sexta-feira, 15 de junho de 2012

Lectio Divina - 15/06/12






SEXTA-FEIRA -15/06/2012

PRIMEIRA LEITURA: Oséas 11,1.3-4.8-9

• Só quem teve um filho nos braços, poderá entender as palavras do profeta referidas a YHVH. Deus havia chamado Israel e o havia convertido em seu Filho, em seu herdeiro. Mas, Israel tinha-se voltado para ele, havia desprezado este amor, havia esquecido todas as mostras de carinho e de ternura de seu Pai Deus, e se prostituiu com os Baals, separando-se de Deus. Com esta leitura, vêm a nossa mente as cenas da paixão de Cristo e o texto do apóstolo João que em seu evangelho nos diz: “Tanto amou Deus ao mundo que entregou seu próprio Filho para que todos os que acreditam Nele não morram, mas que tenham vida eterna”. O problema da humanidade é esquecer com facilidade as demonstrações de amor: de nossos pais, de nossos amigos, do próprio Deus, e com isso vamo-nos tornando, como o povo de Israel, insensíveis. Não temos presente que o que se separa do amor se encaminha irremissivelmente à escuridão e ao egoísmo. Como esquecer-te, Senhor? Como esquecer teu imenso sacrifício na cruz; teu imenso amor por todos nós? O profeta Isaias, quando o povo estava no deserto, lhe dirá: “Poderá uma mãe esquecer do filho de suas entranhas? Pois, ainda que alguém assim o fizer, Eu não te esquecerei jamais!”. Se nosso amor por Jesus tem diminuído, lembremos hoje das palavras do Apocalipse: “Olha onde tem caído e retorne ao primeiro amor?”.



ORAÇÃO INICIAL

• Concede-nos Senhor Jesus, o poder ter uma postura de atenta escuta a tua Palavra. Ajuda-nos a não ter pressa, a não ter a mente imersa na superficialidade e na distração. Por Nosso Senhor...



