quinta-feira, 2 de julho de 2015

Lectio Divina - 02/07/15


DIA 02/07/15
PRIMEIRA LEITURA à Gênesis 22,1-19
  • É fácil dizer que se é cristãos e que amamos Deus quando tudo em nossa vida caminha perfeitamente, quando desfrutamos de todas as suas bênçãos, quando existem pão e saúde suficiente em nossa vida e em nossas casas, quando não dá trabalho bendizer e dar glória Àquele que de tudo nos tem provido. Por isso, de vez em quando, Deus nos pergunta: Ama-me verdadeiramente? Amar-me-ia ainda que não tivesse o que agora tens? Seria capaz de entregar-me – SEM RESERVAS – o que mais quer na vida? (pensemos no que mais queremos na vida). A resposta definirá com exatidão até onde amamos verdadeiramente o Senhor. Para Abraão pediu seu próprio filho, o único, aquele que Ele próprio lhe havia dado, e Abraão não o negou. Em seu coração o entregou com tudo o que isto significava para ele. Para Abraão não havia nada maior e fundamental que obedecer a Deus, ainda quando sua vontade tocara o mais amado para ele. Abraão provou a Deus que o amava. Você também estaria disposto, se Deus pedisse, provar-lhe o quanto o amas?
ORAÇÃO INICIAL
  • Pai de bondade, que pela graça da adoção nos fez filhos da luz; concede-nos viver fora das trevas do erro e permanecer sempre no esplendor da verdade. Por Nosso Senhor...
REFLEXÃO à Mateus 9,1-8
  • A AUTORIDADE EXTRAORDINÁRIA DE JESUS. Jesus aparece diante do leitor como pessoa investida de uma extraordinária autoridade mediante a palavra e o sinal (Mt 9,6.8). A palavra autoritária de Jesus ataca o mal em sua raiz: no caso do paralítico ataca o pecado que corrói o homem em sua liberdade e bloqueia suas forças vivas: “Teus pecados são perdoados”; “Levanta-te, toma tua cama e vai para casa”. Em verdade, todas as paralisias do coração e da mente com as quais alguém é encarcerado, a autoridade de Jesus as anula, pelo fato de encontrar-se com Ele na vida terrena. A palavra autoritária e eficaz de Jesus desperta à humanidade paralisada e lhe dá o dom de caminhar com uma fé renovada.
  • O ENCONTRO COM O PARALÍTICO. Jesus, depois da tempestade e de uma visita ao país dos gadarenos, volta para Cafarnaum, sua cidade. Durante o regresso tem lugar o encontro com o paralítico. A cura não se realiza em uma casa, mas sim, ao longo do caminho. Assim, pois, durante o caminho que conduz a Cafarnaum o levaram um paralítico e Jesus se dirige a ele chamando-o de “filho”, um gesto de atenção que logo se converterá em um gesto salvífico: “teus pecados são perdoados”. O perdão dos pecados que Jesus invoca sobre o paralítico de parte de Deus alude a união entre enfermidade, culpa e pecado. É a primeira vez que o evangelista atribui a Jesus de maneira explicita este particular poder divino. Para os judeus, a enfermidade no homem era considerada um castigo pelos pecados cometidos; o mal físico, a enfermidade, sempre eram sinal e conseqüência do mau moral dos pais (Jo 9,2). Jesus restitui ao homem sua condição de salvação ao libertá-lo tanto da enfermidade como do pecado.
  • Para alguns dos presentes, como os escribas, as palavras de Jesus anunciando o perdão dos pecados são uma verdadeira blasfêmia. Para eles Jesus é um arrogante, já que só Deus pode perdoar. Este juízo sobre Jesus não era manifestado abertamente, mas, murmurado entre eles. Jesus, que escruta seus corações, conhece suas considerações reprova sua incredulidade. A expressão de Jesus “para que saibais que o Filho do homem tem poder de perdoar os pecados...” indica que não só Deus pode perdoar, mas, que Jesus, também pode perdoar um homem.
  • Diferente dos escribas, a multidão se enche de assombro e glorifica Deus diante da cura do paralítico. As pessoas estão impressionadas pelo poder de perdoar os pecados manifestados na cura, e se alegram porque Deus concedeu tal poder ao Filho do Homem. É possível atribuir isto a comunidade eclesial onde se concedia o perdão dos pecados pelo mandato de Jesus? Mateus coloca este episódio sobre o perdão dos  pecados com a intenção de aplica-lo às relações fraternas dentro da comunidade eclesial. Nela já se tinha a prática de perdoar os pecados por delegação de Jesus; esta era uma prática que a sinagoga não compartilhava. O tema do perdão dos pecados aparece de nova em Mt 18 e no final do evangelho se afirma que isso tem suas raízes na morte de Jesus na cruz. Porém, em nosso contexto o perdão dos pecados aparece unido à exigência da misericórdia como se faz presente no seguinte episódio, a vocação de Mateus: “...quero misericórdia, e não sacrifício. Porque na vem chamar os justos, mas sim aos pecadores” (Mt 9,13). Estas palavras de Jesus pretendem dizer que Ele tornou visível o perdão de Deus, sobretudo, em suas relações com os publicanos e pecadores, ao sentar-se com eles na mesa.
  • Este relato que retoma o problema do pecado e reclama a conexão com a miséria do homem, é uma prática do perdão que se tem que oferecer, porém, é, sobretudo, uma história que deve ocupar um espaço privilegiado na pregação de nossas comunidades eclesiais.
PARA REFLEXÃO PESSOAL
  • Está convencido de que Jesus, chamado amigo dos pecadores, não despreza tuas debilidades e tuas resistências, mas, as compreende e te oferece a ajuda necessária para viver em harmonia com Deus e com os irmãos?
  • Quando vive a experiência de negar e rejeitar a amizade com Deus, recorre ao sacramento que te reconcilia como o Pai e com a Igreja e que faz de ti uma nova criatura pela força do Espírito Santo?
ORAÇÃO FINAL
  • (SALMO 114)
  • Em profunda oração, oferecerei a Deus todos os bens que possuo (materiais e a minha própria família), colocando tudo em suas mãos para que Ele faça o que quiser com isso.





