sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Lectio Divina - 29/11/13


SEXTA-FEIRA -29/11/2013


PRIMEIRA LEITURA 

Daniel 7,2-14


A leitura apocalíptica se distingue por apresentar-nos a vitória de Deus sobre o mal e sobre o maligno. Ao terminar o ano litúrgico esta leitura de Daniel nos lembra que por mais que pareça que é o mal quem vai triunfar, a vitória pertence a Deus. A força do mal e do maligno muitas vezes parecia ser mais forte que a de Deus e seu Espírito: a guerra, a enfermidade, a dor, a miséria e a fome pareciam impor-se em nosso mundo. No entanto, devemos continuamente lembrar que Jesus nos disse que Ele é a nossa vitória. Que estas palavras do Profeta nos ajudem não só terminar um ano mais, mas sim, iniciar com novos brios este ano com a ajuda de nosso testemunho faremos ver ao mundo que a paz e a justiça triunfarão e que a vitória pertence só a Jesus, o Senhor.






ORAÇÃO INICIAL 


Mova Senhor, os corações de teus filhos, para que, correspondendo generosamente a tua graça, recebam com maior abundância a ajuda de tua bondade. Por Nosso Senhor...




REFLEXÃO

Lucas 21,29-33


Hoje o evangelho nos trás as recomendações finais do Discurso Apocalíptico. Jesus insiste em dois pontos: (a)-na atenção que precisamos dar aos sinais dos tempos (Lc 21,29-31) e (b)-na esperança, que tenha seu fundamento na firmeza da palavra de Jesus, que expulsa o medo e o desânimo (Lc 21,32-33).

Lucas 21,29-31: OLHAI PARA A FIGUEIRA E PARA TODAS AS ÁRVORES. Jesus manda olhar à natureza. “Olhai para a figueira e as demais árvores. Quando brotarem, saberão que o verão estará próximo. Assim também vós, quando verem acontecer estas coisas, sabereis que o Reino está próximo”. Jesus pede para que contemplemos os fenômenos da natureza para aprender deles como ler e interpretar as coisas que estão acontecendo no mundo. Os brotos na figueira são um sinal de que o verão está chegando. Assim também aqueles sete sinais são prova de que o “Reino está próximo!”. Fazer este discernimento não é fácil. Uma pessoa só não dá conta da mensagem. É refletindo juntos em comunidade que a luz aparece. E a luz é esta: experimentar em tudo o que acontece um chamado e não fechar-se no momento presente, mas, manter o horizonte aberto e perceber em tudo uma “seta” que aponta para mais além, para o futuro. Mas, a hora exata da chegada do Reino ninguém sabe. No evangelho de Marcos, Jesus chega a dizer: “Quanto a este dia ou a esta hora, ninguém sabe, nem os anjos do céu, nem o Filho, mas somente o Pai” (Mc 13,32).

Lucas 21,32-33: “EU VOS ASSEGURO QUE NÃO PASSARÁ ESTA GERAÇÃO ATÉ QUE TUDO ISTO ACONTEÇA. O CÉU E A TERRA PASSARÃO, PORÉM, MINHAS PALAVRAS NÃO PASSARÃO”. Esta palavra de Jesus evoca a profecia de Isaias que dizia: “Toda carne é erva e toda a sua graça como a flor do campo. Seca-se a erva e murcha-se a flor, quando o vento de Iahweh sopra sobre elas; seca-se a erva, murcha-se a flor, mas a palavra do nosso Deus subsiste para sempre”. (Is 40,7-8). A palavra de Jesus é a fonte de nossa esperança. O que diz acontecerá!

A VINDA DO MESSIAS E O FIM DO MUNDO. Hoje muita gente vive preocupada com o fim do mundo. Alguns se baseiam em uma leitura errônea e fundamentalista do Apocalipse de João, e chegam a calcular a data exata do fim do mundo. No passado, a partir dos “mil anos” mencionados no Apocalipse (Ap 20,7), as pessoas diziam: “O ano 1000 passou, porém, o 2000 não passará!. Por isto, na medida em que se ia aproximando o ano 2000, muitos ficavam preocupados. Houve até gente que, angustiada com a chegada do fim do mundo, suicidou-se. Porém, o ano 2000 passou e nada aconteceu. O fim do mundo não chegou! A mesma problemática estava viva nas comunidades cristãs dos primeiros séculos. Elas viviam na expectativa da vinda iminente de Jesus. Jesus viria realizar o Juízo Final para terminar com a história injusta do mundo daqui de baixo e iniciar uma nova fase da história, a fase definitiva do Novo Céu e da Nova Terra. Pensavam que isto ocorreria dentro de uma ou duas gerações. Muita gente estaria viva, quando Jesus aparecesse glorioso no céu (1Ts 4,16-17; Mc 9,1). E havia até pessoas que haviam deixado de trabalhar, porque pensavam que a vinda fosse coisa de poucos dias, ou, de semanas (2Ts 2,1-3;3,11). Assim pensavam. Porém, até agora, a vinda de Jesus, entretanto, não ocorreu! Como entender esta demora? Nas ruas da cidade, a pessoa vê pintada nas paredes as palavras: Jesus voltará! Vem ou não vem? E como será sua vinda? Muitas vezes a afirmação: “Jesus voltará”, é usada para colocar medo nas pessoas e obrigá-las a ir à uma determinada igreja. No Novo Testamento, o retorno de Jesus é sempre motivo de alegria e de paz. Para os explorados e oprimidos, a vinda de Jesus é uma Boa Notícia. Quando virá? Entre os judeus, as opiniões eram muito variadas. Os saduceus e os herodianos diziam: “Os tempos messiânicos já chegaram!”. Pensavam que seu bem estar durante o governo de Herodes fosse expressão do Reino de Deus. Por isto, não queriam mudar e estavam contra a pregação de Jesus que convocava as pessoas para mudar e converter-se. Os fariseus diziam: “A chegada do Reino vai depender de nosso esforço na observância da Lei!”. Os essênios diziam: “O Reino prometido chegará só quando tenhamos purificado o país e todas as impurezas”. Entre os cristãos havia a mesma variedade de opiniões. Alguns da comunidade de Tessalônica na Grécia, apoiando-se na pregação de Paulo, diziam: “Jesus voltará!” (1Ts 4,13-18; 2Ts 2,2). Paulo responde que não era tão simples como imaginavam. E aos que haviam deixado de trabalhar dizia: “Quem não quer trabalhar, que não coma!” (2Ts 3,10). Provavelmente tratava-se de pessoas que na hora do almoço iam mendigar comida na casa do vizinho. Os cristãos opinavam que Jesus voltaria depois que o evangelho fosse anunciado ao mundo inteiro (At 1,6-11). E pensavam que quanto maior fosse o esforço de evangelizar, mais rapidamente viria o fim do mundo. Outros, cansados de esperar, diziam: “Não voltará!” (2Pd 3,4). Outros baseando-se nas palavras de Jesus, diziam acertadamente: “Já está no meio de nós!” (Mt 25,40).

Hoje acontece o mesmo. Existe gente que diz: “Como vão as coisas, estão bem tanto na Igreja como na sociedade”. Não querem mudar. Outros esperam o retorno imediato de Jesus. Outros pensam que Jesus voltará por meio de nosso trabalho e anuncio. Para nós, Jesus está em nosso meio (Mt 28,20). Ele já está do nosso lado na luta pela justiça, pela paz, pela vida. Porém, a plenitude não chegou, todavia. Por isto, esperamos com firme esperança a libertação total da humanidade e da natureza. (Rm 8,22-25).




PARA REFLEXÃO PESSOAL

Jesus pede que olhemos a figueira, para contemplar os fenômenos da natureza. Em minha vida aprendi alguma coisa contemplando a natureza?
Jesus disse: “O céu e a terra passarão, porém, minha palavra não passará”. Como entendo estas palavras de Jesus em minha vida. 




ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 84,5-6)
Farei um parada em meu caminho para ver quanto cresci espiritualmente durante este ano litúrgico, e fixarei metas para ano que começa.






quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Lectio Divina - 28/11/13

QUINTA-FEIRA -28/11/2013

PRIMEIRA LEITURA: Daniel 6,12-28


Paulo tem uma frase que devemos gravá-la em nosso coração: “Se Deus está conosco, quem poderá estar contra nós”. Em nossos tempos, como nos de Daniel e de Paulo, os quais é preciso viver no meio de um mundo não somente incrédulo, mas, em um mundo que rejeita os valores do Evangelho e de muitas maneiras persegue e marginaliza os discípulos de Jesus, é necessário reafirmar todos os dias nossa decisão de permanecermos fiéis as nossas promessas batismais, e não deixar-nos intimidar pelas situações ou pelas pessoas que podem ser obstáculos para que nossa luz brilhe. Jesus nos advertiu que em nossa vida não faltariam as perseguições, mas também nos prometeu que Ele estaria conosco até o final para sustentar-nos e consolar-nos. Jesus te convida a não temer e a manifestar-te sempre como seu discípulo.


ORAÇÃO INICIAL 

Mova Senhor, os corações de teus filhos, para que, correspondendo generosamente a tua graça, recebam com maior abundância a ajuda de tua bondade. Por Nosso Senhor...



REFLEXÃO

Lucas 21,20-28



Hoje o evangelho continua o Discurso Apocalíptico com mais sinais, o 7º e o 8º, que deviam acontecer antes da chegada do fim dos tempos, o melhor, antes da chegada do fim deste mundo para dar lugar ao novo mundo, ao “novo céu e a nova terra” (Is 65,17). O sétimo sinal é a destruição de Jerusalém e o oitavo é as mudanças na antiga criação.

