sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Lectio Divina - 31/01/14


SEXTA-FEIRA -31/01/2014


PRIMEIRA LEITURA: 2Samuel 11,1-4.5-10.13-17


Esta passagem que acabamos de ler nos apresenta até onde se pode chegar a complicar as coisas quando deixamos que o pecado cresça em nosso coração, e pior ainda, quando pensamos que podemos enganar Deus e ir adiante em nossa maldade. Davi, que sabe que tem feito mal, procura solucionar seu pecado, e tenta fazer com que Urias acredite que é o pai do filho que sua esposa espera. No entanto, as coisas começam a complicar e em seu afã de esconder sua culpa e seu pecado, chega, inclusive, ao assassinato. Isto nos mostra como o pecado é como uma imensa bola de neve, que em sua queda vai destruindo tudo em seu caminho a qual, só pode ser detida quando aceitamos nossa culpa e deixamos que Deus coloque o remédio em nossa vida. Deus sabe que somos fracos, por isso, nos convida diante de tudo a evitar as ocasiões de pecado; e se o pecado nos surpreende e nos pega sem forças, é melhor reconhecer nossa miséria e deixar que Deus tome imediatamente as rédeas do assunto, do contrário, temos visto até onde nossa natureza pode chegar em sua maldade. Não permitas que o pecado te domine, mantém tua vida longe das ocasiões de pecado e procure por todos os meios fortalecer a graça, isto fará de tua vida uma experiência de paz.


ORAÇÃO INICIAL 

Deus todo poderoso e eterno: ajuda-nos a levar uma vida segundo a tua vontade, para que possamos dar em abundância frutos de boas obras em nome de teu Filho predileto. Que vive e reina contigo. Amém!



REFLEXÃO

Marcos 4,26-34

É precioso ver como Jesus procura na vida e nos acontecimentos elementos e imagens que possam ajudar a multidão a perceber e experimentar a presença do Reino. No evangelho de hoje Jesus, de novo, conta duas pequenas histórias que acontecem todos os dias na vida de todos nós: “A história da semente que cresce por si só e a história do grão de mostarda que cresce e se torna grande”. 

A HISTÓRIA DA SEMENTE QUE CRESCE POR SI SÓ. O agricultor que planta conhece o processo: semente, raminho verde, folha, espiga, trigo. Não usa a foice antes do tempo. Sabe esperar. Porém, não sabe como a terra, a chuva e o sol e a semente tem esta força de fazer crescer uma planta a partir do nada até a fruta. Assim é o Reino de Deus. Segue um processo, tem etapas e prazos, cresce. Vai acontecendo. Produz fruto em um tempo determinado. Porém, ninguém sabe explicar sua força misteriosa. Ninguém é dono. Só Deus!

A HISTÓRIA DO GRÃO DE MOSTARDA QUE CRESCE E SE TORNA GRANDE. A semente de mostarda é pequena, porém cresce e, no final, os passarinhos fazem o ninho entre seus ramos. Assim é o Reino. Começa bem pequeno, cresce e alarga seus ramos para que os passarinhos façam seus ninhos. Começou com Jesus e uns poucos discípulos. Jesus foi perseguido e caluniado, preso e crucificado. Mas, cresceu e seus ramos foram se estendendo. A parábola deixa uma pergunta no ar, pergunta que terá uma resposta mais adiante no evangelho: Quem é que são os passarinhos? O texto sugere que se trata dos pagãos que poderão entrar na comunidade e participar no Reino.

O MOTIVO QUE LEVAVA JESUS ENSINAR POR MEIO DE PARÁBOLAS. Jesus contava muitas parábolas. E tirava tudo da história da vida das pessoas! Assim ajudava as pessoas a descobrir as coisas de Deus na vida de cada dia. Tornava o cotidiano transparente. Já que o extraordinário de Deus se esconde nas coisas ordinárias e comuns da vida de cada dia. As pessoas entendiam as coisas da vida. Nas parábolas recebia a chave para abri-la e encontrar os sinais de Deus. 




PARA REFLEXÃO PESSOAL

Jesus não explica as parábolas. Conta às histórias e provoca em nós a imaginação e a reflexão do achado. O que é que você descobriu nestas duas parábolas?
O objetivo das parábolas é que a vida se torne transparente. Ao longo dos anos, sua vida se tornou transparente ou tem ocorrido o contrário?



ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 51,3-4)
Hoje dedicarei alguns segundos, antes de dizer alguma palavra ou levar à cabo uma obra, para decidir se tal palavra ou ação são conforme a vontade de Deus!




quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Lectio Divina - 30/01/14


QUINTA-FEIRA -30/01/2014



PRIMEIRA LEITURA: 2Samuel 7,18-19.24-29


Nestes tempos em que a imagem de Deus está tão diluída e minimizada, esta passagem de Davi deixa-nos ver como a bondade e a misericórdia de Deus vão além do que podemos pensar. É, pois, importante manter em nossa mente e em nosso coração a imagem do Deus que nunca esquece de suas promessas e que é sempre generoso para dar, pois, isto nos levará como Davi, a louvar e bendizer a Deus, a dar-lhe graças por todas suas bondades. Estes elementos, que Deus nos surpreende sempre com seu amor infinito e nos enche com suas bênçãos, e nossa atitude de agradecimento e veneração, são o melhor meio pelo qual o homem moderno pode conhecer a imagem autentica de Deus. Abra teus olhos às maravilhas que Deus vai fazendo em tua vida e glorifique-o com todo teu ser, isto trará paz a tua vida e será um instrumento para que Deus seja conhecido e amado.



ORAÇÃO INICIAL 

Deus todo poderoso e eterno: ajuda-nos a levar uma vida segundo a tua vontade, para que possamos dar em abundância frutos de boas obras em nome de teu Filho predileto. Que vive e reina contigo. Amém!



REFLEXÃO

Marcos 4,21-25


A LÂMPADA QUE ILUMINA. Naquele tempo não havia energia elétrica. Imaginemos o que segue. A família esta em casa. Começa a escurecer. O pai se levanta, acende uma lâmpada e a coloca debaixo em baixo de uma caixa ou de uma cama. O que diriam os demais? Gritariam: “Pai, coloque em cima da mesa!”. Esta é a história que Jesus conta. Não explica. Apenas diz: quem tenha ouvido para ouvir, que ouça. A Palavra de Deus é a lâmpada que deve ser acesa na escuridão da noite. Se ficar dentro da Bíblia, fechada é como a lâmpada colocada embaixo de uma caixa ou de uma cama. Quando enlaça com a vida e é vivida em comunidade, então, é colocada em cima da mesa e ilumina!

PRESTAR ATENÇÃO NOS PRECEITOS. Jesus pede aos discípulos que tomem consciência dos preconceitos com que escutam o ensinamento que Ele oferece. Devem prestar atenção nas idéias com que olham para Jesus. Se a cor dos olhos é verde, tudo parece verde. Se for azul, tudo parecerá azul. Se a idéia com a qual olho para Jesus é equivocada tudo o que penso sobre Jesus estará ameaçado de erro. Se, penso que o Messias tem de ser um rei glorioso, não vou entender nada do que Jesus ensina e vou entender tudo de maneira equivocada.

PARÁBOLAS: UMA NOVA MANEIRA DE ENSINAR E FALAR SOBRE DEUS. A forma que Jesus tinha de ensinar era, sobretudo, por meio de parábolas. Tinha uma capacidade muito grande de encontrar imagens bem simples para comparar as coisas de Deus com as coisas da vida que as pessoas conheciam e experimentavam em sua luta diária para a sobrevivência. Isto supõe duas coisas: estar dentro das coisas da vida, e estar dentro das coisas do Reino de Deus.

O ENSINAMENTO DE JESUS ERA DIFERENTE DO ENSINAMENTO DOS ESCRIBAS. Era uma Boa Nova para os pobres, porque Jesus revelava um novo rosto de Deus, no qual o povo se reconhecia e se alegrava. “Pai eu te louvo porque escondestes estas coisas aos sábios e entendidos e as tem revelado aos pequenos. Sim, Pai, assim te pareceu melhor!” (Mt 11,25-28).




PARA REFLEXÃO PESSOAL

Palavra de Deus, lâmpada que ilumina. Qual é o lugar que a Bíblia ocupa em minha vida? Que luz recebo dela?
Qual é a imagem de Jesus que está em mim? Quem é Jesus para mim e quem sou eu para Jesus?




ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 34,9)
Hoje mostrarei minha gratidão por todos os dons de Deus, através de ações de solidariedade com meus irmãos necessitados.




quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Lectio Divina - 29/01/14

QUARTA-FEIRA -29/01/2014


PRIMEIRA LEITURA: 2Samuel 7,4-17


Esta passagem refere-se sem sombras de dúvidas à Jesus, quem será o descendente esperado do povo e aquele que reinará para sempre. Para a realização desta profecia Deus escolheu José, descendente da cada davídica para que ele fosse quem desse a linhagem (hoje diríamos, o nome) da família de Davi. Sabemos que José não é pai de Jesus, pois, foi gerado do Espírito Santo, todavia, cumpriu em tudo como pai de Jesus: lhe seu nome, o educou, ensinou a lei e ensinou a viver de acordo com a Aliança e finalmente lhe ensinou seu próprio ofício de carpinteiro. Tudo isso nos fala de algo que, às vezes, vai se perdendo em nossos lares e é: “o ter tempo para os filhos”. É a tal atividade do homem moderno (cabeça da família), que muitas vezes deixa toda a carga da educação para a esposa, entretanto, a presença e educação paterna é FUNDAMENTAL para o desenvolvimento equilibrado dos meninos e meninas. Jesus, como homem, se desenvolveu graças a proximidade de José e sua preocupação por sua educação, oxalá, se todos os que têm sido chamados a ser pai o saibam imitar tirando um tempo para compartilhar com seus filhos. 



ORAÇÃO INICIAL 

Deus todo poderoso e eterno: ajuda-nos a levar uma vida segundo a tua vontade, para que possamos dar em abundância frutos de boas obras em nome de teu Filho predileto. Que vive e reina contigo. Amém!



REFLEXÃO

Marcos 4,1-20


Sentado em um barco, Jesus ensina à multidão. Nestes versos, Marcos descreve de que forma Jesus ensinava as pessoas: na praia, sentado em um barco, muita gente ao redor para ouvir. Jesus não era uma pessoa culta (Jo 7,15). Não havia cursado uma escola superior em Jerusalém. Vinha do interior, do campo, de Nazaré. Era um desconhecido, meio campesino, meio artesão. Sem pedir permissão às autoridades, começou a ensinar as pessoas. Falava de forma muito distinta. O povo gostava de ouvi-lo. 

Por meio de parábolas, Jesus ajudava o povo a perceber a presença misteriosa do Reino nas coisas da vida. Uma parábola é uma comparação. Usam-se coisas conhecidas e visíveis da vida para explicar as coisas invisíveis e desconhecidas do Reino de Deus. Por exemplo, o povo da Galiléia entendia de semeadura, terreno, chuva, sol, sal, flores, colheita, pesca, etc. E são exatamente estas coisas conhecidas as quais Jesus usa nas parábolas para explicar o mistério do Reino.

A parábola da semente retrata a vida dos camponeses. Naquele tempo, não era fácil viver da agricultura. O terreno era muito pedregoso. Havia muito mato. Pouca chuva, muito sol. Além disto, muitas vezes as pessoas cortavam o caminho passando pelos campos, pisavam as plantas (Mc 2,23). Mesmo assim, apesar de tudo isto, cada ano, o agricultor semeava e plantava, confiando na força da semente, na generosidade da natureza.

“O que tem ouvido para ouvir que ouça!” (Mc 4,3). O caminho para chegar a compreender a parábola é a busca: “Procurem entender!”. A parábola não diz tudo imediatamente, mas, leva a pensar e faz descobrir a partir da experiência que os ouvintes têm da semeadura. Suscita criatividade e participação. Não é uma doutrina que já chega pronta para ser ensinada e decorada. A parábola não dá água engarrafada, entrega a fonte. O agricultor que ouve diz: “A semente no terreno, seu sei o que é!. Mas, Jesus diz que isto tem a ver com o Reino de Deus. Que será?”. E alguém pode imaginar as longas conversas das pessoas! A parábola se mescla com as pessoas e leva a ouvir a natureza e a pensar na vida.

Jesus explica a parábola aos discípulos. Em casa, a sós com Jesus, os discípulos querem saber o significado da parábola. Não entendiam. Jesus percebeu sua ignorância (M 4,13) e respondeu por meio de uma frase difícil e misteriosa. Disse aos discípulos: “Vocês estão no segredo do Reino de Deus, porém, aos de fora são feita as parábolas, de modo que por muito que olhem, não verão, e por mais que ouçam, não entenderão, não se converterão nem serão perdoados”. Esta frase faz com que as pessoas se perguntem: “Afinal, para que serve a parábola?”. Para esclarecer, ou, para esconder? Será que Jesus usa parábolas para que as pessoas continuem em sua ignorância e não cheguem a converter-se? É claro que não! Pois, em outra passagem Marcos diz que Jesus usava parábolas “segundo a capacidade dos ouvintes” (Mc 4,33). 

A parábola revela e esconde ao mesmo tempo! Revela para “os de dentro”, que aceitam Jesus como Messias, Rei grandioso. Eles entendem as imagens da parábola, porém, não conseguem entender seu significado.

A explicação da parábola, parte por parte. Uma por uma, Jesus explica as partes da parábola, a partir da semeadura e do terreno, até a colheita. Alguns estudiosos pensam que esta explicação se ampliou depois. Seria uma explicação feita por alguma comunidade. É bem possível! Pois, naquele casulo da parábola está a flor da explicação. Casulo e flor, ambos, têm a mesma origem de Jesus. Por isto, podemos seguir a reflexão e descobrir outras coisas bonitas dentro da parábola. Uma vez, alguém perguntou em uma comunidade: “Jesus disse que devemos ser sal. Para que serve o sal”. Discutiram e ao final encontraram mais de dez finalidades para o sal. Aplicaram tudo isto na vida da comunidade e descobriram que ser sal é difícil e exigente. A parábola funcionou! O mesmo vale para a semeadura. Todos têm alguma experiência de semear. 



PARA REFLEXÃO PESSOAL

Qual experiência tem de semear? Como te ajuda à melhor entender a Boa Nova?
Que tipo de terreno é você?



ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 34,5-6)
Hoje dedicarei um tempo do dia à convivência, bem estar e educação familiar.




terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Lectio Divina - 28/01/14


TERÇA-FEIRA -28/01/2014

PRIMEIRA LEITURA: 2Samuel 6,12-15.17-19

O povo de Israel havia solicitado nos tempos de Samuel um rei que governasse o povo e que lhes dirigisse nas batalhas contra seus inimigos; Deus aceitou cumprir seu pedido e lhes impôs um rei, porém, Saul não foi do agrado de Deus por suas constantes infidelidades. Diferentemente, Davi sempre foi definido pelos escritos posteriores como um rei “de acordo com o coração de Yavéh”, para significar com isso, que Davi era dócil e fiel a seu Senhor. Não é mais grato e agradável a Deus que um homem que sabe cumprir com suas responsabilidades e saiba dar seu lugar a Deus; jamais estará renhido a reconhecer as próprias capacidades e dar a glória que corresponde a Deus. Davi tem prazer em levar a arca da aliança a sua nova capital, a recém conquistada Jerusalém, mas, o faz como um autêntico e verdadeiro fiel, não como alguém que cumpre de mal grado com uma obrigação que incomoda. Para Davi, Deus é o centro de sua vida e a razão de seus triunfos, assim como de seu reinado, não pode deixar de ser agradecido e fiel em todo momento. Disto nos dará mostra o próprio Jesus quem confessa ser dócil e obediente a seu Pai, e para Ele seu verdadeiro alimento. Adão, Eva e Satanás (o anjo caído) interpretam a obediência a Deus como algo que danifica sua própria dignidade, para Jesus – igualmente Davi – obedecer a Deus é a máxima dignidade que pode aspirar um ser humano.


ORAÇÃO INICIAL 

Deus todo poderoso e eterno: ajuda-nos a levar uma vida segundo a tua vontade, para que possamos dar em abundância frutos de boas obras em nome de teu Filho predileto. Que vive e reina contigo. Amém!


REFLEXÃO

Marcos 3,31-35

A FAMÍLIA DE JESUS. Os parentes chegam à casa onde se encontra Jesus. Provavelmente vinham de Nazaré. Dali até Cafarnaum dista uns 40 km. Sua mãe estava com eles. Não entram, porém, enviam um recado: Tua mãe, teus irmãos e tuas irmãs, estão aí fora e perguntam por ti! A reação de Jesus é firme: Quem é minha mãe e quem são meus irmãos? Ele próprio responde apontando para a multidão que estava ao redor. Aqui estão minha mãe e meus irmãos. Porque todo aquele que faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe! Para entender bem o significado desta resposta convém olhar a situação da família no tempo de Jesus.