quarta-feira, 1 de julho de 2015

Lectio Divina - 01/07/15



DIA 01/07/15
PRIMEIRA LEITURA à Gênesis 21,5.8-21
  • O nascimento do filho da promessa é um desafio à natureza e à compreensão humana. Para Deus nada é impossível (cf. Gn 18,14). Enquanto a mãe Agar se coloca à distância para não ouvir os gritos do filho prestes a morrer, Deus houve esse grito e se apresenta para salvar. Trata-se do filho de uma escrava: Deus está aberto para ouvir os clamores de todos os povos e encaminhá-los para a vida. A fraqueza humana aflora entre os heróis da história da salvação, mas o plano de Deus se realiza através e além das fraquezas humanas. Sobre esse plano de Deus é interessante raciocinarmos um pouco. A história da humanidade registra obras colossais realizadas com sacrifício de vítimas inocentes. Alguém deve pagar para que haja progressão, ouve-se às vezes dizer com excessiva leviandade. Não é assim o plano de Deus. Deus quer salvar seu povo, quer conduzi-lo à terra prometida, mas nunca perdeu de vista o bem de cada um. Aqui, Ismael parece repudiado e destinado cruelmente à morte; entretanto, através mesmo desse repúdio se cumpre o seu destino: tornar-se tronco de uma grande nação. O relacionamento com Deus é algo estritamente pessoal; para realizá-lo, porém, cumpre secundar esse plano e perscrutar, através dos acontecimentos alegres e tristes da vida, a linha de amor que ele percorre.

ORAÇÃO INICIAL
  • Pai de bondade, que pela graça da adoção nos fez filhos da luz; concede-nos viver fora das trevas do erro e permanecer sempre no esplendor da verdade. Por Nosso Senhor...
REFLEXÃO à Mateus 8,28-34
  • O evangelho de hoje acentua o poder de Jesus sobre o demônio. Em nosso texto, o demônio ou o poder do mal é associado com três coisas: (a)-Com o “cemitério”, o lugar dos mortos. A morte que mata a vida! (b)-Com o “porco”, que era considerado um animal impuro. A impureza que separa de Deus! (c)-Com o “mar”, que era visto como símbolo do caos diante da criação. O caos que destruiu a natureza. O evangelho de Marcos, de onde Mateus tira sua informação, associa o poder do mal com um quarto elemento que é a palavra “Legião”, (Mc 5,9), nome dos exércitos do império romano. O império que oprimia e que explorava as pessoas. Assim se compreende como a vitória de Jesus sobre o demônio tinha um alcance enorme para a vida das comunidades dos anos setenta, época em que Mateus escreve seu evangelho. As comunidades viviam oprimidas e marginalizadas, pela ideologia oficial do império romano e do farisaísmo que se renovava. Este mesmo significado e alcance continua sendo válido para nós hoje.
  • Mateus 8,28: O PODER DO MAL OPRIME, MALTRATA E ALIENA AS PESSOAS. Este versículo inicial descreve a situação antes da chegada de Jesus. Na maneira de descrever o comportamento dos endemoninhados, o evangelista associa o poder do mal com o cemitério e com a morte. É um poder mortal sem rumo, ameaçador, destruidor e descontrolado, que dá medo a todos. Priva a pessoa de sua consciência, do autocontrole e da autonomia.
  • Mateus 8,29: DIANTE DA SIMPLES PRESENÇA DE JESUS O PODER DO MAL DESMORONA E SE DESINTEGRA. Aqui se descreve o primeiro contato entre Jesus e os possuídos. É total a desproporção. O poder, que antes parecia tão forte, se derreta e se desmorona diante de Jesus. Eles gritam: “O que é que temos nós contigo, Filho de Deus? Veio para atormentar-nos antes do tempo?”. Se dão conta de que perderam o poder.
  • Mateus 8,30-32: O PODER DO MAL É IMPURO E NÃO TEM AUTONOMIA, NEM CONSISTÊNCIA. O demônio não tem poder sobre seus próprios movimentos. Consegue só entrar nos porcos com a permissão de Jesus. Uma vez dentro dos porcos, estes se precipitam no mar. Segundo a opinião das pessoas, o porco era símbolo da impureza que impedia o ser humano relacionar-se com Deus e sentir-se acolhido por Ele. O mar era símbolo do caos que existia antes da criação e que, segundo a crença da época, continuava ameaçando a vida. Este episódio dos porcos que se precipitam ao mar, é estranho e difícil de ser entendido. Porém, a mensagem é muito clara: diante de Jesus, o poder do mal não tem autonomia, não tem consistência. Quem crê em Jesus, já venceu o poder do mal e não tem nada a temer.
  • Mateus 8,33-34: A REAÇÃO DAS PESSOAS DO LUGAR. Alertado pelos empregados que se ocupavam dos porcos, as pessoas do lugar foram ao encontro de Jesus. Marcos informa que viram “o endemoninhado sentado, vestido e em perfeito juízo” (Mc 5,15). Porém, ficaram sem os porcos! Por isto, pedem a Jesus que vá para longe. Para eles, os porcos eram mais importantes que o ser humano que acabava de recobrar o juízo.
  • A EXPULSÃO DOS DEMÔNIOS. No tempo de Jesus, as palavras “demônio ou Satanás”, eram usadas para indicar o poder do mal que desviava as pessoas do bom caminho. Por exemplo, quando Pedro tentou desviar Jesus, ele foi Satanás para Jesus (Mc 8,33). Outras vezes, aquelas mesmas palavras eram usadas para indicar o poder político do império romano que oprimia e explorava as pessoas. Por exemplo, no Apocalipse, o império romano se identifica como o “Diabo ou Satanás” (Ap 12,9). Outras vezes as pessoas usavam as mesmas palavras para indicar os males e as enfermidades. Assim se falava do demônio ou espírito mudo, espírito surdo, espírito impuro, etc. Havia muito medo! No tempo de Mateus, segunda metade do primeiro século, o medo dos demônios estava aumentando. Algumas religiões, vindas do Oriente, divulgavam um culto aos espíritos. Ensinavam que gestos errados podiam irritar os espíritos, e estes para se vingar, podiam impedir nosso acesso a Deus e privar-nos dos benefícios divinos. Por isto, através de ritos e orações, rezas e cerimônias complicadas, a pessoa procurava aplacar esses espíritos ou demônios, para que não prejudicassem a vida humana. Estas religiões, ao invés de libertar as pessoas, alimentavam o medo e a angustia. Um dos objetivos da Boa Nova de Jesus era ajudar as pessoas a libertarem-se deste medo. A chegada do Reino de Deus significou a chegada de um poder “mais forte”. Jesus é “o homem mais forte” que chega para amarrar Satanás, o poder do mal, e tirar-lhe a humanidade prisioneira do medo (cf. Mc 3,27). Por isso, os evangelhos insistem na vitória de Jesus sobre o poder do mal, sobre o demônio, sobre Satanás, sobre o pecado e sobre a morte. Era para animar as comunidades a vencer este medo do demônio. E hoje? Quem de nós pode dizer: “Sou totalmente livre?”. Ninguém! Então, se não sou totalmente livre, alguma parte de mim é possuída por outros poderes. Como expulsar estes poderes? A mensagem do evangelho de hoje continua sendo válida para nós.
PARA REFLEXÃO PESSOAL
  • O que é que hoje está oprimindo e maltratando as pessoas? Por que é que hoje, em certos lugares, se fala tanto de expulsão de demônios? É bom insistir tanto no demônio? O que você pensa?
  • Quem de nós pode dizer que é totalmente livre ou liberto? Ninguém! Então, todos nós estamos um pouco possuídos por outros poderes que ocupam algum espaço dentro de nós. Como fazer para expulsar este poder de dentro de nós e de dentro da sociedade?
ORAÇÃO FINAL
  • (SALMO 33)
  • Durante o dia de hoje ouvirei cantos e louvores a Deus e cantarei constantemente acompanhando esses cantos com boas intenções.





