quinta-feira, 25 de junho de 2015

Lectio Divina - 25/06/15


DIA 25/06/15
PRIMEIRA LEITURA à Gênesis 16,1-12.15-16
·         No Antigo Oriente, uma legislação permitia que a esposa estéril cedesse ao marido uma escrava para a procriação; o filho nascido da escrava era reconhecido como legítimo. Recorrendo a esse artifício legal, Abrão está querendo facilitar a realização da promessa; mas não é isso que Deus quer, Ismael, filho da escrava, é abençoado, mas não é através dele que Deus realizará a promessa. Deus faz um grande projeto para o homem; contudo, muitas vezes, o homem acha impossível realizá-lo, e recorre a subterfúgios, traindo o desafio contido na promessa e que está dentro da aspiração humana. Dá-nos certa vaidade sabermos "bancar os espertos", ser descobridores de atalhos, conjugar o verbo 'arranjar-se". E todo um florescimento de espírito de iniciativa, de inventiva, para ultrapassar prescrições, limites e imposições. É tão forte nosso hábito neste sentido que cremos, às vezes, oportuno aplicar o mesmo critério em nossas relações com Deus. Tanto mais quanto a espera, como no caso de Abrão e Sara, se torna espasmódica. Pequeninos seres imersos no tempo, chegamos a imaginar a eternidade como uma soma de tempos, portanto... longa. Esperar os tempos de Deus pode às vezes ser como esperar o desenrolar de longas práticas burocráticas. Trata-se, ao contrário, de "um outro tempo" (se assim se pode dizer), algo absolutamente diferente daquilo que denominamos tempo. De resto, a sabedoria popular sempre afirmou que "Deus escreve certo por linhas tortas", não é verdade, pois, Deus escreve certo em linhas certas, nós é que desvirtuamos o projeto D'ele para nossa vida.
ORAÇÃO INICIAL
  • Concede-nos viver sempre Senhor, no amor e respeito a teu santo nome, porque jamais deixas de dirigir a quem estabelece no sólido fundamento de teu amor. Por Nosso Senhor...
REFLEXÃO à Mateus 7,21-29
  • O evangelho de hoje apresenta a parte final do Sermão da Montanha: (a)-não basta falar e cantar, é preciso viver e praticar (Mt 7,21-23). (b)-a comunidade construída em cima do fundamento da nova Lei do Sermão do Monte ficará firme no momento da tormenta (Mt 7,24-27). (c)-O resultado das palavras de Jesus nas pessoas é uma consciência mais critica com relação aos líderes religiosos, os escribas (Mt 7,28-29).
  • Este final do Sermão do Monte explica algumas posições ou contradições que continuam atuais até hoje em dia: (a)-As pessoas que falam continuamente de Deus, porém, se esquecem de fazer a vontade de Deus; usam o nome de Jesus, mas, não traduz na vida sua relação com o Senhor (Mt 7,21). (b)-Existem pessoas que vivem na ilusão de estar trabalhando pelo Senhor, porém, no dia do encontro definitivo com Ele, descobrem tragicamente que nunca o conheceram (Mt 7,22-23). As duas palavras finais do Sermão do Monte, da casa construída sobre a rocha (Mt 7,24-25) e da casa construída sobre a areia (Mt 7,26-27), ilustram estas contradições. Por meio delas Mateus denuncia e, ao mesmo tempo, procura corrigir a separação entre fé e vida, entre falar e fazer, entre ensinar e praticar.
  • Mateus 7,21: NÃO BASTA FALAR, É PRECISO PRATICAR. O importante não é falar de forma bonita sobre Deus ou saber explicar bem a Bíblia aos demais, mas sim, fazer a vontade do Pai e, assim, ser uma revelação de seu rosto e de sua presença no mundo. A mesma recomendação foi dada por Jesus à mulher que elogiou Maria sua mãe. Jesus lhe respondeu: “Felizes os que ouvem a Palavra de Deus e a colocam em prática” (Lc 11,28).
