segunda-feira, 13 de abril de 2015

Lectio Divina - 13/04/15



DIA 13/04/15
PRIMEIRA LEITURA à Atos 4,23-31
  • Já na antiguidade dizia Orígenes: “Antes da pregação da Palavra de Deus, tudo estava em paz, enquanto não soou a trombeta, não houve luta, porém, a partir de então o reinado de Deus sofre violência”. Isto já nos havia advertido Jesus quando disse: “A mim me perseguiram, o mesmo farão com vocês”. Uma das causas pelas qual nossa cultura não vive um cristianismo mais autêntico é pelo medo, pelo temor de ser rejeitado, criticado, excluído dos grupos sociais. Os apóstolos hoje nos dão mostra de coragem, mas, de uma coragem que não lhes vêm de suas próprias forças, mas sim, de Deus. Se verdadeiramente queremos mostrar-nos como testemunhos e seguidores de Cristo necessitamos, como eles, pedir continuamente esta força do Alto. A oração tem o poder de fortalecer nossa vontade para que em todo momento possamos portar-nos, pensar e falar como autênticos cristãos. Dê um tempo para orar e convide para unir-se contigo os que vivem próximo de ti.
ORAÇÃO INICIAL
  • Deus todo poderoso e eterno, a quem confiadamente podemos chamar de Pai nosso, faz crescer em nossos corações o espírito de filhos adotivos teus, para que mereçamos gozar, um dia, da herança que nos prometeu. Por Nosso Senhor Jesus Cristo.
REFLEXÃOà João 3,1-8
  • O evangelho de hoje nos trás uma parte da conversa de Jesus e Nicodemos. Nicodemos aparece várias vezes no evangelho de João (Jo,1-13; 7,50-52; 19,39). Era uma pessoa que tinha certa posição social. Tinha liderança entre os judeus e fazia parte do supremo tribunal chamado “Sinédrio”. No evangelho de João, ele representa o grupo dos judeus que eram piedosos e sinceros, mas, que não entendiam tudo o que Jesus fazia e falava. Nicodemos havia ouvido falar de sinais, das coisas maravilhosas que Jesus fazia e ficou impressionado. Ele quer conversar com Jesus para poder entender melhor. Era uma pessoa culta que pensava entender as coisas de Deus. Esperava o Messias com um livrinho da lei nas mãos para verificar se o novo anunciado por Jesus estava de acordo. Jesus faz Nicodemos perceber que a única maneira que alguém tem para poder entender as coisas de Deus é “nascer de novo!”. Hoje acontece o mesmo. Alguns são como Nicodemos: aceitam como novo só aquilo que está de acordo com suas próprias idéias. Aquilo com o que alguém não está de acordo é rejeitado como contrário à tradição. Outros se deixam surpreender pelos fatos e não tem medo de dizer: “Nasci de novo!”.
  • João 3,1: UM HOMEM, CHAMADO NICODEMOS. Pouco antes do encontro de Jesus com Nicodemos, o evangelista falava da fé imperfeita de certas pessoas que se interessam só pelos milagres de Jesus (Jo 2,23-25). Nicodemos era uma destas pessoas. Tinha boa vontade, porém, sua fé era ainda imperfeita. A conversa com Jesus vai lhe ajudar a perceber que deve dar um passo a mais para poder aprofundar sua fé em Jesus e em Deus.
  • João 3,2: 1ª PERGUNTA DE NICODEMOS: TENSÃO ENTRE O VELHO E NOVO. Nicodemos era um fariseu, pessoa conhecida ente os judeus e com um bom raciocínio. Foi-se encontrar com Jesus à noite e lhe disse: “Rabi, sabemos que vieste de Deus como mestre, porque ninguém pode realizar os sinais que tu realizas se Deus não está com Ele”. Nicodemos opina sobre Jesus a partir dos argumentos que ele, Nicodemos, leva dentro de si. Isto é um passo importante, porém, não basta para conhecer Jesus. Os sinais que Jesus faz podem despertar a pessoa e interessar-lhe. Podem engendrar curiosidade, porém, não engendram a entrega, na fé. Não fazem ver o Reino de Deus presente em Jesus. Por isto é necessário dar um passo a mais. Qual é este passo?
  • João 3,3: RESPOSTA DE JESUS: “Tens que nascer de novo!”. Para que Nicodemos possa perceber o Reino presente em Jesus, terá que perceber o Reino presente em Jesus, terá que nascer de novo, do alto. Aquele que procura compreender Jesus só a partir de seus próprios argumentos, não consegue entendê-lo. Jesus é maior. Se Nicodemos fica só como catecismo do passado na mão, não vai poder entender Jesus. Terá que abrir toda sua mão. Terá que deixar de lado suas próprias certezas e seguranças e entregar-se totalmente. Terá que escolher entre, de um lado, guardar a segurança que vem da religião organizada com suas leis e tradições e, de outro, lançar-se na aventura do Espírito que Jesus lhe propõe.
  • João 3,4: 2ª PERGUNTA DE NICODEMOS: Como é possível nascer de novo?”. Nicodemos não quer dar seu braço à torcer e pergunta com uma certa ironia: Como uma pessoa pode nascer de novo sendo velha? Poderá entrar uma segunda vez no ventre de sua mãe e nascer?. Nicodemos tomou a palavra de Jesus ao pé da letra e, por isto, não entendeu nada. Ele tinha que perceber que  as palavras de Jesus tinham um sentido simbólico.