terça-feira, 30 de junho de 2015

Lectio Divina - 30/06/15


DIA 30/06/15
PRIMEIRA LEITURA à Gênesis 19,15-29
  • O autor nos coloca em evidência que Deus sempre está pendente dos seus, daqueles que Deus ama, entretanto, Deus não faz acepção de pessoas, isto é, Deus não prefere uns para rejeitar outros, mas, Deus em todo momento tem interesse e preocupação pelo ser humano. O texto sagrado faz ênfase no cuidado que Deus tem para tratar o homem. Lot propõe a condição em que se sente seguro, pois, tem medo de ir às montanhas, assim que pede ao anjo que o conceda ir a uma cidade próxima para poder se colocar a salvo. Diante deste pedido, o anjo do Senhor concorda, pois, o importante é a salvação e a segurança de Lot. Mesmo assim, a salvação é um dom que Deus oferece à todos aqueles que rodeiam o sujeito da salvação, isto é, Deus não só olha pela salvação de Lot, mas, de sua mulher e filhas, porque Deus olha com amor e compaixão a seus eleitos (todos fomos eleitos por Deus para viver primeiro aqui na terra e depois com Ele no céu). Por uns poucos, Deus realiza a salvação para todos quantos lhes rodeiam, tal como acontecerá com seu Filho Jesus, quem com sua morte, dará a salvação a todos os homens que estão em torno seu. Neste caso, somos todos aqueles em torno de Jesus nos fazemos sujeitos da salvação. Se Deus concedeu a salvação de Lot por atenção a Abraão, o que não fará por todos os seres humanos em atenção a seu próprio Filho e aos méritos deste conseguidos por sua paixão, morte e ressurreição?
ORAÇÃO INICIAL
  • Pai de bondade, que pela graça da adoção nos fez filhos da luz; concede-nos viver fora das trevas do erro e permanecer sempre no esplendor da verdade. Por Nosso Senhor...
REFLEXÃO à Mateus 8,23-27
  • Mateus escreve para as comunidades de judeus convertidos dos anos 70 que se sentiam como um barco no mar revolto da vida, sem muita esperança de poder alcançar o porto desejado. Jesus parece que dorme no barco, porque eles não viam nenhum poder divino que os salvasse da perseguição. Mateus lembra diversos episódios da vida de Jesus para ajudar as comunidades a descobrir, no meio da aparente ausência, a acolhedora e poderosa presença de Jesus vencedor, que domina o mar, que vence e expulsa o poder do mal e que tem poder de perdoar os pecados. Com outras palavras, Mateus quer comunicar a esperança e sugerir que as comunidades não devem temer nada. Este é o motivo do relato da tormenta acalmada do evangelho de hoje.
  • Mateus 8,23: O ponto de partida: entrar no barco. Mateus segue o evangelho de Marcos, porém, o encurta e o inclui no novo esquema que ele adotou. Em Marcos, o dia foi pesado por muito trabalho. Uma vez terminado o discurso das parábolas, os discípulos levam Jesus ao barco e, de tão cansado que está Jesus dorme em cima de um travesseiro. O texto de Mateus é muito mais breve. Somente diz que Jesus entra no barco, e os discípulos o acompanham. Jesus é o Mestre, os discípulos seguem o mestre.
  • Mateus 8,24-25: A situação é desesperadora: “Estamos a ponto de perecer!”. O lago da Galiléia está próximo de altas montanhas. Às vezes, pelos resquícios das rochas, o vento sopra forte sobre o lago produzindo repentinas tormentas. Vento forte, mar agitado, barco cheio de água. Os discípulos eram pescadores experimentados. Se eles pensam que estão a ponto de afundar, quer dizer que a situação é perigosa. Porém, Jesus não parece dar-se conta, e continua dormindo. Eles gritam: “Senhor salve-nos! Que estamos perecendo!”. Em Mateus, o sono profundo de Jesus não é só sinal de cansaço, é também expressão de confiança tranqüila de Jesus em Deus. O contraste entre a atitude de Jesus e dos discípulos é grande!
  • Mateus 8,26: A reação de Jesus: “Por que têm medo?” Jesus acorda, não pelas ondas, mas, pelos gritos desesperados dos discípulos. Dirige-se a eles e diz: “Por que é que têm medo? Homens de pouca fé!”. Logo, Ele se levanta, ameaça os ventos e o mar, e tudo fica calmo. A impressão que se têm é que não era necessário aplacar o mar, pois, não havia nenhum perigo. É como quando alguém chega a casa de um amigo, e um cachorro, ao lado do dono da casa, começa a latir para o visitante. Porém, não é preciso ter medo, porque o dono está presente e controla a situação. O episódio da tormenta acalmada evoca o êxodo, quando a multidão, sem medo, atravessou as águas do mar. Jesus refaz o êxodo. Evoca o profeta Isaias, que dizia ao povo: “Quando atravessares as águas, eu estarei contigo!”. Por fim, o episódio da tormenta acalmada evoca a profecia anunciada no Salmo 107,23-30.
  • Mateus 8,27: O medo dos discípulos: “Quem é este homem?” Jesus perguntou: “Por que é têm medo?”. Os discípulos não sabem o que responder. Admirados, se perguntam: “Quem é este, a quem até os ventos e o mar obedecem?”. Apesar de haver vivido tanto tempo com Jesus, não sabem, ainda, quem é Ele. Jesus continua sendo um estranho para eles! Quem é este?
  • Quem é este? Quem é Jesus para nós, para mim? Esta deve ser a pergunta que nos leva a continuar a leitura do Evangelho, todos os dias, com o desejo de conhecer mais e mais o significado e o alcance da pessoa de Jesus em nossa vida. Desta pergunta nasce a Cristologia. Não nasceu de altas considerações teológicas, mas sim, do desejo que os primeiros cristãos tinham de encontrar sempre novos nomes e títulos para expressar o que Jesus significava para eles. São dezenas e dezenas de nomes, de títulos e de atributos, desde carpinteiro até filho de Deus, que Jesus recebe: Messias, Cristo, Senhor, Filho amado, Santo de Deus, Nazareno, Filho do Homem, Esposo, Filho de Deus, Filho do Altíssimo, Filho de Maria, carpinteiro, Profeta, Mestre, Filho de Davi, Raboni, Bendito o que vem em nome do Senhor, Filho Pastor, Pão da Vida, Ressurreição, Luz do Mundo, Caminho, Verdade, Vida, Rei dos Judeus, Rei de Israel, etc., etc. Cada nome, cada imagem é uma intenção de expressar o que Jesus significava para eles. Porém, um nome, por muito bonito que seja, nunca chega a revelar o mistério de uma pessoa, muito menos da pessoa de Jesus. Jesus não cabe em nenhum destes nomes, em nenhum esquema, em nenhum título. Ele é maior que tudo, supera tudo. Não pode ser marcado. O amor capta a cabeça não! É a partir da  experiência viva do amor, que os nomes, os títulos e as imagens recebem seu pleno sentido. Afinal, quem é Jesus para mim, para nós?
PARA REFLEXÃO PESSOAL
  • Qual era o mar agitado no tempo de Jesus? Qual era o mar agitado na época em que Mateus escreveu seu evangelho? Qual é hoje o mar agitado para nós? Alguma vez, as águas agitadas da vida ameaçaram te afogar? Quem é que te salvou?
  • Quem é Jesus para mim? Qual é o nome de Jesus que melhor expressa minha fé e meu amor?
ORAÇÃO FINAL
  • (SALMO 25)
  • Hoje vou fazer oração por meus seres amados e dedicarei alguns minutos para pedir por alguém a quem fará bem um momento de oração em seu favor.






