos excluídos. Esse recolhimento individualista sobre elas mesmas, causado pela conjuntura nacional e internacional, provocava as seguintes distorções: (I)-Impossibilitava a vida na comunidade. (II)-Reduzia o mandamento “honrar pai e mãe” exclusivamente o núcleo da pequena família e não alongava a grande família da comunidade. (III)-Impedia a manifestação plena da Bondade de Deus, pois, se Deus é Pai/Mãe, nós somos irmãos e irmãs uns dos outros. E esta verdade tem de encontrar sua expressão na vida em comunidade. Uma comunidade viva e fraterna é o espelho do rosto de Deus. Convivência humana sem comunidade é como um espelho trincado que desfigura o rosto de Deus. Neste contexto, o que Jesus pede “odiar o pai e a mãe” significava que os discípulos e as discípulas deviam superar o fechamento individualista da pequena família sobre si mesma e alarga-la na dimensão da comunidade. O próprio Jesus praticou o que ensinou aos outros. Sua família queria que voltasse, e assim a família se fechava em si mesma. Quando lhe disseram: “Olhe, tua mãe e teus irmãos estão ai fora e te procuram”, Ele respondeu: “Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?”. E olhando às pessoas ao seu redor disse: “Aqui estão minha mãe e meus irmãos. Quem faz a vontade de Deus, este é meu irmão, minha irmã e minha mãe”. Alargou a família! E este era e continua sendo até hoje o único caminho para que a pequena família possa conservar e transmitir os valores nos quais acredita.
• Mateus 10,38-39: As exigências da missão dos discípulos. Nestes dois versículos, Jesus dá dois conselhos importantes e exigentes: (a)-Pegar a cruz e segui-lo: Quem não pegar sua cruz e seguir-me, não é digno de mim. Para perceber todo o alcance deste primeiro conselho, é conveniente ter presente o testemunho de Paulo: “Eu só me gloriarei na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, por quem o mundo está crucificado para mim, como eu estou para o mundo” (Gl 6,14). Carregar a cruz supõe, até hoje, a ruptura radical com o sistema iníquo vigente no mundo. (b)-Ter a coragem de dar a vida: o que encontrar sua vida, a perderá; e o que perder sua vida por mim, a encontrará. Só se sente realizado na vida aquele que foi e é capaz de dar-se inteiramente aos demais. Perde a vida aquele que quer conservá-la só para si. Este segundo conselho é a confirmação da experiência humana mais profunda: a fonte de vida está no dom da própria vida. Dando se recebe. Se o grão de trigo não morre...(Jo 12,24).
• Mateus 10,40: A identificação do discípulo com Jesus e com o próprio Deus. Esta experiência tão humana de dom e de entrega recebe aqui um esclarecimento, um aprofundamento. “Quem os recebe, a mim recebe; e quem a mim recebe, recebe aquele que me enviou”. No dom total de si o discípulo se identifica com Jesus; ali se realiza seu encontro com Deus, e ali Deus se deixa encontrar por aquele que o procura.
• Mateus 10,41-42: A recompensa do profeta, do justo e do discípulo. Para concluir o Sermão da Missão segue uma frase sobre a recompensa: “Quem recebe um profeta por ser profeta, recompensa de profeta receberá, e quem recebe um justo por ser justo, recompensa de justo receberá. E todo aquele que der de beber apenas um copo de água fresca a um destes pequenos, por ser discípulo, os asseguro que não perderá sua recompensa”. Nesta frase existe uma seqüência muito significativa: o profeta se reconhece por sua missão como enviado de Deus. O justo é reconhecido por seu comportamento, por sua maneira perfeita de observar a lei de Deus. O discípulo não é reconhecido por nenhuma qualidade ou missão especial, mas sim, simplesmente por sua condição social de pessoa simples. O Reino não é feito de coisas grandes. É como um edifício muito grande que se constrói com ladrilhos pequenos. Quem despreza o ladrilho, nunca terá o edifício. Até um copo de água serve de ladrilho na construção do Reino.
• Mateus 11,1: O final do Sermão da Missão. Fim do Sermão da Missão. E aconteceu que, quando Jesus acabou de dar instruções a seus doze discípulos, partiu dali para ensinar e pregar em suas cidades. Agora Jesus vai para praticar aquilo que ensinou. É o que veremos nos próximos dias meditando os capítulos 11 e 12 do evangelho de Mateus.


PARA REFLEXÃO PESSOAL

Perder a vida para poder ganhá-la. Já teve alguma experiência de sentir-se recompensado por uma entrega gratuita sua aos demais?
• Aquele que os recebe a vós e a mim recebe, e aquele que recebe a mim, recebe aquele que me enviou. Pare e pense no que Jesus disse aqui: Ele e o próprio Deus se identificam contigo.


ORAÇÃO FINAL 


(SALMO 123[124])
• A partir de hoje começarei a mudar meu tempo de ócio pelo tempo de oração.




sexta-feira, 12 de julho de 2013

Lectio Divina - 12/07/13

SEXTA-FEIRA -12/07/2013

PRIMEIRA LEITURA: Gênesis 46,1-7;28-30

• Podemos imaginar a alegria de um pai, quando havia pensado por anos, que seu filho estava morto, e um dia, o encontra vivo; sua alegria certamente não terá medida. Esta cena lembra claramente o encontro do Filho Pródigo com seu Pai que, ainda que, em um contexto diferente, o encontro é maravilhoso e, cheio de esplendor. Em ambos os casos, vemos que no meio estava o pecado, por um lado o dos irmãos de José que o separam de seu pai; no outro, o desejo de viver independentemente do amor do pai; em ambos o resultado foi doloroso, com tristeza e frustração. Porém, Deus não se deixa ganhar, e quer que todos os homens se salvem, por isso sempre tem um plano de regresso, um projeto de reencontro com Ele. Este encontro transforma nossa existência e a torna plena. O abraço do Pai e o filho se convertem em alegria eterna, em perdão e início de uma nova relação com ele e com toda a família. São tantos os que experimentam esse abraço e nem sequer percebem que estão longe do Pai. Alguns porque outros, com seu pecado, os afastam (pais opressivos, má experiência de vida, maus mestres, más companhias, etc.); outros porque seu desejo de vivem sem Deus, os levou passo a passo, sutilmente, até fazer-lhes acreditar que, caminha na felicidade e assim deixar completamente Deus (busca do prazer, do poder, de ter). Já é tempo do reencontro, de experimentar o abraço do reencontro com Deus. Como José, engate seu carro, e vá ao encontro do Pai, certamente o encontrará em um confessionário.






ORAÇÃO INICIAL 


• Oh Deus, que por meio da humilhação de teu Filho levantaste a humanidade caída; concede a teus fiéis a verdadeira alegria, para que, quem for libertado da escravidão do pecado, alcance também a felicidade eterna. Por Nosso Senhor...




REFLEXÃO

Mateus 10,16-23


• De cara sua futura missão, Jesus dá algumas diretrizes à comunidade de seus discípulos, chamados e reunidos em torno Dele e investidos de sua mesma autoridade como colaboradores.
• Mateus 10,16-19: O PERIGO E A CONFIANÇA EM DEUS. Jesus introduz esta parte de seu discurso com duas metáforas: ovelhas entre lobos, prudentes como as serpentes, simples como as pombas. A primeira mostra o contexto difícil e perigoso em que os discípulos são enviados. Por um lado se evidencia a situação perigosa em que se encontraram os discípulos enviados à missão; por outro, a expressão “eu os envio” expressa proteção. Também na astúcia das serpentes e na simplicidade das pombas parece que Jesus relaciona dois comportamentos: a confiança em Deus e a reflexão atenta e prolongada do modo de relacionar-se com os demais. Jesus dá depois uma ordem que, a primeira vista, parece assinalada por uma marca de desconfiança: “guardai-vos dos homens...”, porém, na realidade indicam estar atentos a possíveis perseguições, hostilidades e denuncias. A expressão “os entregarão”, não se só a acusação nos tribunais, mas sim, que tem, sobretudo, um valor teológico: o discípulo que realiza o seguimento de Jesus poderá viver a mesma experiência que o Mestre, “ser entregue nas mãos dos homens” (17,22). Os discípulos têm que ser fortes e resistir “para dar testemunho”, sua entrega aos tribunais tem de ser testemunho para os judeus e para os pagãos, como possibilidade de atrair para a pessoa e para a causa de Jesus e, portanto, ao conhecimento do evangelho. É importante esta volta positiva ao testemunho caracterizado pela fé que se faz acreditável e atraente.
• Mateus 10, 20: A AJUDA DIVINA. Para que tudo isto se torne realidade na missão-testemunho dos discípulos, é indispensável a ajuda que vem da parte de Deus. Isto é, é necessário não confiar nas próprias seguranças ou recursos, mas sim que, nas situações críticas, perigosas e agressivas de sua vida, os discípulos encontrarão em Deus ajuda e solidariedade. Aos discípulos também lhes é prometido o Espírito do Pai (v.20) para realizar sua missão, Ele trabalhará neles para levar à cabo sua missão de evangelizar e dar testemunho, o Espírito falará através deles.
• Mateus 10,21-22: AMEAÇA-CONSOLO. O tema da ameaça volta de novo com a expressão “entregará”: irmão contra irmão, pai contra filho, filho contra seus pais. Trata-se de uma verdadeira e grande desordem das relações sociais, a trituração da família. As pessoas, unidas pelos mais íntimos laços familiares – como os pais, os filhos, os irmãos e as irmãs – caíram na desgraça de odiarem-se e eliminarem-se mutuamente. Em que sentido esta divisão da família tem alguma coisa a ver com o testemunho a favor de Jesus? Tal ruptura das relações familiares poderia encontrar sua causa na diversidade de atitudes adotada no seio da família com respeito a Jesus. A expressão “sereis odiados”, parece indicar o tema da acolhida hostil de seus enviados por parte dos contemporâneos. A dureza das palavras de Jesus é comparável a outro escrito do NT: “Bem-aventurados vós se sois insultados em nome de Cristo, porque o Espírito da glória, que é o Espírito de Deus, repousa sobre vós. Que nenhum de vós tenha que sofrer por homicida, ladrão, malfeitor ou delator. Mas, se alguém sofre como cristão que não se envergonhe, mas dê glória a Deus por este nome”. O anuncio da ameaça continua com a promessa da consolação (v3). A maior consolação dos discípulos será “ser salvos”, poder viver a esperança do salvador, isto é, participar de sua vitória.



