quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Lectio Divina - 27/02/14

QUINTA-FEIRA -27/02/2014


PRIMEIRA LEITURA: Tiago 5,1-6


Esta é uma das passagens mais dura que encontramos na Sagrada Escritura sobre a justiça, especialmente dos que têm a seu cargo a distribuição das riquezas. Isto nos deve parecer estranho se considerarmos que Jesus, dedicou muitos de seus ensinamentos falando sobre o dinheiro. Isto é porque o dinheiro sempre compete com Ele. Em certa ocasião dizia Jesus: “Não podem servir a dois senhores, pois, com um vão ficar mal. Não podem servir a Deus e ao dinheiro”. E como vemos, não é que o dinheiro em si mesmo seja mal, mas sim, o que rouba o lugar de Deus e, com isso, corrompe nosso coração. Esta sempre será a nossa luta: dá o lugar que tem a Deus e às riquezas na nossa vida. Parece que existe dois elementos que temos que ter sempre enfocados, se não queremos que nossa vida se perca e se destrua: Um deles é a acumulação e a outra a falta de interesse pelos demais (provenientes do egoísmo). Devemos deixar que os bens fluam em nossa vida, que nossas mãos estejam furadas para que não possamos reter mais do que necessitamos para viver. Isto nos levará a colocarmos sapatos em nossos irmãos, pois sempre haverá gente que tem menos que os outros. Especialmente isto, como o texto de hoje, deve ter um lugar muito especial na consciência daqueles que têm sido abençoados por Deus com empresas e organizações as quais devem ser consideradas como meios de criação de riquezas PARA TODOS não só para o empresário. A justiça, no cristão deve sempre ir mais além de dar só para que se viva, mas, é preciso ver que nossa gente possa viver bem, com dignidade e como filhos de Deus. Tenhamos sempre adiante estas duas coisas e Deus abençoará ainda mais nossa vida.



ORAÇÃO INICIAL 

Deus todo poderoso e eterno: concede a teu povo que a meditação assídua de tua doutrina lhe ensine a cumprir de palavra e obra, o que a ti agrada. Por Nosso Senhor.


REFLEXÃO

Marcos 9,41-50


O evangelho de hoje nos apresenta alguns conselhos de Jesus sobre a relação dos adultos com os pequenos e excluídos. Naquele tempo, muita gente pequena era excluída e marginalizada. Não podia participar. Muitos perdiam a fé. O texto que vamos meditar tem algumas afirmações estranhas que se tomadas ao pé da letra causam perplexidade nas pessoas.

Marcos 9,41: Um copo de água é recompensado. Aqui é inserida uma frase solta de Jesus: Em verdade vos digo: Qualquer um que dê de beber um copo de água porque sois de Cristo e levais seu nome, os asseguro que não ficará sem recompensa. Dois pensamentos: a)- “Qualquer um que dê um copo de água”: Jesus está indo para Jerusalém para entregar sua vida. Gesto de grande entrega! Porém, não esqueça os pequenos gestos de entrega do cotidiano: um copo de água, uma acolhida, uma esmola, tantos gestos. Quem despreza o ladrilho, nunca constrói uma casa! b)- “Porque sois de Cristo”: Jesus se identifica como nós que queremos pertencer a Ele. Isto significa que, para Ele, temos muito valor. 

Marcos 9,42: Escândalo para os pequenos. Escândalo, literalmente, é a pedra no caminho, pedra no sapato; é aquilo que desvia uma pessoa do bom caminho. Escandalizar os pequenos é ser motivo pelo qual os pequenos se desviam do caminho e perdem a fé em Deus. Quem faz isto recebe a seguinte sentença: “Amarrar uma pedra de moinho ao pescoço e ser jogado no mar!”. Por que tanta severidade? Porque Jesus se identifica com os pequenos? Qual faz algo a eles, o faz para Jesus! Hoje, no mundo inteiro, os pequenos, os pobres, muitos deles estão indo para as igrejas tradicionais. Cada ano, somente na América Latina, quase três milhões de pessoas migram para outras igrejas. Não conseguem acreditar no que professamos em nossa igreja! Por que será? Até onde temos culpa? Merecemos a pedra de moinho no pescoço? 