sexta-feira, 26 de junho de 2015

Lectio Divina - 26/06/15


DIA 26/06/15
PRIMEIRA LEITURA à Gênesis 17,1.9-10.15-22
·         A mudança do nome indica um compromisso com Deus para realizar uma missão. A circuncisão é um rito que indica a pertença ao povo com o qual Deus faz aliança. Esse rito, como o batismo, supõe o compromisso de viver conforme Deus quer. (versículo 1). Notemos que tanto os livres como os escravos são circuncidados: o povo de Deus nasce aberto para todos, e diante de Deus são todos iguais. É um convite para que os homens também realizem essa igualdade entre si. A fé do homem bíblico, iluminada por Deus, reinterpretou um rito natural, comum a outros povos, como sinal da aliança. Essa atitude nos esclarece sobre um traço da “mentalidade sacramental” em nosso relacionamento com Deus. Quando Jesus, na maturidade dos tempos, “instituiu” os sacramentos, não inventa uma realidade semelhante a um meteorito, uma instituição que cai do alto e é imposta ao homem. Trata-se, ao contrário, de algo que tem suas raízes na antropologia, na condição humana. Negá-lo seria mutilar o próprio homem. Deus é criador e salvador, ao mesmo tempo, da natureza e da graça. Esta não é um “segundo plano” ao qual se poderia subir à vontade. Linguagens, danças, reuniões dizem-nos claramente que o homem necessita do que é sensível para conhecer e exprimir-se. Evidentemente nem todos os sinais são autênticos. Podem ser vazios ou enganadores: gestos mecânicos, costumes inspirados no interesse, na hipocrisia ou no conformismo social. Toda a Bíblia ergue a voz contra o formalismo e o ritualismo. O que interessa a Deus é o “coração”, o modo como o homem se coloca em face do Senhor, dos homens, dos acontecimentos.
ORAÇÃO INICIAL
·         Pai, purifica o meu coração, de modo que esteja a salvo do egoísmo desumanizador.
REFLEXÃO à Mateus 8,1-4
·         O leproso era um marginalizado na vida social (Lv 13,45-46). Através da cura, Jesus o reintegra na comunidade (Lv 14). O verdadeiro cumprimento da Lei não é declarar quem é puro ou impuro, mas fazer com que a pessoa fique purificada.
·         Enquanto o leproso curado testemunha a ação de Jesus, este se retira para refontizar a sua missão em Deus Pai, e assim continuar a sua obra. A cena do encontro de Jesus com um leproso, e sua cura, é carregada de sentido.
·         O milagre acontece no âmbito de relações interpessoais. De um lado, está Jesus, cujo poder taumatúrgico é muito conhecido, bem como sua disposição a colocar-se a serviço dos oprimidos de todos os tipos.
·         De outro, encontra-se um indivíduo estigmatizado por causa de uma doença, que afastava de si as pessoas e o obrigava a viver segregado de qualquer contato social. Havia algo ainda mais grave: a lepra excluía-o da comunidade religiosa, portanto, de Deus.
·         O milagre de Jesus consistirá em refazer a 'rede de relações da qual o leproso fora afastado. O segundo é o âmbito da vontade livre. Aí, Jesus age de maneira bem simples: nada de gestos mágicos nem de cerimônias.
·         O leproso recorre a ele, com toda a liberdade e confiança: "Senhor, se tu queres, tens o poder de purificar-me". E Jesus o cura com um ato de sua vontade: "Eu quero, fique purificado". A doença do leproso não o compele a buscar a cura, independentemente de sua vontade.
·         O terceiro é o âmbito da fé. Se o homem recorreu a Jesus, foi porque reconhecia seu poder. Sem este pressuposto, não seria movido a desrespeitar uma convenção social, e a aproximar-se do Mestre. 
·         Jesus veio não para o "pequeno resto de Israel", como se consideravam as elites religiosas de Jerusalém, mas para a comunicação e a comunhão com as multidões.
·         Todos os quatro evangelistas mencionam continuamente a presença de Jesus entre as multidões, tanto de gentios como de judeus, acolhendo-as, deixando-se tocar por elas e as tocando, dirigindo-lhes a palavra e resgatando-lhes a vida e a dignidade.
·         O leproso que se aproxima de Jesus, caindo de joelhos, pede por sua purificação. A lepra era caracterizada como impureza e não como doença, incorrendo nas exclusões legais.
·         O leproso devia afastar-se das comunidades, viver isolado, com vestes rasgadas e má aparência, gritando: "impuro, impuro..." (Lv 13,44-46), e quem o tocasse tornar-se-ia também um impuro.
·         Jesus toca o leproso, transgredindo a lei, porém em vez de tornar-se impuro, o leproso que é purificado. Jesus, compassivo, conscientemente despreza a estrutura religiosa legalista emanada do Templo de Jerusalém e das sinagogas, desobedecendo e removendo seus critérios. Ele reintegra o excluído pelo sistema legal religioso, infringindo os preceitos e normas deste sistema.Jesus, com sua prática libertadora e vivificante, acolhe este homem que se prostra diante dele, tocando-o, livrando-o da doença e da exclusão.
·         A acolhida e a identificação com o excluído restitui-lhe a dignidade, integrando-o na comunidade.
PARA REFLEXÃO PESSOAL
·         Por que os leprosos eram marginalizados?
·         Em que consistia os milagres de Jesus?
·         Jesus transgrediu a lei tocando o leproso?
ORAÇÃO FINAL
·         (SALMO 127)





