segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Lectio Divina - 07/10/13


SEGUNDA-FEIRA -07/10/2013

PRIMEIRA LEITURA: Joel 1,13-15; 2,1-2


O profeta Joel é testemunho da devastação e da desolação, e convida o povo à voltar para o Senhor, a retomar as práticas penitenciais, que em outro tempo eram consideradas vazias e sem sentido. Todas as calamidades que vivem o povo de Deus é um convite constante a levar uma vida religiosa, uma vida apegada a Palavra e com um forte aspecto penitencial e disciplinado para não cair no pecado e afastar-se de Deus. Estas práticas, que inclusive hoje em dia são muito desvalorizadas dentro da práxis de nossa Igreja, continuam sendo como no tempo de Joel, as ferramentas espirituais que evitam que a desolação e a morte caiam sobre nós. No entanto, temos feito pouco caso disso. O próprio Jesus, na noite que foi traído, dizia aos discípulos: “Velem e orem para que não caiam na tentação!”. É triste ver como, tanto a prática da oração como a penitência, tem se extinguido na Igreja. É raro ver que as pessoas de hoje façam penitência, até nos dias marcados pela Igreja não falta quem busque fugir delas. E logo perguntamos por que existe tanta violência, por que matam e seqüestram nossos familiares e amigos, por que existem tantos problemas sociais no povo de Deus? A resposta é simples: abandonamos o Senhor. Por isso as palavras de Joel devem ressoar com toda sua força hoje em nossos corações: “Façam penitência e chorem, venham, deitem-se no solo e cubram-se de cinzas”.


ORAÇÃO INICIAL 

Oh Deus que tens preparado bens inefáveis para os que te amam, infunde teu amor em nossos corações, para que, amando-te em tudo e sobre todas as coisas, consigamos alcançar tuas promessas, que superam todo desejo. Por Nosso Senhor...


REFLEXÃO

Mateus 23,1-12

O evangelho de hoje é parte da longa crítica de Jesus contra os escribas e os fariseus (Mt 23,1-39). Lucas e Marcos têm apenas uns trechos desta crítica contra as lideranças religiosas da época. Só o evangelho de Mateus nos informa sobre o discurso, por inteiro. Este texto tão severo deixa entrever a enorme polêmica que se apresentava nas comunidades de Mateus com as comunidades dos judeus daquela época na Galiléia e na Síria.

Ao ler estes textos fortemente contrários aos fariseus devemos ter muito cuidado para não sermos injustos como o povo judeu. Nós os cristãos, durante séculos, tivemos atitudes anti-judaicas e, por isto mesmo, anti-cristãs. O que importa ao meditar estes textos é descobrir seu objetivo: Jesus condena a incoerência e a falta de sinceridade na relação com Deus e com o próximo. Está falando contra a hipocrisia tanto deles, como nossa, hoje.

Mateus 23,1-3: O ERRO BÁSICO: FALAM E NÃO FAZEM. Jesus se dirige à multidão e aos discípulos e critica os escribas e fariseus. O motivo do ataque é a incoerência entre a palavra e a prática. Falam e não praticam. Jesus reconhece a autoridade e o conhecimento dos escribas. “Estão sentados na cátedra de Moisés. Por isto, fazei e observai tudo que digam. Porém, não imiteis sua conduta, porque falam e não fazem!”.

Mateus 23,4-7: O ERRO BÁSICO SE MANIFESTA DE MUITAS MANEIRAS. O erro básico é a incoerência: “Falam e não fazem”. Jesus enumera vários pontos que revelam uma incoerência. Alguns escribas e fariseus impõem leis pesadas às pessoas. Conheciam bem as leis, porém, não as praticavam, nem usam seu conhecimento para aliviar a carga sobre os ombros das pessoas. Faziam tudo para serem vistos e elogiados, usavam túnicas especiais para a oração, gostavam de ocupar lugares importantes e serem saudados em praça pública. Queriam ser chamados de “Mestre”. Representavam um tipo de comunidade que mantinha, legitimava e alimentava as diferenças de classe e de posição social. Legitimava os privilégios dos grandes e a posição inferior dos pequenos. Agora, se existe uma coisa que Jesus não gosta são as aparências que enganam.

Mateus 23,8-12: COMO COMBATER O ERRO BÁSICO. Como deve ser uma comunidade cristã? Todas as funções comunitárias devem ser assumidas como um serviço: “O maior entre vós será vosso servidor!”. Ninguém deve ser chamado de Mestre (Rabino), nem Pai, bem Guia. Pois, a comunidade de Jesus deve manter, legitimar, alimentar não as diferenças, mas sim, a fraternidade. Esta é a lei básica: “Vocês são irmãos e irmãs!”. A fraternidade nasce da experiência de que Deus é Pai, e que faz de nós irmãos e irmãs. “Pois, o que se exaltar será humilhado, e o que se humilhar será exaltado!”. 

O GRUPO DOS FARISEUS. O grupo dos fariseus, nasceu no século II antes de Cristo, com a proposta de uma observância mais perfeita da Lei de Deus, sobretudo, as novidades. Por exemplo, aceitavam a fé na ressurreição e a fé nos anjos, coisa que os saduceus não aceitavam. A vida dos fariseus era um testemunho exemplar: rezavam e estudavam a lei durante oito horas ao dia, trabalhavam durante oito horas para poder sobreviver, descansavam e se divertiam outras oito horas. Por isso, eram considerados grandes líderes entre as pessoas. Deste modo, ao longo dos séculos, ajudaram as pessoas a conservar sua identidade e a não perder-se. 

A MENTALIDADE FARISAICA. Com o tempo, no entanto, os fariseus se agarraram ao poder e deixaram de ouvir os chamados das pessoas, não deixavam que as pessoas falassem. A palavra “fariseu” significa: “separado”. Sua observância era tão restrita e rigorosa que se distanciavam das pessoas comuns. Por isso, eram chamados “separados”. Daí nasce a expressão “mentalidade farisaica”. É de pessoas que pensam poder conquistar a justiça através de uma observância escrita e rigorosa da Lei de Deus. Geralmente, são pessoas medrosas, que não tem a coragem de assumir o risco da liberdade e da responsabilidade. Escondem-se atrás da lei e das autoridades. Quando estas pessoas alcançam uma função de comando, se tornam duras e insensíveis para esconder sua imperfeição.

RABINO, GUIA, MESTRE, PAI. São os quatro títulos que Jesus não permite que as pessoas usem. No entanto, hoje na Igreja, os sacerdotes são chamados “padre”. Muitos estudam em universidades da Igreja e obtêm o título de “Doutor” (Mestre). Muita gente faz direção espiritual e se aconselha com as pessoas que são chamadas “Diretor Espiritual” (guia). O que importa é que se tenha em conta o motivo que levou Jesus a proibir o uso destes títulos. Se é usado para que uma pessoa se afirme em uma posição de autoridade e de poder, são mal usados e esta pessoa merece a crítica de Jesus. Se é usado para alimentar a fraternidade e o serviço e para se aprofundar neles, não são criticados por Jesus.



PARA REFLEXÃO PESSOAL

Quais são as motivações que tenho para viver e trabalhar na comunidade?
Como a comunidade me ajuda a corrigir e melhorar minhas motivações?


ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 85,9)
Jejuarei um dia na semana.




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