sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Lectio Divina - 15/11/13


SEXTA-FEIRA -15/11/2013




PRIMEIRA LEITURA: Sabedoria 13,1-9


Esta passagem é um claro convite para redescobrir Deus em toda criação. Em nosso mundo sempre agitado é necessário, de vem em quando, parar nossa correria e tirarmos um momento para contemplar a maravilha que Deus criou, e nela descobrir sua presença e seu amor. Que bom seria que cada semana (por não dizer cada dia), deixássemos nossa atenção e urgências para dizer, extasiados como Santo Inácio de Loyola, que passeando certo dia pelo jardim se deteve diante de uma flor e ficou a contemplá-la longamente, até que finalmente, batendo delicadamente com seu bastão lhe disse: “Pare de gritar que Deus me ama”. Que bom seria que de quando em quando nós pudéssemos parar diante de uma janela e com o Salmo 8 em nossos lábios dizer ao Senhor: “O que é o homem para que te lembres dele, quem sou eu para que me tenhas presenteado com esta beleza? Deixe-se cativar pela beleza da criação e procure encontrar nela a delicadeza de Deus, que pensou nela com o único fim de encher tua vida de alegria, de cor e de amor. Cada uma dessas coisas que Deus criou, são uma mostra de seu infinito amor por ti.


ORAÇÃO INICIAL 

Deus onipotente e misericordioso afaste de nós todos os males, para que, bem disposto nosso corpo e nosso espírito, possamos livremente cumprir tua vontade. Por Nosso Senhor...



REFLEXÃO

Lucas 17,26-37


O evangelho de hoje continua a reflexão sobre a chegada do fim dos tempos e traz palavras de Jesus de como preparar a chegada do Reino. Era um assunto quente, que naquele tempo, causava muita discussão. Quem determina a hora da chegada do fim é Deus. Porém, o tempo de Deus (kayrós) não se mede pelo tempo de nosso relógio (chronos). Para Deus, um dia pode ser igual a mil anos, e mil anos pode ser igual a um dia (Sl 90,4;2Pd 3,8). O tempo de Deus corre de forma invisível dentro de nosso tempo, porém, é independente de nós e de nosso tempo. Nós não podemos interferir no tempo, mas, devemos estar preparados para o momento em que a hora de Deus se fizer presente em nosso tempo. Pode ser hoje, pode ser daqui a mil anos. O que da segurança, não é saber a hora do fim do mundo, mas, a certeza da presença da Palavra de Jesus presente na vida. O mundo passará, porém sua palavra não passará jamais (Cf. Is 40,7-8).

Lucas 187,26-29: Como nos dias de Noé e de Lot. A vida corre normalmente: comer, beber, casar-se, comprar, vender, plantar, construir. A rotina pode envolver-nos de tal forma que não conseguimos pensar em outra coisa, em nada mais. E o consumismo do sistema neoliberal contribui para aumentar em muitos de nós esta total desatenção e a dimensão mais profunda da vida. Deixamos entrar a traça na viga da fé que sustenta o telhado de nossa vida. Quando a tormenta derruba a casa, muitos colocam a culpa no carpinteiro: “Serviço mal feito!”. Na realidade, a causa da queda foi nossa prolongada desatenção. A alusão à destruição de Sodoma como figura do que vai acontecer no final dos tempos, é uma alusão à destruição de Jerusalém por parte do romanos no ano 70 dC (cf.Mc 13,14). 

Lucas 17,30-32: Assim será nos dias do Filho do Homem. “Assim acontecerá no Dia em o Filho do Homem se manifestar”. Para nós é difícil imaginar o sofrimento e o trauma que a destruição de Jerusalém causou nas comunidades, tanto dos judeus como dos cristãos. Para ajudá-las a entender e a enfrentar o sofrimento, Jesus usa comparações tiradas da vida: “Aquele Dia, o que está no terraço e tenha seus utensílios em casa, não desça para recolhê-los; e, de igual modo, o eu está no campo, não volte atrás”. A destruição virá com tal rapidez que não vale a pena descer da casa para buscar algo dentro (Mc 13,15-16). “Lembrem-se da mulher de Lot” (cf. Gn 19,26), isto é, não olheis para trás, não percais tempo, tomai a decisão de ir adiante: é questão de vida ou de morte.

Lucas 17,33: Perder a vida para ganhar a vida. “Quem tentar guardar a vida, a perderá; e quem a perder a conservará”. Só se sente realizada a pessoa que é capaz de dar-se inteiramente aos demais. Perde a vida a que a conservar só para si. Este conselho de Jesus é a confirmação da mais profunda experiência humana: a fonte da vida está na entrega da vida. Dando, se recebe. “Em verdade vos digo: o grão de trigo não cai na terra e morre, fica só. Mas, se morre, dá muito fruto” (Jo 12,24). O importante é a motivação que acrescenta o evangelho de marcos: “Por mim e pelo Evangelho” (Mc 8,35). Ao dizer que ninguém é capaz de conservar sua vida com seu próprio esforço, Jesus lembra o salmo onde se diz que ninguém é capaz de pagar o preço do resgate da vida: “Ninguém pode resgatar o homem da morte, ninguém pode dar a Deus seu resgate; pois, muito caro é o preço do resgate da vida, e terá de renunciar para sempre continuar vivendo indefinidamente sem ver a cova”. (Sl 49,8-10).

Lucas 17,34-36: Vigilância. “Eu vos digo: naquela noite estarão dois no mesmo leito: um será tomado e o outro será deixado; haverá duas mulheres moendo juntas: uma será tomada a outra será deixada”. Lembra a parábola das dez virgens. Cinco serão prudentes e cinco néscias (Mt 25,1-11). O que importa é estar preparado/a. As palavras: “Uma será tomada e a outra será deixada”, lembram as palavras de Paulo aos Tessalonicences (1Ts 4,13-17), quando diz que na vinda do Filho seremos arrebatados ao céu junto com Jesus. Estas palavras “deixados para trás” proporcionam o título de uma terrível e perigosa novela de extrema direita fundamentalista dos Estados Unidos: “Left behind!” (Deixados para trás). Esta novela não tem nada a ver com o sentido real das palavras de Jesus.

Lucas 17,37: Onde e quando? “Os discípulos perguntaram: Senhor, onde ocorrerá isto?”. Jesus respondeu: “Onde esteja o corpo, ali também se reunirão os abutres”. Resposta enigmática. Alguns pensam que Jesus lembra a profecia de Ezequiel, retomada no Apocalipse, na qual o profeta se refere a batalha vitoriosa final contra os poderes do mal. As aves de rapina os abutres serão convidadas para comer a carne dos cadáveres (Ez 39,4.17-20; Ap 19,17-18). Outros pensam que se trata do vale de Josafá, onde terá lugar o juízo final segundo a profecia de Joel (Jl 4,2.12). Outros pensam que se trata simplesmente de um provérbio popular que significava mais ou menos o mesmo que diz nosso provérbio: “Quando o rio soa, água leva!”.


PARA REFLEXÃO PESSOAL

Sou do tempo de Noé e de Lot? 
Novela de extrema direita. Como me situo diante desta manipulação política da fé em Jesus?



ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 119,1-2)
Deixarei de renegar pelo clima, e em troca darei graças pela chuva ou pelo sol, pelo frio ou pelo calor; porque são sinais da grandeza de Deus.





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