terça-feira, 16 de abril de 2013

Lectio Divina - 16/04/13


TERÇA-FEIRA -16/04/2013

PRIMEIRA LEITURA: Atos 7,51-8,1

• Duras, porém certas as palavras de Santo Estevão dirigidas a todos nós: “Homens de cabeça dura, fechados de coração e de ouvidos. Vocês sempre resistem ao Espírito Santo”. É que na verdade, pensemos, quantas vezes temos tido a oportunidade de crescer mais nos amor de Jesus, de participar de um retiro? Quantas vezes por preguiça ou por dar prioridade a outras coisas temos faltado a missa? Quantas vezes, podendo fazer a caridade, um favor, um serviço não temos feito? Quantas vezes temos preferido ver televisão no lugar de atender a nossos filhos, irmãos ou nossos pais? Ou quantas vezes temos deixado a oração por alguma outra atividade? Nesta Páscoa, Jesus nos oferece de novo a possibilidade de abrir-lhe totalmente nosso coração e deixar que seja o Espírito Santo quem dirija nossa vida; faz de novo o convite para que tomemos o Evangelho como norma de nosso trabalho diário e para que façamos da caridade um estilo de vida.






ORAÇÃO INICIAL 

• Senhor tu que abres as portas de teu reino aos que tem renascido da água e do Espírito, acrescenta a graça que tens dado a teus filhos, para que, já purificados de seus pecados, alcancem todas as tuas promessas. Por Nosso Senhor...



REFLEXÃO

João 6,30-35

• O Discurso do Pão da Vida não é um texto que precisa discutir ou dissecar, mas sim, um texto que é necessário meditar e ruminar. Por isto, se não é entendido de todo, não existe porque preocupar-se. Este texto do Pão da Vida exige toda uma vida para meditá-lo e aprofundá-lo. Um texto assim, a gente o deve ler, meditar, rezar, pensar, ler de novo, repetir, como fazemos com um bom caramelo na boca. Tê-lo na boca, dando voltas, até que se acabe. Quem lê o Quarto Evangelho superficialmente pode ficar com a impressão de que João repete sempre a mesma coisa. Lendo com mais atenção, é possível perceber que não se trata que não se trata de repetições. O autor do Quarto Evangelho tem sua própria maneira de repetir o mesmo assunto, porém, em um nível cada vez mais profundo. Parece como uma escada em caracol. Girando, chega-se ao mesmo lugar, mas, a um nível mais profundo.
• João 6,30-33: Que sinal realiza para que possas acreditar? As pessoas haviam perguntado: O que é que devemos fazer para realizar as obras de Deus? Jesus responde: “A obra de Deus é acreditar naquele que foi enviado”, isto é, acreditar em Jesus. Por isto as pessoas formulam uma nova pergunta: “Que sinal realiza para que possamos ver e crer em ti? Qual é a tua obra?”. Isto significa que não entenderam a multiplicação dos pães como um sinal de parte de Deus para legitimar Jesus diante do povo como um enviado de Deus. E continuam argumentando: No passado, nossos pais comeram o maná que lhes foi dado por Moisés. Eles o chamaram “pão do céu” (Sb 16,20), ou seja, “pão de Deus”. Moisés continua sendo um grande líder, em quem eles acreditam. Se Jesus quer que as pessoas acreditem Nele, tem que fazer um sinal maior que o de Moisés. “Qual é a tua obra?”.
• Jesus responde que o pão dado por Moisés não era o verdadeiro pão do céu. Vinha de cima, sim, porém, não era o pão de Deus, pois não garantiu a vida para ninguém. Todos morreram no deserto (Jo 6,49). O verdadeiro pão do céu, o pão de Deus, é o pão que vence a morte e traz a vida. É aquele que descendo do céu dá vida ao mundo. É Jesus! Jesus procura ajudar as pessoas a libertarem-se dos esquemas do passado. Para Ele, fidelidade ao passado não significa fechar-se nas coisas antigas e não aceitar a renovação. Fidelidade ao passado é aceitar o novo que chega como fruto da semente plantada no passado.
• João 6,34-35: Senhor dê-nos sempre desse pão! Jesus responde claramente: “Eu sou o pão da vida!”. Comer o pão do céu é o mesmo que acreditar em Jesus e aceitar o caminho que ele nos ensinou, a saber: “Meu alimento é fazer a vontade do Pai que está no céu!” (Jo 4,34). Este é o alimento verdadeiro que sustenta a pessoa, que dá um rumo à vida, e que trás vida nova. Este último versículo do evangelho de hoje (Jo 6,35) será retomado como primeiro versículo do evangelho de amanhã (Jo 6,35-40).