No antigo Israel, o clã, isto é, a grande família (a comunidade) era a base da convivência social. Era a proteção das famílias e das pessoas, a garantia da possessão da terra, a via principal da tradição, a defesa da identidade. Era a maneira concreta que as pessoas da época tinham de encarnar o amor de Deus no amor ao próximo. Defender o clã era o mesmo que defender a Aliança.

Na Galiléia, no tempo de Jesus, por causa do sistema implantado durante os longos governos de Herodes Magno (37 aC a 4 aC) e de seu filho Herodes Antipas ( 4aC a 39 dC), o clã (a comunidade) estava se debilitando. Tinha que pagar impostos tanto ao governo como ao Templo, a divida pública crescia, dominava a mentalidade individualista da ideologia helena, havia freqüentes ameaças de repressão violenta por parte dos romanos, a obrigação de acolher os soldados e hospedar-lhes, os problemas cada vez maiores de sobrevivência, tudo isto levava as famílias a fechar-se em suas próprias necessidades. Este fechamento era reforçado pela religião da época. Por exemplo, quem dedicava sua herança ao Templo, podia deixar seus pais sem ajuda. Isto debilitava o quarto mandamento que era o “forte” do clã (Mc 7,8-13). Além disto, a observância das normas de pureza era fator de marginalização para muita gente: mulheres, crianças, estrangeiros, leprosos, endemoninhados, publicanos, enfermos, mutilados, paralíticos. 

E assim, a preocupação pelos problemas da própria família impedia que as pessoas se unissem em comunidade. Agora, para que o Reino de Deus pudesse manifestar-se na convivência comunitária, as pessoas tinham que superar os limites estreitos da pequena família e abrir-se, novamente, para a grande família, para a Comunidade. Jesus nos dá o exemplo. Quando sua família procurou apoderar-se Dele, reagiu e ampliou a família: “Quem é minha mãe, quem são meus irmãos?”. E Ele mesmo dá a resposta apontando para a multidão ao seu redor. Aqui estão minha mãe e meus irmãos! Porque todo aquele que faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe! (Mc 3,33-35). Criou a comunidade.

Jesus pedia o mesmo a todos os que queriam segui-lo. A família não podia fechar-se em si mesma. Os excluídos e os marginalizados deviam ser acolhidos dentro da convivência e, assim, sentir-se acolhidos por Deus (cf. Lc 14,12-14). Este era o caminho para alcançar o objetivo da Lei que dizia: “Não deve haver pobre em seu meio” (Dt 15,4). Como os grandes profetas do passado, Jesus procura reforçar a vida comunitária nas aldeias da Galiléia. Ele retoma o profundo sentido do clã, da família, da comunidade, como expressão da encarnação do amor de Deus no amor para com o próximo.



PARA REFLEXÃO PESSOAL

Viver a fé em comunidade. Qual é o lugar e a influência das comunidades em minha maneira de viver a fé?
Hoje, em grandes cidades, a massificação promove o individualismo que é o contrário da vida em comunidade. O que é que estou fazendo para combater este mal?



ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 40,2.4)
Hoje realizarei uma lista de todas as coisas pelas quais tenho que dar graças a Deus, e depois elevarei uma oração de ação de graças por tudo que me é dado.




segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Lectio Divina - 27/01/14


SEGUNDA-FEIRA -27/01/2014


PRIMEIRA LEITURA: 2Samuel 5,1-7.10

Um dos grandes ensinamentos do Antigo Testamento é que as promessas do Senhor sempre se cumprem em seu devido tempo: é, pois, ministério para o homem de fé, acreditar e colocar tudo quanto é seu, e deixar-se conduzir pelo Espírito, pois, Deus fará o resto. Nesta passagem, vemos Davi, quem apesar de todas as dificuldades pelas quais passou, mesmo vendo sua vida ameaçada de morte, finalmente recebe o reinado não só de Judá, mas sim, de todas as tribos de Israel, com o qual consolida o reino e se cumpre a promessa do Senhor para Israel e para Davi. Da mesma maneira, nós, como Davi, devemos confiar e esperar em Deus. É possível que nossa vida nestes momentos não seja muito fácil, que nos encontremos perseguidos ou desorientados, todavia, devemos lembrar que Deus está conosco, pois, assim nos diz a Escritura. Mais ainda, Deus está em nós e combate conosco, e se manter-nos fiéis, como Davi, e como os grandes homens e mulheres da Sagrada Escritura, Deus nos dará a vitória, e com ela a paz e a felicidade que não tem limites. Acredite e confie em Deus, Ele nunca falhará.



ORAÇÃO INICIAL 

Deus todo poderoso e eterno: ajuda-nos a levar uma vida segundo a tua vontade, para que possamos dar em abundância frutos de boas obras em nome de teu Filho predileto. Que vive e reina contigo. Amém!



REFLEXÃO

Marcos 3,22-30


O CONFLITO CRESCE. Este uma seqüência progressiva no evangelho de Marcos. Na medida em que a Boa Nova se consolida entre as pessoas e é aceita, nesta mesma medida cresce a resistência por parte das autoridades religiosas. O conflito começa a crescer e arrasta e envolve grupos de pessoas. Por exemplo, os parentes de Jesus pensam que Ele estava ficando louco (Mc 3,20-21) e os escribas, que tinham vindo de Jerusalém, pensam que é um endemoninhado (Mc 3,22).

CONFLITO COM AS AUTORIDADES. Os escribas caluniam Jesus. Dizem que está possuído e que expulsa os demônios com a ajuda de Belzebu, o príncipe dos demônios. Eles tinham vindo de Jerusalém, que ficava distante mais de 120 km, para observar o comportamento de Jesus. Queriam defender a Tradição contra as novidades que Jesus ensinava às pessoas (Mc 7,1). Pensavam que seu ensinamento ia contra a boa doutrina. A resposta de Jesus tem três partes.

PRIMEIRA PARTE: A COMPARAÇÃO DA FAMILIA DIVIDIDA. Jesus usa a comparação de “família dividida” e de “reino dividido” para denunciar o absurdo da calunia. Dizer que Jesus expulsa os demônios com a ajuda do príncipe dos demônios significa negar a evidência. É o mesmo que dizer que a água esta seca e que o sol é escuro. Os doutores de Jerusalém caluniavam porque não sabiam explicar os benefícios que Jesus realizava para o povo. Estavam com medo de perder a liderança.

SEGUNDA PARTE: A COMPARAÇÃO DO HOMEM FORTE. Jesus compara o demônio como um homem forte. Ninguém, se não for mais forte, poderá roubar a casa de um homem forte. Jesus é o mais forte. Por isto consegue entrar na casa e sujeitar o homem forte. Consegue expulsar os demônios. Jesus sujeita o homem forte e agora rouba sua casa, isto é, liberta as pessoas que estavam sob o poder do mal. O profeta Isaias havia usado a mesma comparação para descrever a vinda do messias (Is 49,24-25). Lucas acrescenta que a expulsão do demônio é um sinal evidente de que o Reino de Deus havia chegado (Lc 11,20).

TERCEIRA PARTE: O PECADO CONTRA O ESPÍRITO SANTO. Todos os pecados são perdoados, menos o pecado contra o Espírito Santo. O que é o pecado contra o Espírito Santo? É dizer: “O espírito que leva Jesus para que expulse o demônio, vem do próprio demônio!”. Quem fala assim se torna incapaz de receber o perdão. Por que, isto? Aquele que fecha os olhos pode ver? Não pode! Aquele que tem a boca fechada pode comer? Não pode! Aquele que não fecha o guarda-chuva da calunia, pode receber a chuva do perdão? Não pode! O perdão passaria de lado e não o alcançaria. Não é que Deus não queira perdoar. Deus quer perdoar sempre! Porém, é o pecador que rejeita o perdão.




PARA REFLEXÃO PESSOAL

As autoridades se fecham em si mesmas e negam a evidência. Tem me ocorrido fechar-me em mim mesmo contra a evidência dos fatos?
A calunia é a arma dos fracos. Você já teve alguma experiência neste ponto?



ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 98,2.4)
Hoje farei um ato de fé dizendo: “Creio em ti, Senhor, porém, ajuda-me a acreditar com firmeza”.






sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Lectio Divina - 24/01/14


SEXTA-FEIRA -24/01/2014


PRIMEIRA LEITURA: 1Samuel 24,3-21


Esta passagem nos instrui sobre dois aspectos importantes em nossa vida, os quais estão de maneira ordinária ligados entre si: o perdão e a confiança em Deus. Nesta rica leitura vemos Davi que, podendo vingar-se de alguém que só havia se dedicado a tornar sua vida mais difícil, e inclusive decidido matá-lo, o perdoa, pois, é inocente e coloca toda sua confiança em Deus. Coloca sua confiança em Deus, que julga retamente e que não permitirá que a injustiça caia sobre ele, evitando desta maneira, dar lugar em sua coração a vingança. Este ensinamento, pode ajudar-nos a viver em situações parecidas quando, em nosso meio de trabalho ou em nossa família, em certo momento, as circunstâncias se invertem e de perseguidos, nos podemos converter em perseguidores e vingar-nos de alguém que em algum momento procurou nos causar dano. A vida da muitas voltas e é necessário lembrar que a justiça corresponde só a Deus, e que nós como cristãos, devemos, como Jesus, perdoar aos que nos perseguem. Esta atitude sempre trará paz e sossego a nosso coração. Lembre que o perdão e a confiança total em Deus são, talvez, os principais sinais que nos identificam como autênticos seguidores de Jesus.


ORAÇÃO INICIAL 

Deus todo poderoso, que governa o céu e a terra, ouça paternalmente a oração de teu povo, e faz que os dias de nossa vida se fundamentem em tua paz. Por Nosso Senhor. Amém! 



REFLEXÃO

Marcos 3,13-19


O evangelho de hoje descreve a acolhida e a missão dos doze apóstolos. Jesus começa com dois discípulos aos que acrescenta outros dois (Mc 1,16-20). Pouco a pouco o número foi crescendo. Lucas informa que chamou 72 discípulos para que fossem com Ele em missão (Lc 10,1).

Marcos 3,13-15: O chamado para uma dupla missão. Jesus chama os que Ele quer e estes vão com Ele. Logo, “Instituiu Doze, para que estivessem com Ele, e para enviá-los a pregar com poder de expulsar os demônios”. Jesus os chama para uma dupla finalidade, para uma dupla missão: (a)-Estar com Ele, isto é, formar a comunidade da qual Ele, Jesus, é o Senhor. (b)-Rezar e ter poder para expulsar os demônios, isto é, anunciar a Boa Nova e lutar contra o poder do mal que arruína a vida do povo e aliena as pessoas. Marcos diz que Jesus subiu ao monte e, estando ali, chamou os discípulos. A chamada é uma subida. Na Bíblia subir o monte evoca o monte ao qual Moisés subiu e teve um encontro com Deus (Ex 24,12). Lucas diz que Jesus subiu ao monte, rezou toda a noite e, no dia seguinte, chamou os discípulos. Rezou à Deus para saber a quem escolher (Lc 6,12-13). Depois de haver chamado, Jesus oficializa a escolha feita e cria um núcleo mais estável de doze pessoas para dar maior consistência à missão. E também para significar a continuidade do projeto de Deus. Os doze apóstolos do NT são os sucessores das doze tribos de Israel.

Nasce assim a primeira comunidade do Novo Testamento, comunidade modelo, que vai crescendo ao redor de Jesus ao longo dos três anos de sua atividade pública. No começo, não são mais que quatro (Mc 1,16-20). Pouco depois a comunidade cresce na medida em que vai crescendo a missão nas aldeias e povoados da Galiléia. Chega até o ponto de que não têm tempo para comer e nem para descansar (Mc 3,2). Por isto, Jesus se preocupava em proporcionar um descanso aos discípulos (Mc 6,31) e de aumentar o número dos missionários e das missionárias (Lc 10,1). Deste modo, Jesus procura manter o duplo objetivo da chamada: estar com Ele e enviá-los. A comunidade que assim se forma ao redor de Jesus tem três características que pertencem a sua natureza: É FORMADORA, É MISSIONÁRIA E ESTÁ INSERIDA no meio dos pobres da Galiléia.

Marcos 3,16-19: A lista dos nomes dos doze apóstolos. Em seguida, Marcos diz os nomes dos doze: Simão, a quem deu o nome de Pedro; Tiago e João, filhos de Zebedeu, aos que deu o nome de Boanerges, que quer dizer “filhos do trovão”; André, Felipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu, Tadeu, Simão o cananeu, Judas Iscariotes, aquele que o entregou. Grande parte destes nomes vem do Antigo Testamento. Por exemplo, Simão é no nome de um dos filhos do patriarca Jacó (Gn 29,33). Tiago é o mesmo que Jacó (Gn 25,26). Judas é o nome de outro filho de Jacó (Gn 35,23). Dos doze apóstolos, sete tem um nome que vem do tempo dos patriarcas. Dois se chamam Simão, dois Tiago, dois Judas, um Levi. Somente existe um com um nome grego: Felipe. Seria como hoje em uma família onde todos têm nome do tempo antigo, e um só tem um nome moderno. Isto revela o desejo que as pessoas têm de refazer a história desde o começo! Vale a pena pensar nos nomes que hoje damos aos nossos filhos. Como eles, cada um de nós é chamado por Deus pelo nome.




PARA REFLEXÃO PESSOAL

Estar com Jesus e ir em missão é a dupla finalidade da comunidade cristã. Como você assume este compromisso na comunidade a qual pertence?
Jesus chamou os discípulos pelo nome. Você, eu, todos nós existimos, porque Deus nos chama pelo nome. Pense nisto!




ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 85,8.10)
Hoje romperei a cadeia do mal e farei o bem aos que me quem mal, pedirei em oração pelos que me ferem e dedicarei tempo àqueles a quem mais amo.




quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Lectio Divina - 23/01/14


QUINTA-FEIRA -23/01/2014


PRIMEIRA LEITURA: 1Samuel 18, 6-9;19,1-7


O Livro do Eclesiástico diz: “Quem encontra um amigo encontra um tesouro”. Esta passagem nos mostra o que implica uma verdadeira amizade, pois, nela vemos como um interessado pelo bem de seu amigo, não só o esconde e o previne sobre o perigo que corre, mas, procura por todos os meios, salvá-lo. Nosso mundo superficial, não nos permite muitas vezes chegar a criar uma amizade verdadeira, o que é uma grande perda. Pensamos que a maioria de nossas relações são só esporádicas e falta de compromissos, coisa que ocorre nas relações de noivado e inclusive no próprio matrimônio. É, pois, necessário sair de nossa superficialidade e procurar crescer no amor, para que nossa amizade cresça e se robusteça. O próprio Jesus expressou a seus apóstolos que a relação que Ele queria ter com eles não era formal, como a que tem um servo com seu Senhor, mas sim uma profunda e cordial relação de amigos. Isto requer oração, dedicação de tempo, compreensão e generosidade, não é pouco, mas, na verdade, vale a pena.



ORAÇÃO INICIAL 

Deus todo poderoso, que governa o céu e a terra, ouça paternalmente a oração de teu povo, e faz que os dias de nossa vida se fundamentem em tua paz. Por Nosso Senhor. Amém! 



REFLEXÃO

Marcos 3,7-12


A conclusão a que se chega, ao final destes cinco conflitos, é que a Boa Nova de Deus tal e como era anunciada por Jesus, dizia exatamente o contrário do ensinamento das autoridades religiosas da época. Por isto, ao final do conflito, se prevê que Jesus não vai ter uma vida fácil e será combatido. A morte aparece no horizonte. Decidiram matá-lo (Mc 3,6). Sem uma conversão sincera não é possível compreender a Boa Nova. 

Um resumo da ação evangelizadora de Jesus. Os versos do evangelho de hoje são um resumo da atividade de Jesus e acentuam um enorme contraste. Um pouco antes, em Mc 2,1 até 3,6, se fala só de conflitos, inclusive do conflito de vida e morte entre Jesus e as autoridades civis e religiosas da Galiléia (Mc 3,1-6). E aqui no resumo, parece o contrário: um movimento popular imenso, maior que o movimento de João Batista, porque chegava gente não só da Galiléia, mas também da Judéia, de Jerusalém, da Iduméia, de outro lado do Jordão, de Tiro e de Sidon para encontrar-se com Jesus (Mc 3,7-12), Todos querem vê-lo e tocá-lo. É tanta gente que até Jesus fica preocupado. Corre o risco de ser esmagado pelas pessoas. Por isso, pede aos discípulos que tenham a disposição um barco para que a multidão não o esmague. E do barco Ele falava com a multidão. Eram, sobretudo, excluídos e marginalizados que vinham a Ele para que os curasse de seus males. Estes que não eram acolhidos na convivência social da sociedade da época, são agora acolhidos por Jesus. E aqui o contraste: por um lado a liderança religiosa e civil que decide matar Jesus (Mc 3,6); por outro lado um movimento popular imenso que procura em Jesus a salvação. Quem vencerá?

