sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Lectio Divina - 31/08/12






SEXTA-FEIRA -31/08/2012

PRIMEIRA LEITURA: 1Corintios 1,17-25

•    “Se queres viver, tens que morrer”; “se queres ter, tens que dar”; “se queres ser exaltado, tens que ser humilhado”; “se queres ser o primeiro, deves ser o último”, qualquer um que ouvisse essas afirmações como o caminho para alcançar a felicidade, diria: “Este sujeito esta louco, o que diz não tem sentido”.
• Esta é precisamente a “loucura da cruz”, é a loucura pregada por Cristo. Certamente o Evangelho, a Sabedoria de Deus, hoje mais do que nunca, neste mundo “científico e técnico”, não parece ter muito sentido. No ambiente onde o mais importante não é ser, mas sim, ter, onde o importante é o prático, ainda que nele não exista caridade, onde o sofrimento é entendido como um castigo e não como um meio para santificar-nos e santificar nosso mundo, nossa vida e nosso testemunho, podem ser tomados como uma verdadeira loucura. Os grandes seguidores de Jesus tem sido os grandes loucos: São Francisco de Assis, Santa Clara, São Inácio de Loyola, Santa Teresa D’Ávila. Sim! Esta é uma bendita loucura que leva o homem a experimentar a verdadeira e profunda felicidade, é o poder de Cristo que nos tem dito: “eu venci o mundo e comigo vocês são mais que vencedores”. Deixe-se transformar pelo amor de Cristo, ainda que as pessoas o considerem louco.



ORAÇÃO INICIAL


• Vem Senhor, em ajuda a teus filhos, derrama tua bondade inesgotável sobre os que te suplicam, e renova e protege a obra de suas mãos em favor dos que te louvam como criador e como guia. Por Nosso Senhor...




REFLEXÃO

Mateus 25,1-13

•    Hoje, comemora-se o dia de Santa Edith Stein que no Carmelo usou o nome de Teresa Bendita da Cruz. Por isto, o evangelho de hoje traz a parábola das dez virgens que deviam dar as boas vindas ao noivo quando chegasse para a festa de boda.
• Mateus 25,1: O COMEÇO: “ENTÃO”. A parábola começa com esta palavra: “Então”. Trata-se da vida do Filho do Homem. Ninguém sabe quando virá esse dia, “nem os anjos, nem mesmo o filho, mas sim somente o Pai” (Mt 24,36). Não importa que os adivinhos queiram fazer cálculos. O Filho do Homem virá de surpresa, quando a gente menos espera (Mt 24,44). Pode ser hoje, pode ser amanhã. Por isto, o recado final da parábola das dez virgens é “Vigiai!”. As dez jovens devem estar preparadas para qualquer eventualidade. Quando a polícia nazista chamou à porta do monastério das Carmelitas em Echt na província de Limburgia nos Paises Baixos, Edith Stein, a irmã Teresa da Cruz, estava preparada. Assumiu a Cruz e seguiu para o martírio no campo de extermínio por amor a Deus e a sua gente. Era uma das virgens prudentes da parábola.
• Mateus 25,1b-4: AS DEZ VIRGENS PREPARADAS PARA AGUARDAR O NOIVO. A parábola começa assim: “O Reino do Céu é como dez virgens que prepararam suas lâmpadas e saíram ao encontro do noivo”. Trata-se de jovens que deviam acompanhar o noivo para a festa de boda. Para isto, elas deviam levar consigo as lâmpadas, seja para iluminar o caminho, seja para iluminar a festa. Cinco delas eram prudentes e cinco eram imprudentes. Esta diferença aparece com clareza na maneira em que se preparam para a função que receberam. Junto com as lâmpadas acesas, as previdentes também levaram consigo uma vasilha de azeite de reserva. Prepararam-se para qualquer eventualidade. As virgens imprudentes levaram apenas as lâmpadas, não pensaram em levar um pouco de azeite de reserva.
• Mateus 25,5-7: O ATRASO NÃO PREVISTO PARA A CHEGADA DO NOIVO. O noivo demora. Não havia uma hora determinada para sua chegada. Na espera, o sono se apodera das jovens, todavia, as lâmpadas continuam gastando azeite e vão se apagando pouco a pouco. De repente, no meio da noite, ouve-se um grito: “O noivo já está aqui. Saiam em seu encontro!”. Todas elas despertam e começam a preparar as lâmpadas que já estavam quase no final. Deviam colocar o azeite de reserva para evitar que as lâmpadas se apagassem.
• Mateus 25,8-9: AS DIVERSAS REAÇÕES DIANTE DA CHEGADA ATRASADA DO NOIVO. Somente agora as imprudentes se dão conta de que esqueceram de levar o azeite de reserva. Foram pedir aceite as jovens prudentes: “Dá-nos de vosso azeite, que nossas lâmpadas estão se apagando!”. As prudentes não puderam atender este pedido, pois, naquele momento o que importava não era que as prudentes compartilhassem seu azeite com as outras, mas sim, que estivessem prontas para acompanhar o noivo até o lugar da festa. Por isto aconselham: “é melhor que irem aos vendedores para comprar o azeite!”.
• Mateus 25,10-12: O DESTINO DAS VIRGENS PRUDENTES E DAS IMPRUDENTES. As imprudentes seguem o conselho das prudentes e vão comprar o azeite. Durante esta breve ausência da compra chega o noivo e as prudentes podem acompanhá-lo à festa de boda. E a porta se fecha atrás delas. Quando chegam as outras, chamam à porta e pedem: “Senhor, Senhor, abre a porta para nós!”. E recebem a resposta: “Em verdade vos digo que não as conheço”.
• Mateus 25,13: A RECOMENDAÇÃO FINAL DE JESUS PARA TODOS NÓS. A história desta parábola é muito simples e a lição é evidente. “Vigiai, pois, porque não sabeis, nem o dia, nem a hora!”. Moral da história: não sejas superficial, olhe mais além do momento presente, procure descobrir o chamado de Deus até nas mínimas coisas da vida, até no azeite que falta para a lâmpada.





PARA REFLEXÃO PESSOAL

• Já te aconteceu de pensar no azeite de reserva para tua lâmpada?
• Conhece a vida de Santa Edith Stein, Teresa Bendita da Cruz?





ORAÇÃO FINAL

• (SALMO 34,2-3)
• Hoje renunciarei a algo que eu goste especialmente, como símbolo de que nada existe de mais importante que meu Senhor Jesus.



quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Lectio Divina - 30/08/12






QUINTA-FEIRA -30/08/2012

PRIMEIRA LEITURA: 2Corintios 10,17-11,2

•    Na festa de Santa Rosa de Lima, a liturgia nos propõe esta leitura na qual Paulo nos faz ver como nós somos em geral todos os cristãos, desposados com um só varão, que é o Cristo. Isto ele faz para que caiamos em conta da importância da fidelidade, a qual nos vem muito bem para refletir em nossa fidelidade ao Senhor, em um tempo e um meio na qual esta palavra tem perdido grande parte de seu significado. Hoje batalhamos até para ser fiel ao “sabão” que usamos, pois, em um meio em que somos bombardeados continuamente pela Mídia que procura vender-nos tudo existe e que vai existir, fazendo-nos ver as vantagens de certos produtos e as desvantagens do produto que estamos usando por anos, é fácil mudar de rumo. Isto, que é um produto de asseio não teria grande transcendência, em nossa vida de relação com Deus e com os demais, é de capital importância. Se levarmos em conta a oferta religiosa que temos hoje, poderemos nos dar conta de que, só das seitas cristãs, sem contar as igrejas formais da reforma que têm bases teológicas e que, em conjunto estão procurando trabalhar para retornar à unidade, as puras seitas são mais de 2.000. Cada uma delas à seu modo procura a adesão das pessoas oferecendo, desde cesta básica até uma teologia mais relaxada a qual convida seus fiéis a “não sofrer”. Isto também acontece no ambiente social, por sua forma de vestir e de comportar-se, em que os homens e as mulheres se vendem ao melhor proponente. Não importa se já tenha feito uma escolha prévia, tudo pode mudar. A palavra “para sempre” hoje já não “existe”. Devemos, pois, estar atentos, já que ninguém fica excluído deste modo perverso no qual o demônio age em nossas vidas procurando que sejamos infiéis a Cristo e a sua Palavra. Mantenhamo-nos firmes, como Santa Rosa, que tendo tudo, aderiu para sempre à Jesus em pobreza e castidade e assim permaneceu até o fim de sua vida.



ORAÇÃO INICIAL

• Oh Deus, que unes os corações de teus fiéis em um mesmo desejo, inspira a teu povo o amor a teus preceitos e a esperança em tuas promessas, para que, no meio das vicissitudes do mundo, nossos corações estejam firmes na verdadeira alegria. Por Nosso Senhor...




REFLEXÃO

Mateus 24,42-51

•    O evangelho de hoje fala da vinda do Senhor no final dos tempos e nos exorta a vigilância. Na época dos primeiros cristãos, muita gente pensava que o final deste mundo estava próximo e que Jesus voltaria logo. Hoje muita gente pensa que o fim do mundo está próximo. Por isto, é bom refletir sobre o significado da vigilância.
• Mateus 24,42: VIGILANCIA. “Portanto, vigiai, pois, não sabeis que dia virá vosso Senhor”. A respeito do dia e da hora do fim do mundo, Jesus havia dito: “Mas daquele dia e hora, ninguém sabe nada, nem os anjos no céu, nem o Filho, mas só o Pai!” (Mc 13,32). Hoje, muita gente vive preocupada com o fim do mundo. Nas ruas das cidades, muitas vezes se vê escrito: “Jesus voltará!”. E como será essa volta? Depois do ano 1.000, apoiados no Apocalipse de João (20,7), começaram a dizer: “Os mil primeiros anos passarão, porem os 2.000 anos não passarão!”. Por isto, na medida em que se aproximava o ano 2.000, muitos ficaram preocupados. Até houve gente que, angustiada com a proximidade do fim do mundo, suicidou-se. Outros, lendo o Apocalipse de João, chegaram a predizer a hora exata do fim. Mas, o ano 2.000 passou e não aconteceu nada. O fim não chegou! Muitas vezes, a afirmação “Jesus voltará” é usada para deixar as pessoas com medo e obrigá-las a atender uma determinada Igreja! Outros, de tanto esperar e especular em torno da vinda de Jesus, não percebem mais sua presença no meio deles, nas coisas comuns de cada dia, nos fatos do dia-a-dia.
• A mesma problemática existia nas comunidades cristãs dos primeiros séculos. Muita gente das comunidades dizia que o fim deste mundo estava próximo e que Jesus voltaria logo. Alguns da comunidade de Tessalônica na Grécia, apoiando-se na pregação de Paulo diziam: “Jesus voltará logo!” (1Ts 4,13-18; 2Ts 2,2). Por isto, havia pessoas que não trabalhavam, porque pensavam que a vinda fosse coisa de poucos dias ou semanas. “Trabalhar, para que, se Jesus ia voltar?” (cf. 2Ts 3,11). Paulo responde que não era tão simples como se imaginava. E aos que não trabalhavam dizia: “Quem não quer trabalhar não coma!”. Outros ficavam olhando para o céu, aguardando o retorno de Jesus sobre as nuvens (cf. At 1,11). Outros se queixavam que estava demorando (2Pd 3,4-9). Em geral, os cristãos viviam na expectativa da vinda iminente de Jesus. Jesus viria realizar o Juízo Final para terminar com a história injusta deste mundo e começar a nova fase da história, a fase definitiva do Novo Céu e da Nova Terra. Pensavam que isto aconteceria dentro de uma ou duas gerações. Muita gente viveria ainda quando Jesus aparecesse glorioso no céu. Outros, cansados de esperar, diziam: “Não voltará nunca!” (2Pd 3,4).
• Até hoje, a vida de Jesus não aconteceu! Como entender esta demora? É que não percebemos que Jesus já voltou, já está no meio de nós: “Eu estarei no meio de vós todos os dias, até o fim do mundo” (Mt 28,20). Ele já está ao lado de nós, na luta pela justiça, pela paz e pela vida. A plenitude não chegou, no entanto, uma mostra ou garantia do Reino já está no meio de nós. Por isto, aguardamos com firme esperança a libertação da humanidade e da natureza (Rm 8,22-25). Enquanto esperamos e lutamos, dizemos acertadamente: “Ele já está no meio de nós!” (Mt 25,40).
• Mateus 24m43-51: O EXEMPLO DO DONO DA CASA E DE SEUS EMPREGADOS. “Entendamos bem: se o dono da casa soubesse que horas da noite viria o ladrão, estaria preparado e não permitiria que entrasse em sua casa”. Jesus deixa bem claro. Ninguém sabe nada a respeito da hora: “Quanto a esse dia e a essa hora, ninguém sabe nada, nem os anjos, nem o Filho, mas somente o Pai!”. O que importa não é saber a hora do fim deste mundo, mas ter um olhar capaz de perceber a vinda de Jesus já presente no meio de nós na pessoa do pobre (cf. Mt 25,40) e em tantos outros modos e acontecimentos da vida de cada dia. O que importa é abrir os olhos e ter presente o exemplo do bom empregado do qual Jesus fala na parábola.