Luca 21,20-24: O SÉTIMO SINAL: a destruição de Jerusalém. Jerusalém era para eles a Cidade Eterna. E agora estava destruída! Como explicar este fato? Deus não leva em conta a mensagem? É difícil para nós imaginarmos o trauma e a crise de fé que a destruição de Jerusalém causou nas comunidades de tantos judeus e cristãos. Cabe aqui uma breve observação sobre a composição dos Evangelhos de Lucas e de Marcos. Lucas escreve no ano 85. Serve-se do evangelho de Marcos para compor sua narrativa sobre Jesus. Marcos escreve no ano 70, no mesmo ano em que Jerusalém estava sendo cercada e destruída pelos exércitos romanos. Por isto, Marcos escreveu dando uma citação ao leitor: “Quando vires a abominável desolação instalada onde não devia – que o leitor entenda – então, os que estão na Judéia fujam para os montes” (Mc 13,14). Quando Lucas menciona a destruição de Jerusalém, Jerusalém estava em ruínas já fazia quinze anos. Por isto, ele omite o parêntese de Marcos. Lucas disse: “Quando virem Jerusalém cercada por exércitos, saiba então, que se aproxima sua desolação. Então, os que estejam Judéia que fujam para os montes; os que estejam no meio da cidade que se afastem; e os que estejam nos campos que não entrem nela; porque estes são dias de vingança nos quais se cumprirá tudo quanto está escrito. Ai daquelas que estejam grávidas ou dando a luz naqueles dias! Haverá, com efeito, uma grande calamidade sobre a terra e cólera contra o povo. Jerusalém será pisoteada pelos gentios, até que o tempo dos gentios chegue a seu cumprimento”. Ao ouvir Jesus que anunciava a perseguição (6º sinal) e a destruição de Jerusalém (7º sinal), os leitores das comunidades perseguidas do tempo de Lucas concluíam: “Este é nosso hoje. Estamos no 6º sinal!”.

Lucas 21,25-26: O OITAVO SINAL: mudanças no sol e na lua. Quando será o fim? No final depois de haver ouvido falar de todos estes sinais que já haviam acontecido, ficava em pé a pergunta: “O projeto de Deus avança muito e as etapas previstas por Jesus já se realizaram. Estamos agora na sexta ou na sétima etapa. Quantas etapas ou sinais faltam até que chegue o fim? Falta muito?”. A resposta vem agora no 8º sinal: “Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas, e na terra, angustia das pessoas, transtornadas pelo estrondo do mar e das ondas. Os homens ficarão sem alimentos pela terra e a ansiedade diante das coisas que se abaterão sobre o mundo, porque as forças dos céus se desequilibrarão”. O 8º sinal é diferente dos outros sinais. Os sinais no céu e na terra é uma mostra do que está chegando, ao mesmo tempo, o fim do velho mundo, da antiga criação e o começo da chegada do novo céu e da nova terra. Quando a casca do ovo começa a se romper é sinal de que o novo está aparecendo. É a chegada do Novo Mundo que está provocando a desintegração do mundo antigo. Conclusão: falta muito pouco! O Reino de Deus está chegando.

Lucas 21,27-28: A CHEGADA DO REINO DE DEUS E A APARIÇÃO DO FILHO DO HOMEM. “E então verão vir o Filho do homem em uma nuvem com grande poder e glória. Quando começar a acontecer estas coisas, crie ânimo e levante a cabeça, porque se aproxima vossa libertação”. Neste anuncio, Jesus descreve a chegada do Reino com imagens tiradas da profecia de Daniel (Dn 7,1-14). Daniel disse que, depois das desgraças causadas pelos reinos deste mundo, virá o Reino de Deus. Os reinos deste mundo, todos eles, têm figura de animal: leão, urso, pantera, bestas selvagens (Dn 7,3-7). São reinos animais, desumanizam a vida, como acontece com o reino neoliberal até hoje! O Reino de Deus, pois, aparece como um aspecto do Filho do Homem, isto é, com um aspecto humano de gente (Dn 7,13). É um reino humano. Construir este reino que humaniza, é tarefa das pessoas das comunidades. É a nova história eu devemos realizar e que deve reunir as pessoas dos quatro lados do mundo. O título Filho do Homem é o nome que Jesus gostava de usar. Somente nos quatro evangelhos, este nome aparece mais de 80 (oitenta) vezes. Toda dor que suportamos desde agora, toda a luta a favor da vida, toda a perseguição por causa da justiça, toda dor de parto, é semente do Reino que vai chegar no 8º sinal. 



PARA REFLEXÃO PESSOAL

Perseguição das comunidades. Destruição de Jerusalém. Desespero. Diante dos acontecimentos que hoje fazem sofrer as pessoas me desespero? Qual é a fonte de minha esperança?
Filho do Homem é o título que Jesus gostava de usar. Ele queria humanizar a vida. Quanto mais humano, mais divino, dizia o Papa Leão Magno. Em minha relação com os demais, sou humano?




ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 100,5)
Bendirei os alimentos sem importar onde ou o que me encontre comendo.







quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Lectio Divina - 27/11/13

QUARTA-FEIRA -27/11/2013

PRIMEIRA LEITURA: Daniel 5,1-6;13-14;16-17;23-28


Uma das atitudes com as quais às vezes nos encontramos, ainda que no meio dos próprios cristãos, é o pensar que se pode fazer caçoada das coisas sagradas. Não é raro encontrarmos com pessoas que em festas e reuniões fazem piadas e se zombam das coisas e das pessoas sagradas. Em muitos de nossos irmãos se nota uma falta de interesse e de respeito por Deus e por seus objetos e ministros, talvez, porque pensam: “Não acontece nada, só estamos brincando”. Provavelmente era isso que pensava o rei Baltasar, quando diante dele apareceu a mão de Deus, para fazer-lhe ver que não se pode brincar com seu Nome. Não permita que o indiferentismo do mundo e a sua falta de amor a Deus te contagie. Siga o exemplo de Daniel e anuncie aos demais a verdade do Evangelho; em tuas reuniões proponha a alegria cristã, a qual não necessita nem de álcool, nem de piadas que sujam nosso pensamento e nosso coração.


ORAÇÃO INICIAL 

Mova Senhor, os corações de teus filhos, para que, correspondendo generosamente a tua graça, recebam com maior abundância a ajuda de tua bondade. Por Nosso Senhor...



REFLEXÃO

Lucas 21,12-19

No evangelho de hoje, que á continuação do discurso iniciado ontem, Jesus enumera um sinal a mais para ajudar as comunidades a situar-se nos fatos e a não perder a fé em Deus, nem na coragem para resistir contra os embates do império romano. Repetimos os cinco primeiros sinais: (01)-Os falsos messias (Lc 21,8); (02)-Guerras e revoluções (Lc 21,9); (03)-Nação contra nação, um reino contra outro reino (Lc 21,10); (04)-Terremotos em vários lugares (Lc 21,11); (05)-Fome, peste e sinais no céu (Lc 21,11). Até aqui o evangelho de ontem. Agora, no evangelho de hoje, existe um sinal a mais: (6)-A perseguição dos cristãos (Lc 21,12-19).

Lucas 21,12: O SEXTO SINAL: a perseguição várias vezes, nos poucos anos que Jesus passou entre nós, avisou aos discípulos que iam ser perseguidos. Aqui, no último discurso, repete o mesmo e informa que é necessário ter em conta a perseguição na hora de discernir os sinais dos tempos: “Porém, antes de tudo isto irão prendê-los e os perseguirão, os entregarão nas sinagogas e cárceres e os levarão diante dos reis e governadores por meu nome, isto acontecerá para que dêem testemunho”. E destes acontecimentos, aparentemente tão negativos, Jesus havia dito: “Não temam; porque é necessário que aconteçam primeiro estas coisas, porém, o fim não é imediato” (Lc 21,9). E o evangelho de Marcos acrescenta que todos estes sinais são “apenas o começo das dores do parto!” (Mc 13,8). Entretanto, as dores do parto, ainda sendo muito fortes para a mãe, não são sinal de morte, mas sim de vida. Não são motivos de temor, mas de esperança! Esta maneira de ler os fatos dava muita tranqüilidade às comunidades perseguidas. Assim, lendo ou ouvindo estes sinais, profetizados por Jesus, nos anos trinta e três, os leitores de Lucas dos anos oitenta podiam concluir: “Todas estas coisas estão acontecendo segundo o plano previsto e anunciado por Jesus, portanto, a história não escapou das mãos de Deus. Deus está conosco!”.

Lucas 21,13-15: A MISSÃO DOS CRISTÃOS NA ÉPOCA DA PERSEGUIÇÃO. A perseguição não é uma fatalidade, nem pode ser motivo de desalento ou de desespero, mas, deve ser considerada como uma oportunidade, oferecida por Deus para que as comunidades levem até o fim a missão de testemunhas com coragem a Boa Noticia de Deus. Jesus disse: “isto vos acontecerá para que deis testemunho. Proponde, pois, em vosso não preparar a defesa, porque eu os darei uma eloqüência e uma sabedoria a qual não poderão resistir nem contradizer todos os vossos adversários”. Por meio desta afirmação, Jesus anima os cristãos perseguidos que viviam angustiados. Esclarece que, ainda que perseguidos, eles tinham que cumprir uma missão, a saber: dar testemunho da Boa Noticia de Deus e assim, ser um sinal do Reino (At 1,8). O testemunho corajoso levaria a pessoa a repetir o que disseram os magos do Egito diante dos sinais e a coragem de Moisés e Araão: “Aqui está a mão de Deus!” |(Ex 8,15). Conclusão: se as comunidades não devem preocupar-se, se tudo está nas mãos de Deus, se tudo estava já previsto por Deus, se tudo não é como a dor do parto, então, não existe motivo para ficar preocupado.

Lucas 21,16-17: PERSEGUIÇÃO DENTRO DA FAMÍLIA. “Sereis entregues pelos pais, irmãos, parentes e amigos, e matarão alguns de vocês”. A perseguição não vem de fora, de parte do império, mas vem de dentro, da própria família. Na própria família, uns aceitam a Boa Noticia, outros não. O anuncio da Boa Noticia produzia divisões na própria família. Havia pessoas que, baseando-se na Lei de Deus, chegavam a denunciar e a matar seus próprios familiares que se declaravam seguidores de Jesus (Dt 13,7-12).

