terça-feira, 19 de novembro de 2013

Lectio Divina - 19/11/13

TERÇA-FEIRA -19/11/2013

PRIMEIRA LEITURA: 2Macabeus 6,18-31

Um dos valores mais altos que se podem encontrar em uma pessoa é a fidelidade, e a leitura de hoje nos faz referencia precisamente a este valor.Em um mundo arrastado pelo consumismo, a fidelidade vai perdendo significado, quando através dos meios de comunicação nos vão convencendo que os novos produtos são melhores que os que nós usamos. De maneira que é fácil mudar de um para o outro, simplesmente por comodidade, ou, por querer estar na onda da “moda”. Isto desafortunadamente passa também no âmbito moral. Esta é, talvez, uma das razões de tantos divórcios. É triste que muitos casais mudam sua maneira de pensar, não pelo que poderíamos chamar incompatibilidade ou por situações do tipo psicológico, mas sim, simplesmente por mudar para “uma nova coisa”, mais jovem, mais atrativa, mas... Esquecendo-se com facilidade da promessa de fidelidade dada um ao outro e tendo como testemunho o próprio Deus. Passa também em nossa vida espiritual, na qual vamos procurando uma religião mais cômoda e vamos assim deixando a radicalidade do Evangelho para, de acordo com a moda, apresentarmo-nos como “cristãos” modernos. O exemplo de Eleazar nos convida a reconsiderar nossa fidelidade a nossos compromissos de estado, mas, sobretudo, nossos compromissos batismais. Reserve um pouco de tempo hoje para revisar se tua fidelidade a Deus e a teus princípios é tal que estaria inclusive disposto a dar a vida por eles.


ORAÇÃO INICIAL 

Senhor nosso Deus, concede-nos viver sempre alegres em teu serviço, porque em servir-te, criador de todo o bem, consiste o gozo pleno e verdadeiro. Por Nosso Senhor...


REFLEXÃO

Lucas 19,1-10

No evangelho de hoje, estamos chegando ao final da longa caminhada que começou no capítulo 9 (Lc 9,51). Durante essa caminhada, não se sabia bem por onde ia Jesus. A única coisa que se sabia era que ia para Jerusalém. Agora, no final, a geografia fica clara e definida. Jesus vai a Jericó, a cidade das palmeiras, no vale do Jordão. Última parada dos peregrinos, antes de subir para Jerusalém. Ali em Jericó terminou a longa caminhada do êxodo 40 anos pelo deserto. O êxodo de Jesus também está terminando. Ao entrar em Jericó, Jesus encontra um cego que queria vê-lo (Lc 18,35-43). Agora, ao sair da cidade, encontra Zaqueu, um publicano, que também quer vê-lo. Um cego e um publicano. Os dois eram excluídos. Os dois molestavam as pessoas: o cego com seus gritos, o publicano com seus impostos. Os dois são acolhidos por Jesus, cada qual à sua maneira. 

Lucas 19,1-2: A SITUAÇÃO. Jesus entra em Jericó e atravessa a cidade. “Havia um homem chamado Zaqueu, muito rico, chefe dos publicanos”. Publicano era a pessoa que cobrava o imposto público sobre a circulação de mercadorias. Zaqueu era o chefe dos publicanos da cidade. Sujeito rico e muito ligado ao sistema de dominação dos romanos. Os judeus mais religiosos argumentavam assim: “O rei de nosso povo é Deus. Por isto, a dominação romana sobre nós é contra Deus. Quem colabora com os romanos peca contra Deus!”. Assim, os soldados que serviam no exército romano e os cobradores de impostos, como Zaqueu, eram excluídos e considerados como pecadores e impuros.

Lucas 19,3-4: A ATITUDE DE ZAQUEU. Zaqueu quer ver Jesus. Sendo pequeno, corre adiante, sobe em uma árvore, e espera para ver Jesus passar. Tem enorme vontade de ver Jesus! Anteriormente, na parábola do pobre Lázaro e do homem rico, sem nome, (Lc 16,19-31), Jesus mostrava a dificuldade para que um rico se converta e abra a porta de separação para acolher o pobre Lázaro. Aqui aparece o caso de um rico que não se fecha em sua riqueza. Zaqueu quer algo mais. Quando um adulto, pessoa de peso na cidade, sobe em uma árvore é porque não está de acordo com a opinião dos demais. Algo mais importante o move por dentro. Está querendo abrir a porta ao pobre Lázaro.