Marcos 9,43-48: Cortar a mão e o pé, arrancar o olho. Jesus manda a pessoa que arranque a mão, o pé, o olho, em caso de ser motivo de escândalo. Disse: “É melhor entrar para a vida ou no Reino com um pé (mão, olho), que entrar no inferno com os dois pés (mãos, olhos)”. Estas frases não podem ser tomadas ao pé da letra. Significam que uma pessoa tem que ser radical na opção por Deus e pelo Evangelho. A expressão “Geena (inferno) onde o verme não morre e o fogo não se apaga”, é uma imagem para indicar a situação da pessoa que fica sem Deus. A “Geena” era o nome de um vale próximo de Jerusalém, onde se jogava o lixo da cidade e onde sempre havia um fogo que queimava o lixo. Este lugar causava náuseas e para as pessoas era símbolo da situação de uma pessoa que deixava de participar do Reino de Deus.

Marcos 9,49-50: Sal e Paz. Estes dois versículos ajudam a entender as palavras severas sobre o escândalo. Jesus disse: “Tende sal em vós e tende paz uns com os outros!”. Uma comunidade na qual se vive em paz, uns com os outros, é como um pouco de sal que dá gosto a toda comida. A convivência pacífica e fraterna na comunidade é o sal que dá gosto a toda a vida das pessoas no bairro. É um sinal do Reino, uma revelação da Boa Noticia de Deus. Estamos sendo sal? Sal que não dá gosto, não serve para nada!

Jesus acolhe e defende a vida dos pequenos. Várias vezes, Jesus insiste na acolhida que é preciso dar aos pequenos. “Quem acolhe um destes pequenos em meu nome, é a mim que acolhe”. Quem dá um copo de água a um destes pequenos não perderá sua recompensa. Ele pede que não desprezem os pequenos. E no juízo final os justos serão recebidos porque deram de comer “a um destes pequeninos”. Se Jesus insiste tanto na acolhida que se precisa dar aos pequenos, é porque provavelmente havia muita gente pequena que não era acolhida! De fato, muitas mulheres, muitas crianças não eram contadas, eram desprezadas e silenciadas. Até os apóstolos impediam que chegassem próximos de Jesus. Em nome da lei de Deus, mal interpretada pelas autoridades da época, muitas pessoas boas eram excluídas. Em vez de acolher os excluídos, a lei era usada para legitimar a exclusão. Nos evangelhos, a expressão “pequenos” (em grego se diz elachistoi, mikroi onepiol), às vezes, indica “crianças”, outras vezes indica os setores excluídos da sociedade. Não é fácil discernir. Às vezes o que é “pequeno” é um evangelho, é “criança” em outro. Porque as crianças pertenciam a categoria dos “pequenos”, dos excluídos. Além disso, nem sempre é fácil discernir entre o que vem do tempo de Jesus e o que vem do tempo das comunidades para as quais os evangelhos foram escritos. Ainda assim, o que fica claro é o contexto de exclusão que estava presente na época e na imagem que as primeiras comunidades conservaram de Jesus: Jesus se coloca do lado dos pequenos, dos excluídos, e assume sua defesa.




PARA REFLEXÃO PESSOAL

Em nossa sociedade e em nossa comunidade, quem hoje são os pequenos e os excluídos? Como está sendo a acolhida que lhes damos?
“Corda no pescoço”. Meu comportamento merece uma corda ou uma cordinha no pescoço? E o comportamento de nossa comunidade: o que é que merece?



ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 103,3-4)
Hoje compartilharei algo meu com um irmão necessitado: seja roupa, comida, dinheiro ou bens que realmente sejam úteis.




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