Lucas 21,18-19: A FONTE DE ESPERANÇA E DE RESISTÊNCIA. “Porém, não se perderá nenhum cabelo de vossa cabeça. Com vossa perseverança salvareis vossas almas”. Esta observação final de Jesus lembra a outra palavra que Jesus havia dito: “nenhum cabelo de vossa cabeça cairá!” (Lc 21,18). Esta comparação era um forte chamado à não perder a fé e a seguir firme na comunidade. Confirma o que Jesus havia feito em outras ocasiões: “Quem quer salvar sua vida, a perde, porém, aquele que perde sua vida por minha causa, a salvará”. (Lc 9,24).




PARA REFLEXÃO PESSOAL

Como costuma ler as etapas da história em tua vida e na vida de teu país?
Olhando a história da humanidade dos últimos 50 anos, a esperança aumentou ou diminuiu em você?



ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 98,2-3)
Evitarei que se façam comentários, piadas e zombarias que vão contra minha fé e a fé da Igreja.






terça-feira, 26 de novembro de 2013

Lectio Divina - 26/11/13


TERÇA-FEIRA -26/11/2013


PRIMEIRA LEITURA: Daniel 2,31-45


Uma das verdades que a Sagrada Escritura nos tem revelado, é que esta vida não é para sempre, mas sim, é simplesmente a ante-sala da vida definitiva que viveremos eternamente no céu. É por isso, que esta leitura nos faz ver que tudo quanto existe de belo, chegara um tempo em que será transformado, que Deus como Senhor da história vai construindo o Reino definitivo no qual Ele, como rei eterno e todo poderoso, governará. Nós sabemos que este Rei é Cristo e por isso, se queremos viver no Reino, devemos submeter toda nossa pessoa e toda nossa vida a Ele, de maneira que o Senhor tenha realmente controle dela. Aceita Jesus como Rei de tua vida e deixe que Ele transforme toda tua existência e a converta em parte do Reino que jamais termina.


ORAÇÃO INICIAL 

Mova Senhor, os corações de teus filhos, para que, correspondendo generosamente a tua graça, recebam com maior abundância a ajuda de tua bondade. Por Nosso Senhor...



REFLEXÃO

Lucas 21,5-11

Neste evangelho começa o último discurso de Jesus, chamado Discurso Apocalíptico. É um longo discurso, que será o assunto dos evangelhos dos próximos dias até o final desta última semana do ano litúrgico. Para nós o Século XXI, a linguagem apocalíptica é estranha e confusa. Porém, para as pessoas pobres e perseguidas das comunidades cristãs daquele tempo era a maneira que todos entendiam e cujo objetivo principal era animar a fé e a esperança dos pobres e oprimidos. A linguagem apocalíptica é fruto do testemunho de fé destes pobres que, apesar das perseguições e apesar do viam, continuavam acreditando que Deus estava com eles e que continuava sendo o Senhor da história.

Lucas 21,5-7: INTRODUÇÃO AO DISCURSO APOCALÍPTICO. Nos dias anteriores ao Discurso Apocalíptico, Jesus havia rompido com o Templo (Lc 19,45-48), com os sacerdotes e com os anciãos (Lc 20,1-26), com os saduceus (Lc 20,27-40), com os escribas que exploravam as viúvas (Lc 20,41-47) e no final vemos no evangelho de ontem que faz elogios à viúva que deu em esmola tudo aquilo que possuía (Lc 21,1-4). Agora, no evangelho de hoje, ao ouvir como “algumas pessoas falavam do Templo, de como estava adornado de belas pedras e oferendas votivas”, Jesus responde anunciando a destruição total do Templo: “Disto que estão vendo, chegarão dias em que não ficará pedra sobre pedra que não seja destruída”. Ao ouvir este comentário de Jesus, os discípulos perguntam: “Mestre, quando acontecerá isto?. E qual será o sinal de que todas estas coisas estão para ocorrer?”. Eles querem mais informações. O Discurso Apocalíptico que segue é a resposta de Jesus a esta pergunta dos discípulos sobre quando e como será a destruição do Templo. O evangelho de Marcos informa o seguinte sobre o contexto em que Jesus pronunciou este discurso. Disse que Jesus havia saído da cidade e estava sentado no Monte das Oliveiras (Mc 13,2-4). Ali, do alto do Monte, tinha uma vista majestosa do Templo. Marcos nos diz que, eram apenas quatro os discípulos que foram ouvir o último discurso. O começo de sua pregação, três anos antes, ali na Galiléia, as multidões iam atrás de Jesus para ouvir suas palavras. Agora, no último discurso, existem apenas quatro ouvintes: Pedro, Tiago, João e André (Mc 13,3). Eficiência e bom resultado nem sempre se medem pela quantidade!

Lucas 21,8: OBJETIVO DO DISCURSO: “Olhem, não vos deixeis enganar!”. Os discípulos haviam perguntado: “Mestre, quando acontecerá isso? Qual será o sinal de que todas essas coisas estão para ocorrer?”. Jesus começa sua resposta com uma advertência: “Olhem, não se deixem enganar. Porque virão muitos usurpando meu nome e dizendo: Eu Sou e tempo está próximo. Não lhes dêem ouvidos”. Na época de mudanças e de confusão sempre aparecem pessoas que querem tirar proveito da situação enganando aos demais. Isto acontece hoje e estava ocorrendo nos anos 80, época em que Lucas escreve seu evangelho. Diante dos desastres e guerras daqueles anos, diante da destruição do ano 70 e diante da destruição, da perseguição dos cristãos pelo império romano, muitos pensavam que o fim dos tempos estivesse chegando. E até havia gente que dizia: “Deus já não controla os fatos! Estamos perdidos!”. Por isso, a preocupação principal dos discursos apocalípticos é sempre a mesma: ajudar as comunidades a discernir melhor os sinais dos tempos para não deixar-se enganar pelas conversas das pessoas sobre o fim do mundo: “Olhem, não vos deixeis enganar!”. Logo vem o discurso que oferece sinais para ajudá-los no discernimento e, assim, aumentar neles a esperança. 

Lucas 21,9-11: SINAIS PARA AJUDAR A LER OS FATOS. Depois desta breve introdução, começa o discurso propriamente dito: “Quando ouvires falar de guerras e revoluções, não vos aterrorize; porque é necessário que aconteçam primeiro estas coisas, porém, o fim não é imediato”. Então lhes disse: “Se erguerá não contra nação e reino contra reino. Haverá grandes terremotos, pestes e fome em diversos lugares, haverá coisas espantosas e grandes sinais do céu”. Para entender bem estas palavras, é bom lembrar o seguinte. Jesus vivia e falava no ano 33. Os leitores de Lucas viviam e ouviam estas coisas no ano 85. Agora, nos anos cinqüenta, entre o ano 33 e o ano 85, a maioria das coisas mencionadas por Jesus já haviam acontecido e todos as conheciam. Por exemplo, em várias partes do mundo havia guerras, apareciam falsos messias, surgiam enfermidades e pestes, na Ásia Menor, os terremotos eram freqüentes. Num estilo bem apocalíptico, o discurso enumera todos estes acontecimentos, um depois do outro, como sinais ou como etapas do projeto de Deus no andamento da história do Povo de Deus, desde a época de Jesus até o fim dos tempos:

1º Sinal: os falsos messias (Lc 21,8);

2º Sinal: guerras e revoluções (Lc 21,9);

3º Sinal: nação contra outra nação, um reino contra outro reino (Lc 21,10);

4º Sinal: terremotos em vários lugares (Lc 21,11);

5º Sinal: fome, pestes e sinais no céu (Lc 21,11);

Estes são os sinais do evangelho de hoje. O evangelho de amanhã trás um sinal a mais: a perseguição das comunidades cristãs (Lc 21,12). O evangelho de depois de amanhã, trás dois sinais a mais: a destruição de Jerusalém e o início da desintegração da criação. Assim, por meio destes sinais do Discurso Apocalíptico, as comunidades dos anos oitenta, época na qual Lucas escreve seu evangelho, podiam calcular a que altura se encontrava a execução do plano de Deus, e descobrir que a história não havia escapado das mãos de Deus. Tudo era conforme o que Jesus havia previsto e anunciado no Discurso Apocalíptico.



PARA REFLEXÃO PESSOAL

O que você sentiu durante a leitura deste evangelho hoje?
Sentimento de medo ou de paz?



Você acredita que o fim do mundo está próximo? O que responder aos que dizem que o fim do mundo está próximo?
O que é que hoje anima as pessoas para resistir e ter esperança?



ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 96,13)
Revisarei que áreas de minha vida se encontram, todavia, trancadas, e entregarei ao Senhor as chaves para que Ele vá ordenando minha casa.




segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Lectio Divina - 25/11/13


SEGUNDA-FEIRA -25/11/2013

PRIMEIRA LEITURA: Daniel 1,1-6.8-20


Um dos temas recorrentes ao terminar o ciclo litúrgico é a da Fidelidade. Nesta passagem vimos a fidelidade e, sobretudo, a confiança de Daniel e seus companheiros que colocam a prova o poder de Deus. Eles sabem que por eles mesmos não podiam manter-se fiéis, por isso colocam como garantia a sua fé em Deus. Deus fará o necessário para que a decisão que tomaram de não abandonar o cumprimento da Lei pode ser realizado. No meio de nosso mundo em que nos encontramos todos os dias rodeados de um sem fim de tentações que nos convidam à mediocridade e à fraqueza na fé, é necessário que assim como fizeram estes jovens, nós também tomemos a decisão de ser fiéis ao Evangelho. Deus, em seu infinito poder, fará todo o necessário para que esta decisão possa ser vivida. Coloque em teu coração a firme decisão de permanecer fiel e de servir a Deus com toda tua vida e verás acontecer em ti seu poder e seu amor.


ORAÇÃO INICIAL 

Mova Senhor, os corações de teus filhos, para que, correspondendo generosamente a tua graça, recebam com maior abundância a ajuda de tua bondade. Por Nosso Senhor...