Os espíritos impuros e Jesus. A insistência de Marcos na expulsão dos demônios é muito grande. O primeiro milagre de Jesus é a expulsão de um demônio (Mc 1,25). O primeiro impacto que Jesus causa nas pessoas é por causa da expulsão dos demônios (Mc 1,27). Uma das principais causas do enfrentamento de Jesus com os escribas é expulsão dos demônios (Mc 3,22). O primeiro poder que os apóstolos vão receber quando são enviados em missão, é o poder de expulsar os demônios (Mc 6,7). O primeiro sinal que acompanha o anúncio da ressurreição é a expulsão dos demônios (Mc 16,17). O que é que significa expulsar os demônios no evangelho de Marcos?

No tempo de Marcos, o medo dos demônios crescia muito. Algumas religiões, ao invés de libertar as pessoas, alimentavam o medo e a angustia. Um dos objetivos da Boa Nova de Jesus era ajudar as pessoas para que se libertassem deste medo. A chegada do Reino de Deus significou a chegada de um poder mais forte. Jesus é “o homem mais forte” que chegou para submeter Satanás, o poder do mal, e subtrair de suas garras a humanidade presa pelo medo (Mc 3,27). Por isto, Marcos insiste tanto, na vitória de Jesus sobre o poder do mal, sobre o demônio, sobre Satanás, sobre o pecado e sobre a morte. Desde o principio até o fim, com palavras quase iguais, repete a mensagem: “Jesus expulsava os demônios!” (Mc 1,26.27.34.39; 3,11-12.15.22.30; 5,1-20; 6,7.13; 7,25-29; 9,25-27.38; 16,9.17). Parece um refrão! Hoje, ao invés de usar sempre as mesmas palavras preferimos usar palavras diferentes. Diríamos: “O poder do Mal, Satanás, que infundiu medo entre as pessoas, Jesus o venceu, o dominou, o submeteu, o destruiu, o derrubou, o jogou, o eliminou, o exterminou, o aniquilou, o abateu, o destruiu e o matou!”. O que Marcos quer dizer-nos é o seguinte: “Aos cristãos está proibido ter medo de Satanás!”. Depois que Jesus ressuscitou, é uma mania e falta de fé fazer referência toda hora à Satanás, como se tivesse algum poder sobre nós. Insistir no perigo dos demônios para chamar as pessoas à vir para a igreja, é desconhecer a Boa Nova do Reino! É falta de fé na ressurreição de Jesus!



PARA REFLEXÃO PESSOAL

Como é que você vive tua fé na ressurreição de Jesus? Ajuda-te a vencer o medo?
Expulsão dos demônios. Como você faz para neutralizar esse poder em tua vida?




ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 40,17)
Hoje darei um pouco de minha vida, prestando mais atenção a meus seres queridos, ou dedicando uma palavra de alento a um amigo ou compartilhando meus bens com os necessitados. 




quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Lectio Divina - 22/01/14


QUARTA-FEIRA -22/01/2014


PRIMEIRA LEITURA: 1Samuel 17,32-33.37.40-51


Um dos grandes erros das pessoas do mundo de hoje é pensar que pode realizar sua vida com suas próprias mãos; que pode prescindir de Deus, que pode fazer frente a seus problemas sem ajuda, apenas com sua débil vontade. Acredita que a técnica, a ciência e sua inteligência podem dar-lhe a vitória, a alegria e a paz. Esta passagem nos mostra que isto é um erro. É a força de Deus, a fé e o poder do Espírito Santo que saem em nossa defesa, mesmo contra nossos mais ferozes adversários, como podem ser nossas paixões e debilidades. Esta passagem nos lembra o que havia proclamado o salmista: “O homem não vence por sua própria força, mas sim, pela sua confiança e entrega à Deus”. Se o homem se acovarda, como Saul diante de seus problemas é porque, como ele, se esqueceu que tem como aliado o Senhor, o Rei do universo para quem tudo é possível. Não te deixes atemorizar por teus problemas e dificuldades, faz-lhes frente, porém, faça-o como Davi, com a força e o poder de Deus.


ORAÇÃO INICIAL 

Deus todo poderoso, que governa o céu e a terra, ouça paternalmente a oração de teu povo, e faz que os dias de nossa vida se fundamentem em tua paz. Por Nosso Senhor. Amém! 



REFLEXÃO

Marcos 3,1-6


No evangelho de hoje vamos meditar o último dos cinco conflitos que Marcos coloca no começo de seu evangelho. Os quatro conflitos anteriores foram provocados pelos adversários de Jesus. Este último é provocado pelo próprio Jesus e revela a gravidade do conflito entre Ele e as autoridades religiosas de seu tempo. É um conflito de vida e morte. É preciso notar a categoria dos adversários que aparece neste último conflito. Trata-se de fariseus e herodianos, isto é, de autoridades religiosas e civis. Quando Marcos escreve seu evangelho nos anos 70, muitos lembram a terrível perseguição dos anos 60, na qual Nero encarcerou muitas comunidades cristãs. Ao ouvir como o próprio Jesus havia sido ameaçado de morte e como se comportava no meio destes conflitos perigosos, os cristãos encontravam coragem e orientação para não desanimar ao longo do caminho.

Jesus na sinagoga em dia de sábado. Jesus entra na sinagoga. Tinha costume de participar nas celebrações da multidão. Ali havia um homem com uma mão atrofiada. Uma pessoa com incapacidade física não podia participar plenamente, já que era considerada impura. Ainda que estivesse presente na comunidade, era marginalizada. Devia manter-se afastada dos demais.

A preocupação dos adversários de Jesus. Os adversários observavam para ver se Jesus curava em dia de sábado. Querem acusá-lo. O segundo mandamento da Lei de Deus mandava “santificar o sábado”. Era proibido trabalhar nesse dia (Ex 20,8-11). Os fariseus diziam que curar um enfermo era o mesmo que trabalhar. Por isto, ensinavam: “É proibido curar no dia de sábado!”. Colocavam a lei acima do bem estar das pessoas. Jesus os incomodava, porque colocava o bem estar das pessoas acima das normas e das leis. A preocupação dos fariseus e dos herodianos não era o zelo pela lei, mas sim, a vontade de acusar e de eliminar Jesus.

Levanta-te e coloque-se aqui no meio! Jesus pede duas coisas ao incapacitado físico: Levanta-te e coloque-se aqui no meio! A palavra “levanta-te” é a mesma que as comunidades do tempo de Marcos usavam para dizer “ressuscitar”. O incapacitado deve “ressuscitar”, levantar-se, colocar-se no meio e ocupar seu lugar no centro da comunidade! Os marginalizados, os excluídos, devem colocar-se no meio! Não podem ser excluídos. Devem ser incluídos e acolhidos. Devem estar junto com todos os demais! Jesus chamou o excluído para que se colocasse no meio.

A pergunta de Jesus deixa os demais sem resposta. Jesus pergunta: Em dia de sábado é permitido fazer o bem ou fazer o mal? Salvar a vida ou matar? Podia ter perguntado: “Em dia de sábado é permitido curar: sim ou não?”. Todos poderiam responder: “Não é permitido!”. Mas, Jesus muda a pergunta. Para Ele, naquele caso concreto, “curar” era o mesmo que “fazer o bem” ou “salvar uma vida”, e “não curar” era o mesmo que “fazer o mal” ou “matar!”. Com sua pergunta, Jesus coloca o dedo na ferida. Denuncia a proibição de curar em dia de sábado como um sistema de morte. Pergunta sabia! Os adversários ficaram sem resposta.

Jesus fica indignado diante da dureza dos adversários. Jesus reage com indignação e com tristeza diante da atitude dos fariseus e dos herodianos. Manda o homem estender a mão, e o cura. Ao curar o incapacitado, Jesus mostra que Ele não estava de acordo com o sistema que colocava a lei acima da vida. Em resposta a ação de Jesus, os fariseus e os herodianos decidem matá-lo. Com esta decisão confirmam que são, de fato, defensores de um sistema de morte. Não têm medo de matar para defender o sistema contra Jesus que os ataca e critica em nome da vida.



PARA REFLEXÃO PESSOAL

O incapacitado foi chamado a colocar-se no centro da comunidade. Em nossa comunidade, os pobres e excluídos têm um lugar privilegiado?
Você já se confrontou alguma vez com pessoas que, igualmente aos herodianos e os fariseus, colocam a lei acima do bem estar das pessoas? O que sentiu naquele momento? Deu-lhes razão ou os criticaste? 




ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 11,23-36)
Hoje durante alguns momentos de oração, vou procurar descobrir a vontade de Deus para levá-la a cabo e ser assim, um fiel servidor seu, sendo serviçal e generoso de espírito. 






terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Lectio Divina - 21/01/14

TERÇA-FEIRA -21/01/2014



PRIMEIRA LEITURA: 1Samuel 16,1-13


Em algumas ocasiões nos encontramos com irmãos que, por alguma circunstância, não se sentem “dignos” ou capazes para realizar algum apostolado, inclusive, indignos de receber alguma graça espiritual. A passagem de hoje, nos mostra que não são nossos pobres critérios de “idoneidade” que Deus segue para encarregar-nos de um ministério ou para outorgar-nos uma graça espiritual. Davi, contudo, apesar de ser pequeno aos olhos de seus irmãos e do mundo em geral, o menos apto para ser ungido com rei, Deus, que vê seu coração, o escolhe. Poderia inclusive ocorrer que efetivamente não ser o melhor para ele, porém, Deus dá sempre junto com o ministério a graça necessária para realizá-lo. Por isso, lemos que “desde este momento o Espírito de Deus esteve com ele”. Se Deus te chama, não tenhas medo de responder e abrir teu coração, pois, se você e os demais não te consideram apto Deus lhe dará sua graça e, com seu poder, poderás realizar o que Ele próprio te pediu.



ORAÇÃO INICIAL 

Deus todo poderoso, que governa o céu e a terra, ouça paternalmente a oração de teu povo, e faz que os dias de nossa vida se fundamentem em tua paz. Por Nosso Senhor. Amém! 


REFLEXÃO

Marcos 2,23-28


A LEI EXISTE PARA O BEM DAS PESSOAS. Em dia de sábado, os discípulos passam pelas plantações e abrem caminho arrancando espigas. Em Mateus 12,1 se diz que tinham fome. Invocando a Bíblia, os fariseus criticam a atitude dos discípulos. Seria uma transgressão da lei do Sábado (cf. Ex 20,8-11). Jesus responde invocando a mesma Bíblia para mostrar que os argumentos dos demais não tem fundamento. Lembra que o próprio Davi fez algo proibido, já que tirou os pães consagrados do templo e os deu de comer aos soldados que tinham fome (1Sm 21,2-7). E Jesus termina com duas frases importantes: A)-O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado. B)-O Filho do Homem é senhor do sábado! 

O SÁBADO É PARA O SER HUMANO, E NÃO O SER HUMANO PARA O SÁBADO. Durante mais de quinhentos anos, desde o tempo do cativeiro na Babilônia até a época de Jesus, os judeus havia observado a lei do sábado. Esta observância secular se tornou para eles em um forte sinal de identidade. O sábado era rigorosamente observado. Na época dos Macabeus, até a metade do século II antes de Cristo, esta rígida observância chegou ao ponto critico. Atacados pelos gregos em dia de sábado, os rebeldes Macabeus preferiam morrer e não transgredir o sábado usando as armas para defender sua vida. Por isto, morreram mil pessoas (1Mac 2,32-38). Refletindo sobre este massacre, os líderes macabeus concluíram que deviam resistir e defender sua vida, ainda que fosse sábado (1Mac 2,39-41). Jesus teve a mesma atitude: relativizar a lei do sábado à favor da vida, pois, a lei existe para o bem da vida, e não ao contrário!

O FILHO DO HOMEM É SENHOR DO SÁBADO. A nova experiência de Deus como Pai/Mãe faz com que Jesus, o Filho do Homem, desse uma chave para descobrir a intenção de Deus que está na origem das leis do Antigo Testamento. Por isto, o Filho do Homem, é senhor até do Sábado. Ao conviver com o povo da Galiléia, durante trinta anos e sentindo em sua pele a opressão e a exclusão que tantos irmãos e irmãs eram condenados em nome da Lei de Deus, Jesus percebeu que isto não podia ser o sentido daquelas leis. Se Deus é Pai, então, acolhe a todos como filhos e filhas. Se Deus é Pai, então, temos que ser irmãos e irmãs uns dos outros. Foi o que Jesus viveu e rezou, desde o começo até o fim. A Lei do Sábado deve estar a serviço da vida e da fraternidade. Foi por sua fidelidade a esta mensagem que Jesus foi preso e condenado à morte. Ele incomodou o sistema, e o sistema se defendeu, usando a força contra Jesus, pois, Ele queria a lei a serviço da vida, e não o contrário.

JESUS E A BÍBLIA. Os fariseus criticavam Jesus em nome da Bíblia. Jesus responde e critica os fariseus usando a Bíblia. Ele conhecia a Bíblia de memória. Naquele tempo, não havia Bíblias impressas como temos hoje em dia. Em cada comunidade havia só uma Bíblia, escrita a mão, que ficava na sinagoga. Se Jesus conhecia tão bem a Bíblia, era sinal de que, durante aqueles 30 anos de sua vida em Nazaré, havia participado intensamente na vida da comunidade, onde no sábado se liam as Escrituras. Nos falta muito para que tenhamos a mesma familiaridade com a Bíblia e a mesma participação na comunidade!




PARA REFLEXÃO PESSOAL

O sábado é para o ser humano, e não vice-versa. Quais são os pontos de minha vida que tenho que mudar?
Ainda sem ter a Bíblia em casa, Jesus a conhecia de memória. E eu?



ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 111,1-2)
Em oração direi ao Senhor: “fala, que teu servo escuta”, e pedirei a assistência do Espírito Santo em todo momento, para que eu possa comunicá-lo aos que me rodeiam.





segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Lectio Divina - 20/01/14

SEGUNDA-FEIRA -20/01/2014

PRIMEIRA LEITURA: 1Samuel 15,16-23

Esta passagem que introduz a destituição de Saul como rei de Israel nos apresenta o modelo daquele que busca agradar a Deus à sua maneira, deixando com isso de fazer a vontade de Deus e eximindo-se, inclusive, em sua relação com Deus. É o caso do pai de família que acredita que agrada Deus porque trabalha até às 11 horas da noite com o intuito de levar mais recursos para casa. A este, o Senhor lhe perguntaria como perguntou a Saul: Por que é que não tem obedecido a voz do Senhor que te entregou uma esposa e filhos que necessitam de teu amor, de teu conselho, de tua companhia? Em nenhuma parte do compromisso com Deus se estipulava que os filhos teriam que estudar em tal ou qual escola ou universidade. Este também é o caso da dona de casa que por estar envolvida em tantas atividades sociais, ainda quando estas são encaminhadas à assistência social, descuida da manutenção de sua casa e do cuidado com seus filhos. Saul havia caído das graças de Deus porque pensou que podia agradar a Deus à margem de fazer sua vontade. Poderia dizer que em tua vida cotidiana, ao menos no que diz respeito a tua vocação, está fazendo a vontade de Deus?



ORAÇÃO INICIAL 

Deus todo poderoso, que governa o céu e a terra, ouça paternalmente a oração de teu povo, e faz que os dias de nossa vida se fundamentem em tua paz. Por Nosso Senhor. Amém! 



REFLEXÃO

Marcos 2,18-22


OS CINCO CONFLITOS ENTRE JESUS E AS AUTORIDADES RELIGIOSAS. Em Mc 2,1-12 vimos o primeiro conflito. Era em torno do perdão dos pecados. Em Mc 2.13-17, o segundo conflito tratava da comunhão da mesa com os pecadores. O evangelho de hoje fala do terceiro conflito sobre o jejum. Amanhã teremos o quarto conflito ao redor da observância do sábado (Mc 2,13-28). Depois de amanhã o último dos cinco conflitos será sobre a cura em dia de sábado (Mc 3,1-8). O conflito sobre o jejum ocupa o lugar central. Por isto, as palavras meio soltas sobre o remendo novo em vestido velho e sobre o vinho novo em odre velho (Mc 2,21-22), devemos entendê-las como uma luz que projeta sua claridade também sobre os outros quatro conflitos, dois antes e dois depois.

JESUS NÃO INSISTE NA PRÁTICA DO JEJUM. O jejum é um costume muito antigo, praticado em quase todas as religiões. O próprio Jesus o praticou durante quarenta dias (Mt 4,2). Mas, Ele não insiste com os discípulos para que façam o mesmo. Os deixa livres. Por isso, os discípulos de João Batista e dos fariseus, que eram obrigados a jejuar, querem saber por que Jesus não insiste no jejum.