PARA REFLEXÃO PESSOAL

• Em quais sinais as pessoas se apóiam para dizer que o fim do mundo está próximo? Você pensa que o fim do mundo está próximo?
• O que responder aos que dizem que o fim do mundo está próximo? Qual é a força que te dá coragem para resistir e a ter esperança?





ORAÇÃO FINAL

• (SALMO 145,1-2)
• Vou refletir no início ou no final da jornada para descobrir os aspectos de minha vida em que não sou fiel ao amor incondicional que Deus me oferece em Cristo.




quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Lectio Divina - 29/08/12


QUARTA-FEIRA -29/08/2012

PRIMEIRA LEITURA: 2Tesalonicenses 3,6-10.16-18

•    Quando o Papa João Paulo II visitou Monterrey pela segunda vez, na homilia deu ênfase não só à “santificação” do trabalho, mas também no trabalho como um modo de santificar-se. Disse na homilia: “Jesus, o Filho de Deus, não teve ao menos o trabalho, e por isso aprendeu um ofício e o exerceu, tanto assim que as pessoas surpresas perguntavam: Este, não é o carpinteiro?” (Mc 3,6). O trabalho não é só uma maneira por meio do qual Deus nos dá o pão de cada dia, mas também é o lugar para encontrar-se com Deus, com o Deus construtor, com o Deus que criou tudo e que nos tem feito “co-criadores com Ele”. Quando trabalhamos (seja trabalho de oficina, de cozinha, de fabrica, de estúdio, de casa) e o fazemos com alegria, descobrindo em nosso trabalho esta presença e essa ação criadora de Deus em nós, o trabalho também se converte em um modo de santificar nosso mundo. Desta maneira o trabalho deixa de ser uma obrigação, para converter-se em alegria, em uma verdadeira experiência de Deus. Faça de seu trabalho diário uma experiência do amor de Deus. Converta-se, como Paulo, em um exemplo e um meio de evangelização para as pessoas que trabalham contigo, que vendo tua alegria, as pessoas se sintam chamadas para viver a mesma experiência que você tem e dêem glória a Deus.



ORAÇÃO INICIAL

• Oh Deus, que unes os corações de teus fiéis em um mesmo desejo, inspira a teu povo o amor a teus preceitos e a esperança em tuas promessas, para que, no meio das vicissitudes do mundo, nossos corações estejam firmes na verdadeira alegria. Por Nosso Senhor...




REFLEXÃO

Marcos 6,17-29

•    Hoje lembramos o martírio de João Batista. O evangelho descreve como morreu João Batista, sem defesa, durante um banquete, vítima da prepotência e da corrupção de Herodes e de sua corte.
• Marcos 6,17-20: A CAUSA DA PRISÃO E DO ASSASSINATO DE JOÃO. Herodes era um empregado do império romano. Quem mandava na Palestina, desde o ano 63 antes de Cristo, era César, o imperador de Roma. Herodes, para não ser deposto, procurava agradar Roma em tudo. Insistia, sobretudo, em uma administração eficiente que desse lucro ao Império e a ele próprio. A preocupação de Herodes, era sua própria promoção e segurança. Por isto, reprimia qualquer tipo de subversão. Ele gostava de ser chamado de “benfeitor do povo”, mas, na realidade era um tirano (cf. Lc 22,25). Flávio Josefo, um escritor daquela época, informa que o motivo da prisão de João Batista era o medo que Herodes tinha de uma revolta popular. A denuncia de João Batista contra a moral depravada de Herodes (Mc 6,18), foi a gota d’água que fez transbordar o vaso, e João foi levado à prisão.
• Marcos 6,21-29: A TRAMA DO ASSASSINATO. Aniversário e banquete de festa, com danças e orgias. Era um ambiente em que os poderosos do reino se reunião e no qual se faziam as alianças. A festa contava com a presença “dos grandes da corte e das pessoas importantes da Galiléia”. Neste ambiente se trama o assunto de João Batista. João, o profeta, era uma denuncia viva desse sistema corrompido. Por isso foi eliminado sob o pretexto de um problema de vingança pessoal. Tudo isto revela a debilidade moral de Herodes. Tanto poder acumulado nas mãos de um homem sem controle de si. No entusiasmo da festa e do vinho, Herodes fez um juramento leviano à uma jovem bailarina. Supersticioso como era, pensava que tinha que manter o juramento. Para Herodes, a vida dos súditos não valia nada. Dispunha deles como da posição das cadeiras de sua sala. Marcos conta o fato tal e qual e deixa às comunidades e a nós a tarefa de tirar conclusões.
• Nas entre linhas, o evangelho de hoje trás muitas informações sobre o tempo em que Jesus viveu e sobre a maneira em que era exercido o poder pelos poderosos da época. Galiléia, terra de Jesus, era governada por Herodes Antipas, filho do rei Herodes, o Grande, dede 4 antes de Cristo até 39 depois de Cristo. Ao todo 43 anos! Durante todo o tempo em que Jesus viveu não houve mudança no governo na Galiléia. Herodes era dono absoluto de tudo, não prestava conta a ninguém, fazia o que lhe passava pela cabeça. Prepotência, falta de ética, poder absoluto, sem controle por parte das pessoas!
• Herodes construiu uma nova capital, chamada Tiberíades. “Sefforis”, a antiga capital, havia sido destruída pelos romanos em represália por uma revolta popular. Isto aconteceu quando Jesus tinha, talvez, sete anos. Tiberíades, a nova capital, foi inaugurada trezes anos mais tarde, quando Jesus tinha 20 anos. Era chamada assim para agradar Tibério, o imperador de Roma. Tiberíades era um lugar estranho na Galiléia. Ali viviam o rei, “os grandes, os generais e os magnatas da Galiléia” (Mc 6,21). Lá moravam os donos das terras, os soldados, os policiais, os juizes muitas vezes insensíveis (Lc 18,1-4). Para lá eram levados os impostos e o produto das pessoas. Era ali que Herodes fazia suas orgias de morte (Mc 6,21-29). Não consta nos evangelhos que Jesus houvesse entrado nesta cidade.
• Ao longo daqueles 43 anos de governo de Herodes, criou-se toda uma classe de funcionários fiéis ao projeto do rei: escribas, comerciantes, donos de terras, fiscais do mercado, publicanos e arrecadadores de impostos, promotores, chefes locais. A maior parte deste pessoal morava na capital, gozando dos privilégios que Herodes oferecia, por exemplo, isenção de imposto. A outra parte vivia nas aldeias. Em cada aldeia ou cidade havia um grupo de pessoas que apoiavam o governo. Vários escribas e fariseus estavam ligados ao sistema e à política do governo. Nos evangelhos, os fariseus aparecem junto com os herodianos (Mc 3,6;8,15;12,13), o qual reflete a aliança que existia entre o poder religioso e o poder civil. A vida das pessoas nas aldeias da Galiléia era muito controlada, tanto pelo governo como pela religião. Era necessário ter muita coragem para começar algo novo, como fizeram João e Jesus. Era o mesmo que atrair sobre si a ira dos privilegiados, tanto do poder religioso como do poder civil, a nível local ou estadual.





PARA REFLEXÃO PESSOAL

• Conhece casos de pessoas que foram mortas vítimas da corrupção e da dominação dos poderosos? E aqui entre nós, em nossa comunidade e na Igreja, existem vítimas do desmando e do autoritarismo? Um exemplo?
• Superstição, covardia e corrupção marcavam o exercício do poder de Herodes. Compare com o exercício do poder religioso e civil hoje nos vários níveis tanto da sociedade como da Igreja.





ORAÇÃO FINAL

• (SALMO 71,1-2)
• Hoje serei muito zeloso em cada minuto de meu dia para que o mesmo seja bem aproveitado, sem esquecer que meu chefe direto, não é o que diz minha empresa, mas sim, o Senhor.




terça-feira, 28 de agosto de 2012

Lectio Divina - 28/08/12






TERÇA-FEIRA -28/08/2012

PRIMEIRA LEITURA: 2Tesalonicenses 2,1-3.14-17


•    Esta palavra de Deus, que o apóstolo Paulo nos fala hoje, é verdadeiramente “boa notícia”. No meio de todos os rumores que, com freqüência, circulam sobre o fim do mundo, a Escritura nos confirma que não nos deixemos deixar de levar por todos estes vaticínios, os quais, em lugar de apresentar uma mensagem de salvação, apresentam uma mensagem de perdição, o que logicamente, como os tessalonicenses, nos levam a viver em estado de inquietude e de angústia que não é próprio do Evangelho e daqueles que se deixam conduzir pelo Espírito de Jesus. Pelo contrário, são frutos inconfundíveis da vida cristã da alegria e da paz interior. O apóstolo nos lembra que Deus nos ama e que nos tem dado gratuitamente esta paz e esta alegria, não deixemos que nada nem ninguém, sob supostas aparições ou mensagens, sejam capazes de arrebatar-nos a alegria que Deus nos tem feito em Cristo. É esta paz, esta alegria interior, que verdadeiramente nos dispõe a trabalhar o bem, e é tão notório que todos percebem. Seja hoje o canal pelo qual a alegria e a paz de Deus, cheguem a todos e a cada uma das pessoas que te rodeiam.



ORAÇÃO INICIAL

• Oh Deus, que unes os corações de teus fiéis em um mesmo desejo, inspira a teu povo o amor a teus preceitos e a esperança em tuas promessas, para que, no meio das vicissitudes do mundo, nossos corações estejam firmes na verdadeira alegria. Por Nosso Senhor...




