segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Lectio Divina - 20/08/12





SEGUNDA-FEIRA -20/08/2012

PRIMEIRA LEITURA: Ezequiel 24,15-24

•    Algo que faz que se perca facilmente a perspectiva de Deus e do que é importante para Ele, é o colocar nosso coração nas coisas, que ainda sendo Dele, não são Ele. Isto é o que aconteceu com o povo de Israel, que chegou a ter o Templo como algo “mágico”, como um talismã que o protegeria contra seus inimigos, de maneira que não importava como viviam, mas sim, cultuar a Deus, manter o Templo bonito, e pagar suas contribuições pontualmente. É por meio do profeta que Deus lhes lembra que não é o templo nem o culto, que agrada a Deus, mas sim, que se cumpra sua Lei, que o povo faça sua vontade e o tenha como seu autêntico e único Deus. Nós, em nosso mundo moderno, corremos o mesmo risco de pensar que Deus estará muito contente porque vamos a missa aos domingos e pagamos nosso dízimo com generosidade. É certo que isso também é importante, porém, de que serve isto se nossa vida diária, a vivemos em família e em nossos lugares de trabalho ou de estudo, não é congruente com o Evangelho? Tomemos estas palavras do profeta como escritas para nós e revisemos se nossa vida está centrada em Cristo, ou, unicamente colocada em amuletos ou em ações cultuais à margem da caridade.



ORAÇÃO INICIAL

• Oh Deus que tens preparado bens inefáveis para os que te amam, infunde teu amor em nossos corações, para que, amando-te em tudo e sobre todas as coisas, consigamos alcançar tuas promessas, que superam todo desejo. Por Nosso Senhor..




