terça-feira, 5 de novembro de 2013

Lectio Divina - 05/11/13


TERÇA-FEIRA -05/11/2013

PRIMEIRA LEITURA: Romanos 12,5-16

O texto hoje termina com uma série de exortações e recomendações do apóstolo para todos os cristãos, não só de Roma, mas do mundo inteiro. Quero hoje acentuar o tema de estimar mais aos outros que a si mesmo, pois, devemos reconhecer que este aspecto do Evangelho não é fácil de viver, pois, o egoísmo se revela sempre em nós e é difícil reconhecer que nossos companheiros de trabalho, de apostolado, nossos vizinhos, são melhores, ou ao menos mais que nós mesmos. Isto requer, sem sombra de dúvidas, a ação poderosa do Espírito. Aqui de novo a insistência de uma vida espiritual firme que permita ao Espírito Santo agir com todo seu poder em nós, sobretudo, nesta área, e na dos inimigos e dos que nos perseguem, pois, só Ele pode gerar em nós um amor tal que nos leve a amar a todos sem distinção. Todos estes conselhos de Paulo eram precisamente o que distinguia a comunidade cristã. Por isso, os demais ficavam admirados de que alguém pudesse amar aos demais sem importar se os perseguiam ou não. Na célebre carta a Diogneto, este disse como todos os pagãos estavam admirados “pelo teor da vida que levavam os discípulos de Cristo”. É tempo de que cada um de nós permita ao Espírito que, não só os dons dos que nos tem falado o apóstolo se manifestem, mas, que, além disso, se torne claro este aspecto da caridade. Sejamos um reflexo claro da caridade de Jesus Cristo.


ORAÇÃO INICIAL 

Senhor de poder e de misericórdia, que quer se fazer digno e agradável por favor teu a serviço de teus fiéis, concede-nos caminhar sem tropeços para os bens que nos prometes. Por Nosso Senhor...


REFLEXÃO

Lucas 14,15-24

O evangelho de hoje continua a reflexão ao redor de assuntos enlaçados com a comida e os convites. Jesus conta a parábola do banquete. Muita gente tem sido convidada, porém, a maioria é indiferente. O dono da feste se indigna vendo que os convidados não comparecem e manda chamar os pobres, os aleijados, os cegos, os coxos. Mas, continua havendo indiferença. Então o dono manda convidar todo mundo, até que a casa fique cheia. Esta parábola é uma luz para as comunidades do tempo de Lucas.

Nas comunidades do tempo de Lucas havia cristãos, vindos do judaísmo e cristãos vindos dos pagãos. Apesar das diferenças de raça, classe e gênero, eles tinham um grande ideal, baseado no compartilhar e na comunhão (At 2,42;4,32;5-12). Porém, havia muitas dificuldades, pois, os judeus tinham normas de pureza legal que lhes impediam comer com os pagãos. E até depois de haver entrado na comunidade cristã, alguns deles guardavam o antigo costume de não sentar-se com os pagãos ao redor da mesma mesa. Assim, Pedro teve conflitos na comunidade de Jerusalém, por haver entrado na casa de Cornélio, um pagão e haver ceado com ele (At 11,3). Diante desta problemática das comunidades, Lucas guarda uma série de palavras de Jesus a respeito da comunhão ao redor da mesa (Lc 14,1-24). A parábola que aqui meditamos é um retrato do que estava acontecendo nas comunidades.

Lucas 14,15: Feliz o que pode comer no Reino de Deus. Jesus havia terminado de contar duas parábolas: uma sobre a escolha de lugares (Lc 14,7-11), e a outra sobre a escolha dos convidados (Lc 14,12-14). Ao ouvir estas parábolas. Alguém que estava na mesa com Jesus deve ter percebido o alcance do ensinamento de Jesus e diz: “Feliz o que pode comer no Reino de Deus!”. Os judeus comparavam o tempo futuro do Messias a um banquete, marcado pela fartura, pela gratidão e a comunhão (Is 25,6;55,1-2; Sl 22,27). A fome, a pobreza e a carestia faziam com que o povo tivesse esperança de cara no futuro. A esperança dos bens messiânicos, comumente experimentada nos banquetes, se projetava para o final dos tempos. 

Lucas 14,16-20: O grande banquete está pronto. Jesus responde com uma palavra: “Um homem deu uma grande ceia e convidou a muitos”. Porém, os deveres de cada um impedem aos convidados que aceitem o convite. O primeiro diz: “Comprei um campo. Tenho que ir vê-lo!”. O segundo diz: “Comprei cinco juntas de bois e vou prová-las!”. O terceiro diz: “Me casei. Não posso ir”. Dentro das normas e dos costumes da época, aquelas pessoas tinham direito a não aceitar o convite (cf. Dt 20,5-7).

Lucas 14,21-22: O banquete permanece de pé. O dono da festa fica indignado com as desculpas. No fundo, quem se indigna é o próprio Jesus, pois, as normas de estrita observância da lei reduziam o espaço para que as pessoas pudessem viver gratuitamente um banquete amigo que buscava fraternidade e partilha. Ali, o dono da festa manda os empregados que convidem os pobres, os cegos, os coxos, os aleijados. Os que, normalmente, eram excluídos como impuros, agora são convidados a sentar-se em torno da mesa do banquete.

Lucas 14,23-24: Entretanto existe indiferença. A sala não ficou cheia. Então, o dono da casa manda convidar os que andam pelos caminhos. São os pagãos. Eles também são convidados a sentar-se em torno da mesa. Assim, no banquete da parábola de Jesus, sentam juntos na mesma mesa, judeus e pagãos. No tempo de Lucas havia muitos problemas que impediam a realização deste ideal da mesa comum. Por meio da parábola, Lucas mostra que a prática da comunhão da mesa vinha do próprio Jesus. Depois da destruição de Jerusalém, no ano 70, os fariseus assumiram a liderança nas sinagogas, exigindo o cumprimento rígido das normas que os identificava como povo judeu. Os judeus que se convertiam ao cristianismo eram considerados como uma ameaça, pois, derrubavam os muros que separavam Israel dos demais povos. Os fariseus procuravam obrigá-los a abandonar a fé em Jesus. Tudo isto produzia uma lenta e paulatina separação entre judeus e cristãos, e era fonte de muito sofrimento, sobretudo, para os judeus convertidos (Rm 9,1-5). Na parábola, Lucas deixa bem claro que estes judeus convertidos não são infiéis à seu povo. É o contrário! São os convidados que aceitaram ir ao banquete. São os verdadeiros continuadores de Israel. Infiéis foram aqueles que não aceitaram o convite e não quiseram reconhecer em Jesus o Messias (Lc 22,66; At 13,27).


PARA REFLEXÃO PESSOAL

Quais são as pessoas que geralmente são convidadas e quais não são convidadas para nossas festas?
Quais são os motivos que limitam hoje a participação das pessoas na sociedade e na Igreja? Quais são os motivos que alguns alegam para excluir-se da comunidade? São motivos justos?


ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 111,3-4)
Convencido de que o amor maior que alguém pode ter é dar sua vida por seus amigos, revisarei o quanto de tempo reservo a meus amigos, companheiros e familiares, em ajudá-los a resolver seus problemas ouvindo-os e dando-lhes um bom conselho.




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