O NOIVO ESTÁ COM ELES, ASSIM NÃO PRECISAM JEJUAR. Jesus responde com uma comparação. Quando o noivo está com seus amigos, isto é, durante a festa de bodas, os amigos não precisam jejuar. Jesus se considera o noivo. Os discípulos são amigos do noivo. Durante o tempo em que Ele, Jesus, esteve com os discípulos, era festa. Chegará o dia em que o noivo deixará de estar, e nesse momento, se eles querem, poderão jejuar. Jesus lembra sua morte. Sabe e sente que, se continua por este caminho de liberdade, as autoridades religiosas vão querer matá-lo.

REMENDO NOVO SOBRE ROUPA VELHA, VINHO NOVO EM ODRE NOVO. Estas duas afirmações de Jesus, que Marcos coloca aqui, aclaram a atitude crítica de Jesus diante das autoridades religiosas. Não se coloca remendo novo sobre roupa velha, porque na hora de lavar a roupa, o remendo novo encolhe, estica da roupa velha a rasga mais ainda. Ninguém coloca vinho novo em odre velho, porque a fermentação do vinho novo faz estourar o odre velho. Vinho novo em odre novo! A religião defendida pelas autoridades religiosas era como uma roupa velha, como um odre velho. Não se deve querer combinar o novo que Jesus traz com costumes antigos. Não se pode reduzir a novidade de Jesus à medida do judaísmo. Ou é um, ou é outro! O vinho novo que Jesus traz faz estourar o odre velho. Precisamos saber separar as coisas. Jesus não está contra o que é “velho”. O que quer evitar é que o velho se imponha ao novo e, assim, o impeça de manifestar-se. Seria o mesmo que reduzir a mensagem do Concílio Vaticano II ao catecismo anterior ao Concílio, como alguns estão querendo fazer.





PARA REFLEXÃO PESSOAL

A partir da experiência profunda de Deus que o animava por dentro, Jesus teve muita liberdade em relação com as normas e práticas religiosas. E hoje, temos essa mesma liberdade, ou, nos falta liberdade dos místicos? 
Remendo novo sobre roupa velha, vinho novo em odre velho. Existe isso em minha vida?




ORAÇÃO FINAL 

(1JOÃO 4,16)
Hoje procurarei o que é que posso fazer para agradar a Deus, seja em meu trabalho, na escola ou em relação com aqueles que amo.





sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Lectio Divina - 17/01/14

SEXTA-FEIRA -17/01/2014


PRIMEIRA LEITURA: 1Samuel 8,4-7.10-22


De novo nos encontramos com um texto que retrata a atitude de nosso mundo moderno, de um mundo que não permite à Deus trabalhar com liberdade, de um mundo que o quer ter como Deus, mas, não como Rei e Senhor. Sobretudo, chamam atenção nesta passagem as palavras do povo: “Queremos ter um rei e ser como as demais nações”. Com isso, estão negando a escolha de Deus sobre eles. Hoje acontece algo semelhante, quando nós queremos ser cristãos, porém, ao mesmo tempo viver de acordo como vive o mundo, viver como aqueles que não conhecem e não amam o Deus revelado por Cristo. Jesus, em sua oração final ao Pai, já fazia ver à seus discípulos que eles não são do mundo, que viviam nele, porém, pertenciam ao Pai e que sua cidadania é o Céu. É, pois, necessários que nos tornem conscientes desta realidade e não busquemos imitar àqueles que não conhecem ou não amam a Deus, mas sim, que busquemos com todo nosso coração ter Deus como nosso Rei e Senhor. Deus desde sua encarnação nos mostrou que não quer viver longe de nós, mas sim, no meio de nós, quer ser o Emanuel.



ORAÇÃO INICIAL 

Mostra-te propicio Senhor, aos desejos e pedidos de teu povo, dá-nos a luz para conhecer tua vontade e a força necessária para cumpri-la. Por Nosso Senhor. Amém!



REFLEXÃO

Marcos 2,1-12

Em Mc 1,1-15, Marcos nos faz ver como devemos preparar e divulgar a Boa Nova de Deus. Em Mc 1,16-45, nos faz ver qual é o objetivo da Boa Nova, e qual é a missão da comunidade. Agora em Mc 2,1 até 3,6, aparece o efeito do anuncio da Boa Nova. Uma comunidade fiel ao evangelho vive valores que contrastam com os interesses da sociedade que a rodeia. Por isso, um dos efeitos do anuncio da Boa Nova, é o conflito com aqueles que defendem os interesses da sociedade. Marcos fala de cinco conflitos que o anuncio da Boa Nova causa a Jesus.

Nos anos 70, época que se escreve seu evangelho haviam muitos conflitos na vida das comunidades, mas, nem sempre sabiam como comportar-se diante das acusações que vinham de parte das autoridades romanas e dos líderes judeus. Este conjunto de cinco conflitos de Mc 2,1 a 3,6 servia como uma espécie de abecedário para orientar às comunidades, tanto de ontem como de hoje. Porque o conflito não é um incidente de percurso, mas sim, forma parte integrante do caminho.

Eis aqui o esquema dos cinco conflitos presentes no evangelho de Marcos: 1º-CONFLITO: Mc 2,1-12; 2º-CONFLITO: Mc 2,13-17; 3º-CONFLITO: Mc 2,18-22; 4º-CONFLITO: Mc 2,23-28; 5º-CONFLITO: Mc 3,1-6. ADVERSÁRIOS DE JESUS: escribas; escribas e fariseus; discípulos de João e fariseus; fariseus; fariseus e herodianos. CAUSA DO CONFLITO: Perdão dos pecados; comer com pecadores; prática do jejum; observância do sábado; cura em dia de sábado. 

A solidariedade dos amigos faz com que o paralítico obtenha o perdão dos pecados. Jesus está de volta a Carfarnaum. Reuniu muita gente diante da porta de casa. Acolhe a todos e começa a ensinar. Ensinar, falar de Deus era o que Jesus mais fazia. Chega um paralítico, carregado por quatro pessoas. Jesus é sua única esperança. Eles não duvidam em subir ao telhado e abrir um buraco no teto. Tinha que ser uma casa pobre, uma cabana coberta de folhas. Descem o homem e o colocam diante de Jesus. Jesus, vendo a fé dessa gente, diz ao paralítico: Teus pecados te são perdoados! Naquele tempo, o povo pensava que os defeitos físicos (paralítico) fossem um castigo de Deus por algum pecado. Os doutores ensinavam que essa pessoa impura se tornava incapaz de aproximar-se de Deus. Por isto, os enfermos, os pobres se sentiam rejeitados por Deus. Mas, Jesus não pensava assim! Aquela fé tão grande era um sinal evidente de que o paralítico estava sendo acolhido por Deus. Por isso, declarou: “Teus pecados te são perdoados!”. Isto é: “Deus não se afasta de ti!”. Com esta afirmação, Jesus nega que a paralisia fosse um castigo devido ao pecado do homem. 

Jesus é acusado de blasfêmia pelos donos do poder. A afirmação de Jesus era contraria ao catecismo da época. Não combinava com a idéia que tinham de Deus. Por isso, reagiam e acusavam Jesus dizendo: “Este engana Deus!”. Para eles, só Deus podia perdoar os pecados. E só o sacerdote podia declarar que alguém havia sido perdoado e purificado. Como é que Jesus, homem sem estudos, leigo, um simples carpinteiro, podia declarar que as pessoas estavam perdoadas e purificadas dos pecados? E havia, além disso, outro motivo que os levava a criticar Jesus. Eles provavelmente estariam pensando: “Se fosse verdade o que Jesus está dizendo, vamos perder todo nosso poder! E vamos perder a fonte de nossa renda”. 

Curando, Jesus demonstra que tem poder de perdoar os pecados. Jesus percebe a critica. Por isso pergunta: O que é mais fácil dizer ao paralítico: Teus pecados te são perdoados, ou levanta-te, toma tua cama e anda? É muito mais fácil dizer: “Teus pecados te são perdoados”. Pois, ninguém pode comprovar se de fato o pecado foi ou não perdoado. Porém se digo: “Levanta-te e anda!”, ali todos podem comprovar se tenho ou não esse poder de curar. Por isto, para mostrar que tinha o poder de perdoar os pecados em nome de Deus, Jesus disse ao paralítico: Levanta-te, toma tua cama e vai para tua casa! O homem se curou. Assim, mediante um milagre demonstrou que a paralisia do homem não era um castigo de Deus, e mostrou que a fé dos pobres é uma prova de que Deus os acolhe em seu amor. 