REFLEXÃO

Mateus 19,16-22

• Hoje o evangelho nos narra a história do jovem que pergunta pelo caminho da vida eterna. Jesus lhe indica o caminho da pobreza. O jovem não aceita a proposta de Jesus, pois, era muito rico. Uma pessoa rica está protegida pela segurança que a riqueza lhe dá. Tem dificuldade em abrir a mão de sua segurança. Agarrado às vantagens de seus bens, vive preocupado em defender seus próprios interesses. Uma pessoa pobre não tem esta preocupação. Porém, existem pobres com mentalidade de ricos. Muitas vezes, o desejo de riqueza cria neles uma enorme dependência e faz que o pobre seja escravo do consumismo, pois, tem dúvidas por todos os lados. E não tem mais tempo para dedicar-se ao serviço do próximo.
• Mateus 19,16-19: OS MANDAMENTOS E A VIDA ETERNA. Alguém chega próximo de Jesus e lhe pergunta: “Mestre, o que é que tenho que fazer para possuir a vida eterna?”. Alguns manuscritos informam que se tratava de um jovem. Jesus responde bruscamente: “Por que é que me perguntas sobre o que é bom? Um só é Bom”. Em seguida responde à pergunta e diz: “Mas se queres entrar na vida, guarda os mandamentos”. O jovem reage e pergunta: “Quais mandamentos?”. Jesus enumera os mandamentos que o jovem tinha que conhecer: “Não matarás, não cometerás adultério, não roubarás, não levantarás falso testemunho, honra teu pai e tua mãe, e amarás a teu próximo como a ti mesmo”. É muito significativa a resposta de Jesus. O jovem havia perguntado pela vida eterna. Queria a vida junto de Deus! Porém, Jesus só lembrou dos mandamentos que falam a respeito da vida “junto ao próximo!”. Não menciona os três primeiros mandamentos que definem nossa relação com Deus! Para Jesus, só conseguiremos estar bem com Deus, se soubermos estar bem com o próximo. De nada adianta enganar. A porta par chegar a Deus é o próximo. Em Marcos, a pergunta do jovem é diferente: “Bom Mestre, o que é que devo fazer para herdar a vida eterna?”. Jesus responde: “Por que é que me chamas bom? Só Deus é bom e ninguém mais” (Mc 10,17-18). Jesus desvia a atenção de si mesmo para Deus, pois, o que importa é fazer a vontade de Deus, revelar o Projeto do Pai.
• Mateus 19,20: OBSERVAR AOS MANDAMENTOS, PARA QUE SERVE? O jovem respondeu: “Tudo isso eu tenho feito. O que é que me falta?”. O que acontece em seguida é algo curioso. O jovem queria conhecer o caminho que levava à vida eterna. Agora, o caminho da vida eterna era e continua sendo: fazer a vontade de Deus, expressada nos “mandamentos”. Com outras palavras, o jovem os observava sem saber para o que os mandamentos serviam. Se soubesse, não teria feito a pergunta. Isso acontece com muitos católicos que não sabem por que o são. “Nasci católico, por isto sou católico!”. Coisa de costumes!
• Mateus 19,21-22: A PROPOSTA DE JESUS E A RESPOSTA DO JOVEM. Jesus responde: “Se queres ser perfeito, vai, vende o que tens e dê aos pobres, e terás um tesouro nos céus, vem e segue-me”. Ao ouvir estas palavras, o jovem se afastou entristecido, porque tinha muitos bens. Era muito rico. A observância dos mandamentos é apenas o primeiro degrau de uma escada que vai muito mais longe e mais alto. Jesus pede mais! A observância dos mandamentos prepara a pessoa para que possa chegar a entrega total de si à favor do próximo. Marcos diz que Jesus olhou para o jovem com amor (Mc 10,21). Jesus pede muito, porém, pede com muito amor. O jovem não aceita a proposta de Jesus e se vai, “porque tinha muitos bens”.
• JESUS E A OPÇÃO PELOS POBRES. Um duplo cativeiro marcava a situação das pessoas na época de Jesus: o cativeiro da política de Herodes, apoiada pelo Império Romano e mantida por todo um sistema bem organizado de exploração e de repressão, e o cativeiro da religião oficial, mantida pelas autoridades religiosas da época. Por causa disto, o clã, a família, a comunidade, estavam sendo desintegrados e uma grande parte do povo vivia excluída, marginalizada, sem lugar, nem na religião, nem na sociedade. Por isto, havia diversos movimentos que, como Jesus, procuravam refazer a vida em comunidade: essênios, fariseus e, mais tarde, os zelotes. Dentro da comunidade de Jesus, no entanto, havia algo novo que a diferenciava dos demais grupos. Era a atitude diante dos pobres e excluídos. As comunidades dos fariseus viviam “separadas”. A palavra fariseu queria dizer “separado”. Viviam separados do povo “impuro”. Alguns fariseus consideravam o povo como ignorante e maldito (Jo 7,49), cheio de pecado (Jo 9,34). Não aprendiam nada das pessoas (Jo 9,34). Jesus e sua comunidade, pelo contrário, vivam com as pessoas excluídas, consideradas impuras: publicanos, pecadores, prostitutas, leprosos (Mc 2,16;1,41; Lc 7,37). Jesus reconhece a riqueza e o valor que os pobres possuem (Mt 11,25-26; Lc 21,1-4). Os proclama “bem-aventurados” porque deles é o Reino dos Céus, dos pobres (Lc 6,20; Mt 5,3). Define sua própria missão como “anunciar a Boa Nova aos pobres” (Lc 4,18). Ele próprio vive como pobre. Não possui nada para si, nem sequer uma pedra onde reclinar a cabeça (Lc 9,58). E quem quer seguir-lhe para viver com Ele, manda escolher: ou Deus, ou, o dinheiro! (Mt 6,24). Manda fazer a opção pelos pobres, como propôs ao jovem rico! (Mc 10,21). Esta maneira diferente de acolher os pobres e de conviver com eles era uma prova do Reino dos Céus.





PARA REFLEXÃO PESSOAL

• Uma pessoa que vive preocupada com sua riqueza ou com a aquisição dos bens que a propaganda do consumismo lhe oferece, pode libertar-se de tudo isto para seguir Jesus e viver em paz em uma comunidade cristã? É possível? O que você pensa?
• O que é que significa para nós hoje: “Vai, vende tudo e dê aos pobres?”. É possível tomar-se isso ao pé da letra? Conhece alguém que consegue deixar tudo por causa do Reino?




ORAÇÃO FINAL

• (SALMO 23,1-3)
• Hoje durante o dia falarei com Deus, como com um grande amigo ou uma pessoa à qual amo, e minhas palavras serão de amor constante por Ele.





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