REFLEXÃO

Lucas 21,1-4

No evangelho de hoje, Jesus elogia uma viúva pobre que sabe compartilhar melhor que os ricos. Muitos pobres de hoje fazem o mesmo. As pessoas dizem: “O pobre não deixa o pobre morrer de fome”. Mas, às vezes, nem isto é possível! Dona Cícera que vivia no interior da Paraíba, foi viver na cidade e dizia: No campo, a gente era pobre, porém, sempre havia uma coisinha para dividir com o pobre que chamava à porta. Agora que estou aqui, na cidade, quando vejo um pobre que chama à porta, me escondo de vergonha porque não tenho nada em cada para dar-lhe! De um lado: gente rica que tem tudo, mas que não quer compartilhar. Por outro lado: gente pobre que não tem quase nada, mas, que quer compartilhar o pouco que tem.

No começo da Igreja, as primeiras comunidades cristãs, eram de gente pobre (1Cor 1,26). Pouco a pouco foram entrando também pessoas mais ricas, que trouxeram consigo vários problemas. As tensões sociais, que marcavam o império romano, começam a marcar também a vida das comunidades. Isto se manifestava, por exemplo, quando se reuniam para celebrar a ceia (1Cor 11,20-22), ou, quando tinham reuniões (Tg 2,1-4). Por isto, o ensinamento do gesto da viúva era muito atual, tanto para eles, como é para nós hoje.

Lucas 21,1-2: A ESMOLA DA VIÚVA. Jesus estava diante da arca do Templo e observava como as pessoas iam deixando sua esmola. Os pobres deixavam poucos centavos, os ricos, moedas de grande valor. Os cofres do Tempo recebiam muito dinheiro. Todos deixavam algo para a manutenção do culto, para o sustento do clero e a conservação do edifício. Parte deste dinheiro era usado para ajudar aos pobres, pois, naquele tempo não havia securidade social. Os pobres viviam da caridade pública. As pessoas mais necessitadas eram os órfãos e as viúvas. Dependiam em tudo da caridade dos demais, mas, mesmo assim, tratavam de compartilhar com os outros o pouco que possuíam. Assim, uma viúva bem pobre, coloca sua esmola na arca do Templo. Nada mais que dois centavos!

Lucas 21,3-4: O COMENTÁRIO DE JESUS. O que é que vale mais: os poucos centavos da viúva ou as muitas moedas dos ricos? Para a maioria, as medas dos ricos eram muito mais úteis para fazer a caridade que os poucos centavos da viúva. Os discípulos, por exemplo, pensavam que o problema das pessoas podiam se resolver só com muito dinheiro. Quando da multiplicação dos pães, eles haviam sugerido comprar pão para dar de comer as pessoas (Lc 9,13; Mc 6,37). Felipe chegou a dizer: “Duzentos denários de pão não bastam para que cada um receba um pedacinho!” (Jo 6,7). De fato, para aquele que pensa dessa maneira, os dois centavos da viúva não servem para nada. Mas, Jesus disse: “Em verdade vos digo que essa viúva pobre deixou mais que todos”. Jesus tem critérios diferentes. Ao chamar a atenção dos discípulos para o gesto da viúva, ensina à eles e à nós onde devemos procurar ver a manifestação da vontade de Deus, a saber, nos pobres e no compartilhar. E um critério muito importante é o seguinte: “Porque todos estes tem deixado como donativo o que lhes sobra, a viúva deixou tudo o que tinha para sobreviver”.

ESMOLA, PARTILHA, RIQUEZA. A prática de dar esmolas era muito importante para os judeus. Era considerada uma “boa obra”, pois a lei do Antigo Testamento dizia: “Nunca deixará de haver pobres na terra; por isto, te dou este mandamento: abrirás tua mão a teu irmão, ao necessitado e ao pobre de sua terra” (Dt 15,11). As esmolas, colocadas na arca do Templo, seja para o culto, seja para os necessitados, os órfãos ou as viúvas, eram consideradas como uma ação agradável a Deus (Eclo 35,2; conf. Eclo 17,17;29,12;40,24). Dar esmolas era uma maneira de reconhecer que todos os bens e dons pertencem a Deus e que nós não somos apenas administradores desses dons. Porém, a tendência a acumulação continua muito forte. Cada vez mais renasce de novo no coração humano. A conversão sempre é necessária. Por isso Jesus disse ao jovem rico: “Vai, vende tudo o que tens e dá aos pobres” (Mc 10,21). A mesma exigência repete-se nos outros evangelhos: “Vende vossos bens e dá-los em esmola: fazei bolsas que não se gastam, um tesouro inesgotável nos céus, onde nem o ladrão chega nem a traça pode roer” (Lc 12,33-34; Mt 6,9-20). A prática do compartilhar e da solidariedade é uma das características que o Espírito de Jesus quer realizar nas comunidades. O resultado da efusão do Espírito no dia de Pentecostes foi este: “Não havia entre eles indigentes, pois, todos que eram donos de fazendas ou casas as vendiam e levavam o dinheiro e o depositavam aos pés dos apóstolos” (At 4,34-35, 2,44-45). Estas esmolas colocadas aos pés dos apóstolos não se acumulavam, mas sim, eram repartidas a cada um conforme suas necessidades (At 4,35;2,45). A entrada dos ricos nas comunidades cristãs possibilitou, por um lado, uma expansão do cristianismo, ao oferecer melhores condições para as viagens missionárias. Por outro lado, a tendência a acumulação bloqueava o movimento da solidariedade e do compartilhar. Tiago ajudava as pessoas a tomarem consciência do caminho equivocado: “E vós ricos, chorarão aos gritos pelas desventuras que estão para vos sobrevir. A vossa riqueza apodreceu e as vossas vestes estão carcomidas pelas traças. O vosso ouro e a vossa prata estão enferrujados e a sua ferrugem testemunhará contra vós e devorara as vossas carnes” (Tg 5,1-3). Para aprender o caminho do Reino, todos devemos ser alunos daquela pobre viúva, que compartilhou com os demais até o necessário para viver (Lc 21,4).



PARA REFLEXÃO PESSOAL

Quais são as dificuldades e as alegrias que tem encontrado em tua vida para praticar a solidariedade e compartilhar com os outros?
Como é que os dois centavos da viúva podem valer mais que as muitas moedas dos ricos? Qual é a mensagem deste texto para nós, hoje?



ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 100,3) 
Hoje procurarei todas as situações que me convidam a mediocridade e ajudado pela graça de meu bom Deus, as realizarei com grande empenho e disposição. 




sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Lectio Divina - 22/11/13


SEXTA-FEIRA -22/11/2013

PRIMEIRA LEITURA: 1Macabeus 4,36-37.52-59 

Algo inato no homem é dar glória a Deus. É por isso, que todas as culturas de todos os tempos, têm como algo muito precioso o Templo, pois, este se identifica com o Lugar Santo, o lugar onde a presença de Deus se faz manifesta. Hoje sabemos, por meio da Revelação, que Deus não unicamente habita o templo material, mas sim, nós mesmos somos esse templo. Portanto, nosso corpo deve ser um lugar consagrado e santo. Isto faz que nós os cristãos valorizemos nosso corpo, e o corpo dos demais, pois, nele habita o Espírito Santo. Porém, ao mesmo tempo, essa presença interior nos leva a valorizar nosso templo material, pois, é nele onde, de maneira particular, quando a Igreja se reúne em assembléia litúrgica, se realiza a presença de Deus para ser adorado e glorificado. Tenhamos em grande estima não só nossos corpos, mas também o templo de Deus e procuremos sempre que seja um lugar santo, onde seus adornos e motivos nos lembrem nosso compromisso batismal e o mistério da Páscoa. 


ORAÇÃO INICIAL 

Senhor nosso Deus, concede-nos viver sempre alegres em teu serviço, porque em servir-te, criador de todo o bem, consiste o gozo pleno e verdadeiro. Por Nosso Senhor...



REFLEXÃO

Lucas 19,45-48


O CONTEXTO. Continua a descrição da subida de Jesus a Jerusalém (17,11-19,28). Lucas agora apresenta Jesus realizando sua ação no contexto do templo. Depois da entrada do enviado do Senhor a Jerusalém passando pela porta do oriente (19,45), o templo é o primeiro lugar em que Jesus leva à cabo sua ação: as controvérsias que se narram têm lugar neste local e a ele fazem referência. A subida de Jesus ao templo não é só uma ação pessoal, mas sim, afeta também a “multidão dos discípulos” (v.37) em sua relação com Deus (vv.31-34). Lucas narra antes de tudo um primeiro episódio no qual apresenta os preparativos da entrada de Jesus no templo (vv.29-36) e sua realização (vv.37-40); depois continua uma cena na qual Jesus se apresenta chorando sobre a cidade (vv.41-44), enquanto que, na cena seguinte encontramos a narração de nossa passagem de hoje: sua presença no templo e a expulsão dos vendedores (vv.45-48).