PARA REFLEXÃO PESSOAL

Fome de pão, fome de Deus. Qual dos dois predomina em mim?
• Jesus disse: “Eu sou o pão da vida”. Ele sacia a fome e a sede. Que experiência eu tenho disto?



ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 31,2-3)
• Hoje farei aquilo que Deus me tem pedido e que tenho adiado.




sexta-feira, 5 de abril de 2013

Lectio Divina - 05/04/13


SEXTA-FEIRA -05/04/2013

PRIMEIRA LEITURA: Atos 4,1-12

• Não parecia que o Pedro que estava falando fosse - aquele Pedro que por medo de ter a mesma sorte de Jesus, o negou três vezes - o mesmo homem que depois da ressurreição estava escondido de portas fechadas por medo dos judeus. A diferença entre um e outro se deve ao encontro “pessoal” com Jesus ressuscitado. Agora conhece Jesus não só como “um profeta poderoso em obras diante de Deus e dos homens”, mas sim, como seu Deus e seu Senhor. É por isto que é necessário que todos e cada um de nós tenhamos também este encontro pessoal, como dizia o Papa Paulo VI: “de olhos abertos e coração palpitante”, com Jesus ressuscitado, já que este encontro é o elemento que transforma nossa vida. A Páscoa é um tempo propício para que este encontro se realize no profundo de nosso ser. Simplesmente devemos ficar atentos, Jesus nos brindará com esse encontro a qualquer momento, não o deixemos passar sem que nos mude o coração. 






ORAÇÃO INICIAL 


• Deus todo poderoso e eterno, que por meio do mistério pascal tens restaurado rua aliança com os homens, concede-nos realizar na vida quanto celebramos na fé. Por Nosso Senhor...



REFLEXÃO

João 21,1-14

• O capítulo 21 do evangelho de João parece um apêndice que foi crescendo mais tarde depois que o evangelho já estava terminado. A conclusão do capítulo anterior (Jo 20,30-31) deixa claro que se trata de um aditamento. De qualquer maneira, aditamento ou não, é Palavra de Deus, que trás uma bonita mensagem de ressurreição para este quinto dia da semana da Páscoa.
• João 21,1-3: O PESCADOR DE HOMENS VOLTA A SER PESCADOR DE PEIXES. Jesus morreu e ressuscitou. Ao final daqueles três anos de convivência, os discípulos voltaram para a Galiléia. Um grupo deles está de novo diante do lago. Pedro retoma o passado e diz: “Vou pescar!”. Os outros disseram: “Nós vamos contigo!”. Assim, Tomé, Natanael, João e Tiago juntos com Pedro pegaram o barco e foram pescar. Retomaram a vida do passado com se nada houvesse acontecido. Porém, algo havia acontecido. Algo estava acontecendo! O passado não voltou! “Não estamos pescando nada!”. Então voltaram à praia cansados. Foi uma noite frustrante. 
• João 21,4-5: O CONTEXTO DA NOVA APARIÇÃO DE JESUS. Jesus estava às margens do mar, porém, eles não o reconheceram. E Jesus pergunta: “Rapazes, não tens nada para comer?”. Responderam: “Não!”. Na resposta negativa reconheceram que a noite havia sido frustrante e que não pescaram nada. Eles haviam sido chamados a serem pescadores de homens (Mc 1,17;Lc 5,10), e voltaram a ser pescadores de peixes. Mas, algo havia mudado em suas vidas. A experiência de três anos com Jesus produz neles uma mudança em suas vidas. A experiência de três anos com Jesus produz neles uma mudança irreversível. Já não era possível voltar atrás como se nada houvesse acontecido, como se nada houvesse mudado.
• João 21,6-8: LANCEM UMA REDE DO LADO DIREITO DO BARCO E IRÃO ENCONTRAR PEIXES. Eles fizeram algo que, provavelmente, nunca fizeram em suas vidas. Cinco pescadores experimentados obedecem a um estranho que manda fazer algo que contrasta com sua experiência. Jesus, aquela pessoa desconhecida que estava na praia, mandou que jogassem a rede do lado direito do barco. Eles obedeceram, jogaram a rede, e aconteceu algo inesperado. A rede se encheu de peixes! Como era possível? Como explicar esta surpresa fora de qualquer previsão? O amor ajuda a descobrir. O discípulo amado diz: “É o Senhor!”. Esta intuição esclarece tudo. Pedro se atira na água para chegar mais depressa próximo de Jesus. Os outros discípulos foram atrás com o barco arrastando a rede cheia de peixes.
• João 21,9-14: A TERNURA DE JESUS. Chegaram a terra, viram que Jesus havia acendido algumas brasas e que estava assando pão e peixes. Pediu que trouxessem mais alguns peixes. Imediatamente, Pedro subiu no barco, arrastou a rede com cento e cinqüenta e três peixes. Muitos peixes, e, no entanto a rede não se rompeu. Jesus chama as pessoas: “Venham comer!”. E teve a delicadeza de preparar algo para comer depois de uma noite frustrada sem pescar nada. Gesto bem simples que revela algo do amor com o Pai nos ama. “Quem me vê, vê o Pai” (Jo 14,9). Nenhum de seus discípulos se atrevia a perguntar quem era Ele, pois, sabiam que era o Senhor. E evocando a eucaristia, o evangelista João completou: “Jesus se aproximou, tomou o pão e o distribuiu para eles”. Sugere assim que a eucaristia é o lugar privilegiado para o encontro com Jesus ressuscitado.





