segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Lectio Divina - 26/11/12





SEGUNDA-FEIRA -26/11/2012

PRIMEIRA LEITURA: Apocalipses 14,1-3.4-5

• Esta passagem geralmente é usada pelos Testemunhos de Jeová para atemorizar os cristãos fazendo-os acreditar que se convertendo à sua religião tomarão parte destes 144.000 “redimidos”, já que do contrário, perecerão no inferno, ou não entrarão no céu, não viverão na terra, a qual depois da hecatombe final será transformada em um “paraíso”. Como já havíamos dito, o Apocalipses é um livro simbólico que se vale dos números para comunicar sua mensagem. O número 144.000 aparece 3 vezes citado por João (7,4;14,1.3) e é um número simbólico formado pela multiplicação de 12 x 12 x 1000. O primeiro número indica o povo do AT; o segundo o povo do NT; e o terceiro número 1000 indica totalidade (cf.Sl 90,4; 2Pe 3,8). De maneira que os salvos, isto é, quem canta o cântico do Cordeiro é o povo de Deus, tanto do NT como do AT. Esta visão se refere ao povo de Deus em sua totalidade, como se pode apreciar no Ap 7,9-10 onde a MULTIDÃO INCONTÁVEL, louvava o Cordeiro. De tudo isto, uma coisa é certa: Jesus, o Cordeiro de Deus, morreu por nós e nos tem preparado um lugar onde Ele está (cf. Jo 14,2-3), entretanto, poderia dizer que, nossa vida é inatacável, como nos propõe a leitura de hoje?




ORAÇÃO INICIAL

•    Mova Senhor, os corações de teus filhos, para que, correspondendo generosamente a tua graça, recebam com maior abundância a ajuda de tua bondade. Por Nosso Senhor...