  • Mateus 7,22-23: OS DONS DEVEM ESTAR A SERVIÇO DO REINO, DA COMUNIDADE. Havia pessoas com dons extraordinários como, por exemplo, o dom da profecia, do exorcismo, da cura, porém, usavam estes dons para elas próprias, fora do contexto da comunidade. No juízo, ouviram uma sentença dura de Jesus: “Afastai-vos de mim vós que praticais a iniqüidade!”. A iniqüidade é o oposto à justiça. É fazer com Jesus o que alguns doutores faziam com a lei: ensinavam, porém, não praticavam (Mt 23,3). Paulo dirá o mesmo com outras palavras e argumentos: “Se eu tivesse o dom da profecia, conhecendo as coisas secretas com toda classe de conhecimentos, e tivesse tanta fé como para trasladar os montes, porém, me faltasse amor, nada seria. Se reparto tudo o que possuo aos pobres e se entrego até meu próprio corpo, mas, não por amor, mas sim para receber elogios, de nada me serve” (1Cor 13,2-3).
  • Mateus 7,24-27: A PARÁBOLA DA CASA SOBRE A ROCHA. Ouvir e colocar em prática, esta é a conclusão final do Sermão do Monte. Muita gente procurava sua segurança nos dons extraordinários ou nas observâncias. Porém, a verdadeira segurança não vem do prestígio, nem das observâncias, não vem de nada disto. Vem de Deus! Vem do amor de Deus que nos amou primeiro (1Jo 4,19). Seu amor por nós, manifestado em Jesus, supera tudo (Rm 8,38-39). Deus se torna fonte de segurança, quando procuramos fazer a sua vontade. Ai, Ele será a rocha que nos sustenta na hora das dificuldades e das tormentas.
  • Mateus 7,28-29: ENSINAR COM AUTORIDADE. O evangelista encerra o Sermão do Monte dizendo que a multidão ficou admirada do ensinamento de Jesus, “Ele ensinava com autoridade e não como os escribas”. O resultado do ensinamento de Jesus é a consciência mais critica das pessoas com relação às autoridades religiosas da época. Suas palavras simples e claras brotavam de sua experiência de Deus, de sua vida entregue ao Projeto do Pai. As pessoas estavam admiradas e aprovavam os ensinamentos de Jesus.
  • COMUNIDADE: CASA NA ROCHA. No livro dos Salmos, com freqüência encontramos a expressão: “Deus é minha rocha, minha fortaleza..., meu escudo e meu libertador” (Sl 18,3). Ele é a defesa e a força dos que pensam na justiça e a buscam (Sl 18,21.24). As pessoas que confiam neste Deus se tornam “rocha” para os outros. Assim o profeta Isaias dirige um convite aos que estavam no cativeiro: “Ouçam-me vocês que almejam a justiça e que buscam Yavé. Olhem a pedra de que foram talhados, e o corte na rocha de onde foram tirados. Olhem a Abraão, seu pai, e a Sara, que os deu a luz” (Is 51,1-2). O profeta pede as pessoas que não esqueçam o passado. O povo tem que lembrar como Abraão e Sara pela fé em Deus se tornaram “rocha”, começo do povo de Deus. Olhando para esta rocha, as pessoas criavam coragem para lutar e sair do cativeiro. Mesmo assim, Mateus exorta as comunidades para que tenham como meta essa mesma rocha (Mt 7,24-25) e assim possam elas mesmas ser rocha para fortalecer seus irmãos e irmãs na fé. Este é o sentido do nome que Jesus deu a Pedro: “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei minha Igreja” (Mt 16,18). Esta é a vocação das primeiras comunidades, chamadas a unir-se a Jesus, a pedra viva, para tornar-se, elas também, pedras vivas pela escuta e a prática da Palavra (Pd 2,4-10; 2,5; Ef 2,19-22).
PARA REFLEXÃO PESSOAL
  • Nossa comunidade como trata de equilibrar oração e ação, elogio e pratica, falar e fazer, ensinar e praticar? O que é que deve melhorar em nossa comunidade, para que seja rocha, casa segura e acolhedora para todos?
  • Qual é a rocha que sustenta nossa comunidade? Qual é o ponto em que Jesus insiste mais?
ORAÇÃO FINAL
  • (SALMO 1)
  • Permita que o amor de Deus encha tua vida hoje. Abra-lhe teu coração.



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