PARA REFLEXÃO PESSOAL

• Já aconteceu de alguém pedir-te para que jogasse a rede do lado direito do barco de tua vida, contrariando toda tua experiência? Você obedeceu? Jogou a rede? 
• A ternura de Jesus. Como é tua ternura com as pequenas coisas da vida?




ORAÇÃO FINAL 

• (SALMO 117)
• Hoje memorizarei alguma citação bíblica que me lembre que Jesus é meu Salvador e que posso confiar Nele.





quinta-feira, 4 de abril de 2013

Lectio Divina - 04/04/13



QUINTA-FEIRA -04/04/2013

PRIMEIRA LEITURA: Atos 3,11-26


• O milagre realizado agora dá a Pedro a oportunidade de explicar a mensagem de salvação a todos os que se aproximam dele por curiosidade. A cura do paralítico é o sinal do que Jesus quer e pode fazer com todos aqueles que têm fé na ressurreição. Jesus quer que todos nós caminhemos, e, que sejamos totalmente renovados pela força de seu Espírito. Ele veio para nos trazer uma vida nova como a que agora se manifesta no paralítico. Já não pedirá mais esmolas, agora está integrado no grupo de testemunhos de Cristo. Nós somos chamados a manifestar, como o paralítico, que o nome de Jesus tem poder, que por seu amor temos uma vida nova cheia de paz e alegria, porém, ao mesmo tempo, como Pedro, devemos aproveitar toda a oportunidade para que os demais conheçam tudo sobre este “nome” poderoso que é capaz de transformar a vida do homem. 




ORAÇÃO INICIAL 

• Oh Deus que reunistes povos diversos na confissão de teu nome, concede aos que têm renascido na fonte batismal uma mesma fé em seu espírito e uma mesma caridade em sua vida. Por Nosso Senhor...