quinta-feira, 25 de junho de 2015

Lectio Divina - 25/06/15


DIA 25/06/15
PRIMEIRA LEITURA à Gênesis 16,1-12.15-16
·         No Antigo Oriente, uma legislação permitia que a esposa estéril cedesse ao marido uma escrava para a procriação; o filho nascido da escrava era reconhecido como legítimo. Recorrendo a esse artifício legal, Abrão está querendo facilitar a realização da promessa; mas não é isso que Deus quer, Ismael, filho da escrava, é abençoado, mas não é através dele que Deus realizará a promessa. Deus faz um grande projeto para o homem; contudo, muitas vezes, o homem acha impossível realizá-lo, e recorre a subterfúgios, traindo o desafio contido na promessa e que está dentro da aspiração humana. Dá-nos certa vaidade sabermos "bancar os espertos", ser descobridores de atalhos, conjugar o verbo 'arranjar-se". E todo um florescimento de espírito de iniciativa, de inventiva, para ultrapassar prescrições, limites e imposições. É tão forte nosso hábito neste sentido que cremos, às vezes, oportuno aplicar o mesmo critério em nossas relações com Deus. Tanto mais quanto a espera, como no caso de Abrão e Sara, se torna espasmódica. Pequeninos seres imersos no tempo, chegamos a imaginar a eternidade como uma soma de tempos, portanto... longa. Esperar os tempos de Deus pode às vezes ser como esperar o desenrolar de longas práticas burocráticas. Trata-se, ao contrário, de "um outro tempo" (se assim se pode dizer), algo absolutamente diferente daquilo que denominamos tempo. De resto, a sabedoria popular sempre afirmou que "Deus escreve certo por linhas tortas", não é verdade, pois, Deus escreve certo em linhas certas, nós é que desvirtuamos o projeto D'ele para nossa vida.
ORAÇÃO INICIAL
  • Concede-nos viver sempre Senhor, no amor e respeito a teu santo nome, porque jamais deixas de dirigir a quem estabelece no sólido fundamento de teu amor. Por Nosso Senhor...
REFLEXÃO à Mateus 7,21-29
  • O evangelho de hoje apresenta a parte final do Sermão da Montanha: (a)-não basta falar e cantar, é preciso viver e praticar (Mt 7,21-23). (b)-a comunidade construída em cima do fundamento da nova Lei do Sermão do Monte ficará firme no momento da tormenta (Mt 7,24-27). (c)-O resultado das palavras de Jesus nas pessoas é uma consciência mais critica com relação aos líderes religiosos, os escribas (Mt 7,28-29).
  • Este final do Sermão do Monte explica algumas posições ou contradições que continuam atuais até hoje em dia: (a)-As pessoas que falam continuamente de Deus, porém, se esquecem de fazer a vontade de Deus; usam o nome de Jesus, mas, não traduz na vida sua relação com o Senhor (Mt 7,21). (b)-Existem pessoas que vivem na ilusão de estar trabalhando pelo Senhor, porém, no dia do encontro definitivo com Ele, descobrem tragicamente que nunca o conheceram (Mt 7,22-23). As duas palavras finais do Sermão do Monte, da casa construída sobre a rocha (Mt 7,24-25) e da casa construída sobre a areia (Mt 7,26-27), ilustram estas contradições. Por meio delas Mateus denuncia e, ao mesmo tempo, procura corrigir a separação entre fé e vida, entre falar e fazer, entre ensinar e praticar.
  • Mateus 7,21: NÃO BASTA FALAR, É PRECISO PRATICAR. O importante não é falar de forma bonita sobre Deus ou saber explicar bem a Bíblia aos demais, mas sim, fazer a vontade do Pai e, assim, ser uma revelação de seu rosto e de sua presença no mundo. A mesma recomendação foi dada por Jesus à mulher que elogiou Maria sua mãe. Jesus lhe respondeu: “Felizes os que ouvem a Palavra de Deus e a colocam em prática” (Lc 11,28).
  • Mateus 7,22-23: OS DONS DEVEM ESTAR A SERVIÇO DO REINO, DA COMUNIDADE. Havia pessoas com dons extraordinários como, por exemplo, o dom da profecia, do exorcismo, da cura, porém, usavam estes dons para elas próprias, fora do contexto da comunidade. No juízo, ouviram uma sentença dura de Jesus: “Afastai-vos de mim vós que praticais a iniqüidade!”. A iniqüidade é o oposto à justiça. É fazer com Jesus o que alguns doutores faziam com a lei: ensinavam, porém, não praticavam (Mt 23,3). Paulo dirá o mesmo com outras palavras e argumentos: “Se eu tivesse o dom da profecia, conhecendo as coisas secretas com toda classe de conhecimentos, e tivesse tanta fé como para trasladar os montes, porém, me faltasse amor, nada seria. Se reparto tudo o que possuo aos pobres e se entrego até meu próprio corpo, mas, não por amor, mas sim para receber elogios, de nada me serve” (1Cor 13,2-3).
  • Mateus 7,24-27: A PARÁBOLA DA CASA SOBRE A ROCHA. Ouvir e colocar em prática, esta é a conclusão final do Sermão do Monte. Muita gente procurava sua segurança nos dons extraordinários ou nas observâncias. Porém, a verdadeira segurança não vem do prestígio, nem das observâncias, não vem de nada disto. Vem de Deus! Vem do amor de Deus que nos amou primeiro (1Jo 4,19). Seu amor por nós, manifestado em Jesus, supera tudo (Rm 8,38-39). Deus se torna fonte de segurança, quando procuramos fazer a sua vontade. Ai, Ele será a rocha que nos sustenta na hora das dificuldades e das tormentas.
  • Mateus 7,28-29: ENSINAR COM AUTORIDADE. O evangelista encerra o Sermão do Monte dizendo que a multidão ficou admirada do ensinamento de Jesus, “Ele ensinava com autoridade e não como os escribas”. O resultado do ensinamento de Jesus é a consciência mais critica das pessoas com relação às autoridades religiosas da época. Suas palavras simples e claras brotavam de sua experiência de Deus, de sua vida entregue ao Projeto do Pai. As pessoas estavam admiradas e aprovavam os ensinamentos de Jesus.
  • COMUNIDADE: CASA NA ROCHA. No livro dos Salmos, com freqüência encontramos a expressão: “Deus é minha rocha, minha fortaleza..., meu escudo e meu libertador” (Sl 18,3). Ele é a defesa e a força dos que pensam na justiça e a buscam (Sl 18,21.24). As pessoas que confiam neste Deus se tornam “rocha” para os outros. Assim o profeta Isaias dirige um convite aos que estavam no cativeiro: “Ouçam-me vocês que almejam a justiça e que buscam Yavé. Olhem a pedra de que foram talhados, e o corte na rocha de onde foram tirados. Olhem a Abraão, seu pai, e a Sara, que os deu a luz” (Is 51,1-2). O profeta pede as pessoas que não esqueçam o passado. O povo tem que lembrar como Abraão e Sara pela fé em Deus se tornaram “rocha”, começo do povo de Deus. Olhando para esta rocha, as pessoas criavam coragem para lutar e sair do cativeiro. Mesmo assim, Mateus exorta as comunidades para que tenham como meta essa mesma rocha (Mt 7,24-25) e assim possam elas mesmas ser rocha para fortalecer seus irmãos e irmãs na fé. Este é o sentido do nome que Jesus deu a Pedro: “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei minha Igreja” (Mt 16,18). Esta é a vocação das primeiras comunidades, chamadas a unir-se a Jesus, a pedra viva, para tornar-se, elas também, pedras vivas pela escuta e a prática da Palavra (Pd 2,4-10; 2,5; Ef 2,19-22).
PARA REFLEXÃO PESSOAL
  • Nossa comunidade como trata de equilibrar oração e ação, elogio e pratica, falar e fazer, ensinar e praticar? O que é que deve melhorar em nossa comunidade, para que seja rocha, casa segura e acolhedora para todos?
  • Qual é a rocha que sustenta nossa comunidade? Qual é o ponto em que Jesus insiste mais?
ORAÇÃO FINAL
  • (SALMO 1)
  • Permita que o amor de Deus encha tua vida hoje. Abra-lhe teu coração.