REFLEXÃO

Mateus 23,23-26

•    O evangelho de hoje apresenta dois outros “ais” que Jesus pronuncia contra os lideres religiosos de sua época. Os dois “ais” de hoje denunciam a falta de coerência entre a palavra e atitude, entre o exterior e o interior. Repetimos hoje o que afirmamos antes. Ao meditar as palavras tão duras de Jesus, tenho que pensar não só nos doutores e nos fariseus da época de Jesus, mas também e, sobretudo, na hipocrisia que existe em mim, em nós, em nossa família, na comunidade, em nossa igreja, na sociedade de hoje. Vamos olhar no espelho do texto, para descobrir o que existe de errado em nós.
• Mateus 23.23-24: O QUINTO “AI” CONTRA OS QUE INSISTEM NA OBSERVÂNCIA E ESQUECEM A MISERICÓRDIA. “Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas, que pagais o dízimo da menta, do endro e do cominho, e descuidais do mais importante da Lei: a justiça, a misericórdia e a fé”. Este quinto “ai” de Jesus contra os líderes religiosos daquela época pode ser repetido contra muitos lideres religiosos dos séculos seguintes, até hoje. Muitas vezes em nome de Deus, insistimos em detalhes e esquecemos da misericórdia. Por exemplo, o “hansenismo” voltou a viver a fé árida, insistindo em observâncias e penitências que desviaram o povo do caminho do amor. A irmã carmelita Teresa de Lisieux cresceu neste ambiente hansenista, que marcava a França do final do século XIX. Foi a partir de uma dolorosa experiência pessoal que ela soube recuperar a gratuidade do amor de Deus com a força que deve animar por dentro a observância das normas. Pois, sem a experiência do amor, as observâncias fazem de Deus um ídolo.
• Mateus 23,25-26: O SEXTO “AI” CONTRA OS QUE LIMPAAM AS COISAS POR FORA E AS DEIXAM SUJAM POR DENTRO. “Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas, que purificais por fora o copo e o prato, enquanto por dentro estão cheios de rapina e intemperança! Fariseu cego purifique primeiro por dentro o copo, para que também por fora fique puro!”. No Sermão da Montanha, Jesus critica os que observam a letra da lei e transgridem o espírito da lei. Disse: “Haveis ouvido que disse seus antepassados: Não matarás; e aquele que matar será réu diante do tribunal. Pois, eu vos digo: Todo aquele que se encolerizar contra seu irmão, será réu diante do tribunal, porém, o que chamar o irmão de “imbecil” será réu diante do Sinédrio, o que o chamar de “renegado”, será réu da gehena de fogo”. “Haveis ouvido o se disse: Não cometerás adultério. Pois eu vos digo: Todo aquele que olhar uma mulher desejando-a, já cometeu adultério com ela em seu coração” (Mt 5,21-22.27-28). Não basta observar a letra da lei. Não basta não matar, não roubar, não cometer adultério, não jurar, para ser fiel ao que Deus nos pede. Só observa plenamente a lei de Deus aquele que, mais além do que a letra vai até a raiz e arranca de dentro de si “os desejos de roubo e de cobiça” que podem levar ao assassinato, ao roubo, o adultério. A plenitude da lei se realiza na prática do amor.





PARA REFLEXÃO PESSOAL

• Mais dois “ais”, mais dois motivos para receber uma critica severa por parte de Jesus. Qual dos dois cabe em mim?
• Observância e gratuidade: qual das duas prevalece em mim?






ORAÇÃO FINAL

• (SALMO 96,2-3)
• Hoje repetirei constantemente “Vem, Senhor Jesus” e o farei pensando em que chegue meu dia, em que venha ao mundo que não o conhece e que venha no dia glorioso de sua revelação.




segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Lectio Divina - 27/08/12





SEGUNDA-FEIRA -27/08/2012

PRIMEIRA LEITURA: 2Tesalonicenses 1,1-5. 11-12

• Nesta bela saudação do apóstolo à comunidade de Tessalônica, valeria a pena refletir em uma das ações que amiúde passam despercebidas em nossa correria cotidiana, que é o de dar graças, principalmente a Deus, mas também todos os que entram diariamente em contato conosco e dos quais recebemos serviços e atenção. É comum, e espontâneo, o pedir. Isto é bom e agradável à Deus, mas, quanto mais o é, e o que lhe damos graças. Se parar para pensar um momento, perceberá todas as alegrias e graças que tens recebido, começando pela vida. Você que esta lendo agora, pode agradecer-lhe por ter acesso a esse meio de comunicação, e a tantas e tantas graças, que se analisar, verá que encontram sua origem no próprio Deus. Mas também, se é sincero contigo mesmo, descobrirá muitas pessoas que diariamente se relacionam contigo e que ao proporcionar-te um serviço, enriquecem tua vida. Um sorriso, um “agradecimento”, pode mudar o curso de todo seu dia. Não deixa de aproveitar a oportunidade hoje de agradecer, é o principio da felicidade e da harmonia entre Deus, você e os demais.



ORAÇÃO INICIAL

• Oh Deus, que unes os corações de teus fiéis em um mesmo desejo, inspira a teu povo o amor a teus preceitos e a esperança em tuas promessas, para que, no meio das vicissitudes do mundo, nossos corações estejam firmes na verdadeira alegria. Por Nosso Senhor...




REFLEXÃO

Mateus 23,13-22

• Nos próximos dias vamos meditar o discurso que Jesus pronunciou criticando aos doutores da lei e aos fariseus, chamando-os de hipócritas. No evangelho de hoje, Jesus pronuncia contra eles quatro “ais” ou pragas. No evangelho de amanhã se acrescentam outros dois, e no evangelho de depois de amanhã outros dois. Ao todo oito “ais” ou pragas contra os líderes religiosos da época. São palavras muito duras. Ao meditá-las, tenho que pensar nos doutores e nos fariseus do tempo de Jesus, mas também e, sobretudo, na hipocrisia que existe em mim, em nós, em nossa família, em nossa Igreja, em nossa sociedade hoje. Vamos olhar no espelho do texto para descobrir o que existe de errado em nós.
• Mateus 23,13: O PRIMEIRO “AI” CONTRA OS QUE FECHAM A PORTA DO REINO. Como fechar o Reino? Apresentando Deus como um juiz severo, deixando pouco espaço à misericórdia. Impondo em nome de Deus leis e normas que não têm nada a ver com os mandamentos de Deus, falsificando a imagem do Reino e matando no outro o desejo de servir a Deus e o Reino. Uma comunidade que se organiza ao redor deste falso deus “não entra no Reino”, nem é expressão do Reino, e impede que seus membros entrem no Reino.
• Mateus 23,14: O SEGUNDO “AI” CONTRA OS QUE USAM A RELIGIÃO PARA ENRIQUECER-SE. “Vocês exploram as viúvas, e roubam em suas casas e, para disfarçar, fazem longas orações! Por isto, vocês vão receber uma condenação muito severa”. Jesus permite que os discípulos vivam do evangelho, pois, disse que o trabalhador merece seu salário (Lc 10,7; cf. 1Cor 9,13-14), porém, usar a oração e a religião como meio para enriquecer-se, isto é hipocrisia e não revela a Boa Nova de Deus. Transforma sua religião em um mercado. Jesus expulsa os comerciantes do Templo citando os profetas Isaias e Jeremias: “Minha casa é casa de oração para todos os povos e vocês a transformaram em uma cova de ladrões” (Mc 11,17; cf. Is 56,7; Jr 7,11). Quando o mago Simão quis comprar o dom do Espírito Santo, Pedro o amaldiçoou (At 8,18-24). Simão recebeu a “condenação mais severa” da qual Jesus fala no evangelho de hoje.
• Mateus 23,15: O TERCEIRO “AI” CONTRA OS QUE FAZEM PROSELITISMO. “Vocês que percorrem mar e terra para fazerr um prosélito, e, quando chega a sê-lo, o fazeis filho da condenação o dobro que vós!”. Existem pessoas que se fazem missionárias e anunciam o evangelho não para irradiar a Boa Nova do amor de Deus, mas sim, para atrair outros à seu grupo ou à sua igreja. Uma vez, João proibiu uma pessoa que usasse o nome de Jesus porque não fazia parte de seu grupo. Jesus respondeu: “Não o impeça. Pois, o que não está contra nós, está a nosso favor” (Mc 9,39). O documento da Assembléia Plenária dos bispos da América Latina realizou-se no mês de maio de 2008, em Aparecida, Brasil, sob o título: “Discípulos e missionários de Jesus Cristo, para que nele nossos povos tenham vida!”. É dizer que o objetivo da missão não é para que os povos se tornem católicos, nem para fazer proselitismo, mas, para que os povos tenham vida, e vida em abundância.
• Mateus 23,16-22: O QUANTO “AI” CONTRA OS QUE VIVEM FAZENDO JURAMENTO. “Vocês dizem: Se alguém jura pelo Santuário, isso não é nada, mas se juro pelo ouro do Santuário, fica obrigado!”. Jesus faz um longo razoamento para mostrar a incoerência de tantos juramentos que a pessoa fazia ou que a religião oficial mandava fazer: juramento pelo ouro do templo ou pela oferenda que está sobre o altar. O ensinamento de Jesus indicava no Sermão da Montanha, é o melhor comentário da mensagem do evangelho de hoje: “Pois, eu vos digo que não jureis de modo algum: nem pelo Céu, porque é o trono de Deus, nem pela Terra, porque é o escabelo de seus pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade do grande rei. Nem tampouco jures por tua cabeça, porque nenhum só de teus cabelos pode fazê-lo, branco ou preto. Seja vossa linguagem: Sim, sim, Não, não: o que passar daqui vem do Maligno” (Mt 5,34-37).





PARA REFLEXÃO PESSOAL

• São quatro “AIS”, ou, quatro pragas, quatro motivos para receber a critica severa por parte de Jesus. Qual das quatro críticas cabe a mim?
• Nossa Igreja merece hoje estes “ais” por parte de Jesus?





ORAÇÃO FINAL

•    (SALMO 96,1-2)
• Hoje procurarei firmemente manter um amplo e sincero sorriso para com todo mundo e cuidarei especialmente dar graças por cada serviço, inclusive os mais pequenos, que receber durante o dia.





sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Lectio Divina - 24/08/12






SEXTA-FEIRA -24/08/2012



PRIMEIRA LEITURA: Apocalipse 21,9-14

•    Um dos livros mais belos, porém, por sua vez mais difícil de ser lido é o Apocalipse. Nesta passagem que nos propões a liturgia, hoje na festa de um dos doze apóstolos, podemos dar-nos conta da importância que, já desde a primeira comunidade, tinham para estes “alicerces” da Igreja. Por outro lado, nos fala da “noiva do Cordeiro” na qual se identifica com o povo de Deus, não só o novo, “os doze alicerces”, mas também do Antigo, “as doze tribos”. No pensamento do autor entendemos que, nós o povo de Deus, somos essa noiva, a qual se abre as “portas” do AT, mas, que encontra seu “fundamento” no ensinamento dos apóstolos, isto é, “na Igreja”. Finalmente, a maioria dos místicos, nos fala dos “esponsais espiritual” com Deus. Pois bem, este não é só um regalo de Deus para aqueles que alcançam aqui na terra um alto grau de união com Deus (diz Santa Tereza de Ávila que todos somos chamados a esta intimidade), mas para todos os cristãos. Você e eu somos essa noiva, com a qual Jesus quer manter uma bela e profunda relação de amor e de intimidade. Dedique um tempo para o silêncio e Ele te apaixonará e te mostrará coisas que não conhece.