A mensagem do milagre e a reação das pessoas. O paralítico se levanta, toma a cama, começa a andar e todos dizem: Nunca vimos coisa igual! Este milagre revelou três coisas muito importantes: 1)-as enfermidades das pessoas não são um castigo por seus pecados. 2)-Jesus abre um novo caminho para chegar até Deus. Aquilo que o sistema chamava impureza não era impedimento para que as pessoas se aproximassem de Deus. 3)-O rosto de Deus revelado através da atitude de Jesus não é o rosto severo de Deus revelado pela atitude dos doutores. 

Isto lembra o que disse um drogado que se recuperou e que agora é membro de uma comunidade em Curitiba. Disse: “Me criei na religião católica. Deixei de participar. Meus pais eram muito praticantes e queriam que os filhos fossem como eles. A pessoa era obrigada a ir à Igreja sempre, todos os domingos e nas festas. E quando não ia, diziam: Deus castiga! Eu não ia por gostar, e quando cresci, pouco a pouco fui deixando. O Deus de meus pais não gostava de mim. Não conseguia entender como Deus, criador do mundo, se convertera em um juiz para mim, menino do campo, ameaçando-me com o castigo e com o inferno. Gostava mais do Deus de meu tio, que não pisava na igreja, porém, todos os dias, sem faltar, comprava o dobro do pão que necessitava para dar aos pobres!”.




PARA REFLEXÃO PESSOAL

Você gosta do Deus do tio ou do Deus dos pais do ex-drogado?
Qual é o rosto de Deus que revelo aos demais através de meu comportamento?



ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 78,3-4)
Hoje, vou procurar a presença de Deus em minhas atividades diárias e mediante uma pequena oração, vou-lhe consagrar cada uma de minhas ações.





quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Lectio Divina - 16/01/14

QUINTA-FEIRA -16/01/2014


PRIMEIRA LEITURA: 1Samuel 4,1-11

Esta passagem nos apresenta a realidade do povo que tinha convertido Deus em um “talismã”; aqueles que pensavam que pelo simples fato de ser povo “eleito” pudessem viver à margem da lei e reclamar a Deus sua proteção e auxílio. Deus, nesta batalha lhes faz ver que se equivocaram e que sua escolha os deve levar não só a honrá-lo como Deus (através da Arca), mas sim, e mais importante ainda, a viver de acordo ao que Ele próprio tem pedido (a Lei da Aliança). Esta passagem teria muita ressonância em nosso mundo moderno no qual nos encontramos com irmãos que, havendo sido batizados (parte do povo eleito), assistem aos domingos a missa, porém, vivem de uma maneira contrária ao Evangelho, irmãos que pensam que pelo fato de portar uma cruz no peito estão protegidos de todos os perigos, convertendo este sinal de salvação em um mero “amuleto” mágico. O assistir regularmente a missa, e o usar objetos religiosos devem ser um sinal de pertença à Cristo, pertença que nos deve levar a viver de uma maneira diferente centrada no amor e de acordo com o Evangelho. Fique atento e grave em seu coração que o culto agrada a Deus, porém, procure agradá-lo vivendo como Jesus nos ensinou. 


ORAÇÃO INICIAL 

Mostra-te propicio Senhor, aos desejos e pedidos de teu povo, dá-nos a luz para conhecer tua vontade e a força necessária para cumpri-la. Por Nosso Senhor. Amém!



REFLEXÃO

Marcos 1,40-45

ACOLHENDO E CURANDO O LEPROSO JESUS REVELA UM NOVO ROSTO DE DEUS. Um leproso chega e aproxima-se de Jesus. Era um excluído, um impuro. Vivia separado dos demais. Porém, aquele leproso tinha muito valor. Transgrediu as normas da religião para poder chegar próximo de Jesus. E grita: “Se queres, podes limpar-me!”. Isto é, “Não precisa tocar-me! Basta que queiras para que eu seja curado”. A frase revela duas enfermidades: A)-a enfermidade da lepra que o fazia impuro; B)-a enfermidade da solidão a qual era condenado pela sociedade e pela religião. Revela ao mesmo tempo a grande fé do homem no poder de Jesus. Profundamente compadecido, Jesus cura duas enfermidades. Primeiro, para curar a solidão, toca o leproso. E é como se Ele dissesse: “Para mim, tu não és um excluído. Eu te acolho como irmão”. Em seguida, cura a lepra dizendo: “Quero, fique limpo!”. O leproso, para poder entrar em contato com Jesus, havia transgredido as normas da lei. Da mesma forma, Jesus, para poder ajudar àquele excluído e assim revelar um rosto novo de Deus, transgredi as normas de sua religião e toca o leproso. Naquele tempo, quem tocasse um leproso, se tornava impuro diante das autoridades religiosas e diante da lei da época.

REINTEGRAR OS EXCLUIDOS NA CONVIVENCIA FRATERNA. Jesus não somente cura, mas, além disso, quer que a pessoa curada possa conviver de novo com os demais. Reintegra a pessoa na convivência. Naquele tempo, para que um leproso fosse de novo acolhido na comunidade, tinha que ter um atestado firmado por um sacerdote. É como hoje. O enfermo sai do hospital só se tem um atestado médico firmado por um doutor. Jesus obriga o leproso a buscar tal documento, para que possa conviver com normalidade. Obriga as autoridades a que reconheçam que o homem havia sido curado.

O LEPROSO ANUNCIA O BEM QUE JESUS FEZ, E JESUS SE TORNA UM EXCLUÍDO. Jesus havia proibido o leproso de falar da cura. Mas, não conseguiu. O leproso, enquanto caminhava, começou a divulgar a notícia, de modo que Jesus já não podia entrar publicamente no povoado, tinha que andar pela periferia, em lugares afastados. Por quê? É que Jesus havia tocado um leproso. Por isso, na opinião pública daquele tempo, o próprio Jesus, era agora um impuro e tinha que viver afastado de todos. Não podia entrar nas cidades. Porém, Marcos mostra que ao povo pouco importava essas normas oficiais, pois, de todas as partes chegavam pessoas onde Ele estava. Subversão total!

RESUMINDO. Tanto nos anos 70, época em que Marcos escreve, como hoje, época na qual vivemos, era e continua sendo importante ter diante de nós alguns modelos de como viver e anunciar a Boa Nova de Deus e de como avaliar nossa missão. Nos versos, de 16 a 45 do primeiro capítulo de seu evangelho, Marcos descreve a missão da comunidade e apresenta oito critérios para que as comunidades de seu tempo pudessem avaliar a missão. Eis aqui o esquema:- ATIVIDADE DE JESUS –Objetivo da Missão- a)-(Mc 1,16-20) JESUS CHAMA OS PRIMEIROS DISCIPULOS – Para formar comunidade; b)-(Mc 1,21-22) AS PESSOAS FICAM ADMIRADAS COM SEU ENSINAMENTO – Criar consciência crítica; c)-(Mc 1,23-28) JESUS EXPULSA UM DEMÔNIO – Lutar contra o poder do mal; d)-(Mc 1,29-31) CURA A SOGRA DE PEDRO – Restaurar ávida para o serviço; e)-(Mc 1,32-34) CURA ENFERMOS E ENDEMONINHADOS – Acolher os marginalizados; f)-(Mc 1,35) JESUS LEVANDO PRONTO PARA REZAR – Permanecer unido ao Pai; g)-(Mc 1,36-39) JESUS CONTINUA ANUNCIANDO – Não fechar-se nos resultados; h)-(Mc 1,40-45) CURA DE UM LEPROSO – Reintegrar os excluídos.




PARA REFLEXÃO PESSOAL

Anunciar a Boa Nova consiste em dar testemunho da experiência concreta que alguém tem de Jesus. O leproso, o que é que anuncia? Conta aos demais o bem que Jesus lhe fez. Só isto! Tudo isto! E o testemunho que leva os demais a aceitar a Boa Nova de Deus que Jesus nos trás. Qual é o testemunho que dou hoje?
Para levar a Boa Nova de Deus às pessoas, não devemos ter medo de transgredir as normas religiosas que são contrárias ao projeto de Deus e que dificultam a comunicação, o diálogo e vivencia do amor. Ainda que isto traga dificuldades para as pessoas, como Jesus as trouxe. Tenho esta coragem?



ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 95,6-7)
Hoje vou dedicar alguns momentos de meu dia para descobrir o que Deus quer de mim neste preciso momento, e vou compartilhar minha experiência com algum irmão que necessite de minha atenção e consolo.