quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Lectio Divina - 12/02/15



DIA 12/02/15
PRIMEIRA LEITURA -- Gênesis 2,18-25
·         Deus renova com o homem sua promessa de fidelidade, incluída na bênção dada a Adão (Gn 1 ,26ss), e lhe confia o domínio da terra. Deus e o homem são aliados na edificação do mundo. "Para os crentes uma coisa é certa: a atividade humana individual e coletiva, ou seja, aquele ingente esforço com o qual os homens no curso dos séculos procuram melhorar as próprias condições de vida, considerado em si mesmo, corresponde às intenções de Deus... Os cristãos, portanto, não pretendem contrapor os produtos da inteligência e da capacidade do homem ao poder de Deus, como se a criatura racional fosse rival do Criador; pelo contrário, estão persuadidos de que as vitórias da humanidade são sinal da grandeza de Deus e fruto do seu inefável desígnio. E quanto mais cresce o poder dos homens, tanto mais se estende e se amplia sua responsabilidade, quer individual, quer coletiva. Por aí se vê como a mensagem cristã, longe de dispensar o homem do dever de edificar o mundo, longe de incitá-lo a desinteressar-se do bem dos seus semelhantes, ao invés, empenha-o em tudo isso, por uma obrigação ainda mais rigorosa". A mulher não foi tirada da cabeça do homem para mandar nele, nem foi tirada dos pés dele para ser sua escrava; mas foi tirada do lado, para ser sua companheira. Que possam juntos continuar a construção de um mundo cada vez melhor de se viver, na presença de Deus.
ORAÇÃO INICIAL
·         Vela, Senhor, com amor contínuo sobre tua família, proteja-a e defenda-a, já que só em tem colocado sua esperança. Por Nosso Senhor.
REFLEXÃO -- Marcos 7,24-30
      No evangelho de hoje, veremos como Jesus atende a uma mulher estrangeira de outra raça e de outra religião, o que era proibido pela lei religiosa daquela época. Inicialmente, Jesus não queria atendê-la, porém, a mulher insistiu e conseguiu o que queria: a cura da filha.
      Jesus trata de abrir a mentalidade dos discípulos e das pessoas mais além da visão tradicional. Na multiplicação dos pães, havia insistido no compartilhar (Mc 6,30-44). Na discussão sobre o que é puro e impuro, havia declarado puros todos os alimentos (Mc 7,1-23). Agora, neste episódio da Mulher Cananéia, supera as fronteiras do território nacional e acolhe uma mulher estrangeira que não pertence ao povo e com a qual estava proibido conversar. Estas iniciativas de Jesus, nascidas de sua experiência de Deus como Pai, eram estranhas para a mentalidade das pessoas da época. Jesus ajuda as pessoas a abrir sua maneira de experimentar a Deus na vida.
       Marcos 7,24: JESUS SAI DO TERRITÓRIO. No evangelho de ontem (Mc 7,147-23) e de antes de ontem (Mc 7,1-13), Jesus havia criticado a incoerência da “Tradição dos Antigos” e havia ajudado as pessoas e aos discípulos a sair da prisão das leis da pureza. Aqui, em Mc 7,24, sai da Galiléia. Parece querer sair da prisão do território e da raça. Está no estrangeiro, e parece que não quer ser conhecido. Porém, sua fama havia chegado antes Dele. As pessoas sabem e o procuram.
      Marcos 7,25-25: A SITUAÇÃO. Uma mulher chega perto e começa a pedir pela filha enferma. Marcos diz explicitamente que era de outra raça e de outra religião. Isto é, era pagã. Ela se lança aos pés de Jesus e começa a suplicar para que cure sua filha possuída por um espírito impuro. Os pagãos não tinham problema em recorrer a Jesus. Os judeus sim que tinham problemas em conviver com os pagãos!
      Marcos 7,27: A RESPOSTA DE JESUS. Fiel às normas de sua religião, Jesus diz que não convém tirar o pão dos filhos e dá-los aos cachorros. Frase dura. A comparação é tirada da vida familiar. Até hoje, crianças e cachorros são o que mais existem nos bairros pobres. Jesus afirma uma coisa que é certa: nenhuma mãe tira o pão da boca dos filhos para dá-los aos cachorros. Neste caso, os filhos eram os judeus e os cachorros, os pagãos. Na época do AT, por causa da rivalidade entre os povos, um povo tinha o costume de chamar ao outro de “cachorro” (1Samuel 17,43). Em outros evangelhos Jesus explica o porquê de sua rejeição: “Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel” (Mt 15,24). Isto é: “O Pai não quer que eu me ocupe desta mulher”.
      Marcos 7,28: A REAÇÃO DA MULHER. Ela concorda com Jesus, porém, amplia a comparação e a aplica à seu caso: “Sim, Senhor: os cachorrinhos também comem sob a mesa as migalhas das crianças”. É como dissesse: “Se sou cachorrinho, então tenho os direitos dos cachorrinhos, isto é, as migalhas me pertencem!”. Ela simplesmente tirou as conclusões da parábola que Jesus contou e, mostrou que, até na casa de Jesus, os cachorrinhos comiam as migalhas que caiam da mesa das crianças. E na “casa de Jesus”, isto é, na comunidade cristã, a multiplicação do pão para os filhos foi tão abundante que estavam sobrando doze cestos (Mc 6,42) para os “cachorros”, isto é, para ela, para os pagãos!
      Marcos 7,29-30: A REAÇÃO DE JESUS: “Pelo que disse, vá, o demônio já saiu de tua filha”. Nos outros evangelhos se explicita: “Grande é a tua fé! Que se cumpra teu desejo!” (Mt 15,28). Se Jesus atende a súplica da mulher é porque compreende que, agora, o Pai quer que Ele ouça seu pedido. Este episódio ajuda a perceber algo do mistério que envolvia a pessoa de Jesus e como Ele convivia com o Pai. Era observando as reações das pessoas e as atitudes das mesmas, que Jesus descobre a vontade do Pai nos acontecimentos da vida. A atitude da mulher abre um novo horizonte na vida de Jesus. Através dela Ele descobre que o projeto do Pai é para todos os que procuram a vida e querem libertar-se das cadeias que aprisionam sua energia. Assim, ao longo das páginas do evangelho de Marcos, existe uma abertura crescente para os demais povos. Deste modo, Marcos leva os leitores e as leitoras a abrir-se, pouco a pouco, à realidade do mundo ao redor e a superar idéias pré-concebidas que impedem a convivência pacífica entre as pessoas. Esta abertura para os pagãos aparece de forma muito clara na ordem final que Jesus dá aos discípulos, depois de sua ressurreição: “Ide por todo mundo, proclamai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16,15).
PARA REFLEXÃO PESSOAL
      Você, o que é que faz concretamente, para conviver em paz com pessoas de outras igrejas cristãs? No bairro onde vive existe pessoas de outras religiões? Quais? Fala normalmente com pessoas de outras religiões?
      Qual é a abertura que este texto nos pede hoje, em família e em comunidade?
ORAÇÃO FINAL
      (SALMO 127/128)
Hoje procurarei os pequenos aspectos de minha vida diária e que parecem não importar se sou fiel ou não, para que, atento a voz de Jesus, seja eu um servo fiel inclusive nas coisas pequenas e de pouco valor.






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