REFLEXÃO

João 19,31-37

• A passagem do evangelho começa com a menção da Páscoa dos “judeus” e com uma pergunta de Pilatos. Tal episódio tem para o evangelista uma importância extraordinária. O coração da passagem evangélica é a ferida do costado da qual mana sangue e água. Deve-se ter em conta na narração o acúmulo de símbolos: o sangue, que é figura da morte, símbolo do amor infinito; a água, da qual vem a vida, símbolo do amor demonstrado e comunicado. No contexto da Páscoa tais símbolos indicam o sangue do Cordeiro que vence a morte e a água, a fonte que purifica. A carga simbólica da narração quer evidenciar que este amor (sangue) salva dando a vida definitiva (água-Espírito). Quanto o evangelista viu, é o fundamento da fé. A narração está assim articulada. Diante de tudo a obrigação do descanso festivo do dia depois da páscoa provoca a pergunta feita por Pilatos de que os corpos devem ser retirados (19,31), continua a cena que se desenrola na cruz, na qual um soldado atravessa o costado de Jesus (19,32-34); finalmente o testemunho do evangelista, baseado na Lei e nos profetas (19,35-37).
• Os dirigentes judeus, na força da pureza legal pedida pela Páscoa já próxima e preocupados porque a execução da morte de Jesus podia profanar o dia de sábado ou a própria festa da Páscoa, “pediram a Pilatos para que quebrasse as pernas e o matasse”. Eles nem sequer suspeitavam que sua Páscoa havia sido substituída pela de Jesus. É significativa a menção dos corpos. Não só, o de Jesus, mas também dos que estavam crucificados com Ele. Como expressando a solidariedade de Jesus para os que estavam crucificados com Ele e para todo homem. O corpo de Jesus na cruz que o faz solidário com todos os homens, é para o evangelista o santuário de Deus (2,21). Os corpos dos crucificados não podiam permanecer na cruz no dia de sábado, estava em jogo a preparação da festa mais solene da tradição hebraica. Porém, da mesma maneira a festa ficará privada de seu conteúdo tradicional e, substituído pela morte e ressurreição de Jesus. “Os judeus” vão a Pilatos com pedidos concretos: que se quebrassem as pernas dos corpos dos crucificados para acelerar sua morte e acabar com o estorvo que eles representam neste momento especial. Nenhum destes pedidos se cumpre enquanto se refere à Cristo: os soldados não lhe quebram as pernas, nem sequer o tiram da cruz.
• De fato, os soldados quebram as pernas dos que estão com Jesus, porém, chegando a Jesus, como viram “que já estava morto, não lhe quebraram as pernas”. É muito significativo que os soldados quebrem as pernas dos que estão crucificados com Jesus. Eles que estão vivos, agora que Jesus está morto, também podem morrer. É como dizer, que Jesus precedendo-lhes com sua morte lhes havia aberto o caminho para o Pai, e eles o podem seguir. Quando afirma que não lhe quebraram as pernas, o evangelista parece dizer: Ninguém pode tirar a vida de Jesus, Ele a dá por sua própria iniciativa (10,17s;19,30). “Um dos soldados, com uma lança, lhe atravessou o costado e no mesmo instante saiu sangue e água”. O leitor fica surpreso pelo gesto do soldado, porque se já estava morto, que necessidade tinha de transpassá-lo? Evidentemente a hostilidade continua depois da morte: ao transpassá-lo com a ponta da lança quer destruí-lo para sempre. Este gesto de ódio permite à Jesus dar amor que produz vida. O fato é de uma importância excepcional e possui uma grande riqueza de significado. O sangue que sai do costado aberto de Jesus simboliza sua morte, que Ele aceita para salvar a humanidade, é expressão de sua glória, de seu amor até o extremo (1,14;13,1); é a entrega do pastor que se dá pelas ovelhas (10,11) é o amor do amigo que dá a vida por seus amigos (15,13). Esta extrema prova de amor, que não se rende diante do suplício da morte na cruz, é objeto de contemplação para nós neste dia da solenidade do Sagrado Coração de Jesus. De seu costado aberto flui o amor, que ao mesmo tempo é inseparavelmente seu e do Pai. Também a água evidencia seu amor demonstrado e seu amor comunicado. A alusão aos símbolos da água e do vinho nas bodas de Cana é claro. Chegou a hora na qual Jesus oferece o vinho de seu amor. Agora começam as bodas definitivas. A lei do amor extremo e sincero (1,17) que Ele manifesta na cruz, reavaliado por seu mandamento “como eu os tenho amado, assim amai também vós uns aos outros” (13,34), vem infuso no coração dos que acreditam com o Espírito. O projeto divino do amor se completa em Jesus no brotar do sangue e da água (19,28-30); agora se espera que se realize nos homens. Nisto o homem será ajudado pelo Espírito que emerge do costado atravessado de Jesus que, transformando-o em um homem novo, lhe dará a capacidade de amar e de chegar a ser filho de Deus (1,12).
• Diante do espetáculo de Jesus com o costado atravessado, o evangelista, dá uma grande prova e um solene testemunho, para que todos aqueles que o escutam possam chegar a crer. Esta manifestação definitiva e suprema será o fundamento da fé dos futuros discípulos. Temos que notar que só neste episódio, o evangelista se dirige à seus leitores com o “vós”: “para que também vês chegueis a crer”. O costado atravessado de Jesus sobre a cruz é o grande sinal para o qual convergem todos os personagens mencionados ao longo do evangelho, porém, sobretudo, os leitores de hoje, aos quais é concedido compreender o pleno significado da existência de Jesus. A Narração do costado aberto é, para o evangelista, o segredo interpretativo de sua entrega pela salvação da humanidade. E ainda que se tal sinal pudesse parecer como um paradoxo para o leitor de hoje, no plano de Deus se converte em manifestação de sua força salvífica. Deus não podia escolher outro sinal para manifestar-se como amor que salva? Por que escolheu um homem condenado a morte e morte em uma cruz? Esta imagem de Deus, Jesus a realiza neste sinal: Deus se manifesta somente no amor generoso capaz de dar a vida.



PARA REFLEXÃO PESSOAL

• Em tua oração pessoal, que importância tem a contemplação do Coração atravessado de Jesus?
• Já pensou alguma vez que onde se dá a máxima rejeição a Deus e à morte de Cristo, começa também o momento da graça, da misericórdia, do dom do Espírito, da vida de fé?



ORAÇÃO FINAL

•    (ISAIAS 12,2)
• Hoje terei com os que me rodeiam mais mostras de amor que as que habitualmente tenho, procurando que elas sejam instrumentos de Deus para manifestar-lhes seu amor de Pai.




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