O GESTO DE JESUS. Não tem um valor político, mas sim um significado profético. Parecera ao leitor que a meta da grande viagem de Jesus é seu ingresso no templo. É evidente a referência à profecia de Malaquias e seu cumprimento com a entrada de Jesus no templo: “E em seguida virá a seu Templo o Senhor a quem vós buscais…” (3,1). Jesus une ao gesto de expulsar os vendedores do templo com a referência da Escritura: Antes de tudo (Is 56,7): “Minha casa será casa de oração”. O templo é o lugar no qual Jesus se dirige ao Pai. A atividade comercial e especulativa converteu o templo em uma cova de ladrões e o privou de sua única e exclusiva missão: o encontro com a presença de Deus. A segunda referência da Escritura é tirada de Jr 7,11: “Este templo, onde o meu Nome é invocado, será porventura um covil de ladrões a vossos olhos?”. A imagem de cova de ladrões serve a Jesus para condenar o tráfico material no sentido amplo e não só os tráficos desonestos que de maneira velada e ilegal se cometiam no templo. Jesus exige uma mudança de rumo: purificar o templo de todas aquelas negatividades humanas e conduzi-lo a sua função original: render verdadeiro serviço a Deus. Expulsando estes impostores do comércio se cumpre a profecia de Zacarias: “E não haverá mais comerciantes na Casa de Yahvé naquele dia” (Zc 14,21). Ao pronunciar-se assim sobre o templo, Jesus não se refere a uma restauração da pureza do culto, como era a intenção dos zelotas. A intenção de Jesus vai mais além da pureza do culto, é mais radical, é intransigente: o templo não é uma obra realizada pelo esforço humano; a presença de Deus não está ligada à seu aspecto material, o autêntico serviço a Deus, Jesus realiza em seu ensinamento. Como motivo desta pregação “os sumos sacerdotes, os escribas e os notáveis do povo procuravam matá-lo” (v.47). Nos limites temporais do espaço do templo, Jesus leva a cabo um ensinamento altamente significativo, e mais, é justamente neste lugar tão fundamental para os judeus onde seu ensinamento alcança o vértice, e será a partir daqui que partirá a palavra dos apóstolos (At 5,12.20.25.42). A difusão da Palavra da graça da qual Jesus é o único portador se abre como um arco que tem seu inicio quando com doze anos discute entre os Doutores da Lei no templo: continua seu ensinamento enquanto atravessa a Galiléia e durante o caminho para Jerusalém: e se completa com a entrada no templo onde toma posse da casa de Deus. Neste lugar se acham os fundamentos para a futura missão da Igreja: a difusão da palavra de Deus. Os principais do povo não pretendem suprimir Jesus por haver destruído os negócios econômicos do templo, mas sim, porque seus motivos alcançam toda sua anterior atividade docente e se fazem patentes diante do discurso contra o templo. Jesus reivindica algo que desencadeia a reação dos sumos sacerdotes e dos escribas. Em contraste com esta atitude hostil aparece a atitude do povo “que ouvia as palavras de seus lábios”. Jesus é visto como o messias que, com sua Palavra de graças, reúne ao seu redor o povo de Deus. 



PARA REFLEXÃO PESSOAL

Tua oração ao Senhor consiste em uma simples relação de pai e filho com força para se comunicar com Deus, ou melhor, está recoberta de costumes e práticas com a pretensão de conseguir sua benevolência?
Ao ouvir a palavra de Jesus, você se ente acolhido por seu ensinamento como a multidão que o estava ouvindo? Isto é, presta a devida atenção a escuta do Evangelho para unir-se a Cristo?



ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 119,72.103)
Viverei cada Missa com maior alegria, rezando, cantando e louvando a Deus, e receberei com devoção a Sagrada Eucaristia.





quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Lectio Divina - 21/11/13

QUINTA-FEIRA -21/11/2013

PRIMEIRA LEITURA: 1Macabeus 2,15-29


Uma das razões que nos dá as pessoas para trabalhar de uma maneira que nem sempre está de acordo com o Evangelho é: “Todo mundo faz isso (diz, vê,etc.)”. Diante desta afirmação ou desculpa devemos sempre dizer: “Nós não ‘somos todo o mundo’ e ainda que todo mundo faça, nós somos cristãos”. Por isso é que um cristão não pode falar de tudo, nem ver tudo, nem fazer tudo o que fazem aqueles que não conhecem a Deus. Na leitura de hoje encontramos um homem valente que enfrenta o poder do rei para dizer-lhe: “Ainda que todas as nações que formam os domínios do rei obedeçam suas ordens e abandonem a religião de seus pais, meus filhos, meus irmãos e eu nos manteremos fiéis à aliança de nossos pais”. Com isso, nos dá um verdadeiro exemplo do que Deus espera de nós. Nossa aliança batismal é muito maior e mais bela que a que haviam celebrado os israelitas, pois, nossa aliança foi selada com o sangue de Cristo. Sejamos valentes e defendamos nossos princípios e vivamos sempre conforme o Evangelho.



ORAÇÃO INICIAL 

Senhor nosso Deus, concede-nos viver sempre alegres em teu serviço, porque em servir-te, criador de todo o bem, consiste o gozo pleno e verdadeiro. Por Nosso Senhor...



REFLEXÃO

Lucas 19,41-44


O evangelho de hoje nos diz que Jesus, ao chegar próximo de Jerusalém, vendo a cidade, começa a chorar e a pronunciar palavras que faziam vislumbrar um futuro muito sombrio para a cidade, capital de seu povo.

Lucas 19,41-44: JESUS CHORA SOBRE JERULASÉM. Ao aproximar-se e ver a cidade, chorou por ela, dizendo: Se, tu também soubesse neste dia a mensagem de paz! Porém, agora ficará oculto a teus olhos! Jesus chora, pois, ama sua pátria, seu povo, a capital de sua terra, o Templo. Chora porque sabe que tudo vai ser destruído pela culpa do próprio povo, que não sabe perceber nem valorizar o chamado de Deus dentro dos fatos. As pessoas não percebem o caminho que poderia levar a Paz, Shalon. Porém, agora isto está oculto à teus olhos. Esta afirmação evoca a critica de Isaias à pessoa que adorava os ídolos: “Aquele que se apascenta de cinzas, o seu coração ludibriado o desencaminha; ele não consegue salvar sua vida nem é capaz de dizer: Aquilo que tenho na minha mão não será apenas uma mentira?” (Is 44,20). A mentira estava em seus olhos e por isto se tornaram incapazes de perceber a verdade. Como diz São Paulo: Eles se rebelam na verdade e obedecem a injustiça (Rm 2,8). A verdade torna-se presa da injustiça. Em outra ocasião, Jesus lamenta que Jerusalém não saiba perceber nem acolher a visita de Deus: Jerusalém, Jerusalém, a que mata os profetas e apedreja os que lhe são enviados! Quanta vez quis reunir teus filhos, como uma galinha reúne sua ninhada sob as asas, e não quisestes! Pois bem, vossa casa ficará abandonada (Lc 13,34-35).

Lucas 19,43-44: ANUNCIO DA DESTRUIÇÃO DE JERUSALÉM. Porque virão dias sobre ti que teus inimigos te rodearão de estacas, te cercarão e te oprimirão de todas as partes, te lançarão contra o solo a ti e teus filhos que estejam dentro de ti e não deixarão em ti pedra sobre pedra… Jesus descreve o futuro que vai acontecer a Jerusalém. Usa as imagens de guerra que eram comuns naquele tempo, quando um exército atacava uma cidade: trincheiras, cerco fechado ao redor, matança das pessoas e destruição total das muralhas e das casas. Assim, Jerusalém foi destruída por Nabucodonosor. Assim, as legiões romanas costumavam fazer com as cidades rebeldes e assim se fará novamente quarenta anos depois, com a cidade de Jerusalém. De fato, no ano 70, Jerusalém foi cercada e invadida pelos exércitos romanos. Tudo foi destruído. Diante deste acontecimento histórico, o gesto de Jesus se converte em uma advertência muito séria a todos os que pervertem o sentido da Boa Nova de Deus. Eles têm que ouvir a advertência final: “Porque não conheceram o tempo de tua visita”. Nesta advertência, todo o trabalho de Jesus está definido como uma “visita” de Deus.





PARA REFLEXÃO PESSOAL

Às vezes você chora vendo a situação do mundo? Olhando a situação do mundo, Jesus choraria? A previsão é sombria. A partir do ponto de vista da ecologia, já passamos do limite. A previsão é trágica.
O trabalho de Jesus é visto como uma visita de Deus. Tem recebido em tua vida alguma visita de Deus?



ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 149,1-2)
Incrementarei o tempo de oração para que possa manter-me firme diante da tentação.






quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Lectio Divina - 20/11/13

QUARTA-FEIRA -20/11/2013

PRIMEIRA LEITURA: 2Macabeus 7,1.20-31

Uma tremenda passagem a qual o livro de Macabeus nos apresenta para nossa meditação em que podemos ver o que significa realmente o amor a Deus e a fidelidade a seus mandamentos na Aliança. O desprezo total que uma pessoa pode chegar a fazer para permanecer fiel ao amor e ao dom recebido por Deus. Temos lido, como toda a família, a partir do maior até o menor, desprezam tudo para permanecer fiéis a Deus. É triste que hoje muitos de nós volta as costas à nosso amado Senhor, por coisas tão insignificantes como pode ser um programa de televisão, um filme, uma conversa. Que aconteceria, pergunto-me com freqüência, se hoje a nossa Igreja voltasse a viver uma perseguição como viveu a primeira comunidade? O que aconteceria com nós cristãos? Seríamos capazes de responder como temos visto fazer a esta família? Nossas próprias mães seriam quem nos daria forças e a coragem para não tirar nosso pescoço da guilhotina? É importante que hoje revisemos este aspecto de nossa vida e vejamos. O quanto amamos Deus? O quanto estaríamos dispostos a dizer, como nossos mártires (penso no Pai), que diante do pelotão formado grita com todas suas forças: “viva Cristo Rei”. Seremos os cristãos do século XXI capazes de sentir-nos orgulhosos de ser cristãos e por em jogo tudo com a coragem de proclamar abertamente que Jesus é o Senhor e que sob nenhuma circunstância o negaríamos? Para saber se seremos ou não capazes desta entrega, simplesmente vejamos o que tão facilmente podemos renunciar aquilo que tanto amamos, porém, que não agrada ao Senhor. Se podemos fazer isto, estamos no caminho da felicidade.


ORAÇÃO INICIAL 

Senhor nosso Deus, concede-nos viver sempre alegres em teu serviço, porque em servir-te, criador de todo o bem, consiste o gozo pleno e verdadeiro. Por Nosso Senhor...


REFLEXÃO

Lucas 19,11-28

Hoje o evangelho nos trás a parábola dos Talentos, na qual Jesus nos fala dos dons que as pessoas recebem de Deus. Toda pessoa tem alguma qualidade, recebe algum dom ou sabe alguma coisa que pode ensinar aos outros. Ninguém é só aluno, ninguém é só professor. Aprendemos uns com os outros.