REFLEXÃO

Lucas 24,35-48

Nestes dias depois da Páscoa, os textos do evangelho relatam as aparições de Jesus. No começo, nos primeiros anos depois da morte e ressurreição de Jesus, os cristãos se preocuparam em defender a ressurreição por meio das aparições. Eles mesmos, a comunidade viva, era a grande aparição de Jesus ressuscitado. Porém, à medida que iam crescendo as críticas dos inimigos contra a fé na ressurreição e que, internamente, surgiam críticas e dúvidas a respeito de várias funções nas comunidades (cf. 1Cor 1,12), eles começaram a recordar as aparições de Jesus. Existem dois tipos de aparição: (a)-as que aumentam as dúvidas e as resistências dos discípulos em acreditar na ressurreição, e (b)-as que chamam a atenção sobre as ordens de Jesus aos discípulos e as discípulas conferindo-lhes alguma missão. As primeiras respondem as críticas vindas de fora. Elas mostram que os cristãos não som pessoas ingênuas e crédulas que aceitam qualquer coisa. Pelo contrário. Eles mesmos tiveram muitas dúvidas em acreditar na ressurreição. As outras respondem às críticas de dentro e fundamentam as funções e tarefas comunitárias não nas qualidades humanas sempre discutíveis, mas sim, na autoridade e nas ordens recebidas de Jesus ressuscitado. A aparição de Jesus narrada no evangelho de hoje combina os dois aspectos: as dúvidas dos discípulos e a missão de anunciar e perdoar recebida de Jesus.
• Lucas 24,35: O RESUMO DE EMAÚS. Retornando para Jerusalém, os dois discípulos encontram a comunidade reunida e comunicam a experiência que tiveram. Narram o acontecido pelo caminho e como reconheceram Jesus na fração do pão. A comunidade reunida lhes comunica, por sua vez, como Jesus apareceu à Pedro. Foi um compartilhar mutuo da experiência da ressurreição, como até hoje acontece quando as comunidades se reúnem para partilhar e celebrar sua fé, sua esperança e seu amor. 
• Lucas 24,36-37: A APARIÇÃO DE JESUS CAUSA ESPANTO AOS DISCÍPULOS. Neste momento, Jesus se faz presente no meio deles e diz: “A Paz esteja convosco!”. É a saudação mais freqüente de Jesus: “A paz esteja convosco!” (Jo 14,27; 16,33; 20,19.21.26). Porém, os discípulos, vendo Jesus, ficam com medo. Eles se espantam e não reconhecem Jesus. Diante deles esta o Jesus real, porém, eles imaginam que estão vendo um espírito, um fantasma. Existe um desencontro entre Jesus de Nazaré e Jesus ressuscitado. Não conseguem acreditar.
• Lucas 24,38-40: JESUS OS AJUDA A SUPERAR O MEDO E A INCREDULIDADE. Jesus faz duas coisas para ajudar aos discípulos a superar o espanto e a incredulidade. Mostra-lhes as mãos e os pés, dizendo: “Sou Eu!”, e manda tocar seu corpo, dizendo: “Porque um espírito não tem carne e ossos como vês que eu tenho”. Jesus mostra as mãos e os pés, porque neles estão as marcas dos cravos (cf. Jo 20,25-27). Cristo ressuscitado é Jesus de Nazaré, o mesmo que foi morto na cruz, e não um Cristo fantasma como imaginavam os discípulos. Ele mandou tocar seu corpo, porque a ressurreição é ressurreição da pessoa inteira, corpo e alma. A ressurreição não tem nada a ver com a teoria de imortalidade da alma, ensinada pelos gregos.
• Lucas 24,41-43: OUTRO GESTO PARA AJUDÁ-LOS A SUPERAR A INCREDULIDADE. Lucas diz que por causa de tanta alegria não podiam acreditar. Jesus pede que lhe dêem algo para comer. Eles lhes deram um pedaço de peixe e Ele comeu diante deles, para ajudá-los a superar a dúvida.
• Lucas 24,44-47: UMA CHAVE DE LEITURA PARA COMPREENDER O NOVO SENTIDO DA ESCRITURA. Uma das maiores dificuldades dos primeiros cristãos foi aceitar um crucificado como sendo o messias prometido, pois, a própria lei ensinava que uma pessoa crucificada era “um maldito de Deus” (Dt 21,22-23). Por isso, era importante saber que a Escritura já havia anunciado “que o Cristo devia padecer e ressuscitar dentre os mortos no terceiro dia e que em seu nome se pregaria a conversão para o perdão dos pecados a todas as nações”. Jesus lhes mostrou que isto já estava escrito na Lei de Moisés, nos profetas e nos Salmos. Jesus ressuscitado, vivo no meio deles, se torna a chave para abrir totalmente o sentido da Sagrada Escritura.
• Lucas 24,48: VOCÊS SÃO TESTEMUNHOS DISTO. Nesta ordem final está a missão das comunidades cristãs: ser testemunhos da ressurreição, para que fique manifesto o amor de Deus que nos acolhe e nos perdoa, e o querer que vivamos em comunidade como seus filhos e filhas, irmãos e irmãs uns dos outros.




PARA REFLEXÃO PESSOAL

Às vezes, a incredulidade e a dúvida se abrigam no coração e procuram enfraquecer a certeza que a fé nos dá diante da presença de Deus em nossa vida. Você já viveu isto alguma vez? Como conseguiu superar?
• Ser testemunho do amor de Deus revelado em Jesus é nossa missão, é minha missão. Você é testemunho?




ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 8)
• Hoje falarei constantemente aos que me rodeiam de algo muito bom que Deus tenha feito comigo.






quarta-feira, 3 de abril de 2013

Lectio Divina - 03/04/13


QUARTA-FEIRA -03/04/2013

PRIMEIRA LEITURA: Atos 3,1-10


• O tempo da Páscoa nos retrocede ao frescor da vida evangélica vivida pela primeira comunidade, onde o sobrenatural era a coisa mais natural, onde os milagres eram o meio para o qual o mundo acreditasse na ressurreição e se aderisse à Igreja. Hoje a comunidade cristã fica assombrada por uma cura milagrosa, de que uma pessoa tenha visões ou revelações de Deus, quando isto, para uma pessoa que vive no Espírito, pode ser a coisa mais natural. Isto não quer dizer que todas as visões e milagres que a gente diz ter ou realizar tenham como fonte Deus, todavia, não deveríamos estranhar que estas coisas aconteçam, já que no meio de um mundo incrédulo no qual vivemos Deus continua se mostrando com poder, Jesus havia dito a seus apóstolos: “Vocês farão coisas maiores do que as que eu fiz”. Os sinais e prodígios que Deus continua realizando entre nós têm como objetivo manifestar ao mundo sua Palavra atual e verdadeira, que Ele continua agindo em todos aqueles que se oferecem à ser seus mensageiros, e você pode ser um deles. 