Lucas 19,5-7: A ATITUDE DE JESUS, REAÇÃO DO POVO E DE ZAQUEU. Ao chegar próximo e vendo Zaqueu sobre uma árvore, Jesus não pergunta nem exige nada. Apenas responde ao desejo do homem e diz: “Zaqueu, desce! Porque convêm que hoje eu fique em tua casa”. Zaqueu desce e recebe Jesus em sua casa, com muita alegria. Todos murmuravam: “Foi hospedar-se na casa de um homem pecador!”. Lucas diz que todos murmuravam! Isto significa que Jesus estava ficando só em sua atitude de acolher aos excluídos, sobretudo, aos colaboradores do sistema. Porém, Jesus não se importava com as críticas. Vai a casa de Zaqueu e o defende contra as críticas. Em vez de pecador, chama-lhe de “filho de Abraão” (Lc 19,9).

Lucas 19,8: DECISÃO DE ZAQUEU. “Darei, Senhor, a metade de meus bens aos pobres; e se em algo defraudei alguém, lhe devolverei quatro vezes mais”. Esta é a conversão em Zaqueu pela acolhida por parte de Jesus. Devolver quatro vezes o que a lei mandava em alguns casos (Ex 21,37;22-3). Dar a metade dos bens aos pobres era uma novidade que produzia o contato com Jesus. Era o compartilhar que tinha lugar de fato.

Lucas 19,9-10: A PALAVRA FINAL DE JESUS. “Hoje chegou a salvação a esta casa, porque também este é filho de Abraão”. A interpretação da Lei pela Tradição antiga excluía os publicanos da raça de Abraão. Jesus diz que veio buscar e salvar o que estava perdido. O Reino é para todos. Ninguém podia ser excluído. A opção de Jesus é clara, seu chamado também: não é possível ser amigo de Jesus e continuar apoiando o sistema que marginaliza e exclui tanta gente. Ao denunciar as divisões injustas, Jesus abre espaço para uma nova convivência, regida pelos novos valores da verdade, da justiça e do amor.

FILHO DE ABRAÃO: “Hoje chegou a salvação nesta casa, porque também este é filho de Abraão!”. Através da descendência de Abraão, todas as nações da terra serão benditas (Gn 12,3;22-18). Para as comunidades de Lucas, formadas pelos cristãos de origem judaica como os de origem pagã, a afirmação de Jesus chamando Zaqueu “filho de Abraão” era muito importante. Nela encontravam a confirmação de que, em Jesus, Deus estava cumprindo as promessas feitas a Abraão, dirigidas a todas as nações, tanto os judeus como os gentios. Estes também são filhos de Abraão e herdeiros das promessas. Jesus acolhe aos que não eram acolhidos. Oferece um “lugar” aos que não têm. Recebe como irmão e irmã as pessoas que a religião e o governo excluíam e etiquetavam como:

-imorais: prostitutas e pecadores (Mt 21,31-32; Mc 2,15; Lc 7,37-50; Jo 8,2-11),
-hereges: pagãos e samaritanos (Lc 7,2-10; 17,16; Mc 7,24-30; Jn 4,7-42),
-impuros: leprosos e possuídos (Mt 8,2-4; Lc 17,12-14; Mc 1,25-26),
-marginalizados: mulheres, crianças e enfermos (Mc 1,32; Mt 8,16;19,13-15; Lc 8,2-3),
-lutadores: publicanos e soldados (Lc 18,9-14;19,1-10), 
-pobres: pessoas da terra e os pobres sem posses (Mt 5,3; Lc 6,20; Mt 11,25-26).


PARA REFLEXÃO PESSOAL

Nossa comunidade, como acolhe as pessoas desprezadas e marginalizadas? Somos capazes de perceber os problemas das pessoas e de prestar-lhes atenção, como fez Jesus?


Como percebemos que a salvação entra hoje em nossa casa e em nossa comunidade? A ternura acolhedora de Jesus produz uma mudança total na vida de Zaqueu. A ternura acolhedora de nossa comunidade está provocando alguma mudança no bairro? Qual?


ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 119,10-11)
Hoje aceitarei com alegria minha cruz deste dia, suportarei sem desanimar-me qualquer adversidade que me apresentar.







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