ORAÇÃO INICIAL

• Oh Deus, que unes os corações de teus fiéis em um mesmo desejo, inspira a teu povo o amor a teus preceitos e a esperança em tuas promessas, para que, no meio das vicissitudes do mundo, nossos corações estejam firmes na verdadeira alegria. Por Nosso Senhor...




REFLEXÃO

João 1,45-51

•    Jesus voltou para a Galiléia. Encontrou Felipe e o chamou: Siga-me! O objetivo do chamado é sempre o mesmo: “seguir Jesus”. Os primeiros cristãos insistiram em conservar os nomes dos primeiros discípulos. De alguns conservaram até os apelidos e o nome do lugar de origem. Felipe, André e Pedro eram de Betsaida (Jo 1,44). Natanael era de Caná (Jo 22,2). Hoje, muitos esquecem os nomes das pessoas que foram a origem da comunidade. Lembrar os nomes é uma forma de conservar a identidade.
• Felipe encontra Natanael e fala com ele sobre Jesus: “Encontramos àquele de quem Moisés escreveu na Lei e também os profetas. É Jesus, o filho de José de Nazaré”. Jesus é aquele para quem apontava toda a história do Antigo Testamento.
• Natanael pergunta: “Mas, pode sair algo bom de Nazaré?”. Possivelmente em sua pergunta emerge a rivalidade que costumava existir entre as pequenas aldeias de uma mesma região: Caná e Nazaré. Além disto, segundo o ensinamento oficial dos escribas, o Messias viria de Belém na Judéia. Não podia vir de Nazaré na Galiléia (Jo 7,41-42). André dá a mesma resposta que Jesus havia dado aos outros discípulos: “Vem e verá!”. Não é impondo, mas vendo, que as pessoas se convencem. Novamente, o mesmo processo: encontrar, experimentar, compartilhar, testemunhar, levar à Jesus!
• Jesus vê Natanael e diz: “Aí vem um verdadeiro israelita, sem falsidade!”. E afirma que já lhe conhecia, quando estava debaixo da figueira. Como é que Natanael podia ser um “autêntico israelita” se não aceitava Jesus como Messias? Natanael “estava debaixo da figueira”. A figueira era o símbolo de Israel (Cf. Mi 4,4;Zc 3,10; 1Re 5,5). Israelita autêntico é aquele que sabe desfazer-se de suas próprias idéias quando percebe que não estão de acordo com projeto de Deus. O israelita que não está disposto a esta conversão não é nem autêntico, nem honesto. Eles esperava o Messias segundo o ensinamento oficial da época (Jo 7,41-42.52). Por isto, inicialmente, não aceitava um messias vindo de Nazaré. Mas, o encontro com Jesus lhe ajudou a perceber que o projeto de Deus nem sempre é como a gente imagina ou deseja que seja. Ele reconhece seu engano, muda de idéia, aceita Jesus como messias e confessa: “Mestre, tu és o filho de Deus, tu és o rei de Israel!”. A confissão de Natanael não é a mesma do começo. Quem for fiel, verá o céu aberto e os anjos que sobem e descem sobre o Filho do Homem. Experimentará que Jesus é a nova aliança entre Deus e nós, os seres humanos. É a realização do sonho de Jacó (Gn 28,10-22).





PARA REFLEXÃO PESSOAL

• Qual é o título de Jesus que mais você gosta? Por quê?
• Existe intermediário entre você e Jesus?





ORAÇÃO FINAL

• (SALMO 145,17)
• Hoje serei respeitoso com o próximo em minhas ações, em minhas palavras, em meus pensamentos, em minha relação com todos.





quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Lectio Divina - 23/08/12






QUINTA-FEIRA -23/08/2012

PRIMEIRA LEITURA: Ezequiel 36,23-28

•    Nesta passagem do profeta Ezequiel encontramos uma das promessas mais belas e profundas do Antigo Testamento feita a seu Povo: “Eu lhes darei um coração novo e lhe infundirei meu Espírito”. Esta promessa é uma realidade em todos nós que pela graça do Batismo temos recebido o dom do Espírito Santo, que faz com que nosso coração seja de carne e não de pedra. É através do Espírito divino que o homem pode ter verdadeira vida amar. O Espírito Santo é o impulsor de toda nossa vida no amor, na esperança, na fé. Entretanto, algo que não foi dito diretamente pelo profeta é que este Espírito deve ser cultivado e cuidado, já que como ser vivo, necessita de alimento para poder estar são e crescer. Se hoje vivemos em uma sociedade onde existe pouco amor, onde a fé não dá para mais que “crer” em um Deus distante e viver sem esperança, é porque não sabemos cultivar este dom. Hoje são poucas as pessoas que rezam e comungam com freqüência, que se deixam guiar na vida através da Palavra de Deus, enfim, são poucas as pessoas que realmente deixam que este Espírito cresça e se desenvolva neles. Sem a oração, sem a vida de graça o coração se endurece. Somos o povo de Deus e Ele tem preparado como diz Paulo, coisas maravilhosas que nem sequer podemos imaginar. Não desperdicemos termos nascido neste tempo em que as promessas se têm cumprido. Desfrutemos de todas e cada uma delas vivendo de verdade como Povo de Deus.



ORAÇÃO INICIAL

• Oh Deus que tens preparado bens inefáveis para os que te amam, infunde teu amor em nossos corações, para que, amando-te em tudo e sobre todas as coisas, consigamos alcançar tuas promessas, que superam todo desejo. Por Nosso Senhor...




REFLEXÃO

Lucas 1,26-38

•    O evangelho de hoje narra a parábola do banquete que se encontra em Mateus e em Lucas, mas, com diferenças significativas, procedentes da perspectiva de cada evangelista. O pano de fundo, entretanto, que levou os evangelistas a conservar esta parábola é o mesmo. Nas comunidades dos primeiros cristãos, tanto de Mateus como de Lucas, continuava bem vivo o problema da convivência entre judeus convertidos e pagãos convertidos. Os judeus tinham normas antigas que lhes impediam comer com os pagãos. Depois de haver entrado na comunidade cristã, muitos judeus mantiveram o antigo costume de não sentar-se à mesa com um pagão. Assim, Pedro teve conflitos na comunidade de Jerusalém, por haver entrado na casa de Cornélio, pagão e haver comido com ele (At 11,3). Este mesmo problema, todavia, era vivido de forma diferente nas comunidades de Lucas e nas de Mateus. Nas comunidades de Lucas, apesar das diferenças de raça, classe e gênero, tinham um grande ideal de compartilhar e de comunhão (At 2,42;4,32;5,12). Por isto, no evangelho de Lucas, a parábola insiste no convite dirigido à todos. O dono da festa, indignado com a desistência dos primeiros convidados, manda chamar os pobres, os aleijados, os cegos, os mancos para que participem no banquete. Contudo, sobram lugares. Então, o dono da festa manda convidar todo mundo, até que a casa se encha. No evangelho de Mateus, a primeira parte da parábola tem o mesmo objetivo de Lucas. Chega a dizer que o dono da festa manda entrar os “bons e os maus”. Porém, no final acrescenta outra parábola sobre o traje da festa, que insiste no que é especifico dos judeus, a saber, a necessidade de pureza para poder comparecer diante de Deus.
• Mateus 22,1-2: O BANQUETE PARA TODOS. Alguns manuscritos dizem que a parábola foi contada para os “chefes dos sacerdotes e dos anciãos do povo”. Esta afirmação pode assim servir como senha de leitura, pois, ajuda a compreender alguns pontos estranhos que aparecem na história que Jesus conta. A parábola começa assim: “O Reino dos Céus é semelhante a um rei que celebrou o banquete de bodas de seu filho. Enviou seus servos para chamar seus convidados para a boda, porém, não quiseram vir”. Esta afirmação inicial lembra a esperança mais profunda: o desejo das pessoas de estar com Deus para sempre. Várias vezes nos evangelhos se fala desta esperança, sugerindo que Jesus, o filho do Rei, é o noivo que vem preparar a boda (Mc 2,19; Ap 21,2;19,9).
• Mateus 22,3-6: OS CONVIDADOS NÃO QUISERAM VIR. O rei fez alguns convites muito insistentes, mas, os convidados não quiseram ir. “Um foi para seu campo, outro para seu negócio, e os demais agarraram os servos, agrediram e os mataram”. Em Lucas, são os deveres da vida cotidiana que os impediram de aceitar o convite. O primeiro disse: “Comprei um campo e tenho que ir vê-lo, te rogo que me dispenses”. O outro disse: “Comprei cinco juntas de bois e vou experimentá-las, te rogo que me dispenses”. Outro disse: “Acabo de me casar, e por isso não posso ir”. Dentro das normas e dos costumes da época, aquelas pessoas tinha o direito, e até o dever, de não aceitar o convite que lhes era feito (cf. Dt 20,5-7).
• Mateus 22,7: UMA GUERRA INCOMPREENSÍVEL. A reação do rei diante da rejeição surpreende. “O rei se irritou e, enviando suas tropas, matou aqueles homicidas e ateou fogo em sua cidade”. Como entender esta reação tão violenta? A parábola foi contada para os “chefes dos sacerdotes e aos anciãos do povo” (Mt 22,1), os responsáveis da nação. Muitas vezes, Jesus lhes havia falado sobre a necessidade de conversão. Chegou a chorar sobre a cidade de Jerusalém e a dizer: “Ao aproximar-se e ver a cidade, chorou por ela, dizendo: “Se tu também, conhecesse neste dia a mensagem de paz”! Porém, agora fica ocultos a teus olhos. Porque virão dias sobre ti em que teus inimigos te rodearão de paliçadas, te cercarão e te apertarão por todas as partes, te jogarão contra o solo a ti e a teus filhos que estejam dentro de ti e não deixaram em ti pedra sobre pedra, porque não conheceu o tempo de tua visita” (Lc 14,41-44). A reação violenta do rei na parábola se refere provavelmente ao que aconteceu de fato segundo a previsão de Jesus. Quarenta anos depois, foi destruída.
• Mateus 22,8-10: O CONVITE PERMANECE DE PÉ. Pela terceira vez, o rei convida as pessoas. Diz aos empregados: “A boda está preparada, porém, os convidados não eram dignos. Ide, pois, aos cruzamentos dos caminhos e, a quantos encontrais, convida-os para boda. Os servos saíram pelos caminhos, reuniram a todos os que encontravam maus, bons, e a sala de bodas se encheu de comensais”. Os maus que eram excluídos como impuros da participação no culto dos judeus, agora são convidados, especificamente, pelo rei para participar da festa. No contexto da época, os maus eram os pagãos. Eles também são convidados para participar da festa de bodas.
• Mateus 22,11-14: O TRAJE DA FESTA. Estes servos contam côo o rei entrou na sala da festa e viu alguém sem o traje de festa. O rei perguntou: “Amigo, como foi que” entrou aqui sem o traje de boda? Ele ficou calado. A história conta que o homem foi amarrado e jogado nas trevas. E conclui: “Porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos”. Alguns estudiosos pensam que aqui se trata de uma segunda parábola que foi acrescentada para abrandar a impressão que fica da primeira parábola onde se diz que “maus e bons” entraram para a festa (Mt 22,10). Admitindo que já não é a observância da lei que nos trás a salvação, mas, a fé no amor gratuito de Deus, isto em nada diminui a necessidade da pureza de coração como condição para poder comparecer diante de Deus.





