sexta-feira, 20 de julho de 2012

Lectio Divina - 20/07/12






SEXTA-FEIRA -20/07/2012

PRIMEIRA LEITURA:  Isaías 38,1-6.21-22.7-8

• Quantas vezes, como dizemos anteriormente, um acontecimento que se interpreta como negativo é, precisamente, o motor de acontecimentos que trouxeram a salvação e a vida, não só para nós, mas, para o mundo todo. Na passagem de hoje ouvimos como uma enfermidade mortal leva o rei a uma atitude de profunda humildade e a orar ao Senhor por sua vida. Esta oração se converte em salvação, não só para ele, mas, para todo seu povo. Assim acontece em nossa vida, já que as enfermidades, as crises econômicas e todos os acontecimentos que ferem nossa vida, podem ser utilizados por Deus, que é o Senhor da história, para nosso beneficio e de todos os que convivem conosco. A enfermidade e as crises econômicas, as catástrofes não são desejos e, muito menos, provocados ou mandados por Deus, como incorretamente muitos acreditam. Estes ocorrem na vida devido a fragilidade do ser humano ou pela debilidade de tudo o que existe, ou pelo pecado que sempre deixa conseqüências na natureza. Porém, de todas elas, o Senhor é capaz de tirar um resultado positivo, se nós, como o rei Ezequias, nos voltarmos para Ele em profunda humildade e retomarmos o caminho da oração. Nosso Deus é realmente um Deus de amor que, apesar da debilidade humana e do pecado, procura sempre a forma de fazer-nos o bem e, sobretudo, de salvar-nos. Qualquer outro tipo de pensamento, simplesmente não é cristão.



ORAÇÃO INICIAL

• Oh Deus, que mostra a luz de tua verdade ao que andam extraviados, para que possam voltar ao bom caminho, concede a todos os cristãos rejeitar o que é indigno deste nome e cumprir quanto ele e significativo. Por Nosso Senhor...



REFLEXÃO

Mateus 12,1-8

• No evangelho de hoje veremos de perto um dos muitos conflitos entre Jesus e as autoridades religiosas da época. São conflitos em torno das práticas religiosas daquele tempo: jejum, pureza, observância do sábado, etc... Em termos de hoje, seriam conflitos como, por exemplo, o casamento de pessoas divorciadas, a amizade com prostitutas, a acolhida dos homossexuais, o comungar sem estar casado pela igreja, o faltar na missa no domingo, não jejuar na sexta-feira santa. São muitos os conflitos: em casa, na escola, no trabalho, na comunidade, na Igreja, na vida pessoal, na sociedade. Conflitos de crescimento, de relações, de idade, de mentalidade. Tantos! Viver a vida sem conflito é impossível! O conflito é parte da vida e aparece desde o nascimento. Nascemos com dores de parto. Os conflitos não são acidentes de percurso, mas, são parte integrante do caminho, do processo de conversão. O que chama a atenção é a maneira como Jesus enfrenta os conflitos. Na discussão com os adversários, não se tratava de quem tinha razão, mas, de como prevaleceria a experiência que Ele, Jesus, tinha de Deus como Pai e Mãe. A imagem de Deus que os outros tinham era o de um Deus juiz severo, que só ameaçava e condenava. Jesus procurava fazer prevalecer a misericórdia sobre a observância cega das normas e das leis que não tinham nada a ver com o objetivo da Lei que é a prática do amor.
• Mateus 12,1-2: ARRANCAR O TRIGO NO DIA DE SÁBADO E A CRITICA DOS FARISEUS. Em um dia de sábado, os discípulos passavam por uma plantação e abriram caminho arrancando espigas para comê-las. Tinham fome. Os fariseus chegaram e invocaram a Bíblia para dizer que os discípulos estavam cometendo uma transgressão da lei do sábado (cf. Ex 20,8-11). Jesus também usa a Bíblia e responde evocando três exemplos tirados da Escritura: (a)-de Davi, (b)-da legislação sobre o trabalho dos sacerdotes no templo e (c)-da ação do profeta Oséas, isto é, cita um livro histórico, um livro legislativo e um livro profético.
• Mateus 12,3-4: O EXEMPLO DE DAVI. Jesus lembra que Davi havia feito uma coisa proibida pela lei, pois, tirou os pães sagrados do templo e os deu aos soldados para que os comessem porque tinham fome (1Sm 21,2-7). Nenhum fariseu tinha a coragem de criticar o rei Davi!
• Mateus 12,5-6: O EXEMPLO DOS SACERDOTES... Acusado pelas autoridades religiosas, Jesus argumenta a partir do que elas mesmas, as autoridades religiosas, fazem no dia de sábado. No templo de Jerusalém, no dia de sábado, os sacerdotes trabalham muito mais que nos dias da semana, pois, devem sacrificar os animais para os sacrifícios, devem limpar, varrer, carregar peso, degolar animais, etc. E ninguém dizia que ia contra a lei, pois, pensavam que era normal, etc. A própria lei os obrigava a fazer isto (Nm 28,9-10).
• Mateus 12,7: EXEMPLO DO PROFETA. Jesus cita a frase do profeta Oséas: Quero misericórdia e não sacrifício. A palavra misericórdia significa ter o coração (cor) na miséria (miseri) dos outros, isto é, a pessoa misericordiosa tem que estar bem próximo do sofrimento das pessoas, tem que identificar-se com elas. A palavra sacrifício significa fazer que uma coisa fique consagrada, isto é, quem oferece um sacrifício separa o objeto sacrificado do uso profano e o afasta da vida diária das pessoas. Se os fariseus tivessem em si este olhar do profeta Oséas, saberiam que o sacrifício mais agradável a Deus não é que a pessoa consagrada vida distante da realidade, mas, que coloque inteiramente seu coração consagrado à serviço da miséria de seus irmãos e irmãs para alivia-los. Eles não deviam condenar como culpados àqueles que na realidade eram inocentes.
• Mateus 12,8: O FILHO DO HOMEM É SENHOR DO SÁBADO. Jesus termina com esta frase: o Filho do Homem é senhor do sábado. Jesus, Ele próprio, é o critério para a interpretação da Lei de Deus. Jesus conhecia a Bíblia de memória e a invocava para mostrar que os argumentos dos outros não tinham fundamento. Naquele tempo, não havia Bíblias impressas como temos hoje em dia. Em cada comunidade só havia uma Bíblia, escrita a mão, que ficava na sinagoga. E que Jesus conhecesse tão bem a Bíblia é sinal de que durante trinta anos de vida em Nazaré, tenha participado intensamente na vida da comunidade, onde todos os sábados se liam as escrituras. A nova experiência de Deus como Pai fazia com que Jesus descobrisse melhor qual havia sido a intenção de Deus ao decretar as leis do Antigo Testamento. Ao conviver com as pessoas da Galiléia, durante trinta anos em Nazaré, e sentindo na pele a opressão e a exclusão de tantos irmãos e irmãs em nome da Lei de Deus, Jesus percebeu que isto não podia ser o sentido daquelas leis. Se Deus é Pai, então, Ele acolhe todos como filhos e filhas. Se Deus é Pai, então, devemos ser irmãos e irmãs uns dos outros. Foi o que Jesus viveu e rezou, desde o começo até o fim. A Lei deve estar a serviço da vida e da fraternidade. “O ser humano não foi feito para o sábado, mas sim, o sábado para o ser humano” (Mc 2,27). Foi por sua fidelidade a esta mensagem que Jesus foi condenado à morte. Ele incomodava o sistema, e o sistema se defendeu, usando a força contra Jesus, pois, Ele queria a Lei a serviço da vida, e não vice-versa. Falta, todavia, muito para que tenhamos essa mesma familiaridade com a Bíblia e a mesma participação na comunidade como Jesus.




PARA REFLEXÃO PESSOAL

• Que tipo de conflito você vive na família, na sociedade e na Igreja? Quais são os conflitos relativos a práticas religiosas que, hoje, fazem sofrer as pessoas e, são motivos de muita discussão e polêmica? Qual é a imagem de Deus que está por trás de todos estes preconceitos, normas e proibições?
• O que é que tem ensinado o conflito nestes anos? Qual é a mensagem que tiramos de tudo isto para nossas comunidades hoje?



ORAÇÃO FINAL

• (SALMO 63,7-9)
• Hoje farei uma análise de tudo àquilo que eu gostaria de solucionar em minha vida se um profeta de Deus viesse e me dissesse: “soluciona todos teus assuntos, porque não vai permanecer e vai morrer”, e farei os ajustes necessários para começar a solucioná-los tudo o quanto antes possível.




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