sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Lectio Divina - 29/08/14


SEXTA-FEIRA -29/08/2014



PRIMEIRA LEITURA: 1Corintios 1,17-25


“Se queres viver, tens que morrer; se queres ter, tens que dar; se queres ser exaltado, tens que ser humilhado; se quer ser o primeiro, deves ser o último”, qualquer pessoa que ouvisse estas afirmações como o caminho para alcançar a felicidade, diria: “Esta pessoa esta louca, o que diz não tem sentido”. Esta é precisamente a “loucura da cruz”, é a loucura pregada por Cristo. Certamente o Evangelho, a Sabedoria de Deus, hoje mais do que nunca, neste mundo “científico e tecnológico”, não parece ter muito sentido. Em ambientes onde o mais importante não é ser, mas sim ter, onde o importante é o prático, ainda que nisso não exista muita caridade, onde o sofrimento é entendido como um castigo e não como um meio para santificar-nos e santificar nosso mundo, nossa vida e nosso testemunho, podem ser interpretados como uma verdadeira loucura. Os grandes seguidores de Jesus têm sido os grandes loucos: São Francisco de Assis, Santa Clara, Santo Inácio de Loyola, Santa Teresa de Ávila. Sim, esta é uma bendita loucura que leva o homem a experimentar a verdadeira e profunda felicidade; é o poder de Cristo que nos diz: “Eu venci o mundo e comigo vocês são mais que vencedores”. Deixe se transformar pelo amor de Cristo, mesmo que as pessoas te julguem como louco!



ORAÇÃO INICIAL 

Oh Deus, que unes os corações de teus fiéis em um mesmo desejo, inspira a teu povo o amor a teus preceitos e a esperança em tuas promessas, para que, no meio das vicissitudes do mundo, nossos corações estejam firmes na verdadeira alegria. Por Nosso Senhor...



REFLEXÃO

Marcos 6,17-29


Hoje lembramos o martírio de João Batista. O evangelho descreve como morreu João Batista, sem defesa, durante um banquete, vítima da prepotência e da corrupção de Herodes e de sua corte.
Marcos 6,17-20: A CAUSA DA PRISÃO E DO ASSASSINATO DE JOÃO. Herodes era um empregado do império romano. Quem mandava na Palestina, desde o ano 63 antes de Cristo, era César, o imperador de Roma. Herodes, para não ser deposto, procurava agradar Roma em tudo. Insistia, sobretudo, em uma administração eficiente que desse lucro ao Império e a ele próprio. A preocupação de Herodes, era sua própria promoção e segurança. Por isto, reprimia qualquer tipo de subversão. Ele gostava de ser chamado de “benfeitor do povo”, mas, na realidade era um tirano (cf. Lc 22,25). Flávio Josefo, um escritor daquela época, informa que o motivo da prisão de João Batista era o medo que Herodes tinha de uma revolta popular. A denuncia de João Batista contra a moral depravada de Herodes (Mc 6,18), foi a gota d’água que fez transbordar o vaso, e João foi levado à prisão.
Marcos 6,21-29: A TRAMA DO ASSASSINATO. Aniversário e banquete de festa, com danças e orgias. Era um ambiente em que os poderosos do reino se reunião e no qual se faziam as alianças. A festa contava com a presença “dos grandes da corte e das pessoas importantes da Galiléia”. Neste ambiente se trama o assunto de João Batista. João, o profeta, era uma denuncia viva desse sistema corrompido. Por isso foi eliminado sob o pretexto de um problema de vingança pessoal. Tudo isto revela a debilidade moral de Herodes. Tanto poder acumulado nas mãos de um homem sem controle de si. No entusiasmo da festa e do vinho, Herodes fez um juramento leviano à uma jovem bailarina. Supersticioso como era, pensava que tinha que manter o juramento. Para Herodes, a vida dos súditos não valia nada. Dispunha deles como da posição das cadeiras de sua sala. Marcos conta o fato tal e qual e deixa às comunidades e a nós a tarefa de tirar conclusões.
Nas entre linhas, o evangelho de hoje trás muitas informações sobre o tempo em que Jesus viveu e sobre a maneira em que era exercido o poder pelos poderosos da época. Galiléia, terra de Jesus, era governada por Herodes Antipas, filho do rei Herodes, o Grande, dede 4 antes de Cristo até 39 depois de Cristo. Ao todo 43 anos! Durante todo o tempo em que Jesus viveu não houve mudança no governo na Galiléia. Herodes era dono absoluto de tudo, não prestava conta a ninguém, fazia o que lhe passava pela cabeça. Prepotência, falta de ética, poder absoluto, sem controle por parte das pessoas!
Herodes construiu uma nova capital, chamada Tiberíades. “Sefforis”, a antiga capital, havia sido destruída pelos romanos em represália por uma revolta popular. Isto aconteceu quando Jesus tinha, talvez, sete anos. Tiberíades, a nova capital, foi inaugurada trezes anos mais tarde, quando Jesus tinha 20 anos. Era chamada assim para agradar Tibério, o imperador de Roma. Tiberíades era um lugar estranho na Galiléia. Ali viviam o rei, “os grandes, os generais e os magnatas da Galiléia” (Mc 6,21). Lá moravam os donos das terras, os soldados, os policiais, os juizes muitas vezes insensíveis (Lc 18,1-4). Para lá eram levados os impostos e o produto das pessoas. Era ali que Herodes fazia suas orgias de morte (Mc 6,21-29). Não consta nos evangelhos que Jesus houvesse entrado nesta cidade.
Ao longo daqueles 43 anos de governo de Herodes, criou-se toda uma classe de funcionários fiéis ao projeto do rei: escribas, comerciantes, donos de terras, fiscais do mercado, publicanos e arrecadadores de impostos, promotores, chefes locais. A maior parte deste pessoal morava na capital, gozando dos privilégios que Herodes oferecia, por exemplo, isenção de imposto. A outra parte vivia nas aldeias. Em cada aldeia ou cidade havia um grupo de pessoas que apoiavam o governo. Vários escribas e fariseus estavam ligados ao sistema e à política do governo. Nos evangelhos, os fariseus aparecem junto com os herodianos (Mc 3,6;8,15;12,13), o qual reflete a aliança que existia entre o poder religioso e o poder civil. A vida das pessoas nas aldeias da Galiléia era muito controlada, tanto pelo governo como pela religião. Era necessário ter muita coragem para começar algo novo, como fizeram João e Jesus. Era o mesmo que atrair sobre si a ira dos privilegiados, tanto do poder religioso como do poder civil, tanto a nível local ou estadual.




PARA REFLEXÃO PESSOAL

Conhece casos de pessoas que foram mortas vítimas da corrupção e da dominação dos poderosos? E aqui entre nós, em nossa comunidade e na Igreja, existem vítimas do desmando e do autoritarismo? Um exemplo?
Superstição, covardia e corrupção marcavam o exercício do poder de Herodes. Compare com o exercício do poder religioso e civil hoje nos vários níveis tanto da sociedade como da Igreja.



ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 71,1-2)
Hoje renunciarei a algo que goste especialmente, como símbolo de que nada existe de mais importante que meu Senhor Jesus, sinal de que posso renunciar e, que Ele é o mais importante para mim.





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