ORAÇÃO INICIAL 

• Oh Deus! Que todos os anos nos alegras com a solenidade da ressurreição do Senhor, concede-nos, através da celebração destas festas, um dia chegar-mos a alegria eterna. Por Nosso Senhor...




REFLEXÃO

Lucas 24,13-35

O evangelho de hoje nos trás o episódio tão conhecido de Jesus com os discípulos de Emaús. Lucas escreve nos anos 80 para as comunidades da Grécia que em sua maioria eram pagãos convertidos. Os anos 60 e 70 haviam sido muito difíceis. Houve a grande perseguição de Nero, em 64. Seis anos depois, em 70, Jerusalém foi totalmente destruída pelos romanos. Em 72, em Massada, no deserto de Judá, aconteceu o massacre dos últimos judeus revoltosos. Nesses anos, todos os apóstolos, testemunhos da ressurreição, foram desaparecendo. O cansaço se impõe ao longo do caminho. Onde encontrar força e coragem para não desanimar? Como descobrir a presença de Jesus nesta situação tão difícil? A narração de Jesus aos discípulos de Emaús tem o objetivo de ser uma resposta a estas perguntas angustiantes. Lucas quer ensinar para as comunidades como interpretar a Escritura para poder redescobrir a presença de Jesus na vida.
• Lc 24,13-24: 1º PASSO: COMEÇAR DA REALIDADE. Jesus encontra os dois amigos em uma situação de medo e de falta de fé. As forças da morte, a cruz, haviam matado neles a esperança. Era a situação de muita gente no tempo de Lucas e continua sendo a situação de muita gente hoje. Jesus se aproxima e caminha com eles, ouve, fala e pergunta: “De quem estais falando?”. A ideologia dominante, isto é, a propaganda do governo e da religião oficial da época, lhes impedia de ver. “Nós esperávamos que seria Ele que iria nos libertar… porém…”. Hoje qual é a conversa do povo que sofre? O primeiro passo é este: aproximar-se das pessoas, ouvir sua realidade, sentir seus problemas; ser capaz de fazer perguntas que ajudem as pessoas a olhar a realidade com o olhar mais crítico. 
• Lc 24,25-24: 2º PASSO: USAR A BÍBLIA PARA ILUMINAR A VIDA. Jesus usa a Bíblia e a história do povo de Deus para iluminar o problema que fazia os seus amigos sofrer, e para elucidar a situação que eles estavam vivendo. A usa, assim mesmo, para situá-los dentro do projeto de Deus que vinha de Moisés e dos profetas. E assim lhes mostra que a história não havia escapado das mãos de Deus. Jesus usa a Bíblia não como um doutor que já sabe tudo, mas sim, como um companheiro que vai ajudar os amigos para que lembrem o que haviam esquecido. Jesus não provoca um complexo de ignorância nos discípulos, porém, procura despertar neles a memória: “quanto custa acreditar tudo o que anunciam os profetas”. O segundo passo é este: com a ajuda da Bíblia, ajudar as pessoas a descobrir a sabedoria que já existe dentro delas mesmas, e transformar a cruz, sinal da morte, em sina de vida e esperança. Como fazer isto hoje? 
• Lc 24,28-32: 3º PASSO: COMPARTILHAR NA COMUNIDADE. A Bíblia, por si só, não abre nossos olhos. Apenas faz arder o coração. O que abre nossos olhos e nos faz enxergar, é a fração do pão, o gesto comunitário do compartilhar, rezar juntos, a celebração da Ceia. No momento em que os dois reconhecem Jesus, eles renascem e Jesus desaparece. Jesus não se apropria da caminhada dos amigos. Não é paternalista. Ressuscitados, os discípulos são capazes de caminhar com seus próprios pés. O terceiro passo é este: saber criar um ambiente de fé e de fraternidade, de celebração e de partilha, onde o Espírito Santo possa agir. É ele que nos faz descobrir e experimentar a Palavra de Deus na vida e nos leva a entender o sentido das palavras de Jesus (Jo 14,26; 16,13).
• Lc 24,33-35: 4º PASSO: O RESULTADO: RESSUSCITAR E VOLTAR A JERUSALÉM. Os dois recuperam a coragem e voltam para Jerusalém, onde continuavam ativas as mesmas forças da morte que haviam matado Jesus e que haviam matado neles a esperança. Porém, agora mudaram tudo. Se Jesus está vivo, então, Nele e com Ele existe um poder mais forte eu o poder que o matou. Esta experiência os faz ressuscitar! Realmente tudo mudou! Coragem, em vez de medo! Volta, em vez de ida! Fé, em vez de falta de fé! Esperança, em vez de desesperança! Consciência crítica, em vez de fatalismo frente ao poder! Liberdade, em vez de opressão! Em uma palavra: vida, em vez de morte! Ao invés da má notícia da morte de Jesus, a Boa Nova da Ressurreição! Os dois experimentaram a vida, e vida em abundância! (Jo 10,10). Sinal do Espírito de Jesus agindo neles!