quarta-feira, 24 de junho de 2015

Lectio Divina - 24/06/15


DIA 24/06/15
PRIMEIRA LEITURA à Isaías 49,1-6
  • Novamente o Senhor nos lembra que é precisamente quem vence as nossas batalhas, que em vão nos esforçamos, pois seu poder é ele que nos dá a vitória. É que Deus nos escolheu e nos chamou para viver em sua plenitude, por isso, o grande erro do homem é querer se autosuficiente, o buscar a independência de tudo e de todos, inclusive do próprio Deus. Precisamente com Deus somos mais que vencedores, Jesus morreu e ressuscitou para isto, para que nele tenhamos a vitória sobre nossos pecados e debilidades. Aproveitemos esta semana para intensificar nossa relação com Deus. Conheçamo-lo mais a cada dia e não só de “ouvido”, mas sim, como uma experiência pessoal. Preparemo-nos constantemente, intensificando nossa oração e procurando que a vitória de Deus se manifeste em nossa caridade para com os demais.
ORAÇÃO INICIAL
  • Oh Deus, que tem instruídos seus fiéis, iluminando seus corações com a luz do Espírito Santo, concede-nos obter pelo mesmo Espírito o prazer do bem e gozar sempre de seus consolos. Glória, adoração, amor, benção a Ti eterno divino Espírito, que nos trouxe a terra o Salvador de nossas almas. E glória e honra a seu adorável Coração que nos ama com infinito amor! Oh Espírito Santo, alma de minha alma, eu te adoro: ilumina-me, guia-me, fortifica-me, consola-me, ensinando-me o que devo fazer, dá-me tuas ordens! Prometo submeter-me ao que permitires que me aconteça: faz-me só conhecer tua vontade.
REFLEXÃO: Lucas 1,57-66.80
  • Esta passagem do evangelho é parte dos chamados relatos da infância de Jesus. De modo particular este texto continua a cena da visita de Maria “à casa de Zacarias” (Lc 1,40) depois da anunciação do anjo mensageiro da nova criação. A anunciação de fato começa gozosamente o cumprimento das promessas de Deus a seu povo (Lc 1,26-38). O gozo dos novos tempos, que tem ocupado Maria, agora inunda o coração de Izabel. Ela se alegra pelo anuncio trazido por Maria (Lc 1,41). Maria por sua parte, “proclama as grandezas do Senhor” (Lc 1,46) porque o Poderoso tem feito grandes coisas nela, como também tem feito grandes prodígios para seu povo necessitado de salvação.
  • A expressão “cumpriu-se o tempo” nos lembra que esta realidade não somente surpreende Izabel grávida, mas sim, revela também algo do projeto de Deus. Paulo, com efeito, diz que quando se cumpriu o tempo, Deus mandou seu Unigênito “nascido de mulher, nascido sob a lei para resgatar àqueles que estavam sob a lei, para que recebermos a adoção de filhos de Deus” (Gl 4,4). No evangelho Jesus fala do cumprimento dos tempos, especialmente no evangelho de João. Dois destes momentos são as bodas de Cana (Jo 2,1-12) e a agonia na cruz, onde Jesus proclama que “tudo está consumado” (Jo 19,30). No cumprimento dos tempos Jesus inicia uma era de salvação. O nascimento de João Batista inicia este tempo de salvação. Ele, de fato, com a chegada do Messias se alegra e salta de contentamento no ventre de Isabel sua mãe (Lc 1,44). Mais tarde ele se definirá como o amigo do esposo (Jesus), que se alegra com a chegada das bodas com sua esposa, a Igreja (Jo 3,29).
  • O filho não se chamará como seu pai Zacarias, mas sim, João. Zacarias nos lembra que Deus não esqueceu seu povo. Seu nome, com efeito, significa “Deus é Favorável”. Seu filho, agora não poderá ser chamado “Deus é Favorável”, porque as promessas de Deus estão se cumprindo. A missão profética de João deve indicar a misericórdia de Deus. Ele, portanto, se chamará João, ou seja, “Deus é misericórdia” Esta misericórdia se manifesta na visita a povo, exatamente “como havia prometido por boca de seus santos profetas daquele tempo” (Lc 1,67-70). O nome indica por isto a identidade e a missão daquele que ia nascer. Zacarias escreveu o nome de seu filho sobre uma tábua para que todos pudessem ver com assombro (Lc1,63). Esta tábua evocará outra inscrição, escrita por Pilatos para ser colocada na cruz de Jesus. Esta inscrição revelava a identidade e a missão do crucificado: “Jesus Nazareno rei dos Judeus”  (Jo 19,19). Também este escrito provocou o assombro dos que estavam em Jerusalém.
  • Em tudo, João é o precursor de Cristo. Desde seu nascimento e infância ele aponta para Cristo. “Quem será este menino?”. Ele é “a voz que grita no deserto” (Jo 1,23), animando a todos para preparar os caminhos do Senhor. Ele não é o Messias (Jo 1,20), porém, o indica com sua pregação e, sobretudo, com seu estilo de vida ascética no deserto. Ele, entretanto, “crescia e se fortificava no espírito. Viveu em regiões desérticas até o dia de sua manifestação à Israel” (Lc 1,80).
PARA REFLEXÃO PESSOAL
·         O que te chamou mais a atenção nesta passagem e nesta reflexão?
·         João se identifica como amigo do esposo. Qual é, a teu ver, o significado que tem esta imagem?
·         A igreja sempre viu a missão de João Batista. Ele é aquele que prepara o caminho do Senhor. Isto tem alguma importância para nossa vida diária?
ORAÇÃO FINAL
·         (SALMO 138)
·         Adoremos juntos a misericórdia e a bondade de Deus repetindo em silencio: Glória ao Pai ao Filho e ao Espírito Santo. Como era no principio agora e sempre pelos séculos dos séculos. Amém.