Lucas 19,11: A CHAVE PARA ENTENDER A HISTÓRIA DA PARÁBOLA. Para introduzir a parábola Lucas diz o que segue: “Enquanto as pessoas ouviam estas coisas, acrescentou uma parábola, porque estava próximo de Jerusalém e eles acreditavam que o Reino de Deus apareceria de um momento para outro”. Nesta informação inicial, Lucas destaca três motivações que levam Jesus a contar a parábola: (a)- A acolhida que tem que dar aos exluídos, pois, dizendo “enquanto as pessoas ouviam estas coisas”, se refere ao episódio de Zaqueu, o excluído que foi acolhido por Jesus. (b)- A proximidade da paixão, da morte e da ressurreição, pois, dizia que Jesus estava próximo de Jerusalém onde iria morrer em breve. (c)- A chegada iminente do Reino de Deus, pois, as pessoas que acompanhavam Jesus pensavam que o Reino de Deus chegaria logo.

Lucas 19,12-14: O INÍCIO DA PARÁBOLA. “Disse, pois: Um homem nobre foi para um país distante, para receber um cargo real e voltar. Chamou dez servos, lhes deu dez minas e lhes disse: Comercializem até que eu volte. Porém, seus servos o odiavam e enviaram atrás dele uma embaixada para dizer-lhe: Não queremos que reine sobre nós. Alguns estudiosos pensam que nesta parábola Jesus se refere a Herodes, quem setenta anos antes (40 AC), havia ido a Roma com a finalidade de receber o título e o poder de Rei da Palestina. As pessoas não gostavam de Herodes e não queriam que fosse rei, pois, a experiência que haviam tido com ele como comandante para reprimir as rebeliões na Galiléia contra Roma foi uma experiência trágica e dolorosa. Por isso diziam: Não queremos que esse reine sobre nós”. A este mesmo Herodes se aplicaria a frase final da parábola: E a esses inimigos meus, que não queriam que eu reinasse sobre eles, traga-os aqui e mate-os diante de mim. De fato, Herodes matou muita gente.

Lucas 19,15-19: PRESTAÇÃO DE CONTAS DOS PRIMEIROS EMPREGADOS QUE RECEBERAM A MOEDAS DE PRATA. A história nos diz que Herodes recebeu o título de rei e voltou a Palestina para assumir o poder. Na parábola, o rei chama os empregados que havia dado cem moedas de prata, para saber quanto haviam ganhado. Apresentou-se o primeiro e disse: Senhor, tua mina produziu dez minas. Respondeu-lhe: Muito bem, servo bom! Já que foste fiel no insignificante, toma o governo de dez cidades. Veio o segundo e disse: Tua mina, Senhor, produziu cinco minas. Respondeu-lhe: tome o comando de cinco cidades. Segundo a história, tanto Herodes Magno como seu filho Herodes Antipas, ambos sabiam tratar com o dinheiro e promover as pessoas que os ajudavam. Na parábola, o rei dá dez cidades ao empregado que multiplicou por dez as cem moedas que havia recebido, e cinco cidades ao empregado que as multiplicou por cinco.

Lucas 19,20-23: PRESTAÇÃO DE CONTAS DO EMPREGADO QUE NÃO GANHOU NADA. O terceiro empregado chegou e disse: Senhor, aqui tem tua mina, que guardei em um lenço; pois, tinha medo de ti, que és um homem severo, que tomas o que não dá e recolhe o que não semeaste. Esta frase aflora uma idéia equivocada de Deus que é criticada por Jesus. O empregado vê Deus como um dono severo. Diante de um Deus assim, o ser humano sente medo e se esconde atrás da observância exata e mesquinha da lei. Pensa que, ao agir assim, não será castigado pela severidade do legislador. Na realidade, uma pessoa assim não acredita em Deus, mas sim, acredita somente em si mesma, em sua própria observância da lei. Ela se fecha em si mesma, se distancia de Deus e não consegue ocupar-se e preocupar-se com os outros. Torna-se incapaz de crescer como pessoa livre. Esta imagem falsa de Deus confina o ser humano, mata a comunidade, acaba com a alegria e empobrece a vida. O rei responde: Por tua própria boca te julgo, servo mau, sabias que sou um homem severo, que tomo o que não dei e recolho o que não semeie, pois, por que não colocaste meu dinheiro em um banco? E assim, ao voltar eu, o haveria recuperado com os juros. O empregado não foi coerente com a imagem que tinha de Deus. Se, imaginava um Deus severo, teria que colocar, pelo menos, o dinheiro no banco. Assim é condenado, não por Deus, mas pela idéia errada que tinha de Deus, que o torna temeroso e imaturo. Uma das coisas que mais influi na vida das pessoas é a idéia que não fazemos de Deus. Entre os judeus da linha dos fariseus, alguns imaginavam Deus como um Juiz severo que os tratava de acordo com o mérito conquistado pelas observâncias. Isto produzia medo e impedia as pessoas de poder crescer. Sobretudo, impedia que as pessoas pudessem abrir um espaço dentro de si para acolher a nova experiência de Deus que Jesus comunicava.

Lucas 19,24-27: CONCLUSÃO PARA TODOS. E disse aos presentes: Toma-lhe a mina e dá-la ao que tem as dez minas. Disseram-lhe: Senhor, já tem dez minas. – Digo-vos que a todo aquele que tem, se lhe dará; porém, ao que não têm, ainda o que tem lhe será tirado. O Senhor manda tirar a cem moedas e dá-las àquele que já tinha mil, porque “a todo aquele que tem, lhe será dado, porém, àquele que não tem, ainda o que tem lhe será tirado”. Nesta frase final está a chave que aclara a parábola. No simbolismo da parábola, as moedas de prata do rei são os bens do Reino de Deus, isto é, todo aquilo que faz crescer as pessoas e revela a presença de Deus: amor, serviço, repartir. Aquele que se fecha em si mesmo com medo de perder o pouco que tem, este vai perder o pouco que já tem. A pessoa, pois, que não pensa em si, mas sim, que se entrega aos outros, esta vai crescer e receber a sua vez, de forma inesperada, tudo o que entregou e muito mais: “cem vezes mais, com perseguições (Mc 10,30)”. “Perde a vida quem quer salva-la, ganha sua vida quem tem o valor de perdê-la” (Lc 9,24;17,33; Mt 10,39; 16,25; Mc 8,35). O terceiro empregado tem medo e não faz nada. Não quer perder nada e, por isto, não ganha nada. Perde até o pouco que tem. O Reino é risco. Aquele que não quer correr riscos perde o Reino!

Lucas 19,28: VOLTANDO A TRIPLA CHAVE INICIAL. Ao final, Lucas conclui o assunto com esta informação: “E dito isso continuou adiante, subindo para Jerusalém”. Esta informação final evoca a tripla chave dada no começo: acolhida aos excluídos, proximidade da paixão, morte e ressurreição de Jesus em Jerusalém e a idéia da iminente chegada do Reino. Aos que pensavam que o Reino de Deus estava para chegar, a parábola manda mudar o rumo. O Reino de Deus chega, sim, porém, através da morte e da ressurreição de Jesus que acontece em breve em Jerusalém. E o motivo da morte foi sua acolhida, a acolhida que Jesus dava aos excluídos como Zaqueu e tantos outros. Molestava os grandes e eles o eliminaram condenando-o a morte e a uma morte de cruz.


PARA REFLEXÃO PESSOAL

Em nossa comunidade, tentamos conhecer e valorizar os dons de cada pessoa? Às vezes os dons de uns geram inveja e competitividade em outro. Como reagimos?
Nossa comunidade é um espaço onde as pessoas podem expandir seus dons?


ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 150,1-2)
Revisarei em que momentos ou situações de minha vida nego a Deus, e farei os acertos necessários para renunciar as coisas que me separam da vida da graça.








terça-feira, 19 de novembro de 2013

Lectio Divina - 19/11/13

TERÇA-FEIRA -19/11/2013

PRIMEIRA LEITURA: 2Macabeus 6,18-31

Um dos valores mais altos que se podem encontrar em uma pessoa é a fidelidade, e a leitura de hoje nos faz referencia precisamente a este valor.Em um mundo arrastado pelo consumismo, a fidelidade vai perdendo significado, quando através dos meios de comunicação nos vão convencendo que os novos produtos são melhores que os que nós usamos. De maneira que é fácil mudar de um para o outro, simplesmente por comodidade, ou, por querer estar na onda da “moda”. Isto desafortunadamente passa também no âmbito moral. Esta é, talvez, uma das razões de tantos divórcios. É triste que muitos casais mudam sua maneira de pensar, não pelo que poderíamos chamar incompatibilidade ou por situações do tipo psicológico, mas sim, simplesmente por mudar para “uma nova coisa”, mais jovem, mais atrativa, mas... Esquecendo-se com facilidade da promessa de fidelidade dada um ao outro e tendo como testemunho o próprio Deus. Passa também em nossa vida espiritual, na qual vamos procurando uma religião mais cômoda e vamos assim deixando a radicalidade do Evangelho para, de acordo com a moda, apresentarmo-nos como “cristãos” modernos. O exemplo de Eleazar nos convida a reconsiderar nossa fidelidade a nossos compromissos de estado, mas, sobretudo, nossos compromissos batismais. Reserve um pouco de tempo hoje para revisar se tua fidelidade a Deus e a teus princípios é tal que estaria inclusive disposto a dar a vida por eles.


ORAÇÃO INICIAL 

Senhor nosso Deus, concede-nos viver sempre alegres em teu serviço, porque em servir-te, criador de todo o bem, consiste o gozo pleno e verdadeiro. Por Nosso Senhor...


REFLEXÃO

Lucas 19,1-10

No evangelho de hoje, estamos chegando ao final da longa caminhada que começou no capítulo 9 (Lc 9,51). Durante essa caminhada, não se sabia bem por onde ia Jesus. A única coisa que se sabia era que ia para Jerusalém. Agora, no final, a geografia fica clara e definida. Jesus vai a Jericó, a cidade das palmeiras, no vale do Jordão. Última parada dos peregrinos, antes de subir para Jerusalém. Ali em Jericó terminou a longa caminhada do êxodo 40 anos pelo deserto. O êxodo de Jesus também está terminando. Ao entrar em Jericó, Jesus encontra um cego que queria vê-lo (Lc 18,35-43). Agora, ao sair da cidade, encontra Zaqueu, um publicano, que também quer vê-lo. Um cego e um publicano. Os dois eram excluídos. Os dois molestavam as pessoas: o cego com seus gritos, o publicano com seus impostos. Os dois são acolhidos por Jesus, cada qual à sua maneira. 

