segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Lectio Divina - 15/09/14



SEGUNDA-FEIRA -15/09/2014



PRIMEIRA LEITURA: Hebreus 5,7-9



O versículo 7 há muito tempo é foco de interesse. Tradicionalmente tem sido considerada referência à oração de Jesus no Getsêmani, conforme relatado em Mc 14,32-42 e paralelos. Mais dois fatores fazem hesitar em entendê-lo dessa maneira: do ponto de vista da linguagem, o versículo não tem nada em comum com a história do Gstsêmani, e também essa seria a única referência em Hebreus a uma passagem evangélica especifica. A alternativa é supor que o versículo é uma descrição do herói judaico típico, tal como Abraão ou Moisés, que reza efusivamente a Deus. A linguagem usada tem notáveis paralelos na descrição que Filon faz de tais pessoas. Se há alguma referência à narrativa evangélica, é referência muito indireta.



ORAÇÃO INICIAL 

Oh Deus, criador e dono de todas as coisas, olhe-nos, e, para que sintamos o efeito de teu amor, concede-nos servir-te de todo coração. Por Nosso Senhor…



REFLEXÃO

João 19,25-27

Hoje é comemorado o dia de Nossa Senhora das Dores, o evangelho do dia relata o momento em que Maria, a mãe de Jesus, e o discípulo amado se encontram no calvário diante da Cruz. A Mãe de Jesus aparece duas vezes no evangelho de João: no começo, nas bodas de Caná (Jo 2,1-5), e no final, aos pés da Cruz (Jo 19,25-27). Estes dois episódios, exclusivos do evangelho de João, têm um valor simbólico muito profundo. O evangelho de João, comparado com os outros três evangelhos é como uma radiografia, enquanto, os outros três são como uma fotografia. A radiografia ajuda a descobrir nos acontecimentos dimensões que o olhar comum não consegue perceber. O evangelho de João, além de descrever os fatos, revela a dimensão simbólica que neles existem. Assim, nos dois casos, em Caná e na Cruz, a Mãe de Jesus representa simbolicamente o Antigo Testamento que aguarda a chegada do Novo Testamento e, nos dois casos, contribui na chegada do Novo. Maria aparece como o elo entre o que havia antes e o que virá depois. Em Caná, simboliza o AT, percebe os limites do Antigo e toma a iniciativa para que o Novo possa chegar. Vai e fala ao Filho: “Não têm vinho!” (Jo 2,3), E no Calvário? Vejamos:
João 19,25: AS MULHERES E O DISCÍPULO AMADO JUNTO DA CRUZ. Assim diz o Evangelho: “A mãe de Jesus, a irmã de sua mãe, Maria de Cleófas, e Maria Madalena estavam junto da cruz”. A “fotografia” mostra a mãe junto com o filho, de pé. Mulher forte, que não se deixa abater. Ela é uma presença silenciosa que apóia o filho em sua entrega até a morte, e a morte de cruz (Fl 2,8). Além disto, a “radiografia” da fé mostra como se realiza o momento do AT e NT. Como em Caná, a Mãe de Jesus representa o AT. O Discípulo Amado representa o NT, a comunidade que cresceu ao redor de Jesus. É o filho que nasceu do AT, a nova humanidade que se forma a partir da vivência do Evangelho do Reino. Ao final do primeiro século, alguns cristãos pensavam que o AT, já não era necessário. De fato, no começo segundo século, Marcião rejeitou todo o AT e ficou somente com uma parte do NT. Por isso, muitos queriam saber qual era a vontade de Jesus a esse respeito. 
João 19,26-28: O TESTAMENTO OU VONTADE DE JESUS. As palavras de Jesus são significativas. Vendo sua mãe e ao lado dela, o discípulo que Ele amava, disse a sua mãe: “Mulher, eis ai teu filho!”. Depois disse ao discípulo: “Eis ai tua Mãe!”. O Antigo e o Novo Testamento devem caminhar juntos. O pedido de Jesus, o discípulo amado, o filho, o NT, recebem a Mãe, o AT em sua casa. Na casa do Discípulo Amado, na comunidade cristã, descobre-se o sentido pleno do AT. O Novo não se entende sem o Antigo, nem o Antigo é completo sem o Novo. Santo Agostinho dizia: “O Novo está escondido no Antigo, o Antigo deságua no Novo”. O Novo sem o Antigo seria um edifício sem fundamentos. E o Antigo sem o Novo seria uma árvore frutífera que não dá frutos.
MARIA NO NOVO TESTAMENTO. Fala-se muito pouco de Maria no NT, e ela mesmo fala menos ainda. Maria é a Mãe do Silêncio. A Bíblia conserva apenas sete palavras de Maria. Cada uma destas sete palavras é como uma janela que permite olhar para dentro da casa de Maria para descobrir como ela se relacionava com Deus. A chave para entender tudo isto Lucas nos dá nesta frase: “Felizes os que ouvem a Palavra de Deus e a colocam em prática” (Lc 11,27-28).
1ª PALAVRA:- “Como pode acontecer isto se não conheço homem?”. (Lc 1,34)
2ª PALAVRA:- “Eis aqui a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra”.(Lc 1,38)
3ª PALAVRA:- “Engrandece minha alma o Senhor, se alegra meu espírito em Deus meu Salvador”. (Lc 1,46-55)
4ª PALAVRA:- “ Meu Filho, por que nos fez isto? Teu pai e eu, angustiados, te procuramos” (Lc 2,48)
5ª PALAVRA:- “Não tem vinho!” (Jo 2,3)
6ª PALAVRA:- “Fazei tudo o que Ele vos disser!” (Jo 2,5)
7ª PALAVRA:- “O silêncio aos pés da Cruz, mais eloqüente que mil palavras”. (Jo 19,25-27)




PARA REFLEXÃO PESSOAL

Maria aos pés da Cruz. Mulher forte e silenciosa. Como é minha devoção a Maria, a mãe de Jesus?
Na “Pietá” de Michelangelo, Maria aparece bem jovem, mais jovem que seu Filho crucificado, quando já teria no mínimo ao redor de 50 anos. Ao perguntar ao escultor porque havia esculpido o rosto de Maria tão jovem, Michelangelo replicou: “As pessoas apaixonadas por Deus, não envelhecem nunca!”. Apaixonada por Deus! Existe em mim esta paixão?



ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 31,20)
Hoje vigiarei minha maneira de falar e de dirigir-me aos demais e verei se há algo que não seja digna conduta do filho do Grande Rei, e sacá-lo-ei de minha vida para sempre. 



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