PARA REFLEXÃO PESSOAL

Estas disposições de Jesus o que é que nos ensinam hoje para que compreendamos a missão do cristão?
• Você sabe confiar na ajuda de Deus quando sofre conflitos, perseguições e provas?



ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 36[37])
• Hoje farei um exame profundo de consciência e não deixarei que termine esta semana sem confessar-me.





quinta-feira, 11 de julho de 2013

Lectio Divina - 11/07/13


QUINTA-FEIRA -11/07/2013


PRIMEIRA LEITURA: Gênesis 44,18-21.23-29;45,1-5

• Esta passagem do AT mostra-nos com toda clareza, que “tudo convém para o bem daqueles que amam o Senhor”. Quando iam imaginar que Deus havia previsto a situação de adversidade que, durante tanto tempo José viveu como produto do pecado de seus irmãos, e que precisamente esse pecado agora se convertia em causa de salvação para todos eles. Paulo diz em sua carta aos Romanos “que onde abundou o pecado, superabundou a graça”. Irmãos, muitos de nossos problemas mais graves, possivelmente algum deles causados por injustiças e problemas provenientes de outras pessoas, e que afetaram gravemente nossa vida, postos nas mãos do Senhor, convertem-se, com o passar do tempo, em fonte de benção, inclusive para nós mesmos. Devemos confiar plenamente que temos um amoroso Deus que vela sempre por nós e a quem não passa desapercebido nem um só dos acontecimentos de nossa vida e que, por este amor, sabe converter todas nossas desgraças e injustiças em uma enorme fonte de bênçãos. Certo é que o momento da cruz não é agradável para ninguém, nem mesmo para o Filho de Deus, porém, precisamente é por essa cruz, aceita amorosamente que hoje temos a salvação e a possibilidade de ir viver no céu. Coloquemos nas mãos do Senhor todas nossas desventuras e, veremos estas transformarem-se, em fontes de bênçãos.


ORAÇÃO INICIAL 

• Oh Deus, que por meio da humilhação de teu Filho levantaste a humanidade caída; concede a teus fiéis a verdadeira alegria, para que, quem for libertado da escravidão do pecado, alcance também a felicidade eterna. Por Nosso Senhor...



REFLEXÃO

Mateus 10,7-15

• O evangelho de hoje nos apresenta a segunda parte do envio dos discípulos. Ontem vimos a insistência de Jesus em dirigir-se primeiro às ovelhas perdidas de Israel. Hoje vemos as instruções concretas de como realizar a missão.
• Mateus 10,78: O OBJETIVO DA MISSÃO: REVELAR A PRESENÇA DO REINO. “Ide e anunciai: O Reino do Céu está próximo”. O objetivo principal é anunciar a proximidade do Reino. Aqui está a novidade trazida por Jesus. Para os outros judeus faltava muito para que o Reino chegasse. Só chegaria quando eles houvessem se colocado à parte. A chegada do Reino dependia de seu esforço. Para os fariseus, por exemplo, o Reino chegaria só quando a observância da Lei fosse perfeita. Para os Essênios, quando o país fosse purificado. Jesus pensa de outra forma. Tem outra maneira de ler os fatos. Disse que o prazo já estava vencido (Mc 1,15). Quando disse que o Reino está próximo, Jesus não quer dizer que estava chegando naquele momento, mas que já estava ali, independentemente do esforço feito pelas pessoas. Aquilo que todos esperávamos, já estava presente no meio das pessoas, gratuitamente, porém, as pessoas não sabiam e não percebiam (cf. Lc 17,21). Jesus percebeu! Pois, Ele olha a realidade com um olhar diferente. E vai revelar e anunciar esta presença escondida do Reino no meio das pessoas pobres de sua terra (Lc 4,18). Eis aqui o grão de mostarda que receberá a chuva de sua palavra e o calor de seu amor.
• Mateus 10,8: OS SINAIS DA PRESENÇA DO REINO: ACOLHER OS EXCLUÍDOS. Como anunciar a presença do Reino? Só por meio de palavras e discursos? Não! Os sinais da presença do Reino são antes de tudo gestos concretos, realizados gratuitamente: “Curar enfermos, ressuscitar mortos, purificar leprosos, expulsar demônios. De graça recebestes, de graça deves dar”. Isto significa que os discípulos têm que acolher dentro da comunidade aqueles que da comunidade foi excluído. Esta prática solidária critica tanto a religião como a sociedade excludente, e aponta para saídas concretas.
• Mateus 10,.9-10: NÃO LEVAR NADA PELO CAMINHO. Ao contrário dos outros missionários, os discípulos e as discípulas de Jesus não podem levar nada: “Não procureis ouro, nem prata, nem cobre em vossas cintas, nem alforje pelo caminho, nem duas túnicas, nem sandálias, nem bastão, porque o trabalhador merece seu sustento”. Isto significa que devem confiar na hospitalidade das pessoas. Pois, o discípulo que vai sem levar nada só a paz (Mc 10,13), mostra que confia nas pessoas. Acredita que será acolhido, que participará na vida e no trabalho das pessoas do lugar e que vai poder sobreviver com aquilo que receberá em troca, pois, o trabalhador tem direito a seu alimento. Isto significa que os discípulos têm que confiar no compartilhar. Por meio desta prática criticam as leis da exclusão e resgatam os antigos valores da convivência comunitária.
• Mateus 10,11-13: COMPARTILHAR A PAZ EM COMUNIDADE. Os discípulos não devem andar de casa em casa, mas, devem procurar ir onde existem pessoas de Paz e permanecer nesta casa. Isto é, devem conviver de forma estável. Assim por meio desta nova prática, criticam a cultura da acumulação que marcava a política do império romano e anunciam um novo modelo de convivência. No caso de haver respondido a todas estas exigências, os discípulos podiam gritar: O Reino chegou! Anunciar o Reino não consiste, em primeiro lugar, em verdades e doutrinas, mas, em procurar viver de forma nova e fraterna, e compartilhar a Boa Nova que Jesus nos trouxe: “Deus é Pai, e nós somos todos irmãos e irmãs”. 
• Mateus 10,14-15: A SEVERIDADE DA AMEAÇA. Como entender esta ameaça tão severa? Jesus veio nos trazer uma coisa totalmente nova. Veio resgatar valores comunitários do passado: a hospitalidade, o compartilhar, a comunhão ao redor da mesa, a acolhida dos excluídos. Isto explica a severidade contra os que rejeitam a mensagem. Pois, não rejeitam algo novo, mas sim, seu próprio passado, sua própria cultura e sabedoria. A pedagogia tem como objetivo desenterrar a memória, resgatar a sabedoria das pessoas e reconstruir a comunidade, renovar a Aliança, refazer a vida.


PARA REFLEXÃO PESSOAL

Como realizar hoje a recomendação de não levar nada pelo caminho quando se vai em missão?
• Jesus manda dirigir-se a uma pessoa de paz, para poder viver em sua casa. Como seria hoje uma pessoa de paz à que dirigimos no anuncio da Boa Nova?



ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 80,15-16)
• Hoje meditarei a passagem de João 9,1-3 e repetirei constantemente, sobretudo, nos momentos difíceis: “é para que se manifeste a obra de Deus”.





quarta-feira, 10 de julho de 2013

Lectio Divina - 10/07/13


QUARTA-FEIRA -10/07/2013


PRIMEIRA LEITURA: Gênesis 41,55-57;42,5-7.17-24

• Existe um velho refrão no México que diz: “Carregadores somos no caminho que andamos”, o qual não é outra coisa que o próprio Jesus nos disse no Evangelho; ”Tratem os outros como querem os trate”, e “não façam aos outros, o que não querem que vos faça”; e em outra passagem acrescenta: “Porque com a vara que medir, com essa mesma serás medido”. Os irmãos de José, o entregaram aos madianitas para desfazerem-se dele. Entretanto, a vida deu uma grande volta e os papéis agora mudaram. José agora é quem tem em sua mão a sorte de sua própria família. Todos os dias, em nosso trato com os demais, ocorrem situações nas quais podemos tirar vantagem ou inclusive destruí-los. A mínima caridade cristã que nos é pedida, se não podemos amá-los, é como diz Paulo “tolerá-los (suportá-los) por amor a Cristo”. Este mínimo ato de caridade, logo será aplicado a nós mesmos, pois, em nosso caminhar nos encontraremos com pessoas para as quais, nós, não seremos gratos. Isto nos ajuda a crescer no dom da caridade, da paciência e da mansidão, pilares sobre os quais se sustenta a paz interior. Aprenda a tratar a todos com amor, com caridade e com paciência, não só porque nunca sabe as voltas que a vida dá, mas sim, porque nisto te reconhecerão como um autêntico seguidor de Cristo.






