segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Lectio Divina - 08/10/12





SEGUNDA-FEIRA -08/10/2012



PRIMEIRA LEITURA: Gálatas 1,6-12

•    Paulo nesta carta busca resolver um dos problemas mais fortes pelos que passou a Igreja apostólica: os chamados “Judaizantes”, os quais procuram estabelecer um cristianismo baseado na prática ritualista da lei de Moisés. De maneira que a salvação não se recebia gratuitamente pela fé em Cristo, mas sim, pelo cumprimento das prescrições da lei estipuladas principalmente nos 820 cânones ou leis enumeradas no Pentateuco. Nesta carta, como iremos vendo, é muito iluminadora, pois, nosso problema hoje não é a aceitação ou rejeição das práticas judias em nossa fé, mas sim, a busca de um cristianismo cômodo e muito a nossa medida. Algumas das correntes filosóficas e teológicas que hoje se movem em nossas comunidades, empurram com muita força para um cristianismo como o dos Judaizantes: um cristianismo ritualista, sem compromissos sociais e sem radicalidade na vivência do Evangelho. Por isso, quem procura a vida do Evangelho, como a anunciaram os primeiros discípulos do Senhor, decidirá deixar bem claro, como Paulo, que não existe outro tipo de Evangelho e anunciar-lhes a radicalidade anunciada por Cristo. Por minha parte lhes digo: Se alguém lhes anuncia um Evangelho distinto, privado de compromisso, angélico e sem cruz, esse tal, não é os de Cristo.



ORAÇÃO INICIAL

• Deus todo poderoso e eterno, que com amor generoso inunda os valores e os desejos dos que te suplicam; derrama sobre nós tua misericórdia, para que livre nossa consciência toda inquietude e nos concedas ainda aquilo que não nos atrevemos a pedir. Por Nosso Senhor...