terça-feira, 23 de junho de 2015

Lectio Divina - 23/06/15


DIA 23/06/2015
PRIMEIRA LEITURA à Gênesis 13,2.5-18
·         Ló escolhe a região onde estão localizadas cidades-estado como Sodoma e Gomorra; assim ele entra no âmbito de uma estrutura que se sustenta graças à exploração e opressão do povo. Abraão, ao invés, fica aberto para uma história nova, fundada unicamente na promessa e no projeto de Deus. Não tomando a dianteira para escolher a sua parte, mais uma vez Abraão entrega-se a Deus na fé, para que este lhe aponte o caminho. Desde quando existem caminhos, a "encruzilhada" é considerada pelo homem como um símbolo. Toda decisão é de fato uma escolha entre alternativas que, por sua vez, se apóiam em motivações de fundo. A encruzilhada que se apresenta a Abraão e Ló é a escolha generosidade-facilidade. A Escritura sublinha desta forma a figura de Abraão como tipo do homem livre. Desprendido de toda preferência externa, adquire grande riqueza interna. Sua liberdade se traduz em capacidade de deslocamento, de mudança sem tragédias. A razão é que ele não procura um "posto", e sim a fidelidade às pessoas, em primeiro lugar a Deus. Em Abraão vemos a liberdade que cresce no terreno fértil da generosidade em toda escolha. Dai nasce uma vida que é contínua esperança numa promessa: Abraão é o homem (todo homem) que confia em Deus, que alimenta sua esperança com uma contínua generosidade. É o homem que “sabe perder-se a si mesmo sem cálculos, para se reencontrar e aos outros em Deus, único imenso bem comum”.
ORAÇÃO INICIAL
  • Concede-nos viver sempre Senhor, no amor e respeito a teu santo nome, porque jamais deixas de dirigir a quem estabelece no sólido fundamento de teu amor. Por Nosso Senhor...
REFLEXÃO à Mateus 7,6.12-14
  • DISCERNIMENTO E PRUDÊNCIA AO OFERECER COISAS DE VALOR. Em suas relações com os demais, Jesus coloca em guarda algumas atitudes perigosas. O primeiro é não julgar: trata-se de uma verdadeira proibição, “não julgueis”, ação que evita todo desprezo ou condena os outros. O último juízo é competência exclusiva de Deus; nossos parâmetros e critérios são relativos, estão condicionados por nossa subjetividade. Toda condenação dos demais se torna também condenação de si mesmo, porquanto, nos coloca sob o juízo de Deus e se auto-exclui do perdão. Se teu está limpo, isto é, se está livre de todo o juízo para o irmão, pode relacionar-se com ele de maneira verdadeira diante de Deus.
  • Vejamos as palavras de Jesus que o texto nos oferece: “Não deis aos cachorros o que é santo, nem jogues vossas pérolas diante dos porcos, eles a pisotearam com suas patas, e depois, voltando-se, as despedaçarão”. A primeira vista, este “ditado” de Jesus parece estranho à sensibilidade do leitor atual. Pode apresentar-se como um verdadeiro enigma. Na verdade trata-se de uma maneira de dizer, de uma linguagem semítica que requer ser interpretada. No tempo de Jesus, como na cultura antiga, os cachorros não eram muito apreciados porque eram considerados semi-selvagens e das ruas. Vejamos agora o aspecto positivo e didático-sapiencial das palavras de Jesus: não profanar as coisas santas é, afinal de contas, um convite a usar a prudência e o discernimento. No AT as coisas santas são: a carne para o sacrifício (Lv 22,14;Es 29,33ss;Nm 18,8-19). Também a proibição de jogar as pérolas aos porcos é incompreensível. Para os hebreus, os porcos são animais impuros, como a quinta-essência da repugnância. Pelo contrário, as pérolas é o mais precioso que se pode haver. A advertência de Jesus se refere àquele que sacia aos cachorros de rua com a carne consagrada e destinada ao sacrifício. Tal comportamento é tido como mau e com freqüência imprudente, pois, normalmente aos cachorros não se dava de comer e, movidos por sua fome insaciável, podiam voltar e roubar seus “benfeitores”. Á nível metafórico, as pérolas indicariam os ensinamentos dos sábios e as interpretações da “torah”. No evangelho de Mateus, a pérola é imagem do reino de Deus (Mt 13.45ss). A interpretação que faz o evangelista ao colocar esta advertência de Jesus, é principalmente teológica. Seguramente a interpretação que nos parecerá mais de acordo com o texto a leitura das palavras de Jesus é: uma advertência aos missionários cristãos de não pregar o evangelho a qualquer um.
  • O CAMINHO A SEGUIR. No final do discurso Mateus coloca, entre outras questões, uma exortação conclusiva de Jesus, que convida a fazer uma escolha decisiva para entrar no reino dos céus: a porta estreita (7,13-14). A palavra de Jesus não é só algo que precisamos compreender e interpretar, mas, sobretudo, tem que tomar parte da vida. Para entrar no reino dos céus é necessário seguir um caminho e entrar na plenitude da vida atravessando uma “porta”. O tema do “caminho” é muito apreciado no AT. O caminho representado nas duas portas conduz a metas diversas. Uma significação coerente das advertências de Jesus seria que a porta ampla se une ao caminho amplo que conduz a perdição, isto é, recorrer a um caminho amplo sempre é agradável, porém, isto não se diz em nosso texto. Parece que Mateus concorda como conceito judeu de “caminho”: seguindo Dt 30,19 e Jr 21,8, encontram-se dois caminhos que se contrapõem, o da morte e o da vida. Saber escolher entre dois modos diversos de vida é decisivo para entrar no reino dos céus. O que escolhe a via estreita, da vida, deve saber que está plena de aflições; ao dizer estreita indica que no sofrimento se encontra a prova da fé.
PARA REFLEXÃO PESSOAL
  • Como a palavra de Jesus tem causado impacto em teu coração? Você ouve as palavras para viver sob o olhar do Pai e para mudar pessoalmente e em tuas relações com os irmãos?
  • A palavra de Jesus, o melhor, o próprio Jesus é a porta que introduz na vida filial e fraterna. Você se deixa guiar e atrair pela via estreita e exigente do evangelho? Continua na via ampla e fácil, que consiste em faze os próprios desejos, e que passa por alto às necessidades dos demais?
ORAÇÃO FINAL
  • (SALMO 14)
  • Hoje refletirei alguns momentos diante de tomar minhas grandes decisões, para deixar que o Espírito Santo me guie agir para a glória de Deus.