Lucas 19,1-2: A SITUAÇÃO. Jesus entra em Jericó e atravessa a cidade. “Havia um homem chamado Zaqueu, muito rico, chefe dos publicanos”. Publicano era a pessoa que cobrava o imposto público sobre a circulação de mercadorias. Zaqueu era o chefe dos publicanos da cidade. Sujeito rico e muito ligado ao sistema de dominação dos romanos. Os judeus mais religiosos argumentavam assim: “O rei de nosso povo é Deus. Por isto, a dominação romana sobre nós é contra Deus. Quem colabora com os romanos peca contra Deus!”. Assim, os soldados que serviam no exército romano e os cobradores de impostos, como Zaqueu, eram excluídos e considerados como pecadores e impuros.

Lucas 19,3-4: A ATITUDE DE ZAQUEU. Zaqueu quer ver Jesus. Sendo pequeno, corre adiante, sobe em uma árvore, e espera para ver Jesus passar. Tem enorme vontade de ver Jesus! Anteriormente, na parábola do pobre Lázaro e do homem rico, sem nome, (Lc 16,19-31), Jesus mostrava a dificuldade para que um rico se converta e abra a porta de separação para acolher o pobre Lázaro. Aqui aparece o caso de um rico que não se fecha em sua riqueza. Zaqueu quer algo mais. Quando um adulto, pessoa de peso na cidade, sobe em uma árvore é porque não está de acordo com a opinião dos demais. Algo mais importante o move por dentro. Está querendo abrir a porta ao pobre Lázaro.

Lucas 19,5-7: A ATITUDE DE JESUS, REAÇÃO DO POVO E DE ZAQUEU. Ao chegar próximo e vendo Zaqueu sobre uma árvore, Jesus não pergunta nem exige nada. Apenas responde ao desejo do homem e diz: “Zaqueu, desce! Porque convêm que hoje eu fique em tua casa”. Zaqueu desce e recebe Jesus em sua casa, com muita alegria. Todos murmuravam: “Foi hospedar-se na casa de um homem pecador!”. Lucas diz que todos murmuravam! Isto significa que Jesus estava ficando só em sua atitude de acolher aos excluídos, sobretudo, aos colaboradores do sistema. Porém, Jesus não se importava com as críticas. Vai a casa de Zaqueu e o defende contra as críticas. Em vez de pecador, chama-lhe de “filho de Abraão” (Lc 19,9).

Lucas 19,8: DECISÃO DE ZAQUEU. “Darei, Senhor, a metade de meus bens aos pobres; e se em algo defraudei alguém, lhe devolverei quatro vezes mais”. Esta é a conversão em Zaqueu pela acolhida por parte de Jesus. Devolver quatro vezes o que a lei mandava em alguns casos (Ex 21,37;22-3). Dar a metade dos bens aos pobres era uma novidade que produzia o contato com Jesus. Era o compartilhar que tinha lugar de fato.

Lucas 19,9-10: A PALAVRA FINAL DE JESUS. “Hoje chegou a salvação a esta casa, porque também este é filho de Abraão”. A interpretação da Lei pela Tradição antiga excluía os publicanos da raça de Abraão. Jesus diz que veio buscar e salvar o que estava perdido. O Reino é para todos. Ninguém podia ser excluído. A opção de Jesus é clara, seu chamado também: não é possível ser amigo de Jesus e continuar apoiando o sistema que marginaliza e exclui tanta gente. Ao denunciar as divisões injustas, Jesus abre espaço para uma nova convivência, regida pelos novos valores da verdade, da justiça e do amor.

FILHO DE ABRAÃO: “Hoje chegou a salvação nesta casa, porque também este é filho de Abraão!”. Através da descendência de Abraão, todas as nações da terra serão benditas (Gn 12,3;22-18). Para as comunidades de Lucas, formadas pelos cristãos de origem judaica como os de origem pagã, a afirmação de Jesus chamando Zaqueu “filho de Abraão” era muito importante. Nela encontravam a confirmação de que, em Jesus, Deus estava cumprindo as promessas feitas a Abraão, dirigidas a todas as nações, tanto os judeus como os gentios. Estes também são filhos de Abraão e herdeiros das promessas. Jesus acolhe aos que não eram acolhidos. Oferece um “lugar” aos que não têm. Recebe como irmão e irmã as pessoas que a religião e o governo excluíam e etiquetavam como:

-imorais: prostitutas e pecadores (Mt 21,31-32; Mc 2,15; Lc 7,37-50; Jo 8,2-11),
-hereges: pagãos e samaritanos (Lc 7,2-10; 17,16; Mc 7,24-30; Jn 4,7-42),
-impuros: leprosos e possuídos (Mt 8,2-4; Lc 17,12-14; Mc 1,25-26),
-marginalizados: mulheres, crianças e enfermos (Mc 1,32; Mt 8,16;19,13-15; Lc 8,2-3),
-lutadores: publicanos e soldados (Lc 18,9-14;19,1-10), 
-pobres: pessoas da terra e os pobres sem posses (Mt 5,3; Lc 6,20; Mt 11,25-26).


PARA REFLEXÃO PESSOAL

Nossa comunidade, como acolhe as pessoas desprezadas e marginalizadas? Somos capazes de perceber os problemas das pessoas e de prestar-lhes atenção, como fez Jesus?


Como percebemos que a salvação entra hoje em nossa casa e em nossa comunidade? A ternura acolhedora de Jesus produz uma mudança total na vida de Zaqueu. A ternura acolhedora de nossa comunidade está provocando alguma mudança no bairro? Qual?


ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 119,10-11)
Hoje aceitarei com alegria minha cruz deste dia, suportarei sem desanimar-me qualquer adversidade que me apresentar.







segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Lectio Divina - 18/011/13

SEGUNDA-FEIRA -18/11/2013


PRIMEIRA LEITURA: 1Macabeus 1,10-15.41-43.54-57.62-64


Um dos temas destes primeiros capítulos é a tensão entre os planos de Antíoco e os de Deus, tema comum na tradição judaica. Estes capítulos descrevem Antíoco como arrogante, um segundo Alexandre. É preciso lembrar também que, em vários pontos da narrativa parece que Antíoco está vencendo a luta contra o povo de Deus. Ao mesmo tempo fica claro que nem todos os problemas enfrentados pelos judeus originam-se de intrusos como o rei. Existem indivíduos ignóbeis da própria comunidade judaica, que acham a cultura helenística atraente e também cômoda, principalmente os envolvidos em negócios e comércio com os helenistas. Entretanto, na tradição judaica, fazer alianças ou acordos estrangeiros sempre põe em perigo a aliança de Israel com seu Deus. Portanto pelo que descrevem estes primeiros capítulos, os leitores familiarizados com a tradição judaica esperam o surgimento de crises dentro do judaísmo por causa dos transgressores da Lei.


ORAÇÃO INICIAL 

Senhor nosso Deus, concede-nos viver sempre alegres em teu serviço, porque em servir-te, criador de todo o bem, consiste o gozo pleno e verdadeiro. Por Nosso Senhor...


REFLEXÃO

Lucas 18,35-43

O evangelho de hoje descreve a chegada de Jesus a Jericó. É a ultima parada antes da subida à Jerusalém, onde se realiza o “êxodo” de Jesus segundo havia anunciado em sua Transfiguração (Lc 9,31) e ao longo da caminhada até Jerusalém (Lc 9,44;18,31-33).
• Lucas 18,35-37: O CEGO SENTADO JUNTO AO CAMINHO. “Quando se aproximava de Jericó, estava um cego sentado junto ao caminho pedindo esmola; ao ouvir que passava gente, perguntou que era aquilo. Informaram-lhe que Jesus passava”. No evangelho de Marcos, o cego se chama Bartimeu (Mc 10,46). Ao ser cego, não podia participar na procissão que acompanhava Jesus. Naquele tempo, havia muitos cegos na Palestina, pois, o sol forte, golpeando contra a terra pedregosa embranquecida fazia muito dano aos olhos sem proteção.
• Lucas 18,38-39: O GRITO DO CEGO E A REAÇÃO DAS PESSOAS. “Então o cego gritou: Jesus, filho de Davi, tem piedade de mim!”. E invoca Jesus usando o título de “Filho de Davi”. O catecismo daquela época ensinava que o messias seria da descendência de Davi, “Filho de Davi”, messias glorioso. Jesus não gostava deste título. Citando o salmo messiânico, Ele mesmo chegou a perguntar: Como é que o messias pode ser filho de Davi se até o próprio Davi lhe chama de “meu Senhor?” (Lc 20,41-44). O grito do cego incomodava as pessoas que acompanhavam Jesus. Por isto, “os que iam adiante lhe repreendiam para que se calasse”. Eles procuravam calar o grito, porém, ele gritava muito mais forte: Filho de Davi tem compaixão de mim!”. Hoje também, o grito dos pobres incomoda a sociedade estabelecida: migrantes, enfermos de AIDS, mendigos, refugiados, tantos!
• Lucas 18,40-41: A REAÇÃO DE JESUS DIANTE DO GRITO DO CEGO. E Jesus o que faz? Jesus se deteve e mandou que o trouxessem. Os que queriam calar o grito do pobre, agora, a pedido de Jesus, se vêm obrigados a ajudar o pobre para que chegue até Jesus. O evangelho de Marcos acrescenta que o cego deixou tudo e foi até Jesus. Não tinha muito. Apenas um manto. Porém, era o que tinha para cobrir seu corpo. Era sua segurança, sua terra firme! Hoje também Jesus ouve o grito dos pobres que, às vezes, nós não queremos ouvir. Quando se aproximou, lhe perguntou: O que quer que Eu te faça? Não basta gritar. É preciso saber por que grita! Ele disse: “Senhor, que eu veja!”.
• Lucas 18,42-43: RECOBRE TUA VISTA. Jesus disse: “Recobre tua vista, tua fé te salvou. E no mesmo instante recobrou a vista e seguia Jesus glorificando a Deus. E todo o povo, ao vê-lo, louvou a Deus”. O cego havia invocado Jesus com idéias não totalmente corretas, pois, o título de “Filho de Davi” não era muito exato. Porém, ele tem mais fé em Jesus que em suas idéias sobre Jesus. Acertou na mosca. Não expressa exigências como Pedro (Mc 8,32-33). Sabe entregar sua vida aceitando Jesus sem impor condições. A cura é o fruto de sua fé em Jesus. Curado, segue Jesus e sobre com Ele para Jerusalém. Deste modo, se torna discípulo, modelo para todos nós que queremos “seguir Jesus pelo caminho” para Jerusalém: crer mais em Jesus que em nossas idéias sobre Jesus. Nesta decisão de caminhar com Jesus está a fonte de coragem e a semente da vitória sobre a cruz. Pois, a cruz não é uma fatalidade e nem uma exigência de Deus. É a conseqüência do compromisso de Jesus, em obediência ao Pai, de servir aos irmãos e não aceitar privilégios.
• A FÉ É UMA FORÇA QUE TRANSFORMA AS PESSOAS. A Boa Nova do Reino estava escondida entre as pessoas, escondida como o fogo sob as cinzas das observâncias sem vida. Jesus sopra sobre as cinzas e o fogo se acende, o Reino aparece e a pessoa se alegra. A condição é sempre a mesma: acreditar em Jesus. A cura do cego aclara um aspecto muito importante de nossa fé. Apesar de invocar Jesus com idéias não de todo corretas, o cego teve fé e foi curado. Converteu-se, deixou tudo e seguiu Jesus pelo caminho do Calvário. A compreensão total do seguimento a Jesus não se obtém pela instrução teórica, mas sim, pelo compromisso prático, caminhando com Ele pelo caminho do serviço, desde a Galiléia até Jerusalém. Aquele que insiste em manter a idéia de Pedro, isto é, do Messias glorioso sem a cruz, não vai entender nada de Jesus e nunca chegará a tomar a atitude do verdadeiro discípulo. Aquele que sabe acreditar em Jesus e se entrega (Lc 9,23-24), que aceita ser o último (Lc 22,26), beber o cálice e carregar sua cruz (Mt 20,22; Mc 10,38), este, como o cego, ainda tendo idéias não inteiramente justas, “seguirá Jesus pelo caminho” (Lc 18,43). Nesta certeza de caminhar com Jesus está a fonte da audácia e da semente da vitória sobre a cruz.