PARA REFLEXÃO PESSOAL

• Quais são as pessoas que normalmente são convidadas para nossas festas? Por quê? Quais são as pessoas que não são convidadas para nossas festas? Por quê?
• Quais são os motivos que hoje limitam a participação de muitas pessoas na sociedade e na igreja? Quais são os motivos que certas pessoas alegam para excluir-se do dever de participar na comunidade? São motivos justos?





ORAÇÃO FINAL

• (SALMO 51,12-13)
• Hoje ouvirei o Espírito Santo que me pede ser dócil à Deus em todo momento ao relacionar-me com meus irmãos.




quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Lectio Divina - 22/08/12



QUARTA-FEIRA -22/08/2012

PRIMEIRA LEITURA: Ezequiel 34,1-11

Um texto que a principio devemos entender que é endereçado aos dirigentes do povo, especialmente nos tempos do profeta, onde haviam esquecido a exigência da lei e o culto era só externo, o que causou o desvio do povo para os ídolos, devemos também relê-lo sob a ótica de nossa vida cotidiana, sobretudo, aqueles que temos autoridade, começando desde os pais de família, até os governantes, sem deixar por suposto, aos pastores da Igreja que são aqueles, em seu momento, que se dirige esta advertência do Senhor. Quisera hoje de maneira especial dirigir-me aos pais de família, que com a desculpa do excessivo trabalho que, às vezes, se impõem o lhes impõem, vão se descuidando das ovelhas, deixando-as à mercê dos lobos deste mundo. Hoje mais do que nunca, devemos ficar atentos às amizades de nossos filhos, aos programas que estão vendo e, sobretudo, aos exemplos que lhes damos em casa, o descuido em seu crescimento e em áreas tão importantes como estas, colocam em grave risco a vida espiritual e moral das crianças, especialmente dos adolescentes. Lembremos que Jesus nos convida para zelar pelas ovelhas e a ser como Ele: O bom pastor, o que dá sua vida por suas ovelhas. Nada poderemos dar melhor a nossos filhos, que o exemplo de um bom pastor que esteve sempre ao lado deles.



ORAÇÃO INICIAL 

• Oh Deus que tens preparado bens inefáveis para os que te amam, infunde teu amor em nossos corações, para que, amando-te em tudo e sobre todas as coisas, consigamos alcançar tuas promessas, que superam todo desejo. Por Nosso Senhor...




REFLEXÃO

Lucas 1,26-38

• Hoje é a Festa de Nossa Senhora Rainha. O texto que meditamos no evangelho descreve a visita do anjo à Maria. A Palavra de Deus chega a Maria não através de um texto bíblico, mas, através de uma experiência profunda de Deus, manifestada na visita do anjo. Assim também acontece com a visita do anjo. No AT, muitas vezes, o anjo de Deus é o próprio Deus. Foi graças a remoer a Palavra de Deus na Bíblia, que Maria foi capaz de perceber a Palavra de Deus viva de Deus na visita do Anjo. Assim também acontece com a visita de Deus em nossas vidas. As visitas de Deus são freqüentes. Porém, porque não remoemos as Palavra escrita de Deus na Bíblia, não percebemos a visita de Deus em nossas vidas. A visita de Deus é tão presente e tão continua que, muitas vezes, não a percebemos e por isso perdemos uma grande oportunidade de viver em paz e com alegria.
• Lucas 1,26-27: A PALAVRA ENTRA NA VIDA. Lucas apresenta às pessoas e os lugares: uma virgem chamada Maria, prometida e um homem, chamado José, da casa de Davi. Nazaré, uma pequena cidade na Galiléia. Galiléia era periferia. O centro era a Judéia e Jerusalém. O anjo Gabriel é o enviado de Deus para esta virgem que morava na periferia. O nome Gabriel significa “Deus é Forte”. O nome Maria significa “amada por Yavé, ou, Yavé é meu Senhor”. A história da visita de Deus à Maria começa com uma expressão: “No sexto mês”. Trata-se do “sexto mês” de gravidez de Isabel, parente de Maria, uma mulher já avançada em idade, precisando de ajuda. A necessidade concreta de Isabel é o pano de fundo de todo este episódio. Encontra-se no começo e ao final.
• Lucas 1,28-29: A REAÇÃO DE MARIA. Foi no Templo que o anjo apareceu a Zacarias. Para Maria aparece em sua casa. A Palavra de Deus alcança Maria no ambiente de vida de cada dia. O anjo diz: “Alegra-te! Cheia de Graça! O Senhor está contigo!”. Palavras semelhantes já havia sido ditas à Moisés (Ex 3,12), a Jeremias (Jr 1,8), a Gedeão (Jz 6,12), a Rute (Rt 2,4) e a muitos outros. Abrem o horizonte para a missão que estas pessoas do AT deviam realizar a serviço do povo de Deus. Intrigada com a saudação, Maria procura conhecer o significado. É realista, usa a cabeça. Quer entender. Não aceita qualquer aparição ou inspiração.
• Lucas 1,30-33: A EXPLICAÇÃO DO ANJO. “Não temas, Maria!”. Esta é sempre a primeira saudação de Deus ao ser humano: Não temas! Em seguida, o anjo lembra as grandes promessas do passado que se realizarão através do filho que vai nascer em Maria. Esse filho deve receber o nome de Jesus. Será chamado Filho do Altíssimo, e Nele se realizará, finalmente, o Reino de Deus prometido a Davi, que todos estavam esperando ansiosamente. Esta é a explicação que o anjo dá a Maria par que não fique assustada.
• Lucas 1,34: NOVA PERGUNTA DE MARIA. Maria tem consciência da missão importante que está recebendo, porém, permanece realista. Não se deixa embalar pela grandeza da oferta e olha sua condição: “Como será isto, posto que, não conheço homem?”. Ela analisa a oferta a partir dos critérios que nós, seres humanos, temos a nossa disposição. Pois, humanamente falando, não era possível que aquela oferta da Palavra de Deus se realizasse naquele momento.
• Lucas 1,35-37: NOVA EXPLICAÇÃO DO ANJO. “O Espírito Santo virá sobre ti e o poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra; por isso o que há de nascer será santo e se chamará Filho de Deus”. O Espírito Santo, presente na Palavra de Deus desde o dia da Criação (Gênesis 1,2), consegue realizar coisas que parecem impossíveis. Por isto, o Santo que vai nascer de Maria, será chamado “Filho de Deus”. Quando hoje a Palavra de Deus é acolhida pelos pobres sem estudo, algo novo acontece por força do Espírito Santo! Algo tão novo e tão surpreendente como um filho que nasce de uma virgem, ou, como um filho que nasce de Isabel, uma mulher avançada em idade, da qual todo mundo dizia que não podia ter filhos. E o anjo acrescenta: “Olhe, Isabel também, tua parente, conceberá um filho em sua velhice e já está no sexto mês”.
• Lucas 1,38: A ENTREGA DE MARIA. A resposta do anjo esclarece tudo para Maria. Ela se entrega ao que Deus lhe está pedindo: “Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se e mim segundo tua Palavra”. Maria usa para si o título de “Serva”, empregada do Senhor. O título vem de Isaias, quem apresenta a missão do povo não como um privilégio, mas, como um “serviço” aos outros povos (Is 42,1-9;49,3-6). Mais tarde, Jesus, o filho que estava sendo gerado naquele momento, definirá sua missão: “Não vim para ser servido, mas, para servir!” (Mt 20,28). Aprendeu de sua Mãe!
• Lucas 1,39: A FORMA QUE MARIA ENCONTRA PARA SERVIR. A Palavra de Deus chega e faz com que Maria se esqueça de si para servir aos demais. Ela deixa o lugar onde estava e vai para a Judéia, a mais de quatro dias de caminho, para ajudar sua prima Isabel. Maria começa a “servir” e a cumprir sua missão a favor do povo de Deus.





PARA REFLEXÃO PESSOAL

• Como você percebe a visita de Deus em tua vida? Já foi visitado alguma vez? Você já foi uma visita de Deus na vida de alguém, sobretudo, aos pobres? Como este texto ajuda a descobrir as visitas de Deus em tua vida?
• A Palavra de Deus se encarnou em Maria. Como a Palavra de Deus está se tornando carne em minha vida pessoal e na vida da comunidade?





ORAÇÃO FINAL 

• (SALMO 107,8-9)
• Hoje reservarei um tempo para estar com meus filhos. Hoje não veremos televisão, mas, praticaremos o que é importante para eles.





terça-feira, 21 de agosto de 2012

Lectio Divina - 21/08/12





TERÇA-FEIRA -21/08/2012

PRIMEIRA LEITURA: Ezequiel 28,1-10

•    Certamente o princípio do fim de um bom homem é a soberba. São tantos os homens que antes de ter fortuna e poder eram verdadeiros amigos de Deus, porém, o poder e a fortuna os adoeceram e acabaram por destruí-los. É a armadilha favorita do Demônio: dar-nos para que, com isso mesmo que nos deu cavar nossa sepultura. A humildade e a renuncia voluntária é o melhor dom que podemos cultivar. Maria Santíssima é grande porque ela própria se considera “serva”. Para ela, ser a “Mãe do Messias” não é um privilégio, mas sim, um compromisso que a leva a deixar sua casa de Nazaré para levar esta notícia a sua prima Isabel. Ser a Mãe do Senhor a faz ser mais humilde e é por isso que Deus a exalta. Com muita razão Paulo escreve sobre Cristo que “humilhou a si próprio até a morte de cruz e por isso Deus lhe deu o nome que está sobre todo nome”. Vemos, pois, que o ter honra, grandeza e inclusive riqueza, não é algo que em si mesmo seja mal, quando isto nos vem dados por Deus, porque, recebidos com humildade, se converteram em dons para o serviço, porém quando, como o rei de Tiro, os tomamos por nossa própria mão, sermos mordidos pela serpente venenosa e, a não ser que nos arrependamos e caiamos de joelhos diante de Deus, estaremos cavando nossa própria sepultura. Cuidado com sua ambição…



ORAÇÃO INICIAL

• Oh Deus que tens preparado bens inefáveis para os que te amam, infunde teu amor em nossos corações, para que, amando-te em tudo e sobre todas as coisas, consigamos alcançar tuas promessas, que superam todo desejo. Por Nosso Senhor...