segunda-feira, 22 de junho de 2015

Lectio Divina - 22/06/15


DIA 22/06/2015
PRIMEIRA LEITURA à Genesis 12,1-9
  •  A história de Abraão está diretamente ligada à história de toda a humanidade: com ele começa a surgir o embrião de um povo que terá a missão de trazer a bênção de Deus para todas as nações da terra. Esse povo será portador do projeto de Deus: toda nação que se orientar por esse projeto estará refazendo no homem a imagem e semelhança de Deus, desfigurada pelo pecado. O caminho começa pela fé: Abrão atende o chamado divino e aceita o risco sem restrições. Ele percorre rapidamente a futura terra prometida: isso mostra que o projeto do qual ele é portador é um projeto histórico, encarnado dentro da ambigüidade e conflitividade humana. O que Deus promete a Abrão? Simplesmente aquilo que qualquer nômade desejava: terra para os rebanhos e filhos para cuidar deles. Em outras palavras, o que Deus promete é exatamente aquilo a que o homem aspira para responder às suas necessidades vitais. E hoje, quais são as supremas necessidades do homem? Por trás das necessidades estão as aspirações e, dentro destas, a promessa de Deus. A leitura leva-nos ao ambiente de uma estação ou ao tombadilho de uma nau que vai partir: a separação do emigrante. Não é o turista que viaja para conhecer ou espairecer, contando com um próximo retorno. É o afastamento de quem deixa tudo. Como pesa este "tudo", feito sobretudo de pessoas queridas, vultos amados de cuja presença não mais se gozará na terra! Nesse clima se coloca a voz de Deus, não transmitida por alto-falantes, não atordoante, pelo menos na normalidade das vocações porém "lida" nos acontecimentos. A experiência de Abraão, incessantemente repetida em nós, requer capacidade de leitura, supõe prévia "alfabetização". Trata-se de uma capacidade vital de atenção à vontade de Deus. É o dom que nos concede o Espírito, de participar um pouco na tensão jubilosa em direção à vontade do Pai que constituiu o roteiro da vida de Jesus. Atitude nada débil ou infantil. Atitude que pressupõe idéias claras e vontade decidida de viver intensamente, momento por momento, mas ignorando o itinerário e mesmo aonde nos chamará o Pai no instante seguinte.

ORAÇÃO INICIAL
  • Pai, livra-me de julgar meus semelhantes de maneira severa e impiedosa. Que eu seja misericordioso com eles, assim como és misericordioso comigo.

REFLEXÃO à Mateus 7,1-5
  • Deus nos julga com a mesma medida que usamos para os outros. O rigor do nosso julgamento sobre o nosso próximo (cisco) mostra que desconhecemos a nossa própria fragilidade e a nossa condição de pecadores diante de Deus (trave). O imperativo de Jesus, a respeito do julgamento do próximo, reveste-se de uma profundidade imperceptível à primeira vista.
  • Seu pressuposto é que ninguém pode ser identificado com seus atos exteriores, ou com suas aparências. Dentro de cada um, existe um mistério profundo e impenetrável, cujo conhecimento é reservado unicamente a Deus. É preciso respeitá-lo, sabendo que, por trás de cada ato humano, existe uma história que nos escapa.
  • O discípulo do Reino evita qualquer tipo de julgamento, a não ser quando é feito por amor ao próximo. Só o amor possibilita-o posicionar-se de maneira conveniente em relação a seu semelhante, e emitir um juízo a seu respeito.
  • Quem é movido pelo ódio ou pela malevolência, jamais será capaz de olhá-lo com objetividade e emitir um juízo verdadeiro sobre ele. O julgamento mais radical ao qual o ser humano será submetido é o de condenação ou de salvação.
  • Evidentemente, só ao Pai compete fazer tal julgamento. Aqui, também, vale o critério do amor. Ou seja, apenas o Pai ama tanto o ser humano, a ponto de poder determinar se este é merecedor de salvação ou de condenação.
  • Ele conhece cada pessoa, na sua intimidade. Por isso, não corre o risco de se enganar. É com misericórdia que ele pesa as ações humanas. Ao longo do Sermão da Montanha são abordados vários aspectos característicos do Reino dos Céus: a responsabilidade dos discípulos, os pontos fundamentais que Jesus inova em relação à antiga Lei, a intimidade com o Pai, o desapego das riquezas.
  • Agora as palavras de Jesus constituem orientação e norma para o harmonioso convívio comunitário. A negação do "julgar" na realidade se refere à negação do condenar. O convívio humano comporta discernimento e avaliações. Quem faz um julgamento condenatório está condenando a si mesmo.
  • É o sentido da comparação baseada em antigas normas de contratos comerciais de troca de cereais: a mesma medida deve ser aplicada a ambas as partes. O hábito de criticar com freqüência oculta a fuga de uma auto-avaliação.
  • A crítica exacerbada ofusca a lucidez. A autocrítica sincera leva à humildade e à misericórdia para com os outros. A qualificação "hipócrita" pode sugerir que o texto teria sido originalmente dirigido aos fariseus, sendo depois transferido para a comunidade.
  • Na humildade, na acolhida e na valorização do irmão constrói-se a comunidade viva e aberta que transforma o mundo.

PARA REFLEXÃO PESSOAL
  • Como somos julgados por Deus?
  • Como é que o Pai nos ama para merecermos a salvação?
  •  A quem compete julgar-nos?

ORAÇÃO FINAL

  • (SALMO 32/33)