terça-feira, 4 de novembro de 2014

Lectio Divina - 04/11/14


TERÇA-FEIRA -04/11/2014



PRIMEIRA LEITURA: Filipenses 2,5-11


Um dos mais antigos hinos litúrgicos que a Igreja tem recorrido sobre a pessoa de Jesus Cristo é o que nos transmite Paulo nesta carta, e que coloca como modelo par a vida da comunidade com as palavras: “Tenham entre vocês os mesmos sentimentos que teve Cristo”. Que palavras profundas e que convite tão claro à deixar de lado nosso egoísmo, nossa soberba, nossa vaidade e auto-suficiência. Esta mensagem cai muito bem a todos, porém, de maneira especial àqueles que estão acostumados a fazer uso de dos “privilégios” como sacerdotes, pais de família, irmãos maiores, chefes, políticos, etc., pois, nos faz ver que é precisamente a renuncia a estes “privilégios” que permite que seja Deus o que nos dê a verdadeira honra. É um convite claro a ser servidores daqueles aos quais consideramos “inferiores” a nós, e a reconhecer que é precisamente nesse serviço onde se encontram ao mesmo tempo a verdadeira glória e a paz. Estas palavras de Paulo nos dão de novo a oportunidade de reconhecer, que não sou melhor que os demais, e que se Deus me tem concedido alguma “dignidade” ou “cargo” na sociedade ou na família, isto tem sido para que a partir daí sirva melhor aos que dependem de mim.




ORAÇÃO INICIAL 

Senhor de poder e de misericórdia, que tens querido fazer digno e agradável por, por favor, teu o serviço de teus fiéis, concede-nos caminhar sem tropeços para os bens que nos prometestes. Por Nosso Senhor...




REFLEXÃO

Lucas 14,15-24


O evangelho de hoje continua a reflexão ao redor de assuntos relacionados com a comida e os convites. Jesus conta a parábola do banquete. Muita gente tem sido convidada, porém, a maioria não comparece. O dono da festa fica indignado vendo que os convidados não comparecem e, manda chamar os pobres, os aleijados, os cegos, os coxos. Estes, porém, também não comparecem. Então o dono manda convidar todo mundo, até que a casa fique cheia. Esta parábola é uma luz para as comunidades do tempo de Lucas. 
Nas comunidades do tempo de Lucas havia cristãos, vindos do judaísmo e cristãos vindos dos pagãos. Apesar das diferenças de raça, classe e gênero, eles tinham um grande ideal, baseado no compartilhar e na comunhão (At 2,42;4,32;5,12). Porém, havia muitas dificuldades, pois, os judeus tinham normas de pureza legal que lhes impediam comer com os pagãos. E até depois de haver entrado na comunidade cristã, alguns deles guardavam o antigo costume de não sentar-se com os pagãos ao redor da mesma mesa. Assim, Pedro teve conflitos na comunidade de Jerusalém, por haver entrado na casa de Cornélio, um pagão e haver ceado com ele (At 11,3). Em vista desta problemática das comunidades, Lucas guarda uma série de palavras de Jesus a respeito da comunhão ao redor da mesa (Lc 14, 1-24). A parábola que aqui meditamos é um retrato do que estava acontecendo nas comunidades.
Lucas 14,15: FELIZ O QUE PODE COMER NO REINO DE DEUS. Jesus havia terminado de contar duas parábolas: uma sobre a escolha dos lugares (Lc 14,7-11), e a outra sobre a escolha dos convidados (Lc 14,12-14). Ao ouvir estas parábolas, alguém que estava na mesa com Jesus percebeu o alcance do ensinamento de Jesus disse: “Feliz o que pode comer no Reino de Deus!”. Os judeus comparavam o tempo futuro do Messias a um banquete, marcado pela fartura, a gratidão e a comunhão (Is 25,6; 55,1-2; Sal 22,27). A fome, a pobreza e a carestia faziam que o povo tivesse esperança no futuro. A esperança dos bens messiânicos, comumente experimentado nos banquetes, se projetava para o final dos tempos.
Lucas 14,16-20: O GRANDE BANQUETE ESTÁ PRÓXIMO. Jesus responde com uma parábola: “Um homem deu uma grande ceia e convidou a muitos”. Porém, os deveres de cada um impedem aos convidados que aceitem o convite. O primeiro disse: “Comprei um campo. Tenho que ir vê-lo!”. O segundo disse: “Comprei cinco juntas de bois e vou prová-los!”. O terceiro disse: “Casei-me. Não posso ir!”. Dentro das normas e dos costumes da época, aquelas pessoas tinham direito a não aceitar o convite (cf. Dt 20,5-7).
Lucas 14,21-22: O BANQUETE PERMANECE DE PÉ. O dono da festa fica indignado com as escusas. No fundo, quem se indigna é o próprio Jesus, pois, as normas de estrita observância da lei reduziam o espaço para que as pessoas pudessem viver gratuitamente um banquete amigo que gerava fraternidade e partilha. Ali, o dono da festa manda os empregados que convidem os pobres, os cegos, os coxos, os aleijados. Os que, normalmente, eram excluídos como impuros, agora são convidados para sentar-se em torno da mesa do banquete. 
Lucas 14,23-24: AINDA EXISTE LUGAR. A sala não se encheu. Ainda restava lugares. Então, o dono da casa manda convidar aos que andam pelos caminhos. São os pagãos. Eles também são convidados a sentar-se em torno da mesa. Assim, no banquete da parábola de Jesus, sentam-se juntos na mesma mesa, judeus e pagãos. No tempo de Lucas havia muitos problemas que impediam a realização deste ideal da mesa em comum. Por meio da parábola, Lucas mostra que a prática da comunhão da mesa vinha do próprio Jesus.
Depois da destruição de Jerusalém, no ano 70, os fariseus assumiram a liderança nas sinagogas, exigindo o cumprimento rígido das normas que os identificavam como povo judeu. Os judeus que se convertiam ao cristianismo eram considerados como uma ameaça, pois, derrubavam os muros que separavam Israel dos demais povos. Os fariseus procuravam obrigá-los a abandonar a fé em Jesus. Tudo isto produzia uma lenta e paulina separação entre judeus e cristãos e era fonte de muito sofrimento, sobretudo, para os judeus convertidos (Rm 9,1-5). Na parábola, Lucas deixa bem claro que estes judeus convertidos não são infiéis à seu povo. É o contrário! São os convidados que aceitaram ir ao banquete. São os verdadeiros prosseguidores de Israel. Infiéis foram aqueles que não aceitaram o convite e não quiseram reconhecer em Jesus o Messias (Lc 22,66; At 13,27).



PARA REFLEXÃO PESSOAL

Quais são as pessoas que geralmente são convidadas e quais não são convidadas para nossas festas?
Quais são os motivos que limitam hoje a participação das pessoas na sociedade e na Igreja? E quais são os motivos que alguns alegam para excluir-se da comunidade? São motivos justos?



ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 21/22)
Hoje procurarei alguma pessoa que normalmente me sirva e de algum modo lhe prestarei um serviço com amor.






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