ORAÇÃO INICIAL 

• Oh Deus, que por meio da humilhação de teu Filho levantaste a humanidade caída; concede a teus fiéis a verdadeira alegria, para que, quem for libertado da escravidão do pecado, alcance também a felicidade eterna. Por Nosso Senhor...



REFLEXÃO

Mateus 10,1-7

• No capítulo 10 do Evangelho de Mateus inicia-se o segundo grande discurso, O Sermão da Missão. Mateus organizou seu evangelho como uma nova edição da Lei de Deus, ou como um novo “pentateuco” com seus cinco livros. Por isto, seu evangelho, trás cinco grandes discursos, ou seja: INTRODUÇÃO: NACIMENTO E PREPARAÇÃO DO MESSIAS (Mt 1 a 4), (a)-Sermão da Montanha: a porta de entrada no Reino (Mt 5 a 7) Narrativa (Mt 8 a 9), (b)-Sermão da Missão: como anunciar e irradiar o Reino (Mt 10) Narrativa (Mt 11 e 12), (c)-Sermão das Parábolas: o mistério do Reino presente na vida (Mt 13) Narrativa (Mt 14 a 17), (d)-Sermão da Comunidade: a nova maneira de conviver no Reino (Mt 18) Narrativa (Mt 19 a 23), (e)-Sermão da futura chegada do Reino: a utopia que sustenta a esperança (Mt 24 e 25), CONCLUSÃO: paixão, morte e ressurreição (Mt 26 a 28).
• O evangelho de hoje é o inicio do Sermão da Missão, na qual se manifestam três assuntos: (1)-o chamado dos discípulos (Mt 10,1); (2)-a lista dos nomes dos doze apóstolos que vão ser os destinatários do sermão da missão (Mt 10,2-4); (3)-o envio dos doze (Mt 10,5-7).
• Mateus 10,1: O CHAMADO DOS DOZE DISCÍPULOS. Mateus já havia falado do chamado dos discípulos (Mt 4,18-22;9,9). Aqui, no começo do Sermão da Missão, faz um resumo: “E chamando os doze discípulos, lhes deu o poder sobre os espíritos imundos para expulsá-los, e para curar toda enfermidade e toda doença”. A obrigação ou a missão do discípulo é seguir Jesus, o Mestre, formando comunidade com Ele e realizando a mesma missão de Jesus: expulsar os espíritos imundos, curar toda doença e enfermidade. No evangelho de Marcos, eles receberam a mesma dupla missão, formulada com outras palavras: Jesus instituiu Doze, para que estivessem com Ele, e para enviá-los a pregar com o poder de expulsar os demônios (Mc 3,14-15). (a)-Estar com Ele, isto é formar comunidade, na qual Jesus é o centro, o eixo. (b)-Rezar e ter poder para expulsar o demônio, isto é, anunciar a Boa Nova e combater o poder do mal, que mata a vida da gente e aliena as pessoas. Lucas diz que Jesus rezou toda a noite e no dia seguinte, chamou seus discípulos. Rezou a Deus para saber a quem escolher (Lc 6,12-13).
• Mateus 10,2-4: A LISTA DOS NOMES DOS DOZE APÓSTOLOS. Grande parte destes nomes vem do Antigo Testamento. Por exemplo, Simão é o nome de um dos filhos do patriarca Jacó (Gn 29,33). Tiago é o mesmo que Jacó (Gn 25,26). Judas é o nome de outro filho de Jacó (Gn 35,23). Dos doze apóstolos, sete têm um nome que vem dos patriarcas. Dois se chamam “Simão”, dois “Tiago”, um “Judas”, “Levi” tem um nome grego: Felipe. Isto revela o desejo das pessoas de refazer a história desde o seu começo! Seria como hoje em uma família em que todo mundo tivesse o nome dos antepassados, e um só, por exemplo, com um nome moderno e usado em outro país. É de fazer pena pensar nos nomes que hoje damos a nossos filhos. Porque cada um de nós é chamado por Deus pelo nome. 
• Mateus 10,5-7: O ENVIO OU MISSÃO DOS DOZE APÓSTOLOS PARA AS OVELHAS PERDIDAS DA CASA DE ISRAEL. Depois de haver enumerado os nomes dos doze, Jesus os envia com estas recomendações: “Não tomeis caminho dos gentios nem entreis em cidade de samaritanos; dirigi-vos mais para as ovelhas da casa de Israel. Proclamando que o Reino dos Céus está próximo”. Nesta única frase existe uma tríplice insistência em mostrar que a preferência da missão é para a casa de Israel: (1)-Não tomar o caminho dos pagãos. (2)-não entrar nas cidades samaritanas, (3)-ir primeiro as ovelhas perdidas de Israel. Aqui se manifesta uma resposta à duvida dos primeiros cristãos em torno da abertura aos pagãos, concorda em dizer que a Boa Nova trazida por Jesus devia ser anunciada primeiro aos judeus e, depois, aos pagãos (Rm 9,1 a 11,36; cf. At 1,8; 11,3; 13,46;15,1.5.23-29). Porém, mais adiante, no mesmo evangelho de Mateus, na conversa de Jesus com uma mulher cananéia, se dará a abertura para os pagãos (Mt 15,21-29).
• O ENVIO DOS APÓSTOLOS PARA TODAS AS PESSOAS. Depois da ressurreição de Jesus, existem vários episódios de envio dos apóstolos não só para os judeus, mas sim, para todos os povos. Em Mateus: “Ide, pois, e fazei discípulos a todas as pessoas batizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, e ensinando-lhes a guardar tudo o que eu os tenho mandado. E eis que estarei convosco todos os dias até o fim do mundo”. Em Marcos: “O que crer será salvo, o que não crer não será” (Mc 15-16). Em Lucas: “Assim está escrito: o Messias sofrerá e ressuscitará dos mortos no terceiro dia, e em seu nome serão anunciados a conversão e o perdão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém. E vós sereis testemunhos de tudo isto” (Lc 24,46-48; At 1,8). João resume tudo nesta frase: “Como o Pai me enviou, eu também os envio!” (Jo 20,21).





PARA REFLEXÃO PESSOAL

Você já pensou no significado de teu nome? Já perguntou a seus pais porque te colocaram o nome que tem? Você gosta de teu nome?
• Jesus chama os discípulos. Seu chamado tem uma dupla finalidade: formar comunidade e ir em missão. Como vivo esta dupla finalidade em minha vida?



ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 32[33])
• Hoje pedirei perdão a pessoa que me dá trabalho tolerar, e me auto-analisarei para descobrir se é que sou eu quem não quer amar aos demais como Cristo me amou.





terça-feira, 9 de julho de 2013

Lectio Divina - 09/07/13


TERÇA-FEIRA -09/07/2013

PRIMEIRA LEITURA: Gênesis 32,23-33

• Jacó reconhece ter necessidade de Deus e pede sua bênção e proteção. Há dois modos errados de se conceber o próprio relacionamento com Deus. A atitude de quem pede a intervenção direta de Deus em todas as coisas, tem uma oração para cada necessidade, vê o dedo de Deus no êxito de um bom negócio, até na vitória sobre um adversário. Aí há risco de se perder a confiança quando se adverte que... os planos de Deus seguem outra direção. Depois, a atitude de quem crê em Deus, porém, o sente de tal maneira distante que não se atreve a incomodá-lo para que se interesse por nossas pequeninas coisas; por isso, não compreende o porquê da oração. Deus não é mágico a nosso serviço. Quer que o homem seja o continuador de sua obra criadora. Mas suas relações conosco, em Cristo, são “pessoais”, e a oração o torna extraordinariamente próximo.


ORAÇÃO INICIAL 

• Oh Deus, que por meio da humilhação de teu Filho levantaste a humanidade caída; concede a teus fiéis a verdadeira alegria, para que, quem for libertado da escravidão do pecado, alcance também a felicidade eterna. Por Nosso Senhor...