REFLEXÃO

Mateus 19,23-30

•    O evangelho de hoje é continuação de ontem. Trás o comentário de Jesus a respeito da reação negativa do jovem rico.
• Mateus 19,23-24: O CAMELO E O FUNDO DA AGULHA. Depois que o jovem se foi, Jesus comenta a decisão dele e diz: “Eu lhes asseguro que um rico dificilmente entrará no Reino dos Céus. Repito, é mais fácil que um camelo passe pelo fundo de uma agulha, que o um rico entrar no Reino dos Céus!”. Duas observações a respeito desta afirmação: (1)-O provérbio do camelo e do fundo da agulha era usado para dizer que uma coisa era impossível, humanamente falando. (2)-A expressão “que um rico entre no Reino” não se trata, em primeiro lugar da entrada no céu, depois da morte, mas sim, da entrada na comunidade ao lado de Jesus. E até hoje é assim. Os ricos dificilmente entram e se sentem em casa nas comunidades que procuram viver o evangelho segundo as exigências de Jesus e que procuram abrir-se aos pobres, aos migrantes e aos excluídos da sociedade.
• Mateus 19,25-16: O ESPANTO DOS DISCÍPULOS. O jovem havia observado os mandamentos, porém, sem entender o porquê da observância. Algo semelhante estava acontecendo entre os discípulos. Quando Jesus os chamou, fizeram exatamente o que Jesus havia pedido ao jovem: deixaram tudo e foram atrás de Jesus (Mt 4,20.22). Entretanto, ficaram espantados com a afirmação de Jesus sobre a quase impossibilidade que um rico tem de entrar no Reino de Deus. Sinal de que não haviam entendido bem a resposta de Jesus ao jovem rico: “Vai vende tudo, dê aos pobres vem e siga-me!”. Pois, se tivessem entendido, não teriam ficado espantados diante da exigência de Jesus. Quando a riqueza ou o desejo de riqueza ocupa o coração os olhos não conseguem perceber o sentido da vida e do evangelho. Só Deus pode ajudar! “Para os homens isso é impossível, mas para Deus tudo é possível”.
• Mateus 19,27: A PERGUNTA DE PEDRO. O pano de fundo da incompreensão dos discípulos desponta na pergunta de Pedro: “Nós deixamos tudo e te seguimos. O que receberemos, pois?”. Apesar da generosidade tão bonita do abandono de tudo, mantinham a mentalidade antiga. Abandonaram tudo para receber algo em troca. Não haviam entendido ainda o sentido do serviço e da gratuidade.
• Mateus 19,28-30: A RESPOSTA DE JESUS: “Eu lhes asseguro que vós que me seguistes, na regeneração, quando o Filho do homem sentar-se em seu trono de glória, vós também sentareis entre os doze, para julgar as doze tribos de Israel. E todo aquele que tenha deixado casas, irmãos, irmãs, pai, mãe, filhos ou campos por meu nome, receberá o cem por um e herdará a vida eterna. Porém, muitos primeiros serão últimos, e muitos últimos, primeiros”. Nesta resposta, Jesus descreve o novo mundo, cujos fundamentos estavam sendo lançados por seu trabalho e pelos seus discípulos. Jesus acentua três pontos importantes: (a)-Os discípulos vão sentar nos doze tronos junto com Jesus para julgar as tribos de Israel (cf. Ap 4,4). (b)-Vão receber em troca muitas vezes aquilo que haviam abandonado casas, irmãos, irmãs, pai, mãe, filhos, campos e terão como herança a vida eterna garantida. (c)-O mundo futuro será o contrário do mundo atual. Nele os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos. A comunidade ao redor de Jesus é a semente deste novo mundo. Até hoje as pequenas comunidades dos pobres continuam sendo semente e mostra do Reino.
• Cada vez que, na história da Bíblia, surge um movimento para renovar a Aliança, o movimento começa restabelecendo os direitos dos pobres, dos excluídos. Sem isso, a Aliança não se refaz! Assim faziam os profetas, assim faz Jesus. Denuncia o sistema antigo que, em nome de Deus, excluía os pobres. Jesus anuncia um novo começo que, em nome de Deus, acolhe aos excluídos. Este é o sentido e o motivo da inserção e da missão da comunidade de Jesus no meio dos pobres. Arranca sua raiz e começa a nova Aliança.





PARA REFLEXÃO PESSOAL

• Abandonar casas, irmãos, irmãs, pai, mãe, filhos, campos por causa do nome de Jesus. Como acontece isso em sua vida? O que você tem recebido em troca?
• Hoje, a maioria dos países pobres não são de religião cristã, enquanto que a maioria dos países são. Como se aplica hoje o provérbio do camelo que não passa pelo buraco de uma agulha?





ORAÇÃO FINAL

• (SALMO 23,4)
• Hoje procurarei realizar em minha casa os trabalhos mais humildes, aqueles que sempre me desgostaram e os farei com amor ao Senhor.





segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Lectio Divina - 20/08/12





SEGUNDA-FEIRA -20/08/2012

PRIMEIRA LEITURA: Ezequiel 24,15-24

•    Algo que faz que se perca facilmente a perspectiva de Deus e do que é importante para Ele, é o colocar nosso coração nas coisas, que ainda sendo Dele, não são Ele. Isto é o que aconteceu com o povo de Israel, que chegou a ter o Templo como algo “mágico”, como um talismã que o protegeria contra seus inimigos, de maneira que não importava como viviam, mas sim, cultuar a Deus, manter o Templo bonito, e pagar suas contribuições pontualmente. É por meio do profeta que Deus lhes lembra que não é o templo nem o culto, que agrada a Deus, mas sim, que se cumpra sua Lei, que o povo faça sua vontade e o tenha como seu autêntico e único Deus. Nós, em nosso mundo moderno, corremos o mesmo risco de pensar que Deus estará muito contente porque vamos a missa aos domingos e pagamos nosso dízimo com generosidade. É certo que isso também é importante, porém, de que serve isto se nossa vida diária, a vivemos em família e em nossos lugares de trabalho ou de estudo, não é congruente com o Evangelho? Tomemos estas palavras do profeta como escritas para nós e revisemos se nossa vida está centrada em Cristo, ou, unicamente colocada em amuletos ou em ações cultuais à margem da caridade.



ORAÇÃO INICIAL

• Oh Deus que tens preparado bens inefáveis para os que te amam, infunde teu amor em nossos corações, para que, amando-te em tudo e sobre todas as coisas, consigamos alcançar tuas promessas, que superam todo desejo. Por Nosso Senhor..




REFLEXÃO

Mateus 19,16-22

• Hoje o evangelho nos narra a história do jovem que pergunta pelo caminho da vida eterna. Jesus lhe indica o caminho da pobreza. O jovem não aceita a proposta de Jesus, pois, era muito rico. Uma pessoa rica está protegida pela segurança que a riqueza lhe dá. Tem dificuldade em abrir a mão de sua segurança. Agarrado às vantagens de seus bens, vive preocupado em defender seus próprios interesses. Uma pessoa pobre não tem esta preocupação. Porém, existem pobres com mentalidade de ricos. Muitas vezes, o desejo de riqueza cria neles uma enorme dependência e faz que o pobre seja escravo do consumismo, pois, tem dúvidas por todos os lados. E não tem mais tempo para dedicar-se ao serviço do próximo.
• Mateus 19,16-19: OS MANDAMENTOS E A VIDA ETERNA. Alguém chega próximo de Jesus e lhe pergunta: “Mestre, o que é que tenho que fazer para possuir a vida eterna?”. Alguns manuscritos informam que se tratava de um jovem. Jesus responde bruscamente: “Por que é que me perguntas sobre o que é bom? Um só é Bom”. Em seguida responde à pergunta e diz: “Mas se queres entrar na vida, guarda os mandamentos”. O jovem reage e pergunta: “Quais mandamentos?”. Jesus enumera os mandamentos que o jovem tinha que conhecer: “Não matarás, não cometerás adultério, não roubarás, não levantarás falso testemunho, honra teu pai e tua mãe, e amarás a teu próximo como a ti mesmo”. É muito significativa a resposta de Jesus. O jovem havia perguntado pela vida eterna. Queria a vida junto de Deus! Porém, Jesus só lembrou dos mandamentos que falam a respeito da vida “junto ao próximo!”. Não menciona os três primeiros mandamentos que definem nossa relação com Deus! Para Jesus, só conseguiremos estar bem com Deus, se soubermos estar bem com o próximo. De nada adianta enganar. A porta par chegar a Deus é o próximo. Em Marcos, a pergunta do jovem é diferente: “Bom Mestre, o que é que devo fazer para herdar a vida eterna?”. Jesus responde: “Por que é que me chamas bom? Só Deus é bom e ninguém mais” (Mc 10,17-18). Jesus desvia a atenção de si mesmo para Deus, pois, o que importa é fazer a vontade de Deus, revelar o Projeto do Pai.
• Mateus 19,20: OBSERVAR AOS MANDAMENTOS, PARA QUE SERVE? O jovem respondeu: “Tudo isso eu tenho feito. O que é que me falta?”. O que acontece em seguida é algo curioso. O jovem queria conhecer o caminho que levava à vida eterna. Agora, o caminho da vida eterna era e continua sendo: fazer a vontade de Deus, expressada nos “mandamentos”. Com outras palavras, o jovem os observava sem saber para o que os mandamentos serviam. Se soubesse, não teria feito a pergunta. Isso acontece com muitos católicos que não sabem por que o são. “Nasci católico, por isto sou católico!”. Coisa de costumes!
• Mateus 19,21-22: A PROPOSTA DE JESUS E A RESPOSTA DO JOVEM. Jesus responde: “Se queres ser perfeito, vai, vende o que tens e dê aos pobres, e terás um tesouro nos céus, vem e segue-me”. Ao ouvir estas palavras, o jovem se afastou entristecido, porque tinha muitos bens. Era muito rico. A observância dos mandamentos é apenas o primeiro degrau de uma escada que vai muito mais longe e mais alto. Jesus pede mais! A observância dos mandamentos prepara a pessoa para que possa chegar a entrega total de si à favor do próximo. Marcos diz que Jesus olhou para o jovem com amor (Mc 10,21). Jesus pede muito, porém, pede com muito amor. O jovem não aceita a proposta de Jesus e se vai, “porque tinha muitos bens”.
• JESUS E A OPÇÃO PELOS POBRES. Um duplo cativeiro marcava a situação das pessoas na época de Jesus: o cativeiro da política de Herodes, apoiada pelo Império Romano e mantida por todo um sistema bem organizado de exploração e de repressão, e o cativeiro da religião oficial, mantida pelas autoridades religiosas da época. Por causa disto, o clã, a família, a comunidade, estavam sendo desintegrados e uma grande parte do povo vivia excluída, marginalizada, sem lugar, nem na religião, nem na sociedade. Por isto, havia diversos movimentos que, como Jesus, procuravam refazer a vida em comunidade: essênios, fariseus e, mais tarde, os zelotes. Dentro da comunidade de Jesus, no entanto, havia algo novo que a diferenciava dos demais grupos. Era a atitude diante dos pobres e excluídos. As comunidades dos fariseus viviam “separadas”. A palavra fariseu queria dizer “separado”. Viviam separados do povo “impuro”. Alguns fariseus consideravam o povo como ignorante e maldito (Jo 7,49), cheio de pecado (Jo 9,34). Não aprendiam nada das pessoas (Jo 9,34). Jesus e sua comunidade, pelo contrário, vivam com as pessoas excluídas, consideradas impuras: publicanos, pecadores, prostitutas, leprosos (Mc 2,16;1,41; Lc 7,37). Jesus reconhece a riqueza e o valor que os pobres possuem (Mt 11,25-26; Lc 21,1-4). Os proclama “bem-aventurados” porque deles é o Reino dos Céus, dos pobres (Lc 6,20; Mt 5,3). Define sua própria missão como “anunciar a Boa Nova aos pobres” (Lc 4,18). Ele próprio vive como pobre. Não possui nada para si, nem sequer uma pedra onde reclinar a cabeça (Lc 9,58). E quem quer seguir-lhe para viver com Ele, manda escolher: ou Deus, ou, o dinheiro! (Mt 6,24). Manda fazer a opção pelos pobres, como propôs ao jovem rico! (Mc 10,21). Esta maneira diferente de acolher os pobres e de conviver com eles era uma prova do Reino dos Céus.