REFLEXÃO

Lucas 21,1-4

• No evangelho de hoje, Jesus elogia uma viúva pobre que sabe compartilhar melhor que os ricos. Muitos pobres de hoje fazem o mesmo. As pessoas dizem: “O pobre não deixa o pobre morrer de fome”. Mas, às vezes, nem isto é possível! Dona Cícera que vivia no interior da Paraíba, foi viver na cidade e dizia: No campo, a gente era pobre, porém, sempre havia uma coisinha para dividir com o pobre que chamava à porta. Agora que estou aqui, na cidade, quando vejo um pobre que chama à porta, me escondo de vergonha porque não tenho nada em cada para dar-lhe! De um lado: gente rica que tem tudo, mas que não quer compartilhar. Por outro lado: gente pobre que não tem quase nada, mas, que quer compartilhar o pouco que tem.
• No começo da Igreja, as primeiras comunidades cristãs, eram de gente pobre (1Cor 1,26). Pouco a pouco foram entrando também pessoas mais ricas, que trouxeram consigo vários problemas. As tensões sociais, que marcavam o império romano, começam a marcar também a vida das comunidades. Isto se manifestava, por exemplo, quando se reuniam para celebrar a ceia (1Cor 11,20-22), ou, quando tinham reuniões (Tg 2,1-4). Por isto, o ensinamento do gesto da viúva era muito atual, tanto para eles, como é para nós hoje.
• Lucas 21,1-2: A ESMOLA DA VIÚVA. Jesus estava diante da arca do Templo e observava como as pessoas iam deixando sua esmola. Os pobres deixavam poucos centavos, os ricos, moedas de grande valor. Os cofres do Tempo recebiam muito dinheiro. Todos deixavam algo para a manutenção do culto, para o sustento do clero e a conservação do edifício. Parte deste dinheiro era usado para ajudar aos pobres, pois, naquele tempo não havia securidade social. Os pobres viviam da caridade pública. As pessoas mais necessitadas eram os órfãos e as viúvas. Dependiam em tudo da caridade dos demais, mas, mesmo assim, tratavam de compartilhar com os outros o pouco que possuíam. Assim, uma viúva bem pobre, coloca sua esmola na arca do Templo. Nada mais que dois centavos!
• Lucas 21,3-4: O COMENTÁRIO DE JESUS. O que é que vale mais: os poucos centavos da viúva ou as muitas moedas dos ricos? Para a maioria, as medas dos ricos eram muito mais úteis para fazer a caridade que os poucos centavos da viúva. Os discípulos, por exemplo, pensavam que o problema das pessoas podiam se resolver só com muito dinheiro. Quando da multiplicação dos pães, eles haviam sugerido comprar pão para dar de comer as pessoas (Lc 9,13; Mc 6,37). Felipe chegou a dizer: “Duzentos denários de pão não bastam para que cada um receba um pedacinho!” (Jo 6,7). De fato, para aquele que pensa dessa maneira, os dois centavos da viúva não servem para nada. Mas, Jesus disse: “Em verdade vos digo que essa viúva pobre deixou mais que todos”. Jesus tem critérios diferentes. Ao chamar a atenção dos discípulos para o gesto da viúva, ensina à eles e à nós onde devemos procurar ver a manifestação da vontade de Deus, a saber, nos pobres e no compartilhar. E um critério muito importante é o seguinte: “Porque todos estes tem deixado como donativo o que lhes sobra, a viúva deixou tudo o que tinha para sobreviver”.
• ESMOLA, PARTILHA, RIQUEZA. A prática de dar esmolas era muito importante para os judeus. Era considerada uma “boa obra”, pois a lei do Antigo Testamento dizia: “Nunca deixará de haver pobres na terra; por isto, te dou este mandamento: abrirás tua mão a teu irmão, ao necessitado e ao pobre de sua terra” (Dt 15,11). As esmolas, colocadas na arca do Templo, seja para o culto, seja para os necessitados, os órfãos ou as viúvas, eram consideradas como uma ação agradável a Deus (Eclo 35,2; conf. Eclo 17,17;29,12;40,24). Dar esmolas era uma maneira de reconhecer que todos os bens e dons pertencem a Deus e que nós não somos apenas administradores desses dons. Porém, a tendência a acumulação continua muito forte. Cada vez mais renasce de novo no coração humano. A conversão sempre é necessária. Por isso Jesus disse ao jovem rico: “Vai, vende tudo o que tens e dá aos pobres” (Mc 10,21). A mesma exigência repete-se nos outros evangelhos: “Vende vossos bens e dá-los em esmola: fazei bolsas que não se gastam, um tesouro inesgotável nos céus, onde nem o ladrão chega nem a traça pode roer” (Lc 12,33-34; Mt 6,9-20). A prática do compartilhar e da solidariedade é uma das características que o Espírito de Jesus quer realizar nas comunidades. O resultado da efusão do Espírito no dia de Pentecostes foi este: “Não havia entre eles indigentes, pois, todos que eram donos de fazendas ou casas as vendiam e levavam o dinheiro e o depositavam aos pés dos apóstolos” (At 4,34-35, 2,44-45). Estas esmolas colocadas aos pés dos apóstolos não se acumulavam, mas sim, eram repartidas a cada um conforme suas necessidades (At 4,35;2,45). A entrada dos ricos nas comunidades cristãs possibilitou, por um lado, uma expansão do cristianismo, ao oferecer melhores condições para as viagens missionárias. Por outro lado, a tendência a acumulação bloqueava o movimento da solidariedade e do compartilhar. Tiago ajudava as pessoas a tomarem consciência do caminho equivocado: “E vós ricos, chorarão aos gritos pelas desventuras que estão para vos sobrevir. A vossa riqueza apodreceu e as vossas vestes estão carcomidas pelas traças. O vosso ouro e a vossa prata estão enferrujados e a sua ferrugem testemunhará contra vós e devorara as vossas carnes” (Tg 5,1-3). Para aprender o caminho do Reino, todos devemos ser alunos daquela pobre viúva, que compartilhou com os demais até o necessário para viver (Lc 21,4).




PARA REFLEXÃO PESSOAL

•    Quais são as dificuldades e as alegrias que tem encontrado em tua vida para praticar a solidariedade e compartilhar com os outros?
• Como é que os dois centavos da viúva podem valer mais que as muitas moedas dos ricos? Qual é a mensagem deste texto para nós, hoje?





ORAÇÃO FINAL

• (SALMO 100,3)
• Hoje vou revisar que as tantas vezes que deixei a língua solta na boca e deixo que minta, e em que aspectos de minha vida Deus pode reprovar-me algo. Pedirei perdão e emendarei minha conduta.




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