REFLEXÃO

Mateus 9,32-38

• Hoje o evangelho apresenta dois fatos: (a)-a cura de um endemoninhado mudo (Mt 9,32-34) e (b)-um resumo das atividades de Jesus (Mt 9,35-38). Estes dois episódios marcam a narrativa dos capítulos 8 e 9 do evangelho de Mateus, em que o evangelista procura mostrar como Jesus praticava os ensinamentos dados no Sermão da Montanha (Mt 5 a 7). No capitulo 10, cuja meditação começa no evangelho de amanhã, veremos o segundo grande discurso de Jesus: O Sermão da Missão (Mt 10,1-42).
• Mateus 9,32-33ª: A CURA DE UM MUDO. Em um único versículo, Mateus nos diz que um endemoninhado mudo foi apresentado diante de Jesus, e que Jesus expulsa o demônio e o mudo começa de nova a falar. O que impressiona na atitude de Jesus, aqui e em todos os quatro evangelhos, é o cuidado e o carinho com as pessoas enfermas. As enfermidades eram muitas, e não existia seguridade social. As enfermidades não eram só corporais: mudez, paralisia, lepra, cegueira e muitos outros males. No fundo, estes males era apenas uma manifestação de um mal muito mais amplo e muito mais profundo que arruinava a saúde e das pessoas, a saber, o abandono total e o estado deprimente e não humano em que se via obrigada a viver. As atividades e as curas de Jesus se dirigiam não só contra as deficiências corporais, mas também e, sobretudo, contra esse mal maior do abandono material e espiritual em que as pessoas se viam obrigadas a passar os poucos anos de sua vida. Pois, além disso, a exploração econômica que roubava a metade da renda familiar, a religião oficial da época, em vez de ajudar as pessoas a encontrar em Deus a força e a ter esperança, ensinava que as enfermidades era um castigo de Deus pelo pecado. Aumentava nas pessoas o sentimento de exclusão e de condenação. Jesus fazia o contrário. A acolhida plena de ternura e a cura dos enfermos era parte do esforço mais amplo para refazer a relação humana entre as pessoas e restabelecer a convivência comunitária nos povoados e nas aldeias de sua terra, Galiléia. 
• Mateus 9,33-34: A DUPLA INTERPRETAÇÃO DA CURA DO MUDO. Diante da cura do endemoninhado mudo, a reação das pessoas é de admiração e gratidão: “Nunca se viu coisa semelhante em Israel!”. A reação dos fariseus é de desconfiança e de malícia: “Pelo príncipe dos demônios expulsa aos demônios”. Não podendo negar os fatos que produzem a admiração nas pessoas, a única maneia que os fariseus têm para neutralizar a influência de Jesus diante das pessoas é atribuir a expulsão ao poder do maligno. Marcos trás uma longa argumentação de Jesus para colocar de manifesto a malícia e a falta de coerência da interpretação dos fariseus. Mateus não trás nenhuma resposta de Jesus à interpretação dos fariseus, pois, quando a malícia é evidente, a verdade brilha por si mesma.
• Mateus 9,35: INCANSÁVEL, JESUS PERCORRE OS POVOADOS. É bonita a descrição da atividade incansável de Jesus, na qual se manifesta a dupla preocupação que aludimos: a acolhida plena de ternura e a cura dos enfermos: “Jesus percorria todas as cidades e povoados ensinando nas sinagogas, propagando a Boa Nova do Reino, e curando todo tipo de doença e enfermidade”. Nos capítulos anteriores, Mateus já havia mencionado esta atividade ambulante de Jesus pelos povoados da Galiléia.
• Mateus 9,36: A COMPAIXÃODE JESUS. “E ao ver a multidão, sentiu compaixão por ela porque estavam humilhados e abatidos, como ovelhas sem pastor”. Os que deviam ser os pastores não eram pastores, não cuidavam do rebanho. Jesus procura ser o pastor. Mateus vê aqui a realização da profecia do Servo de Yahvé “Porém, Ele suportava nossos sofrimentos e carregava nossas dores” (Mt 8,17 e Is 53,4). Como Jesus, a grande preocupação do Servo era “encontrar uma palavra de consolo para quem estava desanimado” (Is 50,4). A mesma compaixão para com o povo abandonado, Jesus a mostrou na ocasião da multiplicação dos pães: são como ovelhas sem pastor (Mt 15,32). O evangelho de Mateus tem uma preocupação constante em revelar aos judeus convertidos das comunidades da Galiléia e da Síria que Jesus é o Messias anunciado pelos profetas. Por isto, frequentemente, mostra como nas atividades de Jesus se realizam as profecias (cf. Mt 1,23; 2,5.15.17.23; 3,3; 4,14-16; etc.).
• Mateus 9,37-38: A MESSE É GRANDE E OS TRABALHADORES SÃO POUCOS. Jesus transmite aos discípulos a preocupação e a compaixão que o animam por dentro: “A messe é grande e os trabalhadores são poucos. Rogai, pois, ao dono da messe que envie trabalhadores a sua messe”. 





PARA REFLEXÃO PESSOAL

Compaixão diante da multidão cansada e faminta. Na história da humanidade, nunca houve tanta gente cansada e faminta como agora. A TV divulga os fatos, porém, não oferece resposta. Os cristãos têm essa mesma compaixão de Jesus e sabem irradiá-las aos demais?
• A bondade de Jesus para com os pobres molestava os fariseus. Eles recorrem à malicia para desfazer e neutralizar o mal estar causado por Jesus. Existem muitas atitudes boas nas pessoas que me incomodam? Como as interpreto: com admiração agradecida como as pessoas ou com malicia como os fariseus?



ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 16-“17”)
• Hoje terei um gesto de amor e caridade com alguém que resiste a fé e o farei com a consciência de que é uma semente de eternidade para ele e para os seus.




segunda-feira, 8 de julho de 2013

Lectio Divina - 08/07/13

SEGUNDA-FEIRA -08/07/2013

PRIMEIRA LEITURA: Gênesis 28,10-22ª


• A visão da escada que une a terá ao céu confirma a extraordinária escolhe de Jacó por parte de Deus, para o prosseguimento de seu plano de amor no meio dos homens. O plano é dado a conhecer a Jacó, para que se compenetre de que tem uma missão a cumprir da parte de Deus e com ela conforme sua vida. Na medida em que forem dóceis, os homens farão grandes coisas em seu nome. Mistério de nossa vocação a fé. Deus quer nos convençamos de que o nosso batismo é o sinal desta vocação. Mas que desígnio ele tem sobre nós? Os acontecimentos de nossa vida, a situação em que nos encontramos, as pessoas com quem estamos em contato, tudo pode tornar-se para nós revelação do plano de Deus. Trata-se de nos tornarmos disponíveis à ação que Deus pretende exercer por nosso intermédio.






ORAÇÃO INICIAL 

• Oh Deus, que por meio da humilhação de teu Filho levantaste a humanidade caída; concede a teus fiéis a verdadeira alegria, para que, quem for libertado da escravidão do pecado, alcance também a felicidade eterna. Por Nosso Senhor...




REFLEXÃO

Mateus 9,18-26

• O evangelho de hoje nos leva a mediar dois milagres de Jesus a favor de duas mulheres. O primeiro foi a favor de uma mulher considerada impura por uma hemorragia irregular, que padecia desde os doze anos. O outro, a favor de uma menina que acabava de falecer. Segundo a mentalidade da época, qualquer pessoa que tocasse o sangue ou um cadáver era considerada impura e quem o tocasse, ficava impuro. Sangue e morte eram fatores de exclusão! Por isto, essas duas mulheres eram pessoas marginalizadas, excluídas da participação em comunidade. Quem as tocasse, ficaria impuro, impedido de participar na comunidade e não podia relacionar-se com Deus. Para poder ser readmitida na plena participação comunitária, a pessoa tinha que passar pelo rito de purificação, prescrito pelas normas da lei. Curando através da fé a impureza daquela senhora, Jesus abriu um caminho novo para Deus, um caminho que não dependia dos ritos de purificação, controlados pelos sacerdotes. Ao ressuscitar a menina, venceu o poder da morte e abriu um novo horizonte para a vida.
• Mateus 9,18-19: A MORTE DA MENINA. Enquanto Jesus estava falando, um chefe do lugar veio interceder pela sua filha que acabara de morrer. Ele pede a Jesus que impusesse suas mãos na menina, “e ela viverá”. O chefe acredita que Jesus tem o poder de devolver a vida à sua filha. Sinal de muita fé em Jesus, por parte do pai da menina. Jesus se levanta e vai com ele, levando consigo os que o seguem: a cura da mulher com doze anos de hemorragia e a ressurreição da menina. O evangelho de Marcos apresenta os mesmos episódios, porém, com muitos detalhes: o chefe se chamava Jairo, e era um dos chefes da sinagoga. A menina não estava morta, todavia, doze anos, etc. (Mc 5,21-43). Mateus abreviou a narração tão viva de Marcos. 
• Mateus 9.20-21: A SITUAÇÃO DA MULHER. Durante a caminhada para a casa do chefe, uma mulher que sofria desde o doze anos de uma hemorragia irregular, se aproxima de Jesus em busca de cura. Doze anos de hemorragia! Por isto vivia excluída, pois, como dissemos naquele tempo o sangue tornava impura a pessoa. Marcos informa que a mulher havia gasto todo seu patrimônio com os médicos e, em vez de melhorar, estar pior (Mc 5,25-26). Havia ouvido falar de Jesus. Por isto, nasceu nela uma nova esperança. Dizia: “Com o só tocar em seu manto me salvarei”. O catecismo da época mandava dizer: “Se toco sua roupa, fico impuro!”. A mulher pensava exatamente o contrário. Sinal de muita coragem. Sinal de que as mulheres não estavam de acordo com tudo o que as autoridades religiosas ensinavam. O ensinamento dos fariseus e dos escribas não conseguiu controlar o pensamento das pessoas! Graças a Deus! A mulher se aproximou de Jesus por trás, tocou seu manto, e ficou curada. 
• Mateus 9,22: A PALAVRA ILUMINADORA DE JESUS. Jesus se volta e, vendo a mulher, declara: “Coragem, filha! Tua fé te salvou”. Frase breve, porém, deixa transparecer três pontos muito importantes: (a)-Ao dizer “Filha”, Jesus acolhe a mulher na nova comunidade, que se formava ao seu redor. Ela deixa de ser uma excluída. (b)-Acontece de fato aquilo que ela esperava e acreditava. Fica curada. Isto mostra que o catecismo das autoridades religiosas não era correto e que em Jesus se abria um novo caminho para que as pessoas pudessem obter a pureza exigida pela lei e entrar em contato com Deus. (c)-Jesus reconhece que, sem a fé daquela mulher, Ele não poderia ter feito o milagre. A cura não foi um rito mágico, mas sim, um ato de fé.
• Mateus 9,23-24: NA CASA DO CHEFE. Em seguida, Jesus vai para a casa do chefe. Vendo o alvoroço dos que choravam pela morte da menina, Jesus manda que todo mundo saia da casa e disse: “A menina não está morta. Está dormindo!”. As pessoas riem, porque sabem distinguir quando uma pessoa está dormindo ou quando está morta. Para as pessoas, a morte era uma barreira que ninguém podia superar. É o riso de Abraão e de Sara, isto é, dos que não conseguiram acreditar que nada é impossível para Deus (Gn 17,17;18,12-14; Lc 1,37). As palavras de Jesus têm um significado mais profundo ainda. A situação das comunidades do tempo de Mateus parecia uma situação de morte. Elas também tinham que ouvir: “Não é morte! Vocês estão dormindo! Despertem!”.
• Mateus 9,25-26: A RESSURREIÇÃO DA MENINA. Jesus não deu importância para o riso do povo. Esperou que todos estivessem fora da casa. Entrou, tomou a menina pela mão e se levantou. Marcos conserva as palavras de Jesus: “Talita kumi!”, o que quer dizer: Menina levante-se!”(Mc 5,41). A noticia se espalhou por toda aquela região. E as pessoas acreditaram que Jesus é o Senhor da vida que vence a morte.