PARA REFLEXÃO PESSOAL

Como vejo e sinto o grito dos pobres: migrantes, negros, enfermos de AIDS, mendigos, refugiados e outros tantos?
Como é minha fé: fixo-me mais nas idéias sobre Jesus ou em Jesus?


ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 1,1-2)





sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Lectio Divina - 15/11/13


SEXTA-FEIRA -15/11/2013




PRIMEIRA LEITURA: Sabedoria 13,1-9


Esta passagem é um claro convite para redescobrir Deus em toda criação. Em nosso mundo sempre agitado é necessário, de vem em quando, parar nossa correria e tirarmos um momento para contemplar a maravilha que Deus criou, e nela descobrir sua presença e seu amor. Que bom seria que cada semana (por não dizer cada dia), deixássemos nossa atenção e urgências para dizer, extasiados como Santo Inácio de Loyola, que passeando certo dia pelo jardim se deteve diante de uma flor e ficou a contemplá-la longamente, até que finalmente, batendo delicadamente com seu bastão lhe disse: “Pare de gritar que Deus me ama”. Que bom seria que de quando em quando nós pudéssemos parar diante de uma janela e com o Salmo 8 em nossos lábios dizer ao Senhor: “O que é o homem para que te lembres dele, quem sou eu para que me tenhas presenteado com esta beleza? Deixe-se cativar pela beleza da criação e procure encontrar nela a delicadeza de Deus, que pensou nela com o único fim de encher tua vida de alegria, de cor e de amor. Cada uma dessas coisas que Deus criou, são uma mostra de seu infinito amor por ti.


ORAÇÃO INICIAL 

Deus onipotente e misericordioso afaste de nós todos os males, para que, bem disposto nosso corpo e nosso espírito, possamos livremente cumprir tua vontade. Por Nosso Senhor...



REFLEXÃO

Lucas 17,26-37


O evangelho de hoje continua a reflexão sobre a chegada do fim dos tempos e traz palavras de Jesus de como preparar a chegada do Reino. Era um assunto quente, que naquele tempo, causava muita discussão. Quem determina a hora da chegada do fim é Deus. Porém, o tempo de Deus (kayrós) não se mede pelo tempo de nosso relógio (chronos). Para Deus, um dia pode ser igual a mil anos, e mil anos pode ser igual a um dia (Sl 90,4;2Pd 3,8). O tempo de Deus corre de forma invisível dentro de nosso tempo, porém, é independente de nós e de nosso tempo. Nós não podemos interferir no tempo, mas, devemos estar preparados para o momento em que a hora de Deus se fizer presente em nosso tempo. Pode ser hoje, pode ser daqui a mil anos. O que da segurança, não é saber a hora do fim do mundo, mas, a certeza da presença da Palavra de Jesus presente na vida. O mundo passará, porém sua palavra não passará jamais (Cf. Is 40,7-8).

Lucas 187,26-29: Como nos dias de Noé e de Lot. A vida corre normalmente: comer, beber, casar-se, comprar, vender, plantar, construir. A rotina pode envolver-nos de tal forma que não conseguimos pensar em outra coisa, em nada mais. E o consumismo do sistema neoliberal contribui para aumentar em muitos de nós esta total desatenção e a dimensão mais profunda da vida. Deixamos entrar a traça na viga da fé que sustenta o telhado de nossa vida. Quando a tormenta derruba a casa, muitos colocam a culpa no carpinteiro: “Serviço mal feito!”. Na realidade, a causa da queda foi nossa prolongada desatenção. A alusão à destruição de Sodoma como figura do que vai acontecer no final dos tempos, é uma alusão à destruição de Jerusalém por parte do romanos no ano 70 dC (cf.Mc 13,14). 

Lucas 17,30-32: Assim será nos dias do Filho do Homem. “Assim acontecerá no Dia em o Filho do Homem se manifestar”. Para nós é difícil imaginar o sofrimento e o trauma que a destruição de Jerusalém causou nas comunidades, tanto dos judeus como dos cristãos. Para ajudá-las a entender e a enfrentar o sofrimento, Jesus usa comparações tiradas da vida: “Aquele Dia, o que está no terraço e tenha seus utensílios em casa, não desça para recolhê-los; e, de igual modo, o eu está no campo, não volte atrás”. A destruição virá com tal rapidez que não vale a pena descer da casa para buscar algo dentro (Mc 13,15-16). “Lembrem-se da mulher de Lot” (cf. Gn 19,26), isto é, não olheis para trás, não percais tempo, tomai a decisão de ir adiante: é questão de vida ou de morte.

Lucas 17,33: Perder a vida para ganhar a vida. “Quem tentar guardar a vida, a perderá; e quem a perder a conservará”. Só se sente realizada a pessoa que é capaz de dar-se inteiramente aos demais. Perde a vida a que a conservar só para si. Este conselho de Jesus é a confirmação da mais profunda experiência humana: a fonte da vida está na entrega da vida. Dando, se recebe. “Em verdade vos digo: o grão de trigo não cai na terra e morre, fica só. Mas, se morre, dá muito fruto” (Jo 12,24). O importante é a motivação que acrescenta o evangelho de marcos: “Por mim e pelo Evangelho” (Mc 8,35). Ao dizer que ninguém é capaz de conservar sua vida com seu próprio esforço, Jesus lembra o salmo onde se diz que ninguém é capaz de pagar o preço do resgate da vida: “Ninguém pode resgatar o homem da morte, ninguém pode dar a Deus seu resgate; pois, muito caro é o preço do resgate da vida, e terá de renunciar para sempre continuar vivendo indefinidamente sem ver a cova”. (Sl 49,8-10).

Lucas 17,34-36: Vigilância. “Eu vos digo: naquela noite estarão dois no mesmo leito: um será tomado e o outro será deixado; haverá duas mulheres moendo juntas: uma será tomada a outra será deixada”. Lembra a parábola das dez virgens. Cinco serão prudentes e cinco néscias (Mt 25,1-11). O que importa é estar preparado/a. As palavras: “Uma será tomada e a outra será deixada”, lembram as palavras de Paulo aos Tessalonicences (1Ts 4,13-17), quando diz que na vinda do Filho seremos arrebatados ao céu junto com Jesus. Estas palavras “deixados para trás” proporcionam o título de uma terrível e perigosa novela de extrema direita fundamentalista dos Estados Unidos: “Left behind!” (Deixados para trás). Esta novela não tem nada a ver com o sentido real das palavras de Jesus.

Lucas 17,37: Onde e quando? “Os discípulos perguntaram: Senhor, onde ocorrerá isto?”. Jesus respondeu: “Onde esteja o corpo, ali também se reunirão os abutres”. Resposta enigmática. Alguns pensam que Jesus lembra a profecia de Ezequiel, retomada no Apocalipse, na qual o profeta se refere a batalha vitoriosa final contra os poderes do mal. As aves de rapina os abutres serão convidadas para comer a carne dos cadáveres (Ez 39,4.17-20; Ap 19,17-18). Outros pensam que se trata do vale de Josafá, onde terá lugar o juízo final segundo a profecia de Joel (Jl 4,2.12). Outros pensam que se trata simplesmente de um provérbio popular que significava mais ou menos o mesmo que diz nosso provérbio: “Quando o rio soa, água leva!”.


PARA REFLEXÃO PESSOAL

Sou do tempo de Noé e de Lot? 
Novela de extrema direita. Como me situo diante desta manipulação política da fé em Jesus?



ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 119,1-2)
Deixarei de renegar pelo clima, e em troca darei graças pela chuva ou pelo sol, pelo frio ou pelo calor; porque são sinais da grandeza de Deus.