  • João 3,5-8: RESPOSTA DE JESUS: Nascer do alto, nascer do Espírito. Jesus explica o que quer dizer nascer do alto, ou, nascer de novo e “nascer da água e do Espírito”. Aqui temos uma alusão muito clara do “batismo”. Através da conversa de Jesus com Nicodemos, o evangelista nos convida a fazer uma revisão de nosso batismo. Relata as seguintes palavras de Jesus: “O que nasce da carne é carne, o que nasce do Espírito é Espírito”. Carne significa aquilo que nasce só de nossas idéias. O que nasce de nós tem nossa medida. Nascer do Espírito é outra coisa! O Espírito é como o vento. “O vento sopra onde quer, e ouve sua voz, porém, não sabe de onde vem nem para onde vai. Assim é tudo o que nasce do Espírito”. O vento tem, dentro de si, um rumo, uma direção. Percebemos a direção do vento, por exemplo, o vento do Norte e o vento do Sul, porém, não conhecemos nem controlamos a causa a partir da qual o vento se move nesta ou naquela direção. Assim é o Espírito. “Ninguém é senhor do Espírito” (Eclo 8,8). O que mais caracteriza o vento, o Espírito, é a liberdade. O vento, o espírito, é livre, não pode ser controlado. Ele age sobre os outros e ninguém consegue agir sobre ele. Sua origem é o mistério, seu destino é o mistério. O barqueiro tem que saber, em primeiro lugar, o rumo do vento. Depois tem que colocar as velas, segundo esse rumo. É o que Nicodemos e todos nós devemos fazer.
  • UMA INDICAÇÃO PARA ENTENDER MELHOR AS PALAVRAS DE JESUS SOBRE O ESPÍRITO SANTO. A língua hebraica usa a mesma palavra para dizer vento e espírito. Como já foi dito, o vento tem, dentro de si, um rumo, uma direção: vento do Norte, vento do Sul. O Espírito de Deus tem um rumo, um projeto, que já se manifestava na criação sob a forma de uma “pomba” que esvoaçava sobre o caos (Gn 1,2). Ano após ano, Ele renova a face da terra e coloca em movimento a natureza através da seqüência das estações (Sl 104,30;147,18). Este mesmo Espírito está presente na história. Faz secar o Mar Vermelho (Ex 14,21) faz passar as codornizes e as deixa cair sobre o acampamento (Nm 11,31). Está com Moisés e, a partir dele, se distribui entre os líderes das pessoas (Nm 11,24-25). Estava no líderes e os levava a realizar ações libertadoras: Otoniel (Jz 3,10), Gedeão (Jz 6,34), Jefté (Jz 11,29), Sansão (Jz 13,25;14,6.19;15,14), Saul (1Sm 11,6), e Débora, a profetisa (Jz 4,4). Esteve presente no grupo dos profetas e agia neles com força contagiosa (1Sm 10,5-6.10). Sua ação nos profetas produz inveja nos demais, porém, Moisés reage: “Oxalá todo o povo de Iahweh fosse profeta e profetizasse!” (Nm 11,29).
  • Ao longo dos séculos, cresceu a esperança de que o Espírito de Deus orientasse o Messias na realização do projeto de Deus (Is 11,1-9) e descesse sobre todo o povo de Deus (Ez 36,27;39,29; Is 32,15;44,3). A grande promessa do Espírito se manifesta de muitas formas nos profetas do exílio: a visão dos ossos secos, ressuscitados pela força do Espírito de Deus (Ez 37,1-14); a efusão do Espírito de Deus sobre todo o povo (Jl 3,1-5); a visão do Messias-Servo que será ungido pelo Espírito para estabelecer o direito na terra e anunciar a Boa Nova aos pobres (Is 42,1;44,1-3;61,1-3). Eles vislumbram um futuro, em que a pessoa, cada vez de novo, renasce pela efusão do Espírito (Ez 36,26-27; Sl 51,12; cf Is 32,15-20).
  • O evangelho de João usa muitas imagens e símbolos para significar a ação do Espírito. Como na criação (Gn 1,1), assim o Espírito desce sobre Jesus “como uma pomba, vinda do céu” (Jo 1,32). É o começo da nova criação! Jesus fala as palavras de Deus e nos comunica o Espírito sem medida (Jo 3,34). Suas palavras são Espírito e Vida (Jo 6,63). Quando Jesus se despede, diz que enviará outro consolador, outro defensor, para que fique conosco. É o Espírito Santo (Jo 14,16-17). Através de sua paixão, morte e ressurreição, Jesus conquistou o dom do Espírito para nós. Através do batismo todos nós recebemos este mesmo Espírito de Jesus (Jo 1,33). Quando apareceu aos apóstolos, soprou sobre eles e disse: “Recebei o Espírito Santo!” (Jo 20,22). O Espírito é como a água que brota a partir do interior das pessoas que acreditam em Jesus (Jo 7,37-39,4,14). O primeiro efeito da ação do Espírito em nós é a reconciliação: “A quem perdoai os pecados, ficam perdoados; a quem o retenhais, ficam retidos” (Jo 20,23). O Espírito nos é dado para que possamos lembrar e entender o significado pleno das palavras de Jesus (Jo 14,26;16,12-13). Animados pelo Espírito de Jesus,  podemos adorar a Deus em qualquer lugar (Jo 4,23-24). Aqui se realiza a liberdade do Espírito do qual nos fala Paulo: “Onde está o Espírito do Senhor, ali existe liberdade” (2Cor 3,17).
PARA REFLEXÃO PESSOAL
  • Como você reage antes das novidades que lhe apresentam? Como Nicodemos que aceita a surpresa de Deus?
  • Jesus compara a ação do Espírito Santo como o vento. O que nos revela esta comparação sobre a ação do Espírito de Deus em minha vida? Você passou por alguma experiência que te deu a sensação de nascer de novo?
ORAÇÃO FINAL
  • (SALMO 2)
  • Hoje falarei à três pessoas a magnificência de meu Deus.




Nenhum comentário:

Postar um comentário