PARA REFLEXÃO PESSOAL

Hoje, quais são as categorias de pessoas que se sentem excluídas da participação na comunidade cristã? Quais são os fatores que hoje causam a exclusão de tantas pessoas e dificultam a vida tanto em família como na sociedade?
• A menina não está morta. Esta dormindo! O que isso me diz? Sou daqueles que riem?




ORAÇÃO FINAL 

(SALMO- 90-“91”)
• Dedicarei ao menos uma ação concreta para mostrar meu amor de irmão àqueles que sofrem ou têm necessidade de ser aceitos e respeitados.





sexta-feira, 5 de julho de 2013

Lectio Divina - 05/07/13

SEXTA-FEIRA -05/07/2013


PRIMEIRA LEITURA: Gênesis 23,1-4.9;24,1-8.62-67

• O objetivo do Escritor Sagrado, nesta passagem, é o de mostrar-nos de que maneira Deus vai realizando a promessa da possessão da terra, a qual inicia com a aquisição de um sepulcro, é preciso centrar nossa atenção no fato de como Deus consola seu povo, sobretudo, àqueles que perderam um ser querido. O relato nos diz que com a chegada de Rebeca, Deus consolou Isaac da morte de sua mão Sara. É que Deus, como nos revelou Jesus, é, antes de tudo, um Pai bondoso que nunca deixa de atender as necessidades de seus filhos, e procura por todos os meios fazer-lhe felizes. A morte é o fato natural da existência humana pela qual o homem entra em posse total da terra prometida, mas, ao mesmo tempo um acontecimento que deixa profundo vazio naqueles que amaram a pessoa. Por isso, Deus nos consola quando algum de nossos familiares se une a Ele mediante a morte. Esta consolação, ainda que seja divina se realiza no mais profundo de nosso coração, requer, como no caso de Isaac, a participação humana. É aí onde nós, a comunidade cristã, jogamos um papel muito importante. Nossa presença, nossas atenções, nosso carinho são parte da consolação que Deus dá às pessoas que sentem a ausência do ser querido. Que nossa participação nos funerais não seja um vazio: “o sinto muito” ou “minhas condolências”; que antes de tudo seja uma mostra de carinho e solidariedade, orando por eles e acompanhando-os com as melhores mostras de nosso amor por eles.



ORAÇÃO INICIAL 


• Pai de bondade, que pela graça da adoção nos fez filhos da luz; concede-nos viver fora das trevas do erro e permanecer sempre no esplendor da verdade. Por Nosso Senhor...



REFLEXÃO

Mateus 9,9-13


• Mateus 9,9: O CHAMADO PARA SEGUIR JESUS: As primeiras pessoas chamadas para seguir Jesus foram quatro pescadores, todos judeus (Mt 4,18-22). Agora Jesus chama um publicano, considerado pecador e tratado como impuro pelas comunidades mais observantes dos fariseus. Nos demais evangelhos, este publicano chama-se Levi. Aqui seu nome é Mateus, que significa “dom de Deus” ou dado “por Deus”. As comunidades, em vez de excluir o publicano como impuro, devem considerá-lo como um “Dom de Deus” para a comunidade, pois, sua presença, faz com que a comunidade mude sinal de salvação para todos! Como os primeiros quatro chamados, assim também o publicano Mateus deixa tudo o que tem e segue Jesus. O seguimento de Jesus exige ruptura. Mateus deixa seu escritório de impostos, sua fonte de renda, e segue Jesus. 
• Mateus 9,10: JESUS SENTA-SE NA MESA COM OS PECADORES E OS PUBLICANOS. Naquele tempo, os judeus viviam separados dos pagãos e dos pecadores e não comiam com eles na mesma mesa. Os judeus cristãos tinham que romper este isolamento e criar comunhão com os pagãos e impuros. Foi isto que Jesus ensinou no Sermão da Montanha, como expressão do amor universal de Deus Pai (Mt 5,44-48). A missão das comunidades era oferecer um lugar aos que não tinham lugar. Em algumas comunidades, as pessoas vindas do paganismo, ainda sendo cristãs, não era aceita na mesma mesa (cf. At 10,28;11,3; Gl 2,12). O texto do evangelho de hoje indica como Jesus comia com publicanos e pecadores na mesma casa e na mesma mesa.
• Mateus 9,11: A PERGUNTA DOS FARISEUS. Aos judeus era proibido sentar-se na mesa com publicanos e pagãos, porém, Jesus não presta atenção a isto, pelo contrário, confraterniza-se com eles. Os fariseus, vendo a atitude de Jesus, perguntam aos discípulos: “Por que é que vosso mestre come com os arrecadadores de impostos e com os pecadores?”. Esta pergunta pode ser interpretada como expressão do desejo destes, que querem saber por que Jesus age assim. Outros interpretam a pergunta como uma crítica dos comportamentos de Jesus, pois, durante mais de quinhentos anos, desde o tempo do cativeiro na Babilônia até a época de Jesus, os judeus haviam observado as leis de pureza. Esta observância secular se tornou para eles um forte sinal de identidade. Ao mesmo tempo, era fator de sua separação no meio dos outros povos. Assim, por causa das leis de pureza, não podiam nem conseguiam sentar-se na mesa para comer com os pagãos. Comer com os pagãos significava tornar-se impuro. Os preceitos de pureza eram rigorosamente observados, tanto na Palestina com nas comunidades judaicas da Diáspora. Na época de Jesus, havia mais de quinhentos preceitos para guardar a pureza. Nos anos setenta, época em que Mateus escreve, este conflito era muito atual.
• Mateus 9,12-13: EU QUERO MISERICÓRDIA E NÃO SACRIFÍCIOS. Jesus ouve a pergunta dos fariseus aos discípulos e responde com dos esclarecimentos. O primeiro é tirado do senso comum: “Não necessitam de médico os que estão fortes, mas sim, os que estão mal”. O outro é tirado da Bíblia: “Aprendam, pois, o que significa: Quero Misericórdia, e não sacrifício”. Por meio destes esclarecimentos Jesus explicita e esclarece sua missão junto às pessoas: “Não vim chamar aos justos, mas sim, aos pecadores”. Jesus nega a critica dos fariseus, e não aceita seus argumentos, pois, nasciam de uma falsa idéia da Lei de Deus. O mesmo invoca a Bíblia: “Quero misericórdia e não sacrifício!”. Para Jesus a misericórdia é mais importante que a pureza legal. Apela à tradição profética para dizer que para Deus a misericórdia vale mais que todos os sacrifícios (Os 6,6;Is 1,10-17). Deus tem índole de misericórdia, que se comovem diante das faltas de seu povo (Os 11,8-9).





PARA REFLEXÃO PESSOAL

Hoje, em nossa sociedade, quem é que é marginalizado e quem é excluído? Por que? Em nossa comunidade temos idéias preconcebidas? Quais? Qual é o desafio que as palavras de Jesus apresentam a nossa comunidade, hoje?
• Jesus ordena ao povo que leia e que entenda o Antigo Testamento que diz: “Quero misericórdia e não sacrifícios”. O que é que Jesus quer dizer com isto, hoje?



ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 119,2-3)
• Hoje dedicarei alguns momentos para levar consolo a quem tenha algum problema ou dificuldade.



quinta-feira, 4 de julho de 2013

Lectio Divina - 04/07/13

QUINTA-FEIRA -04/07/2013


PRIMEIRA LEITURA: Gênesis 22,1-19 


• É fácil dizer que se é cristãos e que amamos Deus quando tudo em nossa vida caminha perfeitamente, quando desfrutamos de todas as suas bênçãos, quando existem pão e saúde suficiente em nossa vida e em nossas casas, quando não dá trabalho bendizer e dar glória Àquele que de tudo nos tem provido. Por isso, de vez em quando, Deus nos pergunta: Ama-me verdadeiramente? Amar-me-ia ainda que não tivesse o que agora tens? Seria capaz de entregar-me – SEM RESERVAS – o que mais quer na vida? (pensemos no que mais queremos na vida). A resposta definirá com exatidão até onde amamos verdadeiramente o Senhor. Para Abraão pediu seu próprio filho, o único, aquele que Ele próprio lhe havia dado, e Abraão não o negou. Em seu coração o entregou com tudo o que isto significava para ele. Para Abraão não havia nada maior e fundamental que obedecer a Deus, ainda quando sua vontade tocara o mais amado para ele. Abraão provou a Deus que o amava. Você também estaria disposto, se Deus pedisse, provar-lhe o quanto o amas?






ORAÇÃO INICIAL 


• Pai de bondade, que pela graça da adoção nos fez filhos da luz; concede-nos viver fora das trevas do erro e permanecer sempre no esplendor da verdade. Por Nosso Senhor...



REFLEXÃO

Mateus 9,1-8

• A AUTORIDADE EXTRAORDINÁRIA DE JESUS. Jesus aparece diante do leitor como pessoa investida de uma extraordinária autoridade mediante a palavra e o sinal (Mt 9,6.8). A palavra autoritária de Jesus ataca o mal em sua raiz: no caso do paralítico ataca o pecado que corrói o homem em sua liberdade e bloqueia suas forças vivas: “Teus pecados são perdoados”; “Levanta-te, toma tua cama e vai para casa”. Em verdade, todas as paralisias do coração e da mente com as quais alguém é encarcerado, a autoridade de Jesus as anula, pelo fato de encontrar-se com Ele na vida terrena. A palavra autoritária e eficaz de Jesus desperta à humanidade paralisada e lhe dá o dom de caminhar com uma fé renovada. 
• O ENCONTRO COM O PARALÍTICO. Jesus, depois da tempestade e de uma visita ao país dos gadarenos, volta para Cafarnaum, sua cidade. Durante o regresso tem lugar o encontro com o paralítico. A cura não se realiza em uma casa, mas sim, ao longo do caminho. Assim, pois, durante o caminho que conduz a Cafarnaum o levaram um paralítico e Jesus se dirige a ele chamando-o de “filho”, um gesto de atenção que logo se converterá em um gesto salvífico: “teus pecados são perdoados”. O perdão dos pecados que Jesus invoca sobre o paralítico de parte de Deus alude a união entre enfermidade, culpa e pecado. É a primeira vez que o evangelista atribui a Jesus de maneira explicita este particular poder divino. Para os judeus, a enfermidade no homem era considerada um castigo pelos pecados cometidos; o mal físico, a enfermidade, sempre eram sinal e conseqüência do mau moral dos pais (Jo 9,2). Jesus restitui ao homem sua condição de salvação ao libertá-lo tanto da enfermidade como do pecado.
• Para alguns dos presentes, como os escribas, as palavras de Jesus anunciando o perdão dos pecados são uma verdadeira blasfêmia. Para eles Jesus é um arrogante, já que só Deus pode perdoar. Este juízo sobre Jesus não era manifestado abertamente, mas, murmurado entre eles. Jesus, que escruta seus corações, conhece suas considerações reprova sua incredulidade. A expressão de Jesus “para que saibais que o Filho do homem tem poder de perdoar os pecados...” indica que não só Deus pode perdoar, mas, que Jesus, também pode perdoar um homem.
• Diferente dos escribas, a multidão se enche de assombro e glorifica Deus diante da cura do paralítico. As pessoas estão impressionadas pelo poder de perdoar os pecados manifestados na cura, e se alegram porque Deus concedeu tal poder ao Filho do Homem. É possível atribuir isto a comunidade eclesial onde se concedia o perdão dos pecados pelo mandato de Jesus? Mateus coloca este episódio sobre o perdão dos pecados com a intenção de aplica-lo às relações fraternas dentro da comunidade eclesial. Nela já se tinha a prática de perdoar os pecados por delegação de Jesus; esta era uma prática que a sinagoga não compartilhava. O tema do perdão dos pecados aparece de nova em Mt 18 e no final do evangelho se afirma que isso tem suas raízes na morte de Jesus na cruz. Porém, em nosso contexto o perdão dos pecados aparece unido à exigência da misericórdia como se faz presente no seguinte episódio, a vocação de Mateus: “...quero misericórdia, e não sacrifício. Porque na vem chamar os justos, mas sim aos pecadores” (Mt 9,13). Estas palavras de Jesus pretendem dizer que Ele tornou visível o perdão de Deus, sobretudo, em suas relações com os publicanos e pecadores, ao sentar-se com eles na mesa.
• Este relato que retoma o problema do pecado e reclama a conexão com a miséria do homem, é uma prática do perdão que se tem que oferecer, porém, é, sobretudo, uma história que deve ocupar um espaço privilegiado na pregação de nossas comunidades eclesiais.





PARA REFLEXÃO PESSOAL

Na sociedade de hoje, as divergências e tensões de raça, classe, religião, gênero e cultura são enormes e crescem a cada dia. Como realizar hoje a missão de reconciliação? 
• Em tua família e em tua comunidade, existe algum “grão de mostarda” que aponta para uma sociedade reconciliadora?




ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 117)
• Sabendo que um dia no céu poderemos abraçar a cada membro da Família celestial; hoje abraçarei as pessoas possíveis, sendo consciente de que eles também são parte ou podem ser integrantes desta.




quarta-feira, 3 de julho de 2013

Lectio Divina - 03/07/13


QUARTA-FEIRA -03/07/2013

PRIMEIRA LEITURA: Efesios 2,19-22

• Ao celebrar a festa de São Tomé Apóstolo, a liturgia nos convida a fazer um ato de fé na condução e na evangelização que Jesus realiza na sua igreja mediante os bispos, sucessores dos apóstolos. É por meio deles, como nos diz hoje o texto de Paulo, que toda a Igreja vai se integrando para formar uma construção sólida. Jesus quis deixar os bispos como um instrumento, através do qual, Ele próprio continua, pela ação do Espírito Santo, conduzindo e instruindo o Povo de Deus. Esta comunhão com nossos bispos é que assegura que nos tornemos verdadeiramente parte da família de Deus. Oremos, pois, por eles para que nunca lhes falte a fé e a esperança e, para que, sendo os que não viram acreditaram, continuem animando o povo que lhes foi confiado a perseverar na fé e crescer na caridade. 


ORAÇÃO INICIAL 


• Pai de bondade, que pela graça da adoção nos fez filhos da luz; concede-nos viver fora das trevas do erro e permanecer sempre no esplendor da verdade. Por Nosso Senhor...