REFLEXÃO

Lucas 10,25-37

•    O evangelho de hoje nos apresenta a parábola do Bom Samaritano. Meditar uma parábola é o mesmo que aprofundar na vida, para descobrir nela os chamados de Deus. Ao descobrir a longa viagem de Jesus para Jerusalém (Lc 9,51 a 19,28), Lucas ajuda as comunidades a compreender melhor no que consiste a Boa Nova do Reino. Faz isto apresentando as pessoas que vêm falar com Jesus e lhe fazem perguntas. Eram perguntas reais da gente dos tempos de Jesus e eram também perguntas reais das comunidades do tempo de Lucas. Assim, no evangelho de hoje, um doutor da lei pergunta: “O que é que se deve fazer para ter como herança a vida eterna?”. A resposta, tanto do doutor como de Jesus, ajuda a compreender melhor o objetivo da Lei de Deus.
• Lucas 10,25-26: O QUE É QUE SE DEVE FAZER PARA TER COMO HERANÇA A VIDA ETERNA? Um doutor, conhecedor da lei, é que faz essa pergunta. O doutor pensa que tem alguma coisa para poder herdar a vida eterna. Ele quer garantir a herança por seu próprio esforço. Porém, uma herança não se merece. A herança nós a recebemos simplesmente por ser filho ou filha. “Assim, pois, já não é escravo, mas sim, filho, e tua é a herança por graças de Deus” (Gl 4,7). Como filhos e filhas não podemos fazer nada para merecer a herança. Podemos perdê-la!
• Lucas 10,27-28: A RESPOSTA DO DOUTOR. Jesus responde com uma nova pergunta: “O que é que está escrito na Lei?”. O doutor responde corretamente. Juntando duas frases da Lei, ele diz: “Amarás ao Senhor teu Deus com todo coração, com toda tua alma, com toda tuas forças e com toda tua mente; e a teu próximo como a ti mesmo”. A frase vem do Deuteronômio (Dt 6,5) e do Levítico (Lv 19,18). Jesus aprova a resposta e diz: “Faz isto e viverás!”. O importante, o principal, é amar a Deus!. Porém, Deus vem até mim, no próximo. O próximo é a revelação de Deus para comigo. Por isto, é preciso amar o próximo com todo meu coração, com toda minha alma, com toda minha força e com todo meu entendimento.
• Lucas 10,29: E QUEM É MEU PRÓXIMO? Querendo justificar-se, o doutor faz esta pergunta. Ele quer saber para ele: “Em que próximo Deus chega até mim?”. Isto é, qual é a pessoa humana próxima a mim que é revelação de Deus para mim? Para os judeus a expressão -“próximo”- era ligada ao clã (tribo). Aquele que não pertencia ao clã, não era próximo. Segundo o Deuteronômio, podiam explorar o “estrangeiro”, porém, não o próximo (Dt 15,1-3). A proximidade se baseava nos laços de raça e de sangue. Jesus tem outra forma de ver, que expressa na parábola do Bom Samaritano.
• Lucas 10,30-36: A PARÁBOLA. A)- Lucas 10,30: O ASSALTO PELO CAMINHO DE JERUSALÉM PARA JERICÓ. Entre Jerusalém e Jericó encontra-se o deserto de Judá, refúgio de rebeldes, marginalizados e assaltantes. Jesus conta um caso real, que deve haver ocorrido muitas vezes. “Descia um homem de Jerusalém a Jericó e caiu nas mãos de salteadores que, depois de despojá-lo e dar-lhe uma surra, se foram, deixando-o meio morto”. B)- Lucas 10,31-32: PASSA UM SACERDOTE, PASSA UM LEVITA. Casualmente, passa um sacerdote e, em seguida, um levita. São funcionários do Templo, da religião oficial. Os dois, viram o homem, porém, seguiram em frente. Por que não fizeram nada? Jesus não diz. Deixa que nós suponhamos ou nos identifiquemos. Devem ter ocorrido várias vezes, tanto no tempo de Jesus, como no tempo de Lucas. Hoje também acontece: uma pessoa de Igreja passa próximo de um homem sem prestar-lhe ajuda. Pode ser que o sacerdote e o levita tenham uma justificativa: “Não é meu próximo!”. Ou, “Ele é impuro e se o toco, eu também fico impuro!”. E hoje: “Se ajudo, perco a missa do domingo, e peco mortalmente!”. C)- Lucas 10,33-35: PASSA UM SAMARITANO. Em seguida, chega um samaritano que estava de viagem. Vê, é movido de compaixão, se aproxima, cuida das feridas, coloca-o sobre seu cavalo, leva-o a hospedaria, dá dinheiro ao dono da hospedaria para hospedá-lo dizendo: “Cuide dele e se gastares algo mais te pagarei na volta”. É a ação concreta e eficaz. É a ação progressiva: levar, ver, mover-se de compaixão, aproximar-se e sair para a ação. A parábola diz “um samaritano que estava de viagem”. Jesus também ia de viagem para Jerusalém. Jesus é o bom samaritano. As comunidades devem ser o bom samaritano.
• Lucas 10,36-37: QUEM DESTES TRÊS TE PARECE QUE FOI O PRÓXIMO DAQUELE QUE CAIU NAS MÃOS DOS SALTEADORES? Ele disse: “O que praticou a misericórdia com ele”. Disse-lhe Jesus: “Vá e faz o mesmo!”. No inicio o doutor havia perguntado: “Quem é meu próximo?”. Por trás da pergunta estava a preocupação consigo mesmo. Ele queria saber: “A quem Deus me manda amar, para que eu possa ter paz em minha consciência e dizer: Fiz tudo o que Deus me pede: Quem destes três te parece que foi próximo do que caiu nas mãos dos salteadores?”. A condição do próximo não depende da raça, do parentesco, da simpatia, da proximidade ou da religião. A humanidade não está dividida em próximo e não próximo. Para que saibas quem é teu próximo, isto depende que você chegue, veja, se mova de compaixão e te aproximes. Se você se aproxima, o outro será teu próximo! Depende de você e não do outro! Jesus inverte tudo e acaba com a segurança que a observância da lei poderia dar ao doutor.
• OS SAMARITANOS. A palavra, samaritano vem de Samaria, capital do reino de Israel no Norte. Depois da morte de Salomão, em 931 antes de Cristo, as dez tribos do Norte se separaram do reino de Judá no Sul e formaram um reino independente (1Rs 12,1-33). O Reino do Norte sobreviveu durante uns 200 anos. Em 722, seu território foi invadido pela Assíria. Grande parte de sua população foi deportada (2Rs 17,5-6) e pessoas de outros povos foram trazidas para a Samaria (2Rs 17,24). Houve uma mescla de raça e de religião (2Rs 17,25-33). Desta mescla nasceram os samaritanos. Os judeus do Sul desprezavam os samaritanos considerando-os infiéis e adoradores de falsos deuses (2Rs 17,34-41). Havia muitas idéias pré-concebidas contra os samaritanos. Eram mal vistos. Dizia-se que tinham uma doutrina equivocada e que não formavam parte do povo de Deus. Alguns chegavam até o ponto de dizer que ser samaritano era coisa do diabo (Jo 8,48). Muito provavelmente, a causa deste ódio não era só a raça e a religião. Era também um problema político e econômico, ligados com a posse da terra. Esta rivalidade perdurou até o tempo de Jesus. No entanto, Jesus os coloca como modelo para os demais.




PARA REFLEXÃO PESSOAL

•    O samaritano da parábola não pertencia ao povo judeu, porém, fazia o que Jesus pedia. Hoje acontece o mesmo? Conhece pessoas que não vão a Igreja, porém, vivem o que o evangelho pede? Quem é hoje sacerdote, o levita e o samaritano?
• O doutor pergunta: “Quem é meu próximo?”. Jesus pergunta: “Quem foi o próximo do homem assaltado?”. São duas perspectivas diferentes: o doutor pergunta para si. Jesus pergunta a partir das necessidades do outro. Qual é minha perspectiva?



ORAÇÃO FINAL

•    (Salmo 111,1-2)
• Hoje procurarei alguma pessoa que necessite consolo e ânimo e lhe falarei com simplicidade de minha fé.




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