PARA REFLEXÃO PESSOAL

Os dois disseram: “Nós pensávamos que seria Ele, porém…!”. Você já viveu uma situação de desalento que te tenha levado a dizer: “Eu, esperava, porém…?”. 
• Como você lê, interpreta e usa a Bíblia? Você sente seu coração arder ao ler e meditar a Palavra de Deus? Você lê a Bíblia só ou faz parte de algum grupo bíblico?





ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 104)
• Hoje procurarei alguém necessitado e em nome de Jesus lhe darei muito mais do que necessita.



terça-feira, 2 de abril de 2013

Lectio Divina - 02/04/13



TERÇA-FEIRA -02/04/2013


PRIMEIRA LEITURA: Atos 2,36-41

• Um leigo dedicado completamente à evangelização, dizia que na antiguidade bastava um sermão para converter mil pessoas, hoje, nem com mil sermões conseguimos converter uma pessoa. A razão disto, talvez seja que Pedro estava realmente convencido daquilo que dizia. Para ele, Cristo não havia sido uma filosofia, mas sim, uma pessoa real, alguém que lhe havia mudado a vida, de pescador de peixes a pescador de homens. Não somente sabia que havia recebido o Espírito Santo, mas, que experimentava seu poder. Por isto, quando falava a mensagem ia carregada da presença de Deus, pois, falava de sua experiência. Reconhecer que Jesus havia ressuscitado, significa aceitar sua vida e amor; significa deixar-se transformar por Ele. A Igreja necessita de homens e mulheres que estejam profundamente convencidos da ressurreição de Cristo e que o testifiquem em seu trabalho, em suas escolas, em todos os lugares, vivendo de acordo com a mensagem do Evangelho, e sendo corajosos para dar razão de sua fé quando for necessário. Você é uma destas pessoas. 




ORAÇÃO INICIAL 

• Tu, Senhor, que nos salvastes pelo mistério pascal, continua favorecendo com dons celestes à teu povo, para que alcance a liberdade verdadeira e possa gozar da alegria do céu, que já começou a experimentar na terra. Por Nosso Senhor...




REFLEXÃO

João 20,11-18

O evangelho de hoje descreve a aparição de Jesus a Maria Madalena. A morte de seu grande amigo leva Maria a perder o sentido da vida. Porém, ela continua buscando. Vai ao sepulcro para encontrar àquele que a morte lhe havia roubado. Existe momentos na vida nos quais tudo desmorona. Parece que tudo terminou. Morte, desastre, enfermidade, decepção, traição! Tantas coisas podem levar a aparência de que a terra foge de nossos pés, e, joga-nos em uma crise profunda. Porém, também acontece o seguinte: de repente, o encontro com uma pessoa amiga pode refazer a vida e fazer-nos descobrir que o amor é mais forte que a morte e a derrota. 
• O capítulo 20 de João, além da aparição de Jesus à Maria Madalena, trás vários outros episódios que revelam a riqueza da experiência da ressurreição: “a)-do discípulo amado e de Pedro (Jo 20,1-10); b)-de Maria Madalena (Jo 20,11-18); c)-da comunidade dos discípulos (Jo 20,19-23) e d)-do apóstolo Tomé (Jo 20,24-29). O objetivo da redação do Evangelho é levar as pessoas à acreditar em Jesus e, crer Nele, ter vida (Jo 20,30,3)”.
• Na maneira de descrever a aparição de Jesus a Maria Madalena se vêem as etapas da travessia pela qual teve que passar, desde a busca dolorosa até o reencontro da Páscoa. Estas também são as etapas pelas quais passamos todos nós, ao longo da vida, em nosso caminho para Deus e na vivência do Evangelho.
• João 20,11-13: MARIA MADALENA CHORA, PORÉM, PROCURA. Havia um amor muito grande entre Jesus e Maria Madalena. Ela foi uma das poucas pessoas que tiveram o valor de ficar com Jesus, até a hora de sua morte na cruz. Depois do repouso obrigatório do sábado, ela voltou ao sepulcro para estar no lugar onde havia encontrado o Amado pela última vez. Porém, viu com surpresa que o sepulcro estava vazio! Os anjos lhe perguntam: “Por que choras agora?”. Resposta: “Levaram meu Senhor e ninguém sabe onde o colocaram”. Maria Madalena procurava Jesus, aquele mesmo Jesus que ela havia conhecido e com quem havia convivido durante três anos. 
• João 20,14-15: MARIA MADALENA CONVERSA COM JESUS SEM RECONHECÊ-LO. Os discípulos de Emaús vêem Jesus e não o reconhecem (Lc 24,15-16). O mesmo acontece com Maria Madalena. Vê Jesus, porém, não o reconhece. Pensa que é o encarregado do horto. Como os anjos, Jesus também pergunta: “Por que choras”. E acrescenta: “A quem estais procurando?”. Resposta: “Se foi você que o levou, diz-me onde o colocastes, e eu o levarei”. Ela continua procurando o Jesus do passado, o mesmo que de três dias atrás. É a imagem de Jesus do passado que a impede de reconhecer o Jesus vivo, presente diante dela.
• João 20,16: MARIA MADALENA RECONHECE JESUS. Jesus pronuncia o nome: “Maria!”. Foi o sinal de reconhecimento: a mesma voz, a mesma maneira de pronunciar o nome. Ela responde: “Mestre!”. Jesus havia voltado, o mesmo que havia morrido na cruz. A primeira impressão é que a morte havia sido apenas um momento doloroso ao longo do ocorrido, porém, agora tudo havia voltado a ser como antes. Maria abraça Jesus com força. Era o mesmo que ela havia conhecido e amado. Realiza-se o que dizia a parábola do Bom Pastor: “Ele as chama pelo nome e elas o reconhecem”. – “Eu conheço minhas ovelhas e minhas ovelhas me conhecem” (Jo 10,3.4.14).
• João 20,17-18: MARIA MADALENA RECEBE A MISSÃO DE ANUNCIAR A RESSURREIÇÃO AOS APÓSTOLOS. De fato, é o próprio Jesus, porém, a maneira de estar junto Dele não é a mesma. Jesus lhe diz: “Não me toques, pois, ainda não subi ao Pai”. Ela vai para junto do Pai. Maria Madalena deve soltar Jesus e assumir sua missão: anunciar aos irmãos que Ele, Jesus, subiu para o Pai. Jesus abriu o caminho para nós e faz com que Deus fique de novo próximo de nós.