PARA REFLEXÃO PESSOAL

• Uma pessoa que vive preocupada com sua riqueza ou com a aquisição dos bens que a propaganda do consumismo lhe oferece, pode libertar-se de tudo isto para seguir Jesus e viver em paz em uma comunidade cristã? É possível? O que você pensa?
• O que é que significa para nós hoje: “Vai, vende tudo e dê aos pobres?”. É possível tomar-se isso ao pé da letra? Conhece alguém que consegue deixar tudo por causa do Reino?




ORAÇÃO FINAL

• (SALMO 23,1-3)
• Hoje durante o dia falarei com Deus, como com um grande amigo ou uma pessoa à qual amo, e minhas palavras serão de amor constante por Ele.





sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Lectio Divina - 17/08/12






SEXTA-FEIRA -17/08/2012


PRIMEIRA LEITURA:Ezequiel 16,1-15.60.63

•    Com este breve exemplo, o Senhor descreve, através de Ezequiel, toda da história do Povo de Deus, na qual vemos como Israel, que não teria um grande passado, pois, não vem de um reino poderoso, e que era desprezado por todos, foi acolhido por Deus. Conforme crescia, como uma jovenzinha, foi se tornando bela, porém, não tinha poder. Assim que Deus fez uma aliança com ela, mas, ao possuir poder e glória, esqueceu-se da aliança e de prostituiu, isto é, aparentou-se com todos os povos vizinhos aos que Deus havia rejeitado. E por isso, Deus a desprezou a levou para o exílio. No entanto, a eterna compaixão de Deus a reconquista e a leva de novo à “terra que mana leite e mel”, pois não se cansa de perdoar seus pecados. Esta é a história de nossa Igreja, de nós mesmos. Deus nos resgatou do pecado e da morte e nos limpou, nos encheu de graças no batismo. Fez-nos fortes diante dos demais, porém, apenas crescemos e nos esquecemos Dele, mundanizamo-nos. Imitamos os costumes dos pagãos. É triste como a história se repete, e que hoje, apesar de haver-se revestidos do Espírito Santo, tantos irmãos e renunciam a sua dignidade e se prostituem adaptando-se a este mundo; vivendo segundo os costumes pagãos que hoje se promovem em todas as partes. É certo que a misericórdia de Deus é eterna, ao esqueçamos que, para que se dê o perdão, tem que haver um arrependimento e que este, só se deu quando Israel se viu desolado e entregue nas mãos de seus inimigos, quando viveu a miséria da guerra e do desterro. Entretanto, ainda é tempo. O Senhor, através de seus profetas, nos ajuda a ter consciência de nosso abandono e regressarmos a Ele. Não percamos mais tempo.



ORAÇÃO INICIAL

• Deus todo poderoso e eterno, a quem podemos chamar de Pai, aumenta em nossos corações o espírito filial, para que mereçamos alcançar a herança prometida. Por Nosso Senhor...




REFLEXÃO

Mateus 19,3-12

•    CONTEXTO. Até o capítulo 18, Mateus tem mostrado como os discursos de Jesus marcaram as várias fases da constituição e formação progressiva da comunidade dos discípulos em torno de seu Mestre. Em 19,1, este pequeno grupo se afasta das terras da Galiléia e chega ao território da Judéia. O chamado de Jesus, que atraiu seus discípulos, continua avançando até a escolha definitiva: a acolhida ou a rejeição da pessoa de Jesus. Esta fase tem lugar ao longo do caminho que leva à Jerusalém e ao templo, depois de chegar finalmente à cidade. Todos os encontros que Jesus efetua nestes capítulos têm lugar ao longo do percurso da Galiléia à Jerusalém.
• O ENCONTRO COM OS FARISEUS. Ao passar pela Transjordânia Jesus tem o primeiro encontro com os fariseus, e o tema da discussão de Jesus com eles é motivo de reflexão para o grupo dos discípulos. A pergunta dos fariseus refere-se ao divórcio e de maneira particular coloca Jesus em apuros a respeito do amor dentro do matrimônio, que é a realidade mais sólida e estável para a comunidade judia. A intervenção dos fariseus pretende acusar o ensinamento de Jesus. Trata-se de um verdadeiro processo: Mateus o considera como “um colocar a prova”, como uma “tentação”. A pergunta é certamente crucial: “É licito para um homem repudiar a própria mulher por qualquer motivo?”. Ao leitor não escapa a distorção dos fariseus ao interpretar o texto de Dt 24,1 para colocar Jesus em aperto: “Se um homem toma uma mulher e se casa com ela, e acontece que esta mulher não agrade seus olhos, porque descobre nela algo que lhe desagrada, lhe escreverá um libelo de repúdio, o entregará em suas mãos e a despedirá de sua casa”. Ao longo dos séculos, este texto havia dado lugar a numerosas discussões: admitir o divórcio por qualquer motivo, requerer um mínimo de má conduta, ou, um verdadeiro adultério.
• É DEUS O QUE UNE. Jesus responde aos fariseus citando Gn 1,17:2,24 e remetendo a questão à vontade de Deus criador. O amor que une o homem e a mulher vem de Deus, e por esta origem, une e não pode separar. Se Jesus cita GN 2,24 “O homem abandonará seu pai e sua mãe e se unirá a sua esposa e serão os dois uma só carne”, é porque quer sublinhar um principio singular e absoluto: a vontade criadora de Deus é unir o homem à mulher. Quando um homem e uma mulher se unem em matrimônio, é Deus que os une o termo “cônjuge”, vêm do verbo conjugar, isto é, a união dos dois esposos que implica trato sexual é efeito da palavra criadora de Deus. A resposta de Jesus aos fariseus alcança se cume: o matrimônio é indissolúvel em sua constituição originária. Agora prossegue com Jesus citando Ml 2,13-16: repudiar a própria mulher é romper a aliança com Deus, aliança que, segundo os profetas, os esposos a vivem, sobretudo, em sua união conjugal (Os 1-3; Is 1,21-26; Jr 2,2;3,1.6-12; Ez 16; 23; Is 54,6-10;60-62). A resposta de Jesus aparece em contradição com a lei de Moisés que concede a possibilidade de dar um certificado de divórcio. Justificando sua resposta, Jesus lembra aos fariseus: se Moisés decidiu esta possibilidade, é pela dureza de vosso coração (v.8), mas concretamente, por vossa indocilidade à Palavra de Deus. A Lei de Gn 1,26;2,24 não modificou-se jamais, porém, Moisés se viu obrigado a adaptá-la a uma atitude de indocilidade. O primeiro matrimônio não é anulado pelo adultério. A palavra de Jesus diz claramente ao homem de hoje, e de modo particular à comunidade eclesial, que não deve haver divórcios, e se, observamos que existem; na vida pastoral, os divorciados são acolhidos e para eles está sempre aberta a possibilidade de entrar no reino. A reação dos discípulos não se faz esperar: “Se esta é a condição do homem a respeito de sua mulher, não vale a pena casar-se” (v.10). A resposta de Jesus continua mantendo a indissolubilidade do matrimônio, impossível para a mentalidade humana, porém, possível para Deus. O eunuco do qual Jesus fala não é o que não pode gerar, ma sim, o que uma vez separado da própria mulher, continua vivendo na continência e permanecendo fiel ao primeiro vinculo matrimonial: é eunuco com relação a todas as demais mulheres.





PARA REFLEXÃO PESSOAL

• Sabemos acolher o ensinamento de Jesus no que se refere ao matrimônio com coragem sem adaptá-lo a nossas legítimas vontades e conveniências?
• A passagem evangélica nos lembra que o desígnio do Pai sobre o homem e a mulher é um maravilhoso projeto de amor. Você é consciente de que o amor tem uma lei imprescindível que comporta o dom total e pleno da própria pessoa ao outro?





ORAÇÃO FINAL

• (SALMO 51,12-13)
• Revisarei se minhas atitudes e ações se amoldam ao Evangelho de Jesus que me convida a ser justo, respeitoso e solidário com todos meus irmãos.






quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Lectio Divina - 16/8/12





QUINTA-FEIRA -16/08/2012

PRIMEIRA LEITURA: Ezequiel 12,1-12

•    Não é raro na literatura profética encontrarmos, como na passagem de hoje, encenações que procuram ilustrar ao povo com imagens o que não querem entender com as palavras. O profeta lhes faz ver que, da mesma forma como ele saiu de Jerusalém, assim saíram também todos eles começando pelo Rei. Diante destas palavras, sempre me pergunto: “Não será suficiente, tudo o que estamos vivendo hoje no mundo, para que entendamos que temos diluído o Evangelho de Jesus; que nossa vida se distancia muito de ser o que o Senhor nos convidou a viver em sua Igreja?”. Não parece que as pregações tenham grande impacto no povo, e a maioria de nossos irmãos batizados, caminham pelo caminho da obscuridade, do hedonismo, do materialismo, e alguns, de coisas piores. Hoje em dia recebemos noticias de que, em diferentes partes do mundo, imagens de Maria Santíssima choram, inclusive algumas até choram sangue. Questionado sobre este particular, o Santo Padre João Paulo II dizia: “Se a imagem de Nossa Senhora chora, por algum motivo será!”. Com estas palavras, sem admitir de tudo o sucesso, deixava aberta a reflexão do por que este tipo de acontecimento. Irmãos, não podemos fechar nossos olhos diante da realidade que, vive hoje muitíssimos batizados. Oremos ao Senhor e coloquemo-nos a trabalhar para levar-lhes a mensagem de salvação, perdão e esperança.



ORAÇÃO INICIAL

• Deus todo poderoso e eterno, a quem podemos chamar de Pai, aumenta em nossos corações o espírito filial, para que mereçamos alcançar a herança prometida. Por Nosso Senhor...