REFLEXÃO

João 20,24-29

• Hoje é a festa de São Tomé, o evangelho nos apresenta o encontro de Jesus ressuscitado com o apóstolo Tomé, que queria ver para poder crer. Por isto muitos chamam Tomé, o incrédulo. Na realidade, a mensagem deste evangelho é bem diferente. É muito mais profundo e atual.
• João 20,24-25: A DÚVIDA DE TOMÉ. Tomé, um dos doze, não estava presente quando Jesus aparece aos discípulos na semana anterior. Tomé não acredita no testemunho dos demais que diziam: “Vimos o Senhor!”. Coloca condições: “Se eu não ver em suas mãos o sinal dos cravos e não colocar os dedos nos furos dos cravos e não colocar minha mão em seu costado, não acreditarei!”. Tomé é exigente. Quer ver para crer. Não quer um milagre para poder crer. Não! Quer ver os sinais nas mãos, nos pés e no costado. Não acredita em um Jesus glorioso, desligado do Jesus humano que sofre na cruz. Quando João escreve, no final do século primeiro, havia pessoas que não aceitavam a vinda do Filho de Deus na carne (2Jo 7,1Jo 4,2-3). Eram os gnósticos que desprezavam a matéria e o corpo. E para criticar os gnósticos, o evangelho de João fala da preocupação de Tomé que quer “ver para crer”. A dúvida de Tomé deixa transparecer também o difícil que era acreditar na ressurreição.
• João 20,26-27: NÃO SEJAS INCRÉDULO, MAS ACREDITE. O texto diz “seis dias depois”. Isto significa que Tomé foi capaz de sustentar sua opinião durante uma semana inteira, contra o testemunho dos outros apóstolos. Vã teimosia! Graças a Deus, para nós! E assim, seis dias depois, durante a reunião da comunidade, eles tiveram de novo uma profunda experiência da presença de Jesus ressuscitado no meio deles. As portas fechadas não puderam impedir que Ele estivesse no meio dos que acreditavam Nele. Hoje acontece o mesmo. Quando estamos reunidos, ainda que tenhamos as portas fechadas, Jesus está no meio de nós. E até hoje, a primeira palavra de Jesus, é e sempre será: “A Paz esteja convosco!”. O que chama a atenção é a bondade de Jesus. Não critica, nem julga a incredulidade de Tomé, mas, aceita a provocação e diz: “Tomé, vem, coloque teu dedo em minhas feridas!”. Jesus confirma a convicção de Tomé e das comunidades, a saber: o ressuscitado glorioso é o crucificado torturado! Jesus que está na comunidade, não é um Jesus glorioso que não tem nada em comum com nossa vida de gente normal. É o mesmo Jesus que viveu nesta terra e que tem no corpo os sinais de sua paixão. Os sinais de sua paixão estão hoje no sofrimento das pessoas, na fome, nos sinais de tortura, de injustiça. E nas pessoas que reagem, que lutam pela vida e não se deixam abater, Jesus ressuscita e se faz presente no meio de nós. E Tomé acredita neste Cristo, e nós também!
• João 20,28-29: FELIZES OS QUE NÃO VIRAM E ACREDITARAM. Como ele, dizemos: “Meu Senhor e meu Deus!”. Esta entrega de Tomé é a atitude ideal da fé. E Jesus completa, com a mensagem final: “Acreditou porque me viste. Felizes os que não viram e acreditaram!”. Com esta frase, Jesus declara felizes todos os que estão nesta condição: sem haver visto, acreditaram que Jesus esta no meio de nós, é o mesmo Jesus que morreu crucificado!
• O ENVIO: “Como o Pai me enviou, eu também os envio!”. Deste Jesus, crucificado e ressuscitado, recebemos a missão, a mesma que Ele recebeu de seu Pai (Jo 20,21). Aqui, na segunda aparição, Jesus repete: “A paz esteja convosco”. Esta repetição acentua a importância da Paz. Construir a paz é parte da missão. Paz, significa muito mais que a ausência de guerra. Significa construir uma convivência humana harmoniosa, na qual as pessoas possam ser elas mesmas, tendo tudo o que é necessário para viver, convivendo felizes e em paz. Foi esta a missão de Jesus, e é também nossa missão. Jesus sofreu e disse: “Recebei o Espírito Santo” (Jo 20,22). Somente com a ajuda do Espírito de Jesus, seremos capazes de realizar a missão que Ele nos deu. Em seguida, Jesus comunicou o poder de perdoar os pecados: “A quem perdoais os pecados, ficam perdoados, a quem o retiver, ficarão retidos”. O ponto central da missão de paz está na reconciliação, na tentativa de superar as barreiras que nos separam. Este poder de reconciliar e de perdoar é dado à comunidade (Jo 20,23;Mt 18,18). No evangelho de Mateus é dado também a Pedro (Mt 16,19). Aqui se percebe que uma comunidade sem perdão nem reconciliação não é uma comunidade cristã. Dito com uma palavra, nossa missão é criar comunidade a exemplo da comunidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo.



PARA REFLEXÃO PESSOAL

Na sociedade de hoje, as divergências e tensões de raça, classe, religião, gênero e cultura são enormes e crescem a cada dia. Como realizar hoje a missão de reconciliação? 
• Em tua família e em tua comunidade, existe algum “grão de mostarda” que aponta para uma sociedade reconciliadora?


ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 117)
• Sabendo que um dia no céu poderemos abraçar a cada membro da Família celestial; hoje abraçarei as pessoas possíveis, sendo consciente de que eles também são parte ou podem ser integrantes desta.




terça-feira, 2 de julho de 2013

Lectio Divina - 02/07/13

TERÇA-FEIRA -02/07/2013


PRIMEIRA LEITURA :Gênesis 19,15-29

• O autor nos coloca em evidência que Deus sempre está pendente dos seus, daqueles que Deus ama, entretanto, Deus não faz acepção de pessoas, isto é, Deus não prefere uns para rejeitar outros, mas, Deus em todo momento tem interesse e preocupação pelo ser humano. O texto sagrado faz ênfase no cuidado que Deus tem para tratar o homem. Lot propõe a condição em que se sente seguro, pois, tem medo de ir às montanhas, assim que pede ao anjo que o conceda ir a uma cidade próxima para poder se colocar a salvo. Diante deste pedido, o anjo do Senhor concorda, pois, o importante é a salvação e a segurança de Lot. Mesmo assim, a salvação é um dom que Deus oferece à todos aqueles que rodeiam o sujeito da salvação, isto é, Deus não só olha pela salvação de Lot, mas, de sua mulher e filhas, porque Deus olha com amor e compaixão a seus eleitos (todos fomos eleitos por Deus para viver primeiro aqui na terra e depois com Ele no céu). Por uns poucos, Deus realiza a salvação para todos quantos lhes rodeiam, tal como acontecerá com seu Filho Jesus, quem com sua morte, dará a salvação a todos os homens que estão em torno seu. Neste caso, somos todos aqueles em torno de Jesus nos fazemos sujeitos da salvação. Se Deus concedeu a salvação de Lot por atenção a Abraão, o que não fará por todos os seres humanos em atenção a seu próprio Filho e aos méritos deste conseguidos por sua paixão, morte e ressurreição? 


ORAÇÃO INICIAL 

• Pai de bondade, que pela graça da adoção nos fez filhos da luz; concede-nos viver fora das trevas do erro e permanecer sempre no esplendor da verdade. Por Nosso Senhor...


REFLEXÃO

Mateus 8,23-27

• Mateus escreve para as comunidades de judeus convertidos dos anos 70 que se sentiam como um barco no mar revolto da vida, sem muita esperança de poder alcançar o porto desejado. Jesus parece que dorme no barco, porque eles não viam nenhum poder divino que os salvasse da perseguição. Mateus lembra diversos episódios da vida de Jesus para ajudar as comunidades a descobrir, no meio da aparente ausência, a acolhedora e poderosa presença de Jesus vencedor, que domina o mar, que vence e expulsa o poder do mal e que tem poder de perdoar os pecados. Com outras palavras, Mateus quer comunicar a esperança e sugerir que as comunidades não devem temer nada. Este é o motivo do relato da tormenta acalmada do evangelho de hoje. 
• Mateus 8,23: O ponto de partida: entrar no barco. Mateus segue o evangelho de Marcos, porém, o encurta e o inclui no novo esquema que ele adotou. Em Marcos, o dia foi pesado por muito trabalho. Uma vez terminado o discurso das parábolas, os discípulos levam Jesus ao barco e, de tão cansado que está Jesus dorme em cima de um travesseiro. O texto de Mateus é muito mais breve. Somente diz que Jesus entra no barco, e os discípulos o acompanham. Jesus é o Mestre, os discípulos seguem o mestre.
• Mateus 8,24-25: A situação é desesperadora: “Estamos a ponto de perecer!”. O lago da Galiléia está próximo de altas montanhas. Às vezes, pelos resquícios das rochas, o vento sopra forte sobre o lago produzindo repentinas tormentas. Vento forte, mar agitado, barco cheio de água. Os discípulos eram pescadores experimentados. Se eles pensam que estão a ponto de afundar, quer dizer que a situação é perigosa. Porém, Jesus não parece dar-se conta, e continua dormindo. Eles gritam: “Senhor salve-nos! Que estamos perecendo!”. Em Mateus, o sono profundo de Jesus não é só sinal de cansaço, é também expressão de confiança tranqüila de Jesus em Deus. O contraste entre a atitude de Jesus e dos discípulos é grande!
• Mateus 8,26: A reação de Jesus: “Por que têm medo?” Jesus acorda, não pelas ondas, mas, pelos gritos desesperados dos discípulos. Dirige-se a eles e diz: “Por que é que têm medo? Homens de pouca fé!”. Logo, Ele se levanta, ameaça os ventos e o mar, e tudo fica calmo. A impressão que se têm é que não era necessário aplacar o mar, pois, não havia nenhum perigo. É como quando alguém chega a casa de um amigo, e um cachorro, ao lado do dono da casa, começa a latir para o visitante. Porém, não é preciso ter medo, porque o dono está presente e controla a situação. O episódio da tormenta acalmada evoca o êxodo, quando a multidão, sem medo, atravessou as águas do mar. Jesus refaz o êxodo. Evoca o profeta Isaias, que dizia ao povo: “Quando atravessares as águas, eu estarei contigo!”. Por fim, o episódio da tormenta acalmada evoca a profecia anunciada no Salmo 107,23-30. 
• Mateus 8,27: O medo dos discípulos: “Quem é este homem?” Jesus perguntou: “Por que é têm medo?”. Os discípulos não sabem o que responder. Admirados, se perguntam: “Quem é este, a quem até os ventos e o mar obedecem?”. Apesar de haver vivido tanto tempo com Jesus, não sabem, ainda, quem é Ele. Jesus continua sendo um estranho para eles! Quem é este? 
• Quem é este? Quem é Jesus para nós, para mim? Esta deve ser a pergunta que nos leva a continuar a leitura do Evangelho, todos os dias, com o desejo de conhecer mais e mais o significado e o alcance da pessoa de Jesus em nossa vida. Desta pergunta nasce a Cristologia. Não nasceu de altas considerações teológicas, mas sim, do desejo que os primeiros cristãos tinham de encontrar sempre novos nomes e títulos para expressar o que Jesus significava para eles. São dezenas e dezenas de nomes, de títulos e de atributos, desde carpinteiro até filho de Deus, que Jesus recebe: Messias, Cristo, Senhor, Filho amado, Santo de Deus, Nazareno, Filho do Homem, Esposo, Filho de Deus, Filho do Altíssimo, Filho de Maria, carpinteiro, Profeta, Mestre, Filho de Davi, Raboni, Bendito o que vem em nome do Senhor, Filho Pastor, Pão da Vida, Ressurreição, Luz do Mundo, Caminho, Verdade, Vida, Rei dos Judeus, Rei de Israel, etc., etc. Cada nome, cada imagem é uma intenção de expressar o que Jesus significava para eles. Porém, um nome, por muito bonito que seja, nunca chega a revelar o mistério de uma pessoa, muito menos da pessoa de Jesus. Jesus não cabe em nenhum destes nomes, em nenhum esquema, em nenhum título. Ele é maior que tudo, supera tudo. Não pode ser marcado. O amor capta a cabeça não! É a partir da experiência viva do amor, que os nomes, os títulos e as imagens recebem seu pleno sentido. Afinal, quem é Jesus para mim, para nós?