PARA REFLEXÃO PESSOAL

Você teve alguma experiência que lhe deu a sensação de perda e de morte? Como foi? O que é que te deu vida nova e te devolveu a esperança e a alegria de viver?
• Que mudança aconteceu com Maria Madalena ao longo do diálogo? Maria Madalena procurava Jesus segundo de um modo e o encontra de outra forma. Como acontece isto hoje em nossa vida?





ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 32)
• Este dia farei uma recontagem de todas as áreas de minha vida e nas que agora Jesus é quem realmente tem o controle lhe darei graças por isto. Por outro lado, também farei uma recontagem das áreas de minha vida nas qual Jesus não é quem tem o domínio, e em oração as entregarei.






segunda-feira, 1 de abril de 2013

Lectio Divina - 01/04/13


SEGUNDA-FEIRA -01/04/2013

PRIMEIRA LEITURA: Atos 2,14.22-33

• Ouvimos nesta segunda-feira da Páscoa o primeiro testemunho sobre a Ressurreição de Jesus. Este testemunho não só é importante por seu conteúdo, mas também por seu contexto, pois, recordamos que só haviam passados alguns dias que os judeus haviam condenado Jesus à morte e a comunidade de discípulos permanecia silenciosa e escondida. Pedro, cheio do Espírito Santo, fala como ele próprio diz: “Claramente”. Não tem medo do que dirão ou das conseqüências que pudessem trazer falar claramente de Cristo. Hoje em dia, necessitamos mais cristãos que estejam dispostos a falar com clareza sobre Cristo, cristãos que não tenham medo de portarem-se como tal, diante de seus superiores, de seus irmãos e de seus próprios padres. Cristãos que com sua vida sejam capazes de testemunhar Seu Senhor. Permitam-me falar agora com clareza, é necessário que deixemos de ser cristãos ocultos, cristãos só de nome ou de batismo, para ser autênticos seguidores do Ressuscitado. Irmão, irmã, apresenta-te hoje diante dos demais como um autêntico cristão, viva com clareza, e fale abertamente de teu Senhor, daquele que estava morto, porém, agora vive ressuscitado entre nós. 




ORAÇÃO INICIAL 

• Dá-nos, Senhor, uma vivência plena do mistério pascal, para que a alegria que experimentamos nestas festas seja sempre nossa força e nossa salvação. Por Nosso Senhor...




