segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Lectio Divina - 04/08/14


SEGUNDA-FEIRA -04/08/2014


PRIMEIRA LEITURA: Jeremias 28,1-17

Esta passagem do profeta Jeremias nos mostra a importância da hierarquia como meio para o discernimento da própria Palavra de Deus. O tomar as coisas e mensagens de fontes externas a nossos pastores, pode, como temos visto nesta passagem, trazer conseqüências negativas tanto para o “pseudo profeta”, como para aqueles que dão crédito ao que se diz. O apóstolo Pedro adverte à comunidade cristã sobre a dificuldade de interpretar algumas das passagens das cartas de Paulo. Devemos sempre recorrer à fonte clara do Magistério da Igreja, especialmente do Papa e de quem ele vai nomeando para que, com a ajuda do Espírito Santo e tendo de frente toda a Escritura, e não só um versículo ou uma passagem isolada, proporcionem os critérios corretos para saber o que é que Deus vai propondo ao homem para o desenvolvimento de sua vida de acordo a seu projeto de amor. Tome sempre a Sagrada Escritura como fonte de revelação de Deus e não se deixe confundir. Se algo não esteja claro a teu entendimento, é melhor perguntar do que ficar confuso.


ORAÇÃO INICIAL 

Vem Senhor, em ajuda de teus filhos, derrama tua bondade inesgotável sobre os que te suplicam, e renova e proteja a obra de tuas mãos em favor dos que te louvam como criador e como guia. Por Nosso Senhor...



REFLEXÃO

Mateus 14,22-36


O evangelho de hoje descreve a difícil e cansada travessia do mar da Galiléia em um barco frágil, empurrado pelo vento contrário. Entre o Sermão das Parábolas e o da Comunidade, está, de novo, a parte narrativa. O Sermão das Parábolas chamava nossa atenção para a presença do Reino. Agora, a parte narrativa mostra como esta presença acontece provocando reações a favor e contra Jesus. Em Nazaré não foi aceito e o rei Herodes pensava que Jesus fosse uma espécie de reencarnação de João Batista, assassinado por ele. As pessoas pobres, no entanto, reconhecia em Jesus um enviado de Deus e lhe seguiam no deserto, onde aconteceu a multiplicação dos pães. Depois da multiplicação dos pães, Jesus despede a multidão e manda os discípulos que façam a travessia, descrita no evangelho de hoje. 
Mateus 14,22-24: INICIAR A TRAVESSIA A PEDIDO DE JESUS. Jesus obrigou os discípulos a subir na barca e ir para o outro lado do mar, onde estava a terra dos pagãos. Ele subiu à montanha para rezar. A barca simboliza a comunidade. Tem a missão de dirigir-se aos pagãos e de anunciar a eles a Boa Nova do Reino que da vida a uma nova maneira de conviver em comunidade. Mas, a travessia é cansativa e demorada. A barca é agitada pelas ondas, pois, o vento é contrário. Apesar de estar remando toda a noite, falta muito para chegar a terra. Faltava muito para que as comunidades fizessem a travessia para os pagãos. Jesus não foi com os discípulos. Eles deviam aprender a enfrentar as dificuldades, unidos e fortalecidos pela fé em Jesus que os enviou. O contraste é grande: Jesus em paz junto a Deus rezando no alto da montanha, e os discípulos meio perdidos em baixo, no mar revolto. 
A travessia para o outro lado do lago também simboliza a difícil travessia das comunidades do final do primeiro século. Elas tinham que sair do mundo fechado da antiga observância da lei, para a nova maneira de observar a Lei do amor, ensinada por Jesus, sair da consciência de pertencer ao povo eleito, privilegiado por Deus entre todos os povos, para a certeza de que em cristo todos os povos estavam sendo fundidos em um único Povo diante de Deus; sair do isolamento da intolerância para o mundo aberto da acolhida e da gratidão. Nós também hoje estamos em uma travessia difícil para um novo tempo e uma nova maneira de ser igreja. Travessia difícil, porém, necessária. Existem momentos na vida em que o medo nos assalta. Não falta a boa vontade, mas, não basta. Somos como uma barca que enfrenta o vento contrário.
Mateus 14,25-27: JESUS SE APROXIMA E ELES NÃO O RECONHECEM. É a quarta vigília da noite, isto é, entre as três da madrugada e às seis da manhã, Jesus foi ao encontro dos discípulos. Andando sobre as águas, chega perto deles, mas, eles não o reconhecem. Gritam de medo, pensando que fosse um fantasma. Jesus os acalma dizendo: “Coragem! Sou Eu! Não temais!”. A expressão “Sou Eu!” é a mesma com a qual Deus procurou superar o medo de Moisés quando o enviou para que libertasse o povo do Egito (Ex 3,14). Para as comunidades, tanto as de ontem como as de hoje, era e é muito importante ouvir de novo: “Coragem! Sou Eu! Não temais!”. 
Mateus 14,28-31: ENTUSIASMO E FRAQUEZA DE PEDRO. Sabendo que é Jesus, Pedro pede para poder caminhar sobre as águas. Quer experimentar o poder que domina a fúria do mar. Um poder que, na Bíblia, é exclusivo de Deus (Gn 1,6;Sl 104,6-9). Jesus permite que ele participe deste poder. Porém, Pedro tem medo. Pensa que estava afundando e grita: “Senhor! Salve-me!”. Jesus o segura e o repreende: “Homem de pouca fé! Por que duvidaste?”. Pedro tem mais força do que se imagina, porém, tem medo diante das ondas contrárias e não acredita no poder de Deus que existe nele. As comunidades não acreditam na força do Espírito que existe nelas, e que age mediante a fé. É a força da ressurreição (Ef 1,19-20).
Mateus 14,32-33: JESUS É FILHO DE DEUS. Diante da onda que avança sobre ele, Pedro começa a afundar no mar por falta de fé. Depois de salvar-se, ele e Jesus, entram na barca e o vento se acalma. Os outros discípulos, que estavam no barco, ficam maravilhados e se ajoelham diante de Jesus, reconhecendo Nele o Filho de Deus: “Verdadeiramente és Filho de Deus”. Mais tarde, Pedro também vai professar a mesma fé em Jesus: “Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo” (Mt 16,16). Assim, Mateus sugere que não é só Pedro quem sustenta a fé daquelas pessoas, mas sim, é a fé dos discípulos que sustenta a fé de Pedro. 
Mateus 14,34-36: APRESENTARAM-LHE TODOS OS ENFERMOS. O episódio da travessia termina com um fim bem bonito: “Terminada a travessia, chegaram a terra de Genesaré. Os homens daquele lugar, apenas o reconheceram, pregaram a noticia por toda aquela comarca e lhe apresentaram todos os enfermos. Pediam-lhes que tocasse apenas a borda de seu manto; e quantos o tocaram ficaram curados”. 



PARA REFLEXÃO PESSOAL

Em tua vida, houve alguma vez um vento contrário? Como fizeste para vencê-lo? Isto já aconteceu alguma vez na comunidade? Como superastes? 
Qual é a travessia que hoje estão fazendo as comunidades? De onde e para onde? Como nos ajuda tudo isto a reconhecer hoje a presença de Jesus nas ondas contrárias da vida?







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