PARA REFLEXÃO PESSOAL

Qual era o mar agitado no tempo de Jesus? Qual era o mar agitado na época em que Mateus escreveu seu evangelho? Qual é hoje o mar agitado para nós? Alguma vez, as águas agitadas da vida ameaçaram te afogar? Quem é que te salvou?
• Quem é Jesus para mim? Qual é o nome de Jesus que melhor expressa minha fé e meu amor?


ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 145,4-5)
• Hoje vou fazer oração por meus seres amados e dedicarei alguns minutos para pedir por alguém a quem fará bem um momento de oração em seu favor.



segunda-feira, 1 de julho de 2013

Lectio Divina - 01/07/13


SEGUNDA-FEIRA -01/07/2013

PRIMEIRA LEITURA: Gênesis 18,16-33

• A passagem que acabamos de ler nos mostra, por um lado a infinita misericórdia de Deus que dá a cada um segundo suas obras e não condena ninguém pela culpa do outro; e por outro o poder da intercessão e o valor dos justos diante de Deus. É impressionante que, apesar de que toda a cidade ofendia Deus, Deus estaria disposto a perdoar toda a cidade em atenção a só 10 pessoas justas. Isto nos dá uma idéia do que querem dizer as palavras do apóstolo “Acredite você e acreditará tua casa”, pois, Deus não procura nossa destruição, mas, nossa salvação. Nós como cristãos, poderíamos dizer que somos “centro de irradiação” da salvação e da benção de Deus, para todos os que convivem ou trabalham conosco. É por meio do “pequeno resto de Israel” que Deus salva seu povo. Em tua oração diária pode ser como Abraão e interceder por todos aqueles que, desconhecendo o amor de Deus, vivem de uma maneira desordenada e contrária a sua vontade, e ao mesmo tempo, na medida em que deixes que Deus lhe encha com seu amor, serás, como diz Paulo: “O bom aroma de Cristo em teu meio”.






ORAÇÃO INICIAL 

• Pai de bondade, que pela graça da adoção nos fez filhos da luz; concede-nos viver fora das trevas do erro e permanecer sempre no esplendor da verdade. Por Nosso Senhor...




REFLEXÃO

Mateus 8,18-22

• Desde a 10ª Semana do Tempo Comum até a 12ª Semana, durante três semanas, meditamos os capítulos de 5 a 8 do evangelho de Mateus. Dando seqüência à meditação do capitulo 8, o evangelho hoje apresenta as condições do seguimento de Jesus. Jesus decide ir para a outra margem do lago e uma pessoa lhe pede para seguir-lhe.
• Mateus 8,18: JESUS MANDA PASSAR PARA A OUTRA MARGEM DO LAGO. Jesus havia acolhido e curado a todos os enfermos que as pessoas lhe haviam trazido. Muita gente se juntou ao seu redor. Vendo essa multidão, Jesus decidiu ir para a outra margem do lago. No evangelho de Marcos, de onde Mateus tira grande parte de suas informações, o contexto é diferente. Jesus acabara de fazer o discurso das parábolas (Mc 4,3-34) e disse: “Vamos para o outro lado!” (Mc 4,35), e no barco onde havia feito o discurso, os discípulos o levam para o outro lado. De tão cansado que estava Jesus dormiu na popa sobre uma almofada (Mc 4,38).
• Mateus 8,19: UM DOUTOR DA LEI QUER SEGUIR JESUS. No momento em que Jesus decide atravessar o lago, um doutor da lei se aproxima e diz: “Mestre, te seguirei aonde quer que vá”. Um texto paralelo de Lucas (Lc 9,57-62) trata do mesmo assunto, porém, de uma forma distinta. Segundo Lucas, Jesus havia decidido ir para Jerusalém onde ia ser condenado à morte. Tomando rumo para Jerusalém, entra em território da Samaria (Lc 9,51-53), onde três pessoas pedem para seguir-lhe (Lc 9,57.59.61). Em Mateus, que escreve para os judeus convertidos, a pessoa que quer seguir Jesus é um doutor da Lei. Mateus acentua que é uma autoridade dos judeus que reconhece o valor de Jesus e que pede para ser discípulo. Em Lucas, que escreve para pagãos convertidos, as pessoas que querem seguir Jesus são samaritanos. Lucas acentua uma abertura ecumênica de Jesus que também aceita a não judeus como discípulos.
• Mateus 8,20: A RESPOSTA DE JESUS AO DOUTOR DA LEI. A resposta de Jesus é idêntica tanto em Mateus como em Lucas, e é uma resposta muito exigente que não deixa dúvidas: “As raposas têm tocas, e as aves do céu ninhos; porém, o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça”. Quem quer ser discípulo de Jesus tem que saber o que faz. Tem que examinar as exigências e calcular bem, antes de tomar uma decisão (cf. Lc 14,28-32). “Do mesmo modo, qualquer um de vocês que não renuncia a tudo o que tem, não pode ser meu discípulo” (Lc 14,33).
• Mateus 8,21: UM DISCÍPULO PEDE PARA PODER ENTERRAR SEU PAI QUE TINHA FALECIDO. Alguém que era discípulo pede permissão para poder enterrar seu pai: “Senhor, deixa-me ir primeiro enterrar meu pai”. Com outras palavras, pede a Jesus que deixe a travessia do lago para mais tarde, para depois do enterro. Enterrar aos pais era um dever sagrado dos filhos (cf. Tb 4,3-4).
• Mateus 8,22: A RESPOSTA DE JESUS. De novo, a resposta de Jesus é muito exigente. Jesus não atrasa sua viagem para o outro lado do lago e diz a seu discípulo: “Siga-me, e deixe que os mortos enterrem seus mortos”. Quando Elias chamou Eliseu, deixou que Eliseu voltasse para casa para despedir-se de seus pais (1Reis 19,20). Jesus é muito mais exigente. Para entender todo o alcance da resposta de Jesus convém lembrar que a expressão “Deixa que os mortos sepultem seus mortos” era um provérbio popular usado pelas pessoas para significar que não devemos gastar energia em coisas que não tem futuro e que não tem nada a ver com a vida. Um provérbio assim não pode ser tomado ao pé da letra. Deve se olhar no objetivo com que foi usado. Assim que, aqui em nosso caso, por meio do provérbio, Jesus acentua a exigência radical da vida nova a qual chama as pessoas e que exige abandonar tudo para poder seguir Jesus. Descreve as exigências do “seguimento” de Jesus.
• SEGUIR JESUS. Como os rabinos da época, Jesus reúne discípulos e discípulas. Todos eles “seguem Jesus”. “Seguir” era o termo que se usava para indicar a relação entre o discípulo e o mestre. Para os primeiros cristãos, “Seguir Jesus” significava três coisas muito importantes, entrelaçadas entre si:
• (a)-IMITAR O EXEMPLO DO MESTRE: Jesus era o modelo para se imitar e recriar na vida do discípulo e da discípula (Jo 13,13-15). A convivência diária permitia um confronto constante. Na “escola de Jesus” ensinava-se uma única matéria: o “Reino”, e este Reino, eram reconhecidos, na vida e na prática de Jesus.
• (b)-PARTICIPAR DO DESTINO DO MESTRE: Quem “seguia” Jesus devia comprometer-se com Ele “estar com Ele em suas provas” (Lc 22,28), inclusive nas perseguições (Mt 10,24-25) e na cruz (Lc 14,27). Tinha que estar disposto a morrer com Ele (Jo 11,16).
• (c)-TER A VIDA DE JESUS DENTRO DE SI. Depois da Páscoa, à luz da ressurreição, o seguimento assume esta terceira dimensão: “Vivo, mas não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20). Trata-se da dimensão mística do seguimento, fruto da ação do Espírito. Os cristãos procuram refazer em suas vidas o caminho que Jesus havia percorrido, morrendo em defesa da vida e ressuscitado pelo poder de Deus (Fl 3,10-11).





PARA REFLEXÃO PESSOAL

Ser discípulo, discípula, de Jesus. Seguir Jesus. Como estou vivendo o seguimento de Jesus?
• As raposas têm tocas e as aves têm ninho: porém o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça. Como viver hoje esta exigência de Jesus?




ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 34,6-7)
• Hoje farei uma lista daquilo que desempenho em minha vida, por exemplo: esposo, mãe, trabalhador, dona de casa, vizinho, etc., e revisarei o que não está conforme o plano de Deus e farei acordos comigo e com Deus para mudá-los.