REFLEXÃO

Mateus 28,8-15

• Páscoa! O evangelho de hoje descreve a experiência de ressurreição das discípulas de Jesus. No começo de seu evangelho, ao apresentar Jesus, Mateus havia dito que Jesus é o Emanuel (Deus Conosco). Agora, no final, ele comunica e amplia a mesma certeza de fé, pois proclama que Jesus ressuscitou (Mt 28,6) e que estará sempre conosco, até o final dos tempos! (Mt 28,20). Nas contradições da vida, esta verdade é muitas vezes contestada. Não faltam as oposições. Os inimigos, os chefes dos judeus, se defendem contra a Boa Nova da ressurreição e mandam dizer que o corpo foi roubado pelos discípulos (Mt 28,11-13). Hoje acontece tudo isto. Por um lado, o esforço de tanta gente boa para viver e testemunhar a ressurreição. Por outro, tanta gente má, que combate a ressurreição e a vida.
• No evangelho de Mateus, a verdade da ressurreição de Jesus é contada através de uma linguagem simbólica, que revela o sentido oculto dos acontecimentos. Mateus fala de um tremor de terra, de relâmpagos e anjos que anunciam a vitória de Jesus sobre a morte (Mt 28,2-4). É a linguagem apocalíptica, muito comum naquela época, para anunciar que, finalmente, o mundo foi transformado pelo poder de Deus! Realizou-se a esperança dos pobres que reafirmaram sua fé: “Ele está vivo, no meio de nós!”.
• Mateus 28,8: A ALEGRIA DA RESSURREIÇÃO VENCE O MEDO. Na madrugada do domingo, o primeiro dia da semana, duas mulheres foram ao sepulcro, Maria Madalena e Maria de Tiago, chamada de “a outra” Maria. De repente, a terra tremeu e um anjo apareceu como um relâmpago. Os guardas que estavam vigiando o túmulo desmaiaram. As mulheres ficaram com medo, porém, o anjo as reanimou, anunciando a vitória de Jesus sobre a morte e enviando-as para reunirem os discípulos de Jesus na Galiléia. E na Galiléia a elas poderão vê-lo novamente. Ali, onde tudo começou, acontecerá a grande revelação do Ressuscitado. A alegria da ressurreição começa a vencer o medo. Inicia-se o anuncio da vida e da ressurreição.
• Mateus 28, 9-10: A APARIÇÃO DE JESUS ÀS MULHERES. As mulheres saem correndo. Sentem uma mescla de medo e de alegria. Sentimentos próprios de quem faz uma profunda experiência do Mistério de Deus. De repente, o próprio Jesus vai a seu encontro e diz: “Alegrem-se!”. Elas se prostram e adoram. É a postura de quem acredita e acolhe a presença de Deus, ainda que, surpreenda e supere a capacidade humana de compreensão. Agora, o próprio Jesus dá a ordem de reunir aos irmãos na Galiléia: “Não temais. Ide, avisem a meus irmãos para irem a Galiléia, ali me verão”. 
• Mateus 28,11-15: A ASTÚCIA DOS INIMIGOS DA BOA NOVA. A mesma oposição que Jesus encontrou em vida, aparece agora depois de sua ressurreição. Os chefes dos sacerdotes se reuniram e deram dinheiro aos guardas. Têm que apoiar a mentira de que os discípulos roubaram o corpo de Jesus e inventaram algo sobre a ressurreição. Os chefes rejeitam e lutam contra a Boa Nova da Ressurreição. Preferem acreditar que tudo foi uma invenção dos discípulos e discípulas de Jesus. O significado do testemunho das mulheres. A presença das mulheres na morte, no enterro e na ressurreição de Jesus é significativa. Testemunharam a morte de Jesus (Mt 27,54-56). No momento do enterro, ficaram sentadas diante do sepulcro e, portanto, puderam dizer qual era o lugar onde foi colocado o corpo de Jesus (Mt 27,61). Agora, no domingo de madrugada, estão de novo ali. Sabem que aquele sepulcro vazio é realmente o sepulcro de Jesus! A profunda experiência da morte e da ressurreição que transformaram suas vidas. Elas mesmas ressuscitaram e se tornaram testemunhas qualificadas nas comunidades cristãs. Por isto, recebem a ordem de anunciar: “Jesus está vivo! Ressuscitou!”. 



PARA REFLEXÃO PESSOAL

Qual é a experiência de ressurreição em minha vida? Existe em mim alguma força que combate a experiência da ressurreição? Qual é a minha reação? 
• Hoje, qual é a missão de nossa comunidade como discípulos e discípulas de Jesus? De onde podemos tirar força e valor para cumprir nossa missão?




ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 15)
• Para festejar este primeiro dia da Páscoa e unir-me a alegria dos apóstolos, a cada pessoa com a qual me encontrar neste dia, farei com que saiba de um modo ou de outro que Jesus está vivo.