REFLEXÃO

Mateus 18,21-19

•    Mateus 18,21-22: PERDOAR SETENTA VEZES SETE! Diante das palavras de Jesus sobre a correção fraterna e a reconciliação, Pedro pergunta: “Quantas vezes tenho que perdoar? Sete vezes?”. Sete é um número que indica uma perfeição e, no caso da proposta de Pedro, sete é sinônimo de sempre. Mas, Jesus vai mais longe. Elimina toda e qualquer possibilidade limite para o perdão: “Não te digo até sete, mas, até setenta vezes sete!”. Seria o mesmo que dizer: “SEMPRE!”, ou seja, setenta vezes sempre. Pois, não existe proporção entre o amor de Deus para conosco e nosso amor para com o irmão. Aqui se evoca o episódio de Lamec no AT. “Disse, pois, Lamec a suas mulheres Ada e Selia: “Ouçam-me vocês, mulheres de Lamec, tenham atenção a minhas palavras: eu matei um homem pela ferida que me fez e a um jovem por uma contusão que recebi. Se Caim tem que ser vingado sete vezes, Lamec tem que ser setenta sete vezes” (Gn 4,23-24). A tarefa das comunidades é a de intervir no processo da espiral de violência. Para esclarecer sua resposta a Pedro, Jesus conta a parábola do perdão sem limites.
• Mateus 18,23-27: A ATITUDE DO DONO. Esta parábola é uma alegoria, isto é, Jesus fala de um “dono”, porém, pensa em Deus. Isto explica os contrastes enormes desta parábola. Como veremos, apesar de que se trata de coisas normais e diárias, existe algo nesta história que não acontece nunca na vida cotidiana. Na história que Jesus conta, o dono segue as normas do direito da época. Estava em seu direito tomar um empregado e toda sua família e os colocava no cárcere, até que tivesse pagado sua dívida pelo trabalho como escravo. Mas, diante do pedido do empregado endividado, o dono perdoa a dívida: dez mil talentos. Um talento equivale a 35 kg. Segundo os cálculos feitos, dez mil talentos equivalem a 350 toneladas de ouro. Ainda que o devedor junto com sua mulher e seus filhos trabalhassem a vida inteira, nunca seriam capazes de reunir 350 toneladas de ouro. O cálculo extremo é feito a propósito. Nossa divida diante Deus é incalculável e impagável.
• Mateus 18,28-31: A ATITUDE DO EMPREGADO. Ao sair dali, o empregado perdoado encontra um de seus companheiros que lhe devia cem moedas de prata. Agarrando-lhe, disse: “Pague o que me deve”. A moeda de cem denários é o salário de cem dias de trabalho. Alguns calculam que era de 30 gramas de ouro. Não existe meio para comparação entre os dois! Nem tampouco nos faz entender a atitude do empregado: Deus lhe perdoara 350 toneladas de ouro e ele não quer perdoar 30 gramas de ouro. Em vez de perdoar, faz com o companheiro o que o dono podia ter-lhe feito, mas não o fez. Mandou prender o companheiro, segundo as normas da lei, até que pagasse toda a dívida. Atitude chocante para qualquer ser humano. Desaponta outros companheiros. Seus companheiros ao ver a cena, entristecem-se muito, e foram contar a seu senhor o ocorrido. Nós também teríamos tido a mesma atitude de desaprovação.
• Mateus 18,32-35: A ATITUDE DE DEUS. “Seu senhor então mandou chamá-lo e lhe disse: Servo malvado, eu te perdoei toda aquela dívida porque me pediste. Não devia também compadecer-te de teu companheiro, do mesmo modo que eu me compadeci de ti? E encolerizado, lhe entregou ao verdugo até que pagasse tudo o que lhe devia. Diante do amor de Deus que perdoa gratuitamente nossa dívida de 350 toneladas de ouro, nada mais do que justo que perdoemos ao irmão uma pequena dívida de 30 gramas de ouro. O perdão de Deus é sem limites! O único limite para a gratuidade de misericórdia de Deus vem de nós mesmos, de nossa incapacidade de perdoar o irmão! (Mt 18,34). É o que dizemos e pedimos no Pai Nosso: “Perdoa nossas ofensas, assim como nós perdoamos aos que nos ofendem” (Mt 6,12-15).
• A comunidade como espaço alternativo de solidariedade e fraternidade. A sociedade do Império Romano era dura e sem coração, sem espaço para os pequenos. Estes procuravam um amparo para o coração e não o encontravam. As sinagogas eram exigentes e não ofereciam um lugar para eles. Na comunidade cristã, o rigor de alguns na observância da Lei, levava à convivência aos mesmos critérios na sociedade e na sinagoga. Assim, na comunidade começavam a existir divisões que haviam na sociedade e na sinagoga entre rico e pobre, dominação e submissão, homem e mulher, raça e religião. A comunidade, em vez de ser espaço de acolhida, tornava-se um lugar de contenda. Juntando as palavras de Jesus, Mateus quer iluminar a caminhada dos seguidores e das seguidoras de Jesus, para que as comunidades sejam um espaço alternativo de solidariedade e de fraternidade. Devem ser uma Boa Notícia para os pobres.





PARA REFLEXÃO PESSOAL

• Perdoar. Existe pessoa que diz: “Perdôo, porém não esqueço!”. E eu? Sou capaz de imitar Deus?
• Jesus nos da o exemplo. Na hora de sua morte pede perdão por seus assassinos (Lc 23,34). Sou capaz de imitar Jesus?





ORAÇÃO FINAL

• (SALMO 113,3-4)
• Hoje me esforçarei para ser diferente diante dos demais, ser diferente como o Senhor, hoje cuidarei de cada ação de meu, para que seja como um sinal do grande amor que Deus nos tem, e espera por todo aquele que o aceita.






quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Lectio Divina - 15/08/12





QUARTA-FEIRA -15/08/2012

PRIMEIRA LEITURA:Apocalipses 11,19; 12,1-6.10

•    Ao celebrar a Assunção da Santíssima Virgem ao céu, a Palavra de Deus nos convida a contemplá-la como um grande sinal colocado por Deus no céu. Este texto, ainda que referido originalmente à Igreja, veio constituir uma das revelações mais belas de Deus para nós, pois, nos permite contemplar Maria Santíssima como o grande modelo a seguir para alcançar a santidade e a vida perfeita. É que os sinais se têm colocado para que as pessoas não se percam no caminho nem nas estradas, cada sinal é um instrumento para poder se conduzir adequadamente e não ter acidentes. O mesmo ocorre com Maria. Ela nos mostra com sua vida e com a forma de relacionar-se com Deus, como deve ser nossa própria vida. Quando nós revisamos com cuidado as poucas passagens nas quais aparece citada ou referida nossa Mãe Santíssima, veremos que sua vida não foi fácil. Que passou por grandes tribulações, como as nossas ou talvez, em muitos casos, maiores que as nossas e, no entanto, em todas elas seguiu adiante, pois, sua confiança estava colocada completamente em Deus. Sua oração fervorosa, e confiante, sua caridade era sem limites, pois, para ela eram mais importantes seus irmãos, seus semelhantes do que ela própria. Ela viveu o que Jesus nos ensina, e isto antes que Jesus iniciasse seu caminho de pregação. Se não quisermos perder-nos na vida, basta voltar a ver Maria Santíssima e ela, em seu colo, nos conduzirá por esta vida até que cheguemos aos braços amorosos de Jesus.



ORAÇÃO INICIAL

• Espírito Santo, Espírito de Sabedoria, de ciência, de entendimento, de conselho, encha-nos, te pedimos do conhecimento da Palavra de Deus. E nos dirigimos a ti, Maria, Mãe de Jesus e da Igreja, que possamos viver na presença transbordante do Espírito Santo. Por Nosso Senhor...




REFLEXÃO

Lucas 1,39-56

•    Na primeira parte do evangelho de hoje ressoam as palavras de Isabel, “Bendita és tu entre as mulheres”, precedidas por um movimento espacial. Maria deixa Nazaré, situada ao norte da Palestina, para se dirigir ao sul, à quase cinqüenta quilômetros, a uma localidade que a tradição identifica como a atual Ain Karen, pouco distante de Jerusalém. Sua disposição mostra a sensibilidade interior de Maria, que não está fechada para contemplar de modo privado e intimista o mistério da divina maternidade que se encerra nela, mas é lançada sobre a vereda da caridade. Ela se move para levar ajuda a sua prima anciã. O dirigir-se de Maria a Isabel é acentuado pelo acréscimo da “pressa” que São Ambrósio assim interpreta: “Maria foi as pressas no caminho para a montanha, não porque fosse incrédula à profecia ou incerta do anuncio ou duvidasse da prova, mas porque estava contente da promessa e desejosa de cumprir devotamente um serviço, com a coragem que lhe vinha de intima alegria... A graça do Espírito Santo não comporta lentidão”. O leitor, todavia, sabe que o verdadeiro motivo da viagem não está indicado, porém, pode notar através das informações tiradas do contexto. O anjo havia comunicado a Maria a gravidez de Isabel, já no sexto mês. Além disso, o fato dela ficar três meses tempo justo que faltava para nascer o menino, permite acreditar que Maria queria levar ajuda à sua prima. Maria corre e vai onde a urgência chama, demonstrando assim, uma finíssima sensibilidade e concreta disponibilidade. Junto com Maria, levado em seu seio, Jesus caminha com a Mãe. Daqui é fácil deduzir o valor cristológico do episódio da visita de Maria à prima: a atenção cai, sobretudo, em Jesus. A primeira vista parecia uma cena concentrada nas duas mulheres, na realidade, o que importa para o evangelista é o prodígio presente em suas duas respectivas concepções. A mobilização de Maria prepara no fundo, para que as duas mulheres se encontrem.
• Apenas Maria ao entrar na casa e saudar Isabel, o pequeno João dá um salto. Segundo alguns o salto não é comparável com o acomodar-se do feto, experimentado pelas mulheres que estão grávidas. Lucas usa um verbo grego particular que significa “saltar” propriamente. Querendo interpretar o verbo, um pouco mais livremente, pode-se traduzir por “dançar”, excluindo assim a acepção de um fenômeno só físico. Alguns pensam que esta “dança”, podia ser considerada como uma espécie de “homenagem” que João rende à Jesus, iniciando, ainda que não nascido, aquele comportamento de respeito e de subordinação que caracterizará sua vida: “Depois de mim virá um que é mais forte que eu ao qual não sou digno de desatar as correias de suas sandálias” (Mc 1,7). Um dia o próprio João testemunhará: “Quem tem a esposa é o esposo, porém, o amigo do esposo que está presente e o ouve, salta de alegria à voz do esposo, pois, assim esta minha alegria se cumpre. Ele deve crescer e eu ao contrário diminuir” (Jo 3,29-30). Assim comenta São Ambrósio: “Isabel ouviu antes a voz, mas, João percebeu antes a graça”. A confirmação dessa interpretação, a encontramos nas próprias palavras de Isabel que, tomando no v. 44 o mesmo verbo já usado no v. 41, diz: “Saltou de alegria em meu seio”. Lucas, com estes detalhes particulares, quis evocar o prodígio verificado na intimidade de Nazaré. Só agora, graças ao diálogo com uma interlocutora, o mistério da divina maternidade deixa seu segredo e sua dimensão individual, para chegar a converter-se em um fato conhecido, objeto de apreço e de louvor. As palavras de Isabel “Bendita é tu entre as mulheres e bendito é o fruto de teu ventre! A que devo que a mãe de meu Senhor venha até mim?”. Com uma expressão semítica que equivale a um superlativo (“entre as mulheres”), o evangelista quer atrair a atenção do leitor sobre a função de Maria: ser a “Mãe do Senhor”. E, portanto, a ela é reservada uma benção (“bendita és tu”) e ditosa beatitude. Em que consiste esta última? Expressa a adesão de Maria à vontade divina. Maria não é só a destinatária de um desenho arcano que a faz bendita, mas sim, pessoa que sabe aceitar e aderir à vontade de Deus. Maria é uma criatura que acredita, porque confiou em uma palavra desnuda e que ela revestiu com um “SIM” de amor. Agora Isabel reconhece este serviço de amor, identificando-a como “Bendita como mãe e feliz como crente”. Enquanto isso, João percebe a presença de seu Senhor e salta, expressando com este movimento interior a alegria que brota daquele contato salvífico. De tal acontecimento Maria far-se-á intérprete no canto do Magnificat.





PARA REFLEXÃO PESSOAL

• Minha oração é antes de tudo, expressão de um sentimento ou celebração e reconhecimento da ação de Deus?
• Maria é apresentada como aquela que crê na Palavra do Senhor. Quanto tempo eu dedico para ouvir a Palavra de Deus?




ORAÇÃO FINAL

• (SALMO 44)
• Hoje, vou dedicar uns minutos para rezar o rosário junto com meus seres queridos e encomendar-nos a amorosa proteção da Mãe de Deus.