segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Lectio Divina - 19/08/13

SEGUNDA-FEIRA -19/08/2013



PRIMEIRA LEITURA: Juizes 2,11-19


• Um santo sacerdote dizia em uma ocasião, referindo-se a nossa natureza caída: “Pobres seres humanos”. Como isso iluminava a miséria de nossa condição, que como diz Paulo, “está vendida ao pecado”. Nesta passagem vemos o povo de Deus, o povo que viu os prodígios e as maravilhas de Deus, cometer toda classe de maldades. A causa: abandonaram o verdadeiro Deus e se prostraram diante de deuses falsos, deuses que oferecem paraísos “artificiais”, deuses aos quais se pode servir com comodidade e sem compromisso, deuses que se acomodam aos nossos desejos, deuses que não exigem renuncia e que permitem a avareza, o lucro, a vingança; deuses que conduzem a vida para o abismo. Isto ocorreu com Israel, e continua acontecendo com todos aqueles que, em lugar de seguir o único e verdadeiro Deus, o Deus do amor, da salvação e do perdão, vão em busca dos deuses falsos, de ídolos inertes que só terminam por destruir a vida. Nós cristãos, não somos imunes à sedução dos “deuses modernos”; e de fato, se nossa sociedade, que dizemos “Cristã”, padece desta perversão é porque muitos dos cristãos tem voltado seus olhos, se não totalmente, com certa aceitação, para os falsos deuses. Tenhamos cuidado, os deuses falsos, os ídolos, oferecem um falso bem estar que, cedo ou tarde, se converterá em sofrimento e solidão. Centremos nossos olhos em Jesus e procuremos com todo nosso coração viver conforme seu evangelho.




ORAÇÃO INICIAL 

• Oh Deus, que tens preparado bens inefáveis para os que te amam, infunde teu amor em nossos corações, para que, amando-te e tudo e sobre todas as coisas, consigamos alcançar tuas promessas, que superam todo desejo. Por Nosso Senhor...



REFLEXÃO

Mateus 19,16-22

• O evangelho de hoje nos narra a história do jovem que pergunta pelo caminho da vida eterna. Jesus lhe indica o caminho da pobreza. O jovem não aceita a proposta de Jesus, pois, era muito rico. Uma pessoa rica está protegida pela segurança que a riqueza lhe dá. Tem dificuldade em abrir a mão de sua segurança. Agarrada nas vantagens de seus bens vive preocupada em defender seus próprios interesses. Uma pessoa pobre não tem esta preocupação. Mas, existem pobres com mentalidade de ricos. Muitas vezes, o desejo de riqueza cria neles uma enorme dependência e faz com que o pobre seja escravo do consumismo, pois fica tendo dúvidas por todos os lados. E não tem mais tempo para dedicar-se ao serviço do próximo.
• Mateus 19,16-19: Os mandamentos e a vida eterna. Alguém chega próximo de Jesus e lhe pergunta: “Mestre, o que devo fazer para possuir a vida eterna?”. Alguns manuscritos informam que se tratava de um jovem. Jesus responde bruscamente: “Por que me perguntas sobre o bom? Um só é Bom”. Em seguida responde à pergunta e diz: “Mas se queres entrar na vida, guarda os mandamentos”. O jovem reage e pergunta: “Quais mandamentos?”> Jesus tem a bondade de enumerar os mandamentos que o jovem tinha que conhecer: “Não matarás, não cometerás adultério, não roubarás, não levantarás falso testemunho, honra teu pai e tua mãe, e amarás a teu próximo como a ti mesmo”. É muito significativa a resposta de Jesus. O jovem havia perguntando pela vida eterna. Queria a vida junto a Deus! Mas, Jesus só lembrou os mandamentos que falam a respeito da vida junto ao próximo! Não menciona os três primeiros mandamentos que definem nossa relação com Deus! Para Jesus, só conseguiremos estar bem com Deus, se sabermos estar bem com o próximo. De nada adianta enganar. A porta para chegar até Deus é o próximo. Em Marcos, a pergunta do jovem é diferente: “Bom Mestre, o que é que devo fazer para herdar a vida eterna?”. Jesus responde: “Por que é que me chamas de bom? Só Deus é bom e ninguém mais” (Mc 10,17-18). Jesus desvia a atenção de si mesmo para Deus, pois, o que importa é fazer a vontade de Deus, revelar o Projeto do Pai. 
• Mateus 19,20: Observar os mandamentos, para que é que serve? O jovem respondeu: “Tudo isso tenho feito. O que mais falta?”. O que segue é algo curioso. O jovem queria conhecer o caminho que lhe levaria a vida eterna. Agora, o caminho da vida eterna era e continua sendo: fazer a vontade de Deus, expressada nos mandamentos. Com outras palavras, o jovem observava sem saber para que é que serviam! Se soubesse, não haveria feito a pergunta. Acontece com muitos católicos que não sabem o porquê é que o são. “Nasci católico, por isto sou católico!”. Coisa de costume!
• Mateus 19,21-22: A proposta de Jesus e a resposta do jovem. Jesus responde: “Se queres ser perfeito, anda, vende o que tens e dê aos pobres, e terás um tesouro nos céus; e depois me segue! Ao ouvir estas palavras, o jovem saiu entristecido, porque tinha muitos bens”. Era muito rico. A observância dos mandamentos é apenas o primeiro degrau de uma escada que vai muito mais longe e mais alto. Jesus pede mais! A observância dos mandamentos prepara a pessoa para que possa chegar a entrega total de si a favor do próximo. Marcos diz que Jesus olhou o jovem com amor (Mc 10,21). Jesus pede muito, porém, o pede com muito amor. O jovem não aceita a proposta de Jesus e se vai, “porque tinha muitos bens”.
• Jesus e a opção pelos pobres. Um duplo cativeiro marcava a situação das pessoas naquela época de Jesus: o cativeiro da política de Herodes, apoiada pelo Império Romano e mantida por todo um sistema bem organizado de exploração e de repressão, e o cativeiro da religião oficial, mantida pelas autoridades religiosas da época. Por causa disto, o clã, a família, a comunidade, estavam sendo desintegrados e uma grande parte do povo vivia excluída, marginalizada, sem lugar, nem na religião, nem na sociedade. Por isto, havia diversos movimentos que, como Jesus, procuravam refazer a vida na comunidade: essênios, fariseus e, mais tarde, os zelotes. Dentro da comunidade de Jesus, entretanto, havia algo novo que a diferenciava dos demais grupos. Era a atitude diante dos pobres e excluídos. As comunidades dos fariseus viviam separadas. A palavra “fariseu” queria dizer “separado”. Viviam separadas do povo impuro. Alguns fariseus consideravam o povo como ignorante e maldito (Jo 7,49), cheio de pecado (Jo 9,34). Não aprendiam nada das pessoas. Jesus e sua comunidade, ao contrário, viviam com as pessoas excluídas, consideradas impuras: publicanos, pecadores, prostitutas, leprosos (Mc 2,16). Jesus reconhece a riqueza e o valor que os pobres possuem (Mc 11,25-26). Os proclama “bem aventurados” porque deles é o Reino dos céus, dos pobres (Lc 6,20). Define sua própria missão como “anunciar a Boa Nova aos pobres” (Lc 4,18). Ele mesmo vive como pobre. Não possui nada para si, nem sequer uma pedra onde reclinar a cabeça (Lc 9,58). E a quem quer seguir-lhe para viver com Ele, manda escolher: ou Deus, ou o dinheiro! (Mt 6,24). Manda fazer a opção pelos pobres, como propôs ao jovem rico! (Mc 10,21). Esta maneira diferente de acolher os pobres e de conviver com eles era uma prova do Reino dos Céus. 





PARA REFLEXÃO PESSOAL

Uma pessoa que vive preocupada com sua riqueza ou com a aquisição dos bens que a propaganda do consumismo lhe oferece, pode libertar-se de tudo isto para seguir Jesus e viver em paz em uma comunidade cristã? É possível? O que você pensa?
• O que é que significa para nós hoje: “Vai, vende tudo e dá aos pobres?”. É possível tomar isto ao pé da letra? Conhece alguém que consegue deixar tudo por causa do Reino?



ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 23,1-3)
• Hoje refletirei quais são os ídolos